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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

25/07 – São Tiago Maior, Apóstolo e Mártir


O Apóstolo Tiago era natural de Betsaida, não longe de onde o rio Jordão lança suas águas no Mar Morto. Era irmão de João, e filho de Zebedeu, que exercia a profissão de pescador na companhia de seus dois filhos (Mt 4,21-22).  Zebedeu vivia com relativa abastança, já que tinha em seu serviço trabalhadores assalariados (Mc 1,19-20), possuía pelo menos uma barca (Mt 4, 21), e pescava com rede varredeira e não à maneira dos pescadores pobres (Mc 4, 21; Lc 5, 6 e Jo 21, 6). Ademais, sua esposa Salomé servia a Jesus com sua fazenda (Mc 15, 40-41).

Os evangelistas nos dizem que os filhos de Zebedeu eram associados na pesca a Pedro e André (Lc 5, 10, t 4,18-21 e Jo 1,44; 21,3-7), com os quais viviam unidos por estreita amizade, e com o mesmo fervor na prática da Lei. Eram também todos eles discípulos de João Batista.

Por sua vez Salomé é mencionada em três cenas do relato evangélico (Mt 27, 55; Mc 15,40, 16, 6ss.).

Segundo os Atos dos Apóstolos (4:13), é provável que Tiago e João não tenham recebido a educação técnica das escolas rabínicas. Contudo, pelo nível social de seus pais, devem ter tido a educação ordinária do judeu comum de seu tempo. Nesse sentido, supõe-se que sabiam ler e escrever.

Segundo Santo Epifânio, citado por Baronius, São Tiago foi um dos Apóstolos que guardou a virgindade, sendo essa outra coroa de glória merecida pelo irmão do discípulo que Jesus amava.

Nas quatro listas de relação dos apóstolos, Pedro e André, Tiago e João formam sempre o primeiro grupo citado, portanto com certa proeminência sobre os outros. Mas Pedro, Tiago e João são os escolhidos entre os escolhidos. Assim, só eles foram admitidos a presenciar o milagre da ressurreição da filha de Jairo (Mc 5:37; Lc 8:51), à Transfiguração (Mc 9:1; Mt 17:1; Lc 9:28), e à agonia no Getsemani (Mt 26:37; Mc 14:33).

O Evangelho nos conta que São João Evangelista foi, com Santo André, um dos dois primeiros discípulos a terem contacto com Nosso Senhor. É muito provável que ele tenha logo levado seu irmão para conhecer o Messias, pois logo vemos Tiago como discípulo de Jesus.

São Marcos, em seu Evangelho, afirma que Simão e André estavam lançando redes, e que Jesus lhes disse: “Vinde após mim, e far-vos-ei pescadores de homens”. Em seguida, mais além, vendo Tiago e João, também os chamou. E eles, “deixando seu pai Zebedeu na barca com os jornaleiros, se foram após Ele” (Mc 116-20).

Entretanto, supõe-se que os quatro não seguiram Nosso Senhor definitivamente, e continuavam em algumas horas o ofício de pescador. Pois, por ocasião da primeira pesca milagrosa que narra São Lucas (Lc 5, 1-10), Simão e os que com ele estavam − entre eles os filhos de Zebedeu − ficaram “assombrados” com a pesca que tinham feito. O Divino Mestre disse então a Simão Pedro: “‘Não temas; doravante serás pescador de homens’. E atracando as barcas à terra, deixaram tudo e O seguiram” (Lc 5, 1-10). Quer dizer, no “deixaram tudo” no plural, André, João e Tiago estão incluídos. Desta vez os quatro apóstolos seguiram definitivamente o Mestre, e não se separando mais dele (Mc 1, 14-20; cf. Mt 4, 18-22; Lc 5, 1-10).

A esse núcleo inicial foram acrescentados outros, até perfazer o número de doze − como as Doze Tribos de Israel − completando assim o Colégio Apostólico.

Aproximando-se o tempo em que Nosso Senhor deveria sofrer a Paixão, Ele resolveu ir a Jerusalém. Como deveria passar por uma povoação de samaritanos, enviou alguns discípulos na frente para preparar-lhe uma pousada. Ora, os samaritanos opunham-se muitas vezes à passagem dos peregrinos que iam a Jerusalém, por entenderem que se devia honrar a Deus unicamente em sua cidade. Por isso, não os receberam.

Foi tanta a indignação que sentiram Tiago e João com aquela descortesia e afronta feita ao Divino Mestre, que disseram a Jesus: “Senhor, queres que mandemos que desça fogo do céu e os consuma?” (Lc 9, 52-56).

Muitos supõem que é em alusão a essa impetuosidade de caráter dos dois irmãos que Jesus deu-lhes o nome de Boanerges, que quer dizer, filhos do trovão (Cfr. Mc 3, 17).

São Tiago, como os outros Apóstolos, recebeu do Messias a admirável promessa: “Em verdade vos declaro: no dia da renovação do mundo, quando o Filho do Homem estiver sentado no trono da glória, vós, que me haveis seguido, estareis sentados em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel” (Mt 19, 28).

Entretanto essa promessa para depois da morte não satisfazia plenamente aos Apóstolos. Queriam saber qual seria já, na terra, sua recompensa. Assim foi que Salomé, mãe de Tiago e João, disse um dia a Jesus: “Ordena que estes meus dois filhos se sentem no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda” (Mt 20, 21). Os dois irmãos reforçaram o pedido da mãe (Cfr. Mc 10:30).

