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Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

Estalactites e estalagmites em uma gruta

Por Leo Daniele

4 minhá 7 anos — Atualizado em: 2/16/2018, 5:47:49 PM


Esta é uma história que prima pelo “não acontecer”! Precisamente isso! Ela não constitui um exagero, mas um exemplo impressionante do contrário, em nosso tempo em que só se dá importância ao happening, à ocorrência, ao evento, a algo que acontece.

O menino Charbel Makhlouf gostava de rezar nas grutas para satisfazer sua sede de Deus. Ao completar 23 anos de idade, percebeu que era o momento de a Ele se entregar como monge.

Deixou então sua casa, sem despedir-se sequer de sua mãe, para ingressar no Mosteiro de Nossa Senhora em Mayfouq (no Líbano), da Ordem Libanesa Maronita.

São Charbel foi um puro contemplativo, como temos dificuldades até de imaginar: silêncio, recolhimento, contemplação, sacralidade. Desde muito pequeno ele se sentia atraído pela religiosidade, e conta-se que, após seis anos de preparação, foi ordenado sacerdote em 1859, passando a viver no Mosteiro de Annaya [foto].

Anos mais tarde pediu permissão para viver isolado, como eremita, consagrando-se ao trabalho no campo, à oração e à penitência.

Os extremos se tocam — pois Plinio Corrêa de Oliveira, esse infatigável homem de ação extraordinariamente comunicativo ­­— tinha uma profunda admiração por São Charbel Makhlouf. Exímio fisionomista, diante de uma foto desse santo monge Dr. Plinio, em 21 de maio de 1973, comentou:

Tem-se a impressão, observando-se seus olhos, de que eles são duas janelas abertas para o Céu. Olhos de um escuro profundo –– ou talvez castanho, mas muito escuro –– que refletem profundidade; e no fundo dessa profundidade há algo de sublime e celestial. Vê-se que ele olha para o Céu, o qual reflete-se em seu olhar, e que peregrinando dentro do olhar dele encontra-se o Céu. É uma verdadeira maravilha.

Seu nariz é caracteristicamente o de um árabe. A barba é de um branco venerável, nívea. Dir-se-ia que são flocos de neve que lhe pendem do rosto. Ela abre-se e deixa passar um tanto o que está em seu interior, uma certa forma de graça e de leveza, que não sei como descrever. Parece algo como um jogo de estalactites e estalagmites dentro de uma gruta.

Suas sobrancelhas lembram as asas de um condor. Mas, convém acentuar, o olhar é o mais importante do conjunto da fisionomia. Ele absorve o resto. Quando se examina esses olhos, não se pensa em outra coisa. São de uma estabilidade, uma resolução, uma seriedade, uma elevação enorme! São de um homem que, se o mundo todo cair sobre ele, não se move.

E, caso seja seu dever mover-se contra o mundo inteiro, atuará com serenidade. Um homem deste tipo move o mundo! É das fisionomias que mais aprecio contemplar.

Compõe a fisionomia esse gorro preto, que considero extraordinariamente significativo. É um gorro vagamente em forma de cone, e parece feito de pele. Talvez seja confeccionado com lã, porque a batina, que é preta, parece ser do mesmo tecido. E o preto do gorro está em consonância com o escuro do fundo do olhar. Dir-se-ia que algo do olhar espalha-se por todo o gorro. Este é luminosamente escuro, e sua forma deixa entrever a altura de seu pensamento, até atingir o próprio Deus.

São Charbel Makhlouf é como um verdadeiro cedro do Líbano!”.

No dia 16 de dezembro de 1898, Charbel iniciou a celebração da Santa Missa. Ao recitar a prece “Pai da verdade, eis o vosso filho, Vítima do vosso agrado! Aceitai-O”, foi atacado pela paralisia e começou a agonizar, sem deixar de orar. Na noite do Natal deste mesmo ano ele morreu.

Esta é uma história que, como dissemos no início deste artigo, prima pelo “não acontecer”. Mas depois de sua morte, tudo mudou: o humilde eremita ficou conhecido no mundo inteiro.

Uma luz maravilhosa logo apareceu em torno de seu túmulo. Ao ser este aberto quatro meses depois, seu corpo estava incorrupto, secretando sangue e suor. Seu sangue continuou a correr por vários anos.

Uma grande estátua de São Charbel, medindo 23 metros de altura e 9 metros de largura, foi instalada na cidade de Faraya! Um contraste com sua vida de contemplação e apagamento voluntário, uma glorificação do silêncio e da sacralidade que o acompanharam ao longo de sua existência.

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Leo Daniele

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