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Plinio Corrêa de Oliveira
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27/08 – Santa Mônica, Viúva


Esta santa nasceu de pais cristãos na cidade romana de Tagaste, no norte da África, em 333. Praticamente nada sabemos de sua infância. Ela se casou cedo com Patricio, que ocupava um cargo oficial na municipalidade local. Pagão, de temperamento violento, parece ter sido de hábitos dissolutos. É de se supor por isso  que  eram muito difíceis as relações entre marido e mulher.

Assim, a vida de casada de Mônica estava longe de ser feliz, ainda mais porque sua sogra teria má disposição com ela. Além disso,as esmolas constantes de Mônica e seus hábitos de oração, incomodavam muito a Patrício. Apesar disso, o certo é que ele sempre tinha por ela uma espécie de reverência por sua virtude.

 Mônica não era a única matrona de Tagaste cuja vida de casada, naqueles tempos ainda meio bárbaros, era difícil. Contudo, por sua doçura e paciência, ela pôde exercer um verdadeiro apostolado entre as esposas e mães de sua cidade natal. Estas aprenderam com ela a sofrer com paciência, e suas palavras e exemplos tinham sobre elas um efeito medicinal.

De seu casamento com Patrício Mônica teve três filhos: Agostinho, o mais velho, Navigio, o segundo, e uma filha, Perpétua. Por causa do marido pagão, Mônica não conseguiu assegurar o batismo dos filhos. Pelo que sua dor foi muito grande quando Agostinho adoeceu gravemente. Em sua aflição, ela pediu a Patrício que permitisse que ele fosse batizado. O marido concordou, mas com a recuperação do menino, retirou seu consentimento.

Toda a ansiedade de Mônica agora se centrava em Agostinho, em quem via grandes aptidões, e que lhe causava muitas preocupações. Como ele mesmo nos diz, era desobediente e preguiçoso. Quando ele foi continuar seus estudos em Madaura, Mônica começou desde então a lutar literalmente com Deus pela sua alma.

Uma grande consolação que teve Mônica quando seu marido, enfim levado pelo exemplo e piedade da esposa, tornou-se cristão. Patrício morreu pouco depois de sua recepção na Igreja, certamente ainda com a graça batismal, o que foi para ela imensa alegria. Monica resolveu então não se tornar a casar.

Enquanto isso Agostinho, que fora para Cartago para fazer os estudos superiores, sem a vigilância da mãe, caiu em pecado grave vivendo ilicitamente com uma jovem, com quem teve um filho. Pior ainda, ele se deixou arrastar nas redes dos hereges maniqueístas. De modo que, quando ele voltava para casa e defendia certas proposições heterodoxas, afastava-se cada vez mais de Mônica, que tinha horror à heresia.

Foi então nessa época que ela foi ver certo bispo tido como santo, e cujo nome não passou para a História. Banhada em lágrimas de aflição, ela lhe narrou o descaminho do filho. O prelado a consolou com as agora famosas palavras: “Não se perderá o filho de tantas lágrimas”.

Não há história mais patética nos anais dos santos do que a de Mônica perseguindo ansiosa o filho, tentando trazê-lo de volta ao seio da Igreja. Agostinho fora para Roma, onde adoeceu gravemente, longe da mãe. Diz ele: “Não conhecia minha mãe o meu perigo. Mas, ausente, orava por mim. E Vós, em toda parte presente, onde ela orava, a ouvíeis, e onde eu estava, vos apiedáveis de mim para que recuperasse a saúde do corpo, embora o coração seguisse delirando com erro sacrílego”.

Quando Mônica soube da doença do filho, partiu imediatamente para a Cidade Eterna. Entretanto Agostinho, restabelecido, já tinha partido para Milão. Ela resolutamente o seguiu àquela cidade. Lá encontrou Santo Ambrósio. Foi através desse santo Doutor da Igreja, que o outro que também viria a sê-lo, finalmente se converteu no grande Santo e luminar da Igreja. Pode-se supor a alegria da santa mãe com esse verdadeiro milagre, após dezessete anos de luta.

 Mãe e filho passaram então seis meses de verdadeira paz na vila de campo de Cassiacum, após o que Agostinho foi batizado na igreja de São João Batista em Milão.

No entanto, a África os reivindicava, e eles partiram, parando em Cività Vecchia e Ostia, na Itália. Numa hospedaria desse porto, os dois santos tiveram o famoso êxtase, descrito soberanamente por Agostinho.

Mônica disse então ao filho que já nada mais a prendia neste mundo. O que ela tinha tanto almejado, obtivera com demasia vendo o filho determinado a viver só para Deus. Estava pronta a entregar sua alma ao seu Criador, o que ocorreu na mesma hospedaria de Óstia, no ano de 387.

As páginas finais das “Confissões” foram escritas como resultado da emoção que Agostinho experimentou então. Diz ele: “No dia nono da sua doença, aos 56 anos da sua idade e 33 da minha, aquela alma piedosa e religiosa foi desatada do corpo. Quando lhe fechava os olhos, afluiu ao meu coração imensa tristeza, que se transformava em lágrimas … E agora, Senhor, eu vo-lo confesso neste escrito, leia-o quem quiser, e interprete-o como queira. E se achar pecado chorar eu, por uma exígua parte de uma hora, a minha mãe que por tantos anos chorou por mim diante de Vós, não se ria; antes, se tem grande caridade, chore também ele pelos meus pecados diante de Vós, Pai de todos os irmãos do vosso Cristo”.

Santa Mônica foi enterrada em Ostia, e a princípio parecia ter sido praticamente esquecida, embora seu corpo tivesse sido removido durante o século VI para a igreja São Áureo.

Por volta do século XV, no entanto, o culto de Santa Mônica começou a se difundir depois que, no ano de 1430, Martin V ordenou que suas relíquias fossem levadas para Roma. Muitos milagres ocorreram durante essa trasladação, e seu culto foi definitivamente estabelecido.

Mais tarde, o arcebispo de Rouen, cardeal d’Estouteville, construiu uma igreja em Roma em honra de Santo Agostinho, e depositou as relíquias de Santa Mônica em uma capela à esquerda do altar-mor. O Martirológio Romano, no dia 9 de abril, celebra essa trasladação do corpo da mãe de Santo Agostinho: “Em Roma, a trasladação do corpo de Santa Mônica, mãe do bem-aventurado bispo Agostinho. No tempo do sumo pontífice Martinho V, foi levado de Óstia para a Urbe, onde foi sepultado com todas as honras, na igreja do mesmo bem-aventurado Agostinho”.

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Instituto Plinio Corrêa de Oliveira

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O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira é uma associação de direito privado, pessoa jurídica de fins não econômicos, nos termos do novo Código Civil. O IPCO foi fundado em 8 de dezembro de 2006 por um grupo de discípulos do saudoso líder católico brasileiro, por iniciativa do Eng° Adolpho Lindenberg, seu primo-irmão e um de seus primeiros seguidores, o qual assumiu a presidência da entidade.

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