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As últimas eleições municipais: patente recuo da esquerda


nacional-1024x514“É preciso reconhecer que, nas eleições, o povo enterrou nossas propostas, ditas de esquerda, representadas sobretudo pelo PT. Mas não foi só o PT” (Senador Cristovam Buarque, PPS).(1)

O importante diário “The New York Times” publica uma grande reportagem sobre esse encolhimento da esquerda, não apenas no Brasil, mas também na América Latina: “Em menos de um ano, eleitores frustraram movimentos de esquerda na Argentina, elegeram um ex-banqueiro de investimentos no Peru, enquanto parlamentares cassaram o mandato da líder de esquerda no Brasil”.(2) A reportagem ainda discorre sobre a vitória do “Não” no plebiscito da Colômbia e o resultado das eleições municipais brasileiras.

O projeto bolivariano, capitaneado pela Venezuela, sofreu um nítido retrocesso no continente.

No Brasil, o Partido dos Trabalhadores, da ex-presidente Dilma Rousseff, foi o mais castigado nas urnas. Como comenta Merval Pereira em artigo para “O Globo”, “essa humilhação nacional sofrida pelo PT, na definição perfeita do ‘Financial Times’, é a prova de que a ampla maioria dos cidadãos brasileiros rejeitou o partido que se diz vítima de perseguição política”.(3)

A tese de que o impeachment da ex-presidente teria sido um golpe legislativo foi, definitivamente, enterrada pelas urnas.

Dos 25 candidatos a prefeito que votaram contra o impeachment, apenas dois foram eleitos. Outros três disputam o 2º. turno, mas nenhum deles foi o mais votado no 1º. turno eleitoral. A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), uma das mais virulentas defensoras da ex-presidente, conseguiu apenas a 7ª colocação para a prefeitura do Rio de Janeiro.(4)

Para se ter uma ideia da derrota sofrida pelo partido de Dilma Rousseff, considere-se que, nas 93 maiores cidades do País, as quais abrigam 38% do eleitorado nacional, o partido elegeu apenas um prefeito no primeiro turno, em Rio Branco, capital do Acre. E no 2º. turno dificilmente elegerá mais do que três ou quatro.

Em 2008, o PT chegou a administrar 25 dessas 93 prefeituras, ocupando o primeiro lugar entre os partidos que administravam as maiores cidades brasileiras. Hoje, após o primeiro turno eleitoral, o partido ocupa o oitavo lugar.

Mas a situação ainda é pior do que os números acima apresentam. Em Osasco (SP), que já foi um dos mais fortes redutos eleitorais do PT, o partido não conseguiu eleger nenhum vereador.(5) Em São Bernardo do Campo (SP), berço do PT, os dois candidatos que foram para o segundo turno disputam entre si qual deles é o mais antipetista.(6)

Em termos de população que o partido administra, o PT encolheu 84%. Em 2012, o partido administrava cidades que, somadas, englobavam uma população de 38 milhões de habitantes. Agora, após as eleições, esse número cairá para cerca de seis milhões.

Fora do Palácio do Planalto e com centenas de prefeituras a menos do que tinha conquistado em 2012, o PT julga que perderá o controle de 50 mil cargos comissionados. Tal situação conduz a uma questão prática: “As doações dos filiados — agora sem cargo — devem despencar”.(7)

Eliane Cantanhêde, em artigo para o “O Estado de São Paulo”, comenta: “O PT perdeu a joia da coroa, São Paulo, perdeu os anéis em Belo Horizonte e perdeu os dedos no Rio, onde sequer apresentou candidato. Também não deslanchou em Salvador, acabou em terceiro [lugar] em Porto Alegre, fez feio em praticamente todo o Nordeste, viu escorregar das mãos quase 60% das atuais prefeituras e ficou abaixo de 20% no País inteiro”.(8)

Em São Paulo, o candidato João Doria, do PSDB, venceu no primeiro turno. O candidato do PT e atual prefeito de São Paulo, que tentava a reeleição, Fernando Haddad, amargou a pior eleição da história do partido.

Ser de esquerda, após as manifestações multitudinárias que percorreram o Brasil nos últimos anos, passou a ser mal visto. A tal ponto isso é assim, que a própria ex-petista e também candidata à prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, chegou a dizer: “Eu nunca me coloquei como alguém de esquerda”.(9)

O Brasil passa por uma grande encruzilhada de sua história, sobre a qual o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira emitiu importante comunicado disponível na internet.(10) O recuo da esquerda é um primeiro e importante passo, mas ele será curto e inócuo se não for seguido de uma verdadeira restauração moral.

Agradecendo a Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, pelo advento de tais acontecimentos, peçamos-Lhe que esse movimento político de recuo das esquerdas possa ser incrementado, atingindo também a esfera moral e religiosa.

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Notas:

Andreza Matais e Marcelo de Morais , “Pronto, falei”; “O Estado de S. Paulo”, 4-10-16, Coluna do Estadão.
Daniel Buarque, UOL, 4-10-16.
Merval Pereira, “Rever a Relação”, “O Globo”, 4-10-16.
Fernando Rodrigues, UOL, 4-10-16.
Mônica Bergamo, “Folha de S. Paulo”, 4-10-16.
Carolina Linhares, “Berço do PT, São Bernardo do Campo tem disputa entre antipetistas”, “Folha de S. Paulo”, 8-10-16.
Natuza Nery, Painel, “Folha de São Paulo”, 6-10-16.
Eliane Cantanhêde, “Eleição enterra o golpe”, “O Estado de São Paulo”, 4-10-16.
“’Eu nunca me coloquei como alguém de esquerda’, diz Marta Suplicy”, “Folha de São Paulo”, 20-9-16.
Para ler o comunicado do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, visita a página de internet: https://ipco.org.br/wp-content/uploads/2016/03/IPCO-O-Brasil-em-hist%C3%B3rica-encruzilhada.pdf

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Frederico R. de Abranches Viotti

Frederico R. de Abranches Viotti

164 artigos

Bacharel em Direito e em Ciência Política e pesquisador na área da História da Igreja e de apologética católica. Escreveu um importante estudo sobre a New Age ou Nova Era, que serve de alerta aos católicos.

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