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Catedral de York

Por Plinio Corrêa de Oliveira

2 minhá 5 anos — Atualizado em: 11/30/2019, 4:10:52 PM


A poesia das flechas inexistentes, mas imagináveis

A catedral gótica de York, na Inglaterra,apresenta algumas características que à primeira vista impressionam pouco, mascuja beleza é preciso saber saborear. O gosto pelo princípio de unidade etranscendência nos levaria a desejar que as torres terminassem bem mais altas,por uma série de lances menores e com uma ponta altiva e elegante. Pois não é propriamentesegundo o espírito contra-revolucionário uma torre sem ponta, sem uma flecha.

As duas torres do fundo não têm pontas,mas os ângulos estão flanqueados por alguns florões que causam à primeira vistaa impressão de torreões. Onde está a beleza dessas torres? Pode-se dizer queestão inacabadas, e que não possuem toda a beleza com a qual sonhou para elas oarquiteto. Mas a beleza própria delas é justamente por não terem cone, pois há nelasalgo que nos leva a imaginar as pontas que não existem e a sonhar com elas.

Na ordem da natureza as sombras têm suabeleza, e às vezes são mais belas do que a realidade. Também os cumes e aspontas inexistentes ficam insinuados, quando a base é feita com talento. E pormeio da insinuação, qualquer um pode formar certa ideia subconsciente daquilo quepoderia existir. Nas duas torres há algo que ajuda a imaginação de quem as vê,a elevar-se até o cone. De fato, prestando atenção, desprende-se dela certapoesia, que é a do cone inexistente, mas imaginável.

A catedral está rodeada por casas meioligadas umas às outras, sem muita ordenação, formando um bricabraque de acordocom a fantasia. O batistério está quase imerso no meio de um emaranhado dedependências da catedral e de casas. Há um arvoredo também, meio entrelaçadocom as construções. Nesse conjunto temos o contrário do urbanismo moderno, noqual nada é entrelaçado.

O que fariam os urbanistascontemporâneos? Derrubariam todo o casario, para a catedral ficar à vista portodos os lados, e substituiriam por uma praça vazia, com gramado e árvores.Resultado: perderia algo na linha do aconchego, do convívio íntimo entre peçasdiferentes. Todo o conjunto é agradável e interessante — diferente do perpétuoquadrilátero das ruas modernas.

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Excertos da conferência proferida peloProf. Plinio Corrêa de Oliveira em 22 de maio de 1985. Esta transcrição nãopassou pela revisão do autor. Fonte: Revista Catolicismo, Nº 827,Novembro/2019.

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Plinio Corrêa de Oliveira

Plinio Corrêa de Oliveira

557 artigos

Homem de fé, de pensamento, de luta e de ação, Plinio Corrêa de Oliveira (1908-1995) foi o fundador da TFP brasileira. Nele se inspiraram diversas organizações em dezenas de países, nos cinco continentes, principalmente as Associações em Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), que formam hoje a mais vasta rede de associações de inspiração católica dedicadas a combater o processo revolucionário que investe contra a Civilização Cristã. Ao longo de quase todo o século XX, Plinio Corrêa de Oliveira defendeu o Papado, a Igreja e o Ocidente Cristão contra os totalitarismos nazista e comunista, contra a influência deletéria do "american way of life", contra o processo de "autodemolição" da Igreja e tantas outras tentativas de destruição da Civilização Cristã. Considerado um dos maiores pensadores católicos da atualidade, foi descrito pelo renomado professor italiano Roberto de Mattei como o "Cruzado do Século XX".

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