Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
3 min — há 9 anos — Atualizado em: 2/8/2018, 8:38:21 PM
A verdadeira ameaça para a economia mundial não é a Grécia, mas a China. É o que denunciam os jornais mais interessados pela saúde econômica do mundo, como The Telegraph, de Londres.
As trapaças do governo grego nas negociações com a Troika têm forte fundo ideológico de esquerda e extrema-esquerda, mas envolvem quantias que são uma pulga se comparadas com o que está em jogo na China. Quando na Grécia se fala em bilhões, na China são trilhões.
O índice geral da Bolsa de Xangai, indicador de referência na China, acumulou perdas de 29% em três semanas de julho. Mais de 1.300 dos cerca de 2.800 títulos tiveram suas negociações suspensas ao registrarem quedas máximas diárias de 10%, segundo a Folha de S.Paulo.
“Parece que estamos nos aproximando perigosamente do estouro da tão temida bolha de ações da China. Uma espécie de subprime chinês em que problemas do mercado financeiro podem contaminar a economia real.
“O pouco que sabemos até agora é que os investidores venderam ações ‘a descoberto’, ou seja, sem depositar suas margens de garantia, e provocaram a maior alta dos papeis em sete anos.
“Os preços das ações derreteram e as companhias optaram por sair da bolsa num movimento desorganizado e pouco regulado. No total, 940 companhias ou mais de um terço do total já deixaram de ser listadas.
“As ações perderam US$ 3 trilhões em valor e a economia real não vai escapar a um movimento como esse”, escreveu a repórter especial da Folha de São Paulo, Raquel Landim.
A Bolsa de Xangai subiu 150% em 2014, atraindo as esforçadas poupanças de 90 milhões de chineses. Agora os títulos estão se esfumando e os poupadores podem ficar sem nada.
Essa perspectiva prepara uma comoção popular em contagem regressiva.
No desespero, o governo apelou para um vasto leque de medidas financeiras heterodoxas para evitar a explosão social.
O Banco Popular da China, equivalente ao nosso Banco Central, anuncia medidas adicionais uma após a outra para evitar o cenário pior: o estouro da colossal bolha financeira.
Deng Ge, porta-voz da Comissão Reguladora da Bolsa de Valores da China (CRMV), reconheceu que há “pânico” no mercado e uma tendência de “vendas não razoáveis”.
O gabinete ministerial anunciou que planeja gastar 250 bilhões de yuanes (US$ 40,3 bilhões) para estimular a economia e acelerar grandes projetos públicos, como estradas e instalações de conservação de água. Mais do mesmo.
No fim de julho, Pequim informou sobre a injeção de 5 trilhões de yuanes (cerca de 800 bilhões de dólares) para salvar as Bolsas. Mas o efeito foi contraproducente: o pânico se espalhou pelo mundo inteiro. A China havia engajado um valor equivalente a 10% de seu PIB sem impedir a probabilidade de estouro da bolha.
Porém, a dimensão cósmica do desequilíbrio financeiro está convencendo a comunidade internacional de que Pequim não conseguirá driblar a catástrofe.
Segundo a agência Reuters, os grandes agentes financeiros, espantados pelo abismo que se delineia, estão pedindo ao governo socialista que decida a enfrentar a crise com realismo.
Portanto, não mais depositar muitas esperanças nos golpes dirigistas “heterodoxos” e resignar-se a encaixar uma dura perda e administrar as consequências. Quanto mais demorar, mais astronômico será o colapso, maior será a perda, e mais brutal o abalo social.
A crise da bolha chinesa é uma péssima notícia para o Brasil.
Seja o primeiro a comentar!