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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

A queda do muro de Berlim tornou impossível aos comunistas se apresentarem como defensores dos pobres


Repórter: Doutor, o Sr. crê que com a queda do Muro de Berlim, com a derrubada do socialismo real na Europa do Leste, a influência do comunismo na América Latina baixará? Que pensa o Sr. que vá ocorrer em face desta mudança que há na Europa?

Plinio Corrêa de Oliveira: Há um fato para o qual a imprensa brasileira – mas também a européia, na medida em que tenho tido tempo de a ver – não tiveram a atenção bastante fixada, e que é o seguinte: até aqui o comunismo se apresentava como uma luta reivindicatória dos pobres contra os ricos. Agora, com a queda do Muro, acaba havendo o fato de que se torna evidente que para além dele há uma pobreza e uma miséria que é terrível, e que torna impossível que os comunistas se apresentem como defensores dos pobres contra a miséria. Pelo contrário, organizam um movimento que faz com que a miséria dos pobres se estenda como um polvo, para dominar e incluir todos, e todo o mundo ficar pobre. Portanto, o aspecto da luta comunismo x anticomunismo tem que mudar.

Os comunistas precisam explicar – depois da experiência terrível de setenta anos de um regime, câncer devorador sócio-econômico, que reduz a Rússia a uma situação que vemos – por que durante todo esse tempo, eles que viam dentro de casa essa miséria, eram partidários da expansão dela pelo mundo inteiro. Enquanto isto não se explicar, nós nem sequer sabemos com quem estamos lutando. Ora, eles não mostram nenhuma vontade de explicar isso.

Falando com cordial franqueza, penso que os meios de comunicação teriam grande vantagem em acentuar esse ponto. Ponto sensacional! Não os vejo muito apressados em pôr isso em relevo. Enquanto não houver isso, o comunismo não tem sequer com o que se apresentar. É como um falido que tem um processo de ação por ter levado a própria empresa à falência, mas que organiza uma propaganda mundial para que as outras empresas sigam os mesmos processos dele. O que é isso?

Está um pouco enérgico e um pouco enfático o meu modo de falar… Tenho vagas gotas de sangue espanhol nas veias. No tempo dos Áustrias, o Brasil foi unido a Portugal e por aí governado pelos Reis da Espanha. Houve muito espanhol aqui em São Paulo. Eu descendo desses espanhóis. Desta maneira sou um pouco enfático… Mas o meu pensamento é este.

(*) Trecho da entrevista concedida à TVE (da Espanha), 3-2-1990; Para ler o texto integral desta entrevista, basta clicar aqui.

Monumento às vítimas do comunismo no cemitério de Cracóvia (Polônia, 2 de novembro de 2014)
Monumento às vítimas do comunismo no cemitério de Cracóvia (Polônia, 2 de novembro de 2014)

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Plinio Corrêa de Oliveira

Plinio Corrêa de Oliveira

550 artigos

Homem de fé, de pensamento, de luta e de ação, Plinio Corrêa de Oliveira (1908-1995) foi o fundador da TFP brasileira. Nele se inspiraram diversas organizações em dezenas de países, nos cinco continentes, principalmente as Associações em Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), que formam hoje a mais vasta rede de associações de inspiração católica dedicadas a combater o processo revolucionário que investe contra a Civilização Cristã. Ao longo de quase todo o século XX, Plinio Corrêa de Oliveira defendeu o Papado, a Igreja e o Ocidente Cristão contra os totalitarismos nazista e comunista, contra a influência deletéria do "american way of life", contra o processo de "autodemolição" da Igreja e tantas outras tentativas de destruição da Civilização Cristã. Considerado um dos maiores pensadores católicos da atualidade, foi descrito pelo renomado professor italiano Roberto de Mattei como o "Cruzado do Século XX".

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