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6 min — há 6 anos — Atualizado em: 6/12/2018, 11:57:36 PM
A leitura de uma notícia algumas semanas atrás trouxe ao meu espírito cenas características da Revolução Francesa.
Quais cenas me vieram? — Aquelas que se passaram em 10 de novembro de 1793, dia do culto à Liberdade e à Razão.
Permita-me o leitor descrevê-las um pouco.
Os fatos ocorreram após a queda da monarquia francesa e o assassinato de Luís XVI e Maria Antonieta.
Nesse período, enquanto crescia a agitação antirreligiosa, Herbert e Chaumette — dois revolucionários líderes da Comuna de Paris e seus companheiros — resolveram dar um passo a mais e realizar um ato sacrílego no interior da Catedral de Notre-Dame.
No local onde antes havia nela uma Imagem de Nossa Senhora, os republicanos colocaram a estátua da Liberdade, em cuja honra cantaram hinos e ouviram marchas tocadas pela Guarda Nacional.
Horas depois, quando a abominável notícia chegou aos ouvidos da Convenção, esta resolve repetir o fato, elevando-o, porém, à categoria de evento público.
Uma macabra procissão introduziu na Catedral uma atriz da Ópera de Paris que representava a Razão. Puseram-na sobre o altar do antigo e venerável Templo, e ali ela foi adorada. Além de canções obscenas em sua honra, dançaram La Carmagnole.
Em seguida se produziram cenas de orgias nas naves laterais da catedral, tudo ao som de canções carregadas de blasfêmias e injúrias à Igreja Católica, aos padres e religiosas expulsos de Paris. A festa terminava com uma fogueira na qual eram queimados livros de piedade, imagens sagradas, confessionários e outros objetos do culto divino.
O exemplo de Paris foi imitado em toda a França, repetindo-se as mesmas cenas de profanação, sacrilégios, queima de objetos religiosos, relíquias etc., em uma demonstração de ódio explícito e profundo a Deus e à sua Igreja.
A esta altura o leitor deve estar se perguntando quais teriam sido as notícias capazes de evocar tais horrores ao meu espírito.
Foram aquelas do evento Met Gala 2018, realizado em 12 de maio p.p. no Museu Metropolitano de Nova York sob o título blasfemo “Corpos angelicais: moda e a imaginação católica”.
O objetivo desse evento do Met Gala é celebrar a moda, e ele vem desde 1995 sendo promovido anualmente pelo instituto de vestuário do referido Museu, que o utiliza também para arrecadar seus próprios fundos.
Sua única e grande diferença em relação aos fatos aqui narrados sobre a Revolução Francesa é que, enquanto nesta foram os revolucionários que invadiram o recinto sagrado da catedral para ali perpetrarem suas blasfêmias, agora foram altas autoridades eclesiásticas que cederam objetos sagrados para serem escarnecidos publicamente por artistas seminuas cujas fotos, evidentemente, aqui não podem ser estampadas.
Sua edição de 2018 teve como objetivo expor “um diálogo entre a moda e arte medieval para examinar o envolvimento contínuo e atual da moda com as práticas devocionais e a Tradição do Catolicismo”. [1]
Para isso, “vestes papais e acessórios da sacristia da Capela Sistina, muitos dos quais nunca foram vistos fora do Vaticano, serviram de pedra angular da exposição”.
Desfilavam modelos em cujas roupas estavam estampadas “imagens da Santíssima Virgem, do Menino Jesus, [paramentos do] Vigário de Cristo”. A mostra incluía outros objetos e cerca de 40 vestes litúrgicas da sacristia da Capela Sistina, cedidas pelo Vaticano.
Incluía também “uma máscara de bondage de couro envolta em contas de rosário, um bustier de jóias com suas gemas estrategicamente colocadas e um vestido fúcsia inspirado em vestes de cardeais — com um decote que deixou os seios do manequim na maior parte expostos” [2].
“O [evento] inclui[u] uma exposição de vestidos femininos modelados segundo roupas clericais usadas por padres e bispos. Ele também inclui um vestido mostrando um Adão e Eva nus que tem um top transparente revelador, sem contar um vestido de mulher modelado segundo o hábito religioso de uma freira, com um rosário simulado como parte do design.”
“Também está[va] incluída uma roupa de mulher com uma saia preta curta com uma blusa sem mangas e sem ombros que apresenta um ícone de Nossa Senhora com o Menino Jesus.” [3]
Se já é grave o fato de exibir paramentos litúrgicos e objetos sagrados em um desfile de moda, mais grave ainda é quando eles são utilizados para despertar o apetite sexual.
Ser imoral e provocador eram os objetivos reais da exposição. Segundo o Life Site News, Andrew Bolton, um dos organizadores da exposição, afirmou em um vídeo que “o design certamente gravita em torno de imagens religiosas para provocação”. [5].
Participaram do evento “celebridades escandalosamente vestidas” [4] e as modelos que desfilavam se vestiam de um modo gritantemente depravado.
O que mais consterna e irrita a nós, católicos, é considerar que tal exposição ocorreu com o ostensivo apoio do cardeal-arcebispo de Nova York, Timothy Dolan, que inclusive esteve presente na abertura da exposição. Ele declarou: “No imaginário católico, a verdade, a bondade e a beleza de Deus são refletidas em todo o lugar, mesmo na moda”. E prosseguiu:
“É por isso que amamos e servimos os pobres para fazer o bem, e é por isso que gostamos de arte, poesia, música, literatura, e até mesmo de moda, para agradecer a Deus pelo presente da beleza. O mundo é atingido por sua glória e presença. É por isso que estou aqui. É por isso que a Igreja está aqui.” [6]
Também o escandaloso sacerdote jesuíta norte-americano James Martin, ferrenho defensor do lobby homossexual, pronunciou-se a respeito do evento: “Eu amo o seu traje” e “Eu amo que você se vestiu como um padre sensual.” [7]
Cabe lembrar – e lamentar – que tais profanações só ocorreram porque o Vaticano cedeu os paramentos, muitos dos quais eram históricos, verdadeiras relíquias…
Terrível omissão do clero, que não se pronunciou a respeito de algo tão grave, terrível atitude daqueles que manifestaram apoio deliberado a esse festival de blasfêmias e sacrilégios.
É inaceitável ver as santíssimas imagens de Jesus e de Maria serem usadas de forma vil e indecente, logo Ela, que é a Virgem das virgens, a Virgem por excelência, e Ele, que é a própria Pureza.
Quanto nos entristece ver tantas relíquias serem conspurcadas.
E tudo isso com apoio eclesiástico…
Na Revolução Francesa, apesar de tantas atrocidades contra Deus, ao menos não houve tanta indiferença da sociedade e tantos apoios eclesiásticos.
Permitir tamanha ofensa a Deus, à Santíssima Virgem e à Igreja Católica nos coloca diante de uma interrogação: – Pastores de Cristo, quo vadítis? Aonde ides? Para qual direção estais conduzindo a Esposa de Cristo? Por que não defendem Jesus Cristo, que é vosso dever e vossa obrigação?
Referências:
1 https://www.metmuseum.org/exhibitions/listings/2018/heavenly-bodies
2 https://pagesix.com/2018/05/07/catholic-themed-met-gala-includes-bondage-mask-with-crosses/
3 https://www.lifesitenews.com/news/catholics-outraged-over-new-york-fashion-show-blaspheming-blessed-mother-po
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