Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
4 min — há 3 anos — Atualizado em: 2/22/2022, 1:30:09 AM
Contam-se nos dedos as nações cujos nomes constituem título para Nossa Senhora: Nossa Senhora da Áustria, de Luxemburgo, do Líbano, do Brasil…
É para nós uma razão a mais de esperança ter a Santíssima Virgem querido manifestar-se especialmente dadivosa, como veremos, mediante essa última invocação. Pois quis Ela conceder à nossa Pátria um acréscimo de bondade, em relação aos incontáveis favores espargidos sobre o Brasil, enquanto sua Padroeira, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
É digno de nota ter a denominação Nossa Senhora do Brasil surgido informalmente no seio de uma população longínqua, que sempre se distinguiu por singular devoção mariana Foi o povo napolitano o que começou a invocar Madonna del Brasile. E isso ocorreu na primeira metade do século XIX, quando não havia se estabelecido ainda relação popular mais estreita entre Brasil e Itália, pois a grande imigração proveniente da bela Península não tinha começado.
A imagem que recebeu tal nome representa Nossa Senhora com o Menino Jesus, ambos ostentando o próprio Coração. O Divino Filho aponta com a mão direita o Coração materno.
Talhada em madeira, a imagem foi esculpida, segundo a tradição, por algum dos nossos primeiros missionários jesuítas, sob a orientação de São José de Anchieta. Exercendo o Apóstolo do Brasil o cargo de Provincial da Companhia de Jesus, fundou ele no Estado do Espírito Santo a primeira capela dedicada ao Sagrado Coração de Jesus. Posteriormente, de visita ou Pernambuco, teria deixado a imagem de Nossa Senhora dos Divinos Corações, como era então chamada, numa das aldeias de indígenas catequizados.
Por volta de 1630, foi ela escondida para escapar da sanha iconoclasta dos invasores calvinistas holandeses. E quase um século depois, em 1710, a imagem ficou aos cuidados dos padres capuchinhos vindos da Itália.
Documentos históricos fidedignos comprovam que, em 1725, Nossa Senhora dos Divinos Corações foi escolhida como Padroeira da nova Prefeitura Apostólica dos missionários capuchinhos no Pernambuco, atribuindo-se a Ela um altar na igreja de Nossa Senhora da Penha, no Recife.
Em 1828, eclodiram diversos movimentos revolucionários naquela região, durante os quais cometeram-se profanações de templos católicos. Frei Joaquim de Afrágola, fervoroso capuchinho, devoto da venerada imagem, constatando o perigo que ela corria, remeteu-a secretamente para o convento de sua Ordem, em Nápoles. Quatro anos mais tarde, foi profanada a igreja que teria abrigado a imagem, caso a previdente atitude de Frei Afrágola não tivesse sido tomada embarcando a imagem para a Itália.
Em Nápoles, entretanto, por questões de alfândega, os frades capuchinhos retardaram a retirada da encomenda. A imagem tinha chegado sem aviso específico, em meio a outros objetos que tomavam a caixa muito pesada. Os religiosos não dispunham de recursos para pagar o imposto. Transcorrido considerável tempo nesse impasse, os guardas aduaneiros, curiosos, romperam a cinta que envolvia a caixa… Ficaram eles admirados ao descobrir uma bela efígie de Nossa Senhora, que enviaram prontamente para seu destino, o Convento de Santo Efrém, o Novo.
Impressionados com a notável perfeição dá escultura, aqueles religiosos resolveram expô-la à veneração dos fiéis, na própria igreja de Santo Efrém. O povo napolitano, depois das grandes honras com que foi exposta à veneração pública, espontaneamente começou a denominá-la Madonna del Brasile.
A nova devoção difundiu-se em pouco tempo, tornando-se patentes numerosas graças obtidas através da artística imagem. Por exemplo, a cessação da então terrível epidemia de cólera e numerosas curas.
A 22 de fevereiro de 1840, verificou-se impressionante milagre: um devorador incêndio consumiu a igreja de Santo Efrém, reduzindo-a a cinzas. Contudo, a velha madeira da imagem e as vestes que a ornavam ficaram intactas! Muitos que tinham acorrido, devido a noticia do incêndio, constataram com agradável surpresa a preservação da Madonna del Brasile. Fato que, naturalmente, concorreu para aumentar ainda mais o recurso confiante da população de Nápoles a Ela.
Tudo o que acima foi narrado era quase desconhecido entre nós. Em 1924, porém, o Bispo brasileiro Dom Frederico Benício de Souza Costa, passando por Nápoles, inteirou-se da história da Madonna del Brasile. E; voltando a nossa Pátria, divulgou-a quanto pôde.
O culto a Nossa Senhora do Brasil ainda não se tomou muito conhecido no território nacional. Apesar disso, Ela é venerada nas cidades do Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo. Na capital paulista, importante paróquia foi a Ela dedicada, no bairro do Jardim América [foto ao lado]. A imagem original, entretanto — apesar de diversas tentativas feitas para obter seu retomo ao Brasil —, continua em Nápoles.
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FONTES DE REFERÊNCIA
• Niha Botelba Megale, 112 invocações do Virgem Maria no Brasil, Editora Vozes, Petrópolis, 1986, 2ª edição, pp. 77-79.
• Folhetos da Paróquia Nossa Senhora do Brasil, São Paulo.
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