Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
3 min — há 11 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:27:54 PM
Não me proponho a comentar algo, mas sim a reproduzir para o leitor testemunhos da maior valia a respeito de dois vícios que assolam este nosso século XXI.
O primeiro testemunho, a respeito das drogas, é de um especialista no assunto, Dr. Osmar Terra, que põe em realce quão absurdo é querer liberar seu consumo.
O segundo é a confissão de uma conceituada jornalista, Marion Strecker, uma das pioneiras da Internet no Brasil, cofundadora do UOL. Ela reconhece, meritoriamente, ter caído no chamado cibervício, enquanto muitos usuários compulsivos da Internet se negam a reconhecer sua dependência. Mas vamos aos depoimentos. Dispenso as aspas, pois tudo é citação.
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Osmar Terra: “Enfrentar ou liberar as drogas?” (“O Globo”, 31-12-12)
O dilema entre enfrentar ou liberar as drogas no Brasil exige mais do que uma opinião ideológica ou sociológica sobre o tema. Um ponto central desse conhecimento científico sobre as drogas, e que é rigorosamente ignorado pelos defensores da liberação, é o de que a dependência química produz uma mudança estrutural, definitiva, no cérebro humano.
Essa estrutura modificada passa a comandar a motivação do dependente e irá direcionar seus interesses e ações na busca da droga, em detrimento de todas as demais atividades. Mesmo tratado, o dependente recairá de forma cíclica.
Como médico estudioso do assunto, como secretário estadual da Saúde que fui por oito anos no Rio Grande do Sul e ex-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, afirmo que estamos diante do mais grave problema de saúde pública e de segurança no Brasil. A progressiva liberação das drogas produzirá uma oferta ampliada e multiplicará rapidamente o número de dependentes.
Todos os países que liberaram as drogas, como a Suécia, até 1969, e a China, no século XIX, tiveram que voltar atrás, em função dos problemas sociais e de segurança, e têm hoje leis duríssimas sobre o assunto. As experiências pontuais de liberação parcial do uso como a de Portugal fracassaram, aumentando o número de dependentes em tratamento e multiplicando os homicídios.
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Marion Strecker: “Vício” (“Folha de S. Paulo”, 7-1-13)
No meio dos feriados, por puro vício, acabo abrindo a caixa de entrada de e-mails no celular. Vejo dezenas de e-mails enviados desde a véspera. Sem pensar muito, começo a selecionar aqueles que vou apagar sem ler. E, como sempre, vou deixar na caixa postal outros e-mails, para ler talvez um dia, talvez nunca.
Meu e-mail entrou em colapso. Às vezes perco mensagem importante soterrada numa pilha imensa de bobagens. O que seria solução virou também um problema que me consome muito tempo.
Poderia dizer o mesmo do Facebook, que só não abandono de vez porque virou uma imensa agenda de contatos. Mas vejo em volta, com meus amigos, como pode ser uma compulsão.
Penso nos dias angustiantes que precederam o momento em que me dei conta de que estava totalmente viciada em Internet. A produtividade em queda, a ansiedade em alta, a mania de pular de aparelho em aparelho, de aplicativo em aplicativo, de rede social em rede social, sem necessidade nenhuma, sem objetivo definido, vagando pelo mundo on-line como zumbi. Tento ser honesta comigo mesma e me pergunto: superei o vício? Controlei a compulsão? A resposta é não. Não tinha nenhuma compulsão antes da Internet. Não estou substituindo um vício por outro. Juro.
Olho minha filha de 14 anos, e ela está muito mais viciada que eu no seu iPhone. Usa Facebook, Twitter, WhatsApp, Instagram, essas coisas. Minha preocupação é a angústia, a ansiedade que a Internet é capaz de produzir. Eu conheço esse estado bem demais. É como andar de bar em bar, procurando algo que não se vai encontrar. É intoxicante. Faz mal à saúde.
Gregorio Vivanco Lopes
173 artigosAdvogado, formado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Autor dos livros "Pastoral da Terra e MST incendeiam o Brasil" e, em colaboração, "A Pretexto do Combate Á Globalização Renasce a Luta de Classes".
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