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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Paganismo antigo e Neopaganismo moderno


Com sua habitual perspicácia e profundidade de pensamento, escrevia Plinio Corrêa de Oliveira: “Os frutos da apostasia são piores do que os da gentilidade. Pois pode não haver culpa em ignorar a verdade: há sempre culpa em repudiá-la” (Revista Catolicismo, julho de 1952).

Encontrei uma ilustração adequada dessa verdade num rico catálogo da famosa casa de leilões de arte Christie’s, de dezembro de 2010. Foi ele enviado por um amigo residente na França.

Entre as muitas obras que o catálogo oferece, duas são especialmente significativas. A primeira é uma bela caixinha para jóias, procedente da antiga China — e feita, portanto, sem a influência do cristianismo. A outra é uma pintura a óleo, de arte moderna, de um pintor espanhol do século XX.

A caixinha vem assim descrita no catálogo: “Coberta de bronze dourado, com esmaltes esculpidos e compartimentados, constitui uma rara obra de arte”.

Agrada logo à primeira vista o contraste harmônico entre o dourado do bronze e os tons de azul e vermelho do laqueado. É de um bom gosto aristocrático de chamar a atenção. Ademais, o bronze é finamente trabalhado. Embora as figuras representadas no estojo sejam de inspiração pagã, o conjunto revela delicadeza de expressão e acurada arte.

Trata-se de uma obra produzida na época do imperador Qianlong, da dinastia Qing, que sucedeu à dinastia Ming, no século XVIII. Duas dessas caixinhas foram confeccionadas para as comemorações do aniversário do imperador ou foram encomendadas por ele para serem doadas nessa ocasião.

Seria altamente desejável que convertida ao catolicismo e purificada de paganismos antigos e modernos, a China respeitasse e fizesse florescer ainda mais sentimentos de alma tão elevados como os que se revelam nessa obra de arte. Quando o esperado triunfo do Imaculado Coração de Maria se estender também a ela, tais desejos poderão transformar-se em realidade.

* * *

Passemos agora ao neopaganismo moderno. A figura horrenda aqui apresentada como arte intitula-se Delo. Seu autor é Antonio Saura (1930-1998).

Faltam ao quadro todos os elementos de proporcionalidade, beleza e elevação que encontramos no estojo da dinastia Qing. É propriamente o que se poderia chamar um monstro.

Só com dificuldade discernem-se aí traços humanos. Além dos dois olhos totalmente deformados, parece haver um terceiro na testa. Aquilo que seria a arcada dentária sugere a existência de ferros retorcidos; e na falta de nariz, dois tubos se cruzam de modo ignóbil. A expressão — pois esse monstro tem expressão! — é a de um ser profundamente deprimido, acabrunhado mesmo, pela desgraça sem nome que se abateu sobre ele e o transformou numa espécie de demônio.

Quem, à noite, em seu quarto, tendo necessidade de acender a luz, gostaria de deparar-se de repente com um monstro desses!? Teria a impressão de que o inferno se abriu e vomitou esse precito dentro do aposento. Para livrar-se do susto, só mesmo apelando para um exorcismo!

É um exemplo adequado de como o neopaganismo moderno conduz a estados de alma muito piores do que o paganismo antigo. Uma civilização que rejeitou Jesus Cristo cai muito mais baixo do que uma outra que não O conheceu.

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Autor

Gregorio Vivanco Lopes

Gregorio Vivanco Lopes

173 artigos

Advogado, formado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Autor dos livros "Pastoral da Terra e MST incendeiam o Brasil" e, em colaboração, "A Pretexto do Combate Á Globalização Renasce a Luta de Classes".

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