Portal do IPCO
Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação
Logo do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira
Instituto

Plinio Corrêa de Oliveira

Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

Sacralidade: alicerce, coluna e farol da civilização católica

Sacralidade é aquilo (quid) de uma coisa por onde se nota mais facilmente nela seu relacionamento com Deus, através de sua inserção no plano de Deus e através de sua semelhança com Deus, do que com outros objetos.

Por Machado Costa

5 minhá 2 anos — Atualizado em: 5/9/2023, 8:31:01 AM


O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, e uns poucos amigos mais voltados ao estudo, reuniram-se lá por 1955, com a finalidade de elaborar um Manifesto. Esse Manifesto seria uma resposta aos erros do “mundo moderno”, em outras palavras, a weltanschauung (*) católica e contra-revolucionária em oposição à Revolução.

A Sacralidade eleva as almas até Deus

O mensário Catolicismo era, então, o porta-voz desse grupo. O livro Revolução e Contra-revolução, publicado em 1959, vê-se que foi um magnífico fruto dessas reuniões-conversa que duraram algumas décadas; ele é um fruto que desabrochou desse projeto do Manifesto.

"Se a Revolução é a desordem, a Contra-Revolução é a restauração da ordem. E por ordementendemos a paz de Cristo no reino de Cristo. Ou seja, a civilização cristã, austera e hierárquica,fundamentalmente sacral, antiigualitária e antiliberal." (1)

Sacral, sacralização aparecem cinco vezes no texto do livro Revolução e Contra-revolução. Vê-se, era uma noção fundamental do Manifesto.

Hoje queremos abordar o tema Sacralidade.

São Tomás e São Boaventura

O Prof. Plinio era um “tomista convicto”: “Sou tomista convicto. O aspecto da Filosofia pelo qual mais me interesso é a Filosofia da História. Em função desta encontro o ponto de junção entre os dois gêneros de atividade em que me venho dividindo ao longo de minha vida: o estudo e a ação. (2).

Detenhamos essa noção: é um estudo que leva a àção contra-revolucionária.

Ele era, também, um grande admirador de São Boaventura, que em sua teologia franciscana deu especial relevo ao belo, ao pulchrum. Acompanharemos bem o pensamento do Dr. Plinio — ele mesmo comentou — se soubermos voar com as asas de Santo Tomás e de São Boaventura. Que esses grandes luminares da Santa Igreja nos ajudem.

Sacral, Sacralidade

Uma dificuldade inicial é apresentar exemplos concretos que ilustrem, que tornem acessíveis o conceito filosófico de sacralidade, comenta o Prof. Plinio, para um auditório de jovens lá por 1990.

A Sacralidade “é das noções mais difíceis de explicitar”, — não apenas com o conceito filosófico — “mas apresentar os exemplos, os fatos concretos, as circunstâncias, as situações por onde as pessoas sintam a coisa, apalpem com a mão; e não apenas assim como uma definição filosófica.”

Continua o Prof. Plinio: “A definição filosófica tem um grande valor”, mas a pessoa precisa saber “aplicar a definição filosófica às coisas.” Esse é o procedimento do comum dos homens. Nosso Senhor ensinou com exemplos e parábolas.

"Sacral é tudo aquilo que tem especiais qualidades para lembrar os supremos atributos de Deus." Isto é o conceito de sacral.
"Sacralidade é aquilo (quid) de uma coisa por onde se nota mais facilmente nela seu relacionamento com Deus, através de sua inserção no plano de Deus e através de sua semelhança com Deus, do que com outros objetos."

O Prof. Plinio complementa: “Também apresenta certo aspecto de sacralidade aquilo que não tendo aqueles atributos que especialmente lembram a Deus, tenha um lado por onde se considerando se chega até Deus.”

Exemplos de Sacralidade

A sacralidade da naveta

Um objeto de culto deve remeter os fieis até Deus. Sacralidade

      Eu dou um exemplo, a naveta, “que é aquele recipientezinho em forma de nave, que contém o incenso para o turíbulo.”

A naveta, os Srs. vão ver, é bonitinha, com formas, procura representar uma nau elegante, bonita, etc., etc., e procura pôr um pouco de fantasia na coisa.

“E há toda uma estrutura de fantasias, de idéias, de metáforas em torno da naveta, para indicar que o conter um incenso destinado a ser queimado em honra de Deus, o conter esse incenso é alguma coisa de muito alta, alguma coisa de sacral. Eu acho que está muito claro para os Srs. aí quanto é adequada a palavra sacral no emprego que eu lhe dei aqui.”

O que quer dizer aqui sacral? No que consiste a sacralidade da naveta?

      “É uma referência que a forma da naveta tem a um ente infinitamente superior à naveta. E por onde quem foi desenhar daquela maneira a naveta dilatou o senso poético de maneira a poder fazer daquele instrumento comum – uma coisa que ao mesmo tempo, e principalmente, remete nosso espírito para uma realidade análoga à naveta, não idêntica mas parecida com a naveta, e que põe o nosso pensamento muito mais alto.”

      No que consiste aí a sacralidade?

      Sacral é o fato de que essa realidade mais alta é tão, tão mais alta, que ela é suprema. É alguma coisa da dignidade do serviço divino que está lembrada nesse esforço de afeto, de fantasia poética e de raciocínio em fazer da naveta uma obra-prima!
O progressismo é a morte da Sacralidade

A Sacralidade da naveta nos eleva até à consideração de Deus.

Uma pergunta: como é o progressismo?

O progressismo, a TL são eminentemente anti sacralidade.

Ao contrário da Tradição, o progressismo foi extinguindo dos objetos de culto o seu caráter sacral: naveta, castiçais, paramentos, liturgia já não contribuem para elevar o fiel até Deus. O progressismo pode ser visto como a anti sacralidade.

***

Nossa Senhora, Sede da Sabedoria, nos ajude nessa via da procura da Sacralidade.

Há outros exemplos que o Prof. Plinio desenvolve, por exemplo, descrevendo a sacralidade da espada, a sacralidade também de funções na sociedade temporal. Veremos, se Deus quiser, em outra ocasião.

**

(*) O termo é um calque do alemão Weltanschauung [‘vɛltanʃɑwuŋ], composto de Welt (‘mundo’) e Anschauung (‘visão, contemplação; concepção; ponto de vista; intuição; convicção’). O Prof. Plinio elaborou uma Weltanschauung católica e contra-revolucionária.

(1) https://www.pliniocorreadeoliveira.info/RCR01.pdf

(2) https://www.pliniocorreadeoliveira.info/BIOGRAFIA%20-%201994%20-%20Autoretrato%20filosofico.asp#.ZFltWHbMK3B

Detalhes do artigo

Autor

Machado Costa

Machado Costa

56 artigos

Categorias

Tags

Comentários

Seja o primeiro a comentar!

Comentários

Seja o primeiro a comentar!

Tenha certeza de nunca perder um conteúdo importante!

Artigos relacionados