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Plinio Corrêa de Oliveira
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19/08 – São João Eudes, Confessor


São João Eudes nasceu na pequena cidade de Ry (diocese de Séez, na Baixa-Normandia, França), no dia 13 de novembro de 1601. Seu pai, Isaac, havia tentado a carreira sacerdotal, mas fora obrigado a abandoná-la devido à morte de quase toda a família, vítima da peste. Dedicou-se então à agricultura, exercendo também as funções de médico rural. Rezava diariamente o breviário e rivalizava em virtude com a esposa, Marta. O primogênito dos sete filhos, João Eudes, foi mais “fruto da oração que da natureza”. Por isso o ofereceram a Nossa Senhora do Socorro, em ação de graças por seu nascimento, e nada negligenciaram em sua educação religiosa e temporal.

O menino correspondeu ao desvelo dos pais, e aos quatorze anos fez o voto de perpétua virgindade. Nessa época foi enviado ao colégio dos padres jesuítas de Caen, onde estudou com brilho humanidades, retórica e filosofia. Desde muito pequeno, por inspiração do Divino Espírito Santo, João Eudes tinha profunda devoção aos Corações de Jesus e de Maria. Em 1618 entrou para a Congregação Mariana do colégio, a fim de incrementar sua devoção a Nossa Senhora. Recebeu então da Mãe de Deus inúmeras graças.

Em 1623, desejando tornar-se sacerdote, entrou para a Sociedade do Oratório de Jesus, fundada pouco antes pelo famoso Cardeal de Bérulle. O fundador concebeu por João Eudes uma estima tal, que o fazia pregar em público mesmo antes de sua ordenação sacerdotal, realizada em 1625. Apenas ordenado, foi cuidar dos empestados. Passou depois para o Oratório de Caen, a fim de se preparar para a carreira missionária.

Desde os 22 anos, João Eudes trabalhou incansavelmente no campo das missões populares. Pregador nato, ele se tornou famoso como missionário. Dizia-se que desde São Vicente Ferrer a França não tivera um maior do que ele.

Em 1641, quando completou 40 anos de idade, foi atacado subitamente por grave enfermidade que o levou a um repouso forçado, absoluto, durante dois anos. A Providência Divina queria que ele se preparasse no recolhimento para uma nova fase de sua vida, talvez a mais proveitosa. “Deus me deu estes dois anos para empregá-los ao retiro, para vagar na oração, na leitura de livros de piedade e em outros exercícios espirituais, a fim de preparar-me melhor para as missões”.

Ao recuperar a saúde, lançou-se novamente à vida missionária com novo fruto. Entretanto, afligia-se ao ver os resultados pouco duradouros das missões. Atribuía-o à falta de pastores cultos e piedosos que continuassem a ação dos missionários, mantendo aceso o fervor adquirido nas missões. Para isso faltavam seminários nos quais, ao par das virtudes próprias de seu santo estado, os seminaristas recebessem preparação para exercer os ofícios próprios de seu ministério com relação às missões.

Foi então que, em meados de 1643, quando pregava na cidade de Coutances, recebeu um dos maiores favores de sua vida, como ele mesmo declara, ao encontrar-se com Marie des Vallées, uma virgem favorecida por fama de santidade. Filha de pobres agricultores, ela atraía os olhares de todos que tratavam com ela das coisas da religião. Inteligente, bela, rechaçou diversas propostas de casamento, pois escolhera a Jesus Cristo por seu único Esposo. Ela havia se oferecido como vítima expiatória pelos pecados do mundo.

Um de seus pretendentes recorreu à bruxaria para fazê-la mudar de ideia, e lançou sobre a jovem um malefício obtido de uma bruxa, que pouco depois morreria na fogueira. Imediatamente Marie des Vallées foi possuída pelo demônio. O príncipe das trevas teve assim poder sobre seu corpo, mas não podia penetrar em sua vontade. Frades e bispos a exorcizaram sem sucesso.

Marie des Vallées aceitou com docilidade o fato, submetendo-se resignadamente à vontade de Deus. Assim, mesmo em meios às piores crises provocadas pelo pai da mentira, ela não perdia sua admirável calma e fé invencível. Nos momentos em que o demônio a deixava, ela rezava, trabalhava e fazia penitência pela conversão dos pecadores.

São João Eudes ficou sumamente cativado pela virtude dessa mulher heroica. Escutava-a com admiração e respeito, recebia seus conselhos com avidez, e os seguia escrupulosamente. Durante 15 anos, Marie des Vallées oferecerá a ele preciosa ajuda e poderoso apoio, tornando-se por vezes uma divina conselheira e sublime inspiradora.

Foi ela que convenceu São João Eudes a fundar a Ordem religiosa destinada à formação do clero nos seminários, e a congregação de religiosas cuja missão seria a regeneração das mulheres arrependidas: “O projeto é sumamente agradável a Deus, e foi o próprio Deus Quem o inspirou”, disse ela, depois de muito rezar.

Assim incentivado, São João Eudes deixou a Congregação do Oratório e dedicou-se às novas fundações. Compôs um ofício em honra do Sagrado Coração de Maria, e começou a propagar o culto aos Sagrados Corações. Note-se que a pregação da devoção ao Sagrado Coração de Jesus se deu antes mesmo das revelações deste Coração divino a Santa Margarida Maria Alacoque.

Assim nasceram a Congregação de Jesus e Maria, ou dos Padres Eudistas, e a de Nossa Senhora da Caridade do Refúgio, ou Irmãs do Bom Pastor. O Instituto dos Padres Eudistas era secular, como o do Oratório, e tinha como fim principal a formação de sacerdotes zelosos, por meio de seminários e exercícios espirituais. Seus membros só podiam pregar missões nas paróquias após concluírem esta obra primordial.

No ocaso de sua vida, São João Eudes teve que suportar muitas e pesadas cruzes. Foram enfermidades e lutos por amigos e benfeitores; murmurações e calúnias, não só da parte dos jansenistas, mas também de pessoas consagradas a Deus, que o acusavam de zelo indiscreto; manobras que visavam desacreditá-lo ante o Papa e o rei da França; e também a publicação de um libelo difamatório. Tudo isso o perseguiu até o túmulo. Em 1680 ele já havia renunciado ao cargo de Superior Geral de sua congregação. Preparando-se com todos os tesouros espirituais que a Igreja possui para a última hora, rendeu seu espírito no dia 19 de agosto de 1680, aos 79 anos de idade.

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O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira é uma associação de direito privado, pessoa jurídica de fins não econômicos, nos termos do novo Código Civil. O IPCO foi fundado em 8 de dezembro de 2006 por um grupo de discípulos do saudoso líder católico brasileiro, por iniciativa do Eng° Adolpho Lindenberg, seu primo-irmão e um de seus primeiros seguidores, o qual assumiu a presidência da entidade.

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