Não sabeis o que pedis, retorquiu Jesus. Podeis beber o cálice que vou beber, ou ser batizados no batismo em que vou ser batizado?” (Mc 10, 38), perguntou o Redentor aludindo à sua Paixão.

Tiago e João responderam imediatamente: “Podemos”. Ao que retorquiu Jesus:  “Vós bebereis o cálice que eu devo beber e sereis batizados no batismo em que devo ser batizado. Mas, quanto ao assentardes à minha direita ou à minha esquerda, isto não depende de mim: o lugar compete àqueles a quem está destinado” (Mc 10, 40).

Os dois irmãos realmente beberam o cálice e foram batizados no batismo de sangue, pois São Tiago foi o primeiro apóstolo a ser martirizado, e São João, colocado numa caldeira de óleo fervente, saiu ileso e rejuvenescido.

Quando chegou o momento de sua Paixão, Cristo Jesus foi orar no Horto das Oliveiras e, tomando consigo a Pedro, Tiago e João, afastou-se um pouco para rezar. Começou então “a ter pavor e a angustiar-se” (Mc 14). Entretanto os três apóstolos dormiram em vez de vigiar e orar; depois, quando chegaram Judas e os soldados dos fariseus, fugiram covardemente no momento em que Jesus mais precisava deles (Mc 14, 50).

São Tiago assistiu, depois da Ressurreição, a todas as aparições do Salvador e à sua gloriosa Ascensão, bem como recebeu o Espírito Santo em Pentecostes. E desaparece do relato bíblico, reaparecendo só na Epístola de São Paulo aos Gálatas, quando este diz que, no chamado Concílio de Jerusalém por volta do ano de 51, lá encontrou “Tiago, Cefas e João, que são considerados as colunas” (Gl 2, 9-10).

Vemos finalmente nos Atos (12, 2), que Herodes, chamado Agripa, mandou decapitar São Tiago para agradar aos judeus. Isso teria ocorrido nove ou dez anos depois da Ascensão do Senhor aos céus.

O que fez São Tiago nesse intervalo de tempo?

Diz a tradição das Igrejas da Espanha que, depois da morte de Santo Estevão, São Tiago pregou algum tempo na Judeia, na Samaria, na Síria e nas províncias vizinhas, e que, em seguida, por permissão divina, atravessou o Mediterrâneo e chegou à Espanha, onde pregou o nome de Jesus. Mas quis a Providência Divina que muito poucos abraçassem a verdadeira fé.

Essa tradição foi de certo modo aceita pela Santa Igreja, que a inseriu nas Matinas da festa desse Apóstolo

Acrescenta essa tradição que São Tiago, estando um dia com alguns discípulos na região chamada Celtibéria, na cidade de Saragoça, às margens do rio Ebro, muito prostrado e abatido pela recusa dos espanhóis ao Evangelho, de repente ouviram coros angélicos cantarem alternadamente: “Ave Maria, gratia plena”. Viram então Nossa Senhora, que ainda estava viva, sobre um pilar de mármore rodeada de anjos. Ela pediu ao apóstolo que construísse no local um oratório, onde seria muito venerada, pois essa região lhe seria muito devota até o fim dos séculos.

Surgiu então o grande santuário de Nossa Senhora do Pilar que, através dos séculos, foi palco de inúmeros milagres.

São Tiago teria depois voltado para Jerusalém, onde participou do primeiro concílio da Igreja, e onde foi morto por Herodes.

Segundo tradição muito arraigada na Espanha, depois da morte do Apóstolo, discípulos seus que estavam na Cidade Santa, levaram seus despojos para a Galícia, desembarcando no porto de Iria Flávia, hoje Padrão. Lá, devido ao paganismo da época e ao fato de haver muito poucos cristãos, o sagrado corpo caiu no olvido. Foi só em princípios do século IX, estando reinando nas Astúrias Dom Afonso II, o Casto, por revelação divina a santa relíquia foi redescoberta. Esse rei a mandou transportar para Compostela.

Com o tempo o santuário de Santiago de Compostela tornou-se um dos três lugares de peregrinação mais afamados na Idade Média, logo depois de Roma e Jerusalém.

A tradição espanhola é corroborada pelo Martirológio Romano: “São Tiago, apóstolo, irmão do bem-aventurado João Evangelista. Degolado por Herodes Agripa perto da festa da Páscoa, foi o primeiro dos Apóstolos a receber a coroa do martírio. Seus sagrados ossos foram, no dia de hoje, trasladados de Jerusalém para a Espanha, e sepultados na Galícia, província que fica nos confins daquela região. Ali são venerados pelos naturais do lugar com extraordinária devoção, e por numerosos fiéis cristãos que afluem piedosamente, em romarias, para praticarem a Religião e cumprirem suas promessas”.

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O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira é uma associação de direito privado, pessoa jurídica de fins não econômicos, nos termos do novo Código Civil. O IPCO foi fundado em 8 de dezembro de 2006 por um grupo de discípulos do saudoso líder católico brasileiro, por iniciativa do Eng° Adolpho Lindenberg, seu primo-irmão e um de seus primeiros seguidores, o qual assumiu a presidência da entidade.

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