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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

O primeiro convertido de Santa Teresinha


No dia 17 de março de 1887, um crime monstruoso ocorrido na Rua Montaigne, em Paris, abalou a França. Num tríplice assassinato, uma cortesã, sua criada e uma filha desta foram cruelmente mortas.

Quatrodias depois a polícia de Marselha anunciava a prisão do suspeito, um italiano denome Henrique Pranzini, que disse conhecer a vítima, mas jurou inocência,apesar de a polícia ter encontrado roupas sujas de sangue em suas acomodações.

Àmedida que as investigações prosseguiam, outras evidências surgiam contraPranzini. Contudo, ele continuava a negar o tríplice assassinato, dizendo quepassou a noite do crime com sua concubina, que confirmou a história. Entretanto,ela encaminhou depois ao magistrado uma carta na qual se retratava, afirmandoque no dia seguinte ao assassinato fora procurada por Pranzini, que lhe pediudinheiro para poder deixar Paris, sendo atendido. Assim, em vez de inocentá-lo,incriminava-o ainda mais.

Quemera Pranzini

Segundoas investigações da polícia, Pranzini nasceu em 1856 na colônia italiana deAlexandria, no Egito. Trabalhara no correio daquele país, mas fora expulso porroubo. Depois serviu de intérprete na Rússia e no Sudão. Girou também pelo Afeganistãoe por Burma. Em todos esses lugares circulavam rumores de crimes que ele teriacometido.

Pranzinichegou a Paris em 1886, sem um tostão. Mas aos poucos foi se relacionando comvárias mulheres, sobretudo no bas-fond,entre as quais “Madame de Montille”ou Marie Regnault, uma de suas vítimas no trípliceassassinato.

OJulgamento

Ojulgamento de Pranzini ocorreu em meados de julho, tendo sido acusado de assassinarno dia 17 de março Marie Regnault, sua criada, que procurara socorrê-la, e uma filhadesta de doze anos. Como agravante, era acusado também de roubo de jóias edinheiro, e de tentativa de arrombar um cofre.

Nodia 13 de julho o júri deu seu veredicto: Pranzini foi julgado culpado e condenadoà morte. A sentença capital deveria ser executada no final de agosto.Tanto aimprensa nacional quanto a internacional deram farta cobertura a todo o caso.

SantaTeresinha e Pranzini

Por isso, o eco dessas trágicas notícias chegou até os Buissonnets, em Lisieux, onde vivia a família Martin. E comoveu muito a adolescente Teresinha, então com 14 anos [foto ao lado com 13 anos].

Ora,ela passava na época por uma grande experiência mística, relatada em suaautobiografia como “a graça de Natal”, um de cujos frutos é assim descrito: “Senti a caridade entrar em meu coração. […]Jesus […] fez-me pescadora de almas. Senti o grande desejo de trabalhar pelaconversão dos pecadores, desejo jamais sentido tão vivamente”.

Essedesejo encontrou exatamente em todo o caso Pranzini uma ocasião de semanifestar: “Para excitar meu zelo, NossoSenhor mostrou-me que meus desejos Lhe eram agradáveis. Ouvi falar de um grandecriminoso que acabava de ser julgado por crimes horríveis. Tudo levava a crerque ele morreria na impenitência. Quis a todo custo impedir que caísse noinferno. Para consegui-lo, empreguei todos os meios imagináveis. Sentindo quenão podia nada por mim mesma, ofereci a Deus todos os méritos infinitos deNosso Senhor, os tesouros da Santa Igreja, enfim, pedi a Celina [irmã de Sta.Teresinha] que mandasse celebrar uma Missa nas minhas intenções”.

Acreditava,mas queria um sinal

Quandose aproximava o dia da execução de Pranzini, Teresinha estava convicta de queseria atendida. Diz ela: “Sentia no fundodo coração que nossos desejos [dela e de Celina] seriam satisfeitos. Mas, a fimde aumentar minha coragem para continuar a rezar pelos pecadores, disse a NossoSenhor que estava certa de que Ele perdoaria o pobre e infeliz Pranzini. E queeu cria, ainda que ele não se confessasse e não desse nenhuma prova dearrependimento, de tal modo eu tinha confiança na misericórdia infinita deJesus. Todavia, eu pedia somente um ‘sinal’ de arrependimento, para minhasimples consolação”.

Chegadoo dia da execução, na manhã de 31 de agosto de 1887, dois guardas e um capelãolevaram o condenado ao pátio da prisão, onde estava montada a guilhotina.

Sta. Teresinha reza pela conversão do condenado

Pranzinirealmente não se confessou, nem deu mostras de arrependimento. Entretanto,chegando ao pé do cadafalso, virou-se inesperadamente para o capelão, pediu-lheo crucifixo que levava, e o osculou três vezes antes de receber o golpe fatalque lhe deceparia a cabeça.

Essefoi o “sinal”. Narra Santa Teresinha: “Nodia seguinte ao de sua execução, tomo o jornal ‘La Croix’, abro-o ansiosamente,e o que vejo? […] Pranzini não se confessara. Subira ao cadafalso e estavaprestes a passar sua cabeça pelo lúgubre orifício da guilhotina quando, tomado por súbita inspiração,volta-se de repente, toma o Crucifixo que lhe apresentava o padre, e beija portrês vezes as chagas sagradas!… Em seguida, sua alma foi receber asentença misericordiosa d’Aquele que declarou que haverá no Céu mais alegriapor um só pecador que faz penitência, do que por 99 justos que não necessitamdela”.

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Obraconsultada: St. Thérèseof Lisieux and the Murderer, disponível em http://www.ncregister.com/blog/kturley/pranzini?_hsenc=p2ANqtz-8oPNus7BtpE8pfhCiI5Nofxh_bOMlToKCUFhpBT-eT7ube8TIob40sO_Za6h-ird09Ipd2IgPBwB-wH3cV8zRramby9Q&_hsmi=77518418

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Plinio Maria Solimeo

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