Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
4 min — há 7 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 8:46:49 PM
Em meados de maio, o presidente Donald Trump garantiu que fará “o que for necessário”, em cooperação com outros países do continente, para normalizar a situação na Venezuela, classificada por ele como “uma desgraça para a humanidade”. Foi uma forma de solicitar ação coordenada de países latino-americanos.
Vladimir Putin agiu em sentido contrário. Manifestou sua admiração por Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, por governar com coragem para manter a estabilidade e a paz… De outro modo, a presente atuação do governo venezuelano — disse ele — favorece a estabilidade e a paz no país e na região. Declarou ainda que condenava esforços políticos internos e externos que desconhecem a ordem constitucional no país. Ou seja, censura as ações da oposição venezuelana que procura livrar a nação das garras da ditadura bolivariana, capitaneada em parte por agentes castristas.
Mais um ponto. Como se sabe, Nicolás Maduro [foto] acusa os Estados Unidos de insuflar os protestos no país. A atitude do presidente russo revela clara oposição aos Estados Unidos, quando censura os “esforços políticos externos”. Este, o quadro externo.
Agora, uma novidade importantíssima no quadro interno. O apoio do autocrata russo antecedeu por pouco a enérgica tomada de posição de todos os arcebispos e bispos venezuelanos. Em 13 de julho, pelo documento intitulado “Mensagem urgente aos católicos e pessoa de boa vontade na Venezuela”, os bispos venezuelanos reagiram enérgica e valentemente contra o processo de comunistização em curso no país.
Vamos ao documento. De início, a denúncia da fome: “Fazemos nossos os clamores das pessoas que se sentem golpeadas pela fome, falta de garantias para a saúde, difícil compra de remédios, a insegurança em todos os sentidos. Embora o povo ainda mantenha a esperança, hoje sofre muito mais”. Deixam claro que a ação do regime generalizou a fome.
A seguir, a denúncia da violência: “Em nosso país, a violência ganhou caráter estrutural. São variadas as suas expressões, desde a violência irracional com sua dolorosa cota de mortos e feridos, danos a residências, perseguições. A repressão oficial gera tensão e anarquia. A prisão de muitas pessoas, sobretudo de jovens, por se oporem ao governo, agrava ainda mais a situação. Circulam denúncias sérias sobre torturas. Existem pessoas processadas arbitrariamente pela Justiça militar que foram levadas para penitenciárias de segurança máxima”. O documento acusa na sequência os grupos armados pelo chavismo para intimidar a oposição: “Muitas de nossas comunidades e instituições são flageladas por grupos paramilitares ilegais que agem debaixo do olhar complacente das autoridades”. O regime causa a violência contra o povo.
Os bispos venezuelanos denunciam então o instrumento governamental para continuar no poder, o que perenizará também a fome e a violência: “Embora a crise padecida pelos venezuelanos seja de muitos anos, nos últimos meses aprofundou-se por causa da iniciativa do governo de convocar uma Assembleia Nacional Constituinte, questionada e recusada pela maioria do povo venezuelano. Mais uma vez a Constituição foi violada e o Tribunal Supremo da Justiça (TSJ) e o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) avalizaram o que propõe o Executivo. O mencionado projeto pretende impor ao país um regime ditatorial”.
Em sentido contrário, os bispos apoiam a consulta determinada pela Assembleia Nacional, de maioria oposicionista: “No próximo [dia] 16 de julho, promovida pela Assembleia Nacional, haverá uma consulta popular, que goza de toda legitimidade”.
Concluem então os bispos com um apelo de enorme gravidade, do qual destacamos: “Como pastores da Igreja na Venezuela, ecoando os clamores da imensa maioria de nosso povo, elevamos nossa voz e exigimos da Força Armada Nacional Bolivariana [do Exército, em linguagem simples] [foto] que, como determina a Constituição, cumpra o seu dever de estar a serviço do povo no respeito e garantia da ordem constitucional, e não simplesmente a serviço de um regime, de um partido ou de um governante. Apelamos à consciência de todos seus membros, não se esqueçam de que também fazem parte do povo”.
A gravíssima postura episcopal procura evitar um desenlace trágico e iminente: “O que se busca é instaurar um Estado socialista, marxista e militar”. Em resumo, para os bispos, a Venezuela se encontra às vésperas da ditadura comunista. Assinam o documento todos os arcebispos e bispos venezuelanos.
Este artigo poderia chamar-se: “Um bom exemplo episcopal”. Tocante. Infelizmente raro em nossos dias. De enorme bom exemplo para a CNBB, favorecedora contumaz dos programas e governos petistas, os grandes apoios do chavismo na América Latina. Segui-lo evitaria enormes sofrimentos para o povo, como mostram os bispos da Venezuela.
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