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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

SE NASCER, não faça barulho


Parece incrível, mas depois de contrariar, através do aborto, o direito de nascer, os inimigos da vida humana pretendem agora também negar aos meninos o direito de fazer o barulho razoável para sua idade. Em algumas cidades, chega-se ao absurdo de adotar a lei do toque de recolher para menores de 16 anos!

A expressão “direito de” está se vulgarizando de tal modo que quase perdeu o sentido. Fala-se em direito dos animais, direito dos índios, direito dos quilombolas, direito de dizer bobagens, etc. Só não se fala suficientemente de direito à vida, porque significaria banir o aborto: os nascituros e os recém-nascidos são discriminados, e por vezes mortalmente discriminados.

Agora os inimigos da vida e de suas manifestações inventaram novo tipo de discriminação, pela qual uma criança não pode fazer barulho. Sem dúvida, exigir de um menino que não faça ruído, desde que seja o aceitável para sua idade e condições, não é de bom senso.

Alguém não acredita? Leia esta resenha de matérias extraídas da imprensa diária.

• Na ordenada Suíça, barulho é quase crime, mesmo que venha de crianças. O tema agora ganhou dimensão política ao ser debatido em toda a Europa, obrigando especialistas e associações de vizinhos a reabrir o debate sobre o papel da criança na sociedade¹.

• No ano passado, um tribunal da cidade suíça de Wädenswil ordenou que um campo de futebol fosse fechado nos fins de semana com cadeados para impedir que as crianças jogassem bola. Motivo: os vizinhos alegavam que o barulho acabava com a tranquilidade do bairro. A decisão se transformou em uma polêmica nacional e os cidadãos devem ir às urnas para se posicionarem sobre o transcendental assunto.

• De um lado, há os que se queixam do barulho feito em creches e parques. De outro, associações apelam para o “direito de fazer barulho” das crianças.

• Na Alemanha, o governo decidiu em 2011 modificar de forma dramática as leis nacionais. Até então, sinos de Igrejas, tratores para limpar a neve e sirenes estavam fora das regras contra a poluição sonora, mas o barulho de crianças levava até ao fechamento de creches, diante da quantidade de queixas registradas.

• Berlim, em 2010. Nas residências, crianças teriam de continuar a respeitar horários, além de evitar barulho aos domingos. Parece incrível não? Será que essa gente já teve infância?

• Cidades como Kehrsatz, Interlaken, Zurzach e Biel são algumas das localidades suíças que adotam a lei do toque de recolher para menores de 16 anos.

• “Parques estão sendo fechados, decisões judiciais estão fechando campos de futebol”, alertaram Philipp Kutter e Johannes Zollinger, do Parlamento de Zurique².

Os bebês vão perdendo o direito de se manifestar, realizando o que diz um provérbio: as lágrimas que correm são amargas, mas muito mais amargas são as lágrimas que não correm! Ou os autores dessa regulamentação não tiveram infância?

Uma casa sem crianças é um túmulo, diz o ditado, e é isso o que desejam os autores destes regulamentos? Como pondera uma antiga sentença chinesa: quem tem muito dinheiro sem ter crianças, não é rico; quem tem muitos filhos sem ter dinheiro, não é pobre.

Palavras de sabedoria! Pois diz um Salmo: os meninos são uma herança de Deus³.

———–

¹O Estado de S. Paulo, 21 de abril de 2013.
²Os dados aqui transcritos foram extraídos em parte de artigo de Jamil Chade, Europeus discutem ‘direito ao barulho’, publicado em O Estado de S. Paulo, em 21 de abril de 2013.
³Salmo 127, 3.

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Leo Daniele

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