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Plinio Corrêa de Oliveira
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O autêntico povo russo antes de 1917


O Czar Alexandre III recebendo russos idosos do distrito rural no pátio do Palácio de Petrovsky em Moscou – Ilya Pepin, 1886. Galeria Estatal Tretyakov, Moscou.

O flagelo do regime comunista russo aniquilou

a mentalidade autêntica do povo

O povo russo ficou submetido ao jugo comunista durante 70 anos. E a tirania foi de tal ordem, que se poderia dizer — com exceções, é claro — que a mentalidade autêntica daquele povo foi aniquilada. O que é catastrófico para um país!

Em face disso, coloca-se a pergunta: como eram os russos antes do comunismo?

Havia duas Rússias. Uma, a de São Petersburgo, e outra, a de Moscou.

São Petersburgo é uma cidade situada junto ao Rio Neva, perto do Mar Báltico, que mantém comunicações fáceis com a Europa Ocidental através do Mar do Norte e do Báltico. Essa região do país era muito ocidentalizada.

Havia também a Rússia de Moscou, mais profunda, em que tudo se processava de acordo com o que se poderia chamar de Idade Média russa. Essa época histórica correspondia à Rússia de Ivan, o Terrível. Apresentava uma arquitetura regional muito bonita, mas bastante misteriosa: salas com penumbras e esconderijos. A vida de corte no Kremlin — residência do Czar — era de um fausto extraordinário, que refletia muito luxo, correspondente à grandeza do Império russo.

Como era a alma desse povo?

População inteligente, não muito amiga do raciocínio, mas sim da imaginação. Por isso, nela eram menos frequentes grandes sábios do que literatos de porte. Estes sim, numerosos e de renome internacional.

Os romances russos eram marcados por essa mentalidade e difundiram-se pelo mundo inteiro. Por exemplo, as obras de Dostoievski e uma série de outros escritores.

Tal mentalidade se deve apenas ao temperamento nativo do povo?

Tenho forte impressão de que não. Mas devido ao fato de que, ainda durante a Idade Média, o povo russo rompeu com a Igreja Católica e constituiu uma igreja denominada greco-cismática. Os russos abraçaram o cisma grego contra Roma.

Todas as características da alma desse povo encontram-se também nessa igreja cismática. Cerimônias religiosas e liturgia esplendorosas, mas cuja origem é anterior ao cisma, da época em que a Rússia era católica. Os paramentos riquíssimos, a liturgia apresenta cerimônias longas, solenes e belas.

São esses alguns dos traços do estado em que se encontravam a alma e a mentalidade russas antes de se abater sobre o povo o flagelo do comunismo, em 1917.

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Fonte: Revista Catolicismo, Nº 803, Novembro/2017.

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 17 de setembro de 1992. Sem revisão do autor.

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Plinio Corrêa de Oliveira

Plinio Corrêa de Oliveira

552 artigos

Homem de fé, de pensamento, de luta e de ação, Plinio Corrêa de Oliveira (1908-1995) foi o fundador da TFP brasileira. Nele se inspiraram diversas organizações em dezenas de países, nos cinco continentes, principalmente as Associações em Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), que formam hoje a mais vasta rede de associações de inspiração católica dedicadas a combater o processo revolucionário que investe contra a Civilização Cristã. Ao longo de quase todo o século XX, Plinio Corrêa de Oliveira defendeu o Papado, a Igreja e o Ocidente Cristão contra os totalitarismos nazista e comunista, contra a influência deletéria do "american way of life", contra o processo de "autodemolição" da Igreja e tantas outras tentativas de destruição da Civilização Cristã. Considerado um dos maiores pensadores católicos da atualidade, foi descrito pelo renomado professor italiano Roberto de Mattei como o "Cruzado do Século XX".

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