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Plinio Corrêa de Oliveira
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A eternidade do inferno é terrível, mas justa


©Photo. R.M.N. / R.-G. Ojéda

Santo Afonso Maria de Ligório é um dos luminares da Igreja Católica. Moralista seguro, escritor incomparável, incansável missionário apostólico, propugnador da devoção a Maria Santíssima, foi também bispo e fundador da Congregação do Santíssimo Redentor destinada a trabalhar nas missões.

Esse santo, em suas missões, pregava a tempo e a contratempo sobre as verdades eternas, principalmente sobre as mais necessárias à nossa salvação. Uma delas não podia deixar de ser sobre os Novíssimos — isto é, a Morte de que ninguém está isento; o Juízo, que se lhe segue; o Inferno para os que não seguiram as leis de Deus; e o Paraíso, que é a recompensa demasiadamente grande para os que seguiram Nosso Senhor Jesus Cristo.

Para tornar mais duradouro o proveito que as pessoas obtinham nas missões, ele escreveu várias obras. Uma das menos conhecidas é o seu livro Meditações para todos os dias do ano. Numa das profundas meditações sobre o inferno que traz nesse precioso livro, o santo tece algumas considerações sobre a eternidade do mesmo. Julgamos de muita utilidade para nossos leitores católicos, pois esclarece didaticamente muitas dúvidas a respeito.

O que significa a eternidade do inferno? Que ele nunca acaba, que não tem fim. Diz Santo Afonso [quadro ao lado]: “As penas da vida presente passam, porém as da outra vida não passarão nunca; estarão [como que] sempre principiando”. Ele afirma então que, num exorcismo, um sacerdote perguntou aos demônios há quanto tempo estavam no inferno. Um deles respondeu: “Desde ontem”. Surpreso, o exorcista perguntou: “Mas como?! Faz mais de cinco mil anos que vocês foram condenados!” Respondeu o demônio: “Ó, se soubesses o que quer dizer eternidade, bem compreenderias que, em comparação dela, cinco mil anos não são senão um instante”.

Santo Afonso passa a responder uma objeção muito corrente: “Como castigar com uma pena eterna um pecado que dura apenas um momento?”. Ele interpela ao interlocutor: “E como é que o pecador pode ter a audácia de ofender, por um prazer momentâneo, uma Majestade infinita?”.

Sobretudo, continua o santo missionário, “até a justiça humana, como diz São Tomás, mede a pena não pela duração, mas pela qualidade do crime”. Pelo que a ofensa feita a um Deus infinito, merece um castigo infinito. Ora, “como a criatura humana, por ser finita, não é capaz de sofrer uma pena infinita em intensidade, é com justiça que Deus torna a pena em infinita em sua duração”.

Por outro lado, argumenta o santo que “esta pena deve necessariamente ser eterna, porque o condenado não pode satisfazer mais por seu pecado. Nesta vida o pecador que se arrepende, pode satisfazer por seus pecados, porquanto podem lhe ser aplicados os merecimentos de Jesus Cristo. Mas disto fica excluído o condenado; e visto não poder aplacar a Deus e ser eterno o seu estado de pecado, a pena também deve ser eterna”. Além disso, “ainda que Deus quisesse perdoar, o réprobo não quereria ser perdoado, porque sua vontade está obstinada e confirmada no ódio contra Deus. Por isso o mal do réprobo é incurável, porque ele recusa a cura”.

Quantas almas se perdem nos nossos dias, por não querer meditar nas penas do inferno enquanto têm tempo para emendar-se!

Exclama o grande missionário: “Eis aí o estado lastimoso dos pobres condenados no inferno: ficarão encerrados eternamente nesse cárcere de tormentos, sem que haja para eles esperança de sair. Depois de passados milhões e mais milhões de séculos, os desgraçados perguntarão aos demônios: ‘Quando acabarão estes clamores, esta infecção, estas chamas, estes tormentos?’. E hão de responder-lhe os demônios: ‘Nunca! Nunca!’. ‘E quanto tempo durarão?’ A terrível resposta é: ‘Sempre! Sempre!”

Pelo que conclui com emoção o santo bispo e Doutor da Igreja considerando nossos pecados:

“Ó meu amado Redentor Jesus! Se atualmente eu estivesse condenado como mereci, não haveria mais esperança para mim, e estaria obstinado no ódio contra Vós, ó meu Deus, que morrestes para me salvar. Que inferno seria para mim o ter que odiar-Vos, a Vós que tanto me tendes amado, que sois a beleza infinita, digno de amor infinito! Se estivesse no inferno, achar-me-ia em tão miserável estado, que nem quisera o perdão que me ofereceis agora. Agradeço-Vos, meu Jesus, a bondade que tivestes para comigo e, já que posso ainda esperar o perdão e amar-Vos, quero reconciliar-me convosco, quero amar-Vos. Arrependo-me de todas as ofensas que Vos fiz, ó Bondade infinita, e perdoai-me. Que mal me fizestes, ó Senhor, para que Vos houvesse de odiar como inimigo na eternidade? Quem foi jamais tão meu amigo a ponto de fazer e padecer por mim o que Vós, ó meu Jesus, haveis feito e sofrido por meu amor? Não permitais que me aconteça cair de novo em vosso desagrado e perder o vosso amor. Prefiro morrer a cair nesta extrema desgraça. Ó Maria, abrigai-me sob o vosso manto, e não permitais que saia debaixo dele para alguma vez me revoltar contra Deus e contra Vós!”.

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Plinio Maria Solimeo

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