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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Em 1947… Escreve Frei Evaristo Arns


À SOMBRA DO CONVENTO

Frei Evaristo Arns

Seminário da Ordem dos Franciscanos Menores em Rio Negro, Paraná. Em 1947, Frei Evaristo Arns (hoje Cardeal Arcebispo Emérito de São Paulo) era professor neste seminário. O edifício, totalmente restaurado, é sede do executivo municipal rionegrense.
Seminário da Ordem dos Franciscanos Menores em Rio Negro, Paraná. Em 1947, Frei Evaristo Arns (hoje Cardeal Arcebispo Emérito de São Paulo) era professor neste seminário. O edifício, totalmente restaurado, é sede do executivo municipal rionegrense.

É admirável a vida de Santo Inácio de Loyola. Um guerreiro de Cristo no sentido mais exato da palavra.

Nós hoje nos acostumamos a considerá-lo como o homem consumado, o herói à testa de um glorioso exército. E também isso é muito correto.

Mais útil, porém, seria observar a Iñigo Loyola, na lu­ta consigo mesmo e pela sua obra. E, imitá-lo…

Lembremos um fato apenas.

Era a véspera da festa da Anunciação de Nossa Senhora.

No mosteiro beneditino, nas alturas de Montserrat, Inácio, ou me­lhor, Iñigo de Loyola passa ar noite a velar diante do altar de sua Mãe.

Trocara as elegantes roupas de cavaleiro por um rude talare um cordão grosseiro.

Assim passaria a “noite de vigília”, aos pés da Virgem Santíssima.

Como os antigos cavaleiros – antes de serem admitidos – passam a noite a velar, assim Inácio se preparava para uma grande campanha pela glória de Deus e de Maria Santíssima.

Não queria lutar sozinho.

Quando rompeu finalmente a alvorada, Dom Inigo aproximou-se da mesa sagrada.

Agora podia descer o Montserrat, de pés descalços, apoiado num bordão. Iria reformar o mundo!

Muito semelhante é a jornada do peregrino mariano, no primeiro Congresso Nacional Mariano.

(…) Ao lado da Congregação da Anunciação, perto de um convento de frades passarão as Cortes Marianas a “noite de vigília”, para recomeçar com novo ardor a luta pela glória de Deus e da Virgem.

(…) Santo Inácio, aos pés de Nossa Senhora, travou uma grande batalha interior. E conquistou as mais profundas convic­ções .

Abramos o livro dos “Exercícios Espirituais”. Que idéias fortes e arrebatadoras sobre o fim do homem, a fealdade do pecado, a luta pelo bem, a oração.

E os congressistas marianos? Ouvirão a mensagem de Fátima, ouvirão as verdades santas que o mesmo Sto. Inácio ouviu aos pés da Virgem em Montserrat e em Manresa.

* * *

As próprias lutas de hoje apresentam tantas semelhanças com as do tempo de Dom Iñigo de Loyola.

0 que há de estranho no campo religioso de nossa Pátria?

Não há dúvida. As seitas protestantes causam confusão e desordem lamentável por toda a parte.

Temos que enfrentá-los com as armas com que Inácio de Loyola derrotou ao monge, fundador do protestantismo; pela formação sólida e pela fidelidade-intransigente para com a Igreja Católica.

* * *

Limito-me a enumerar apenas mais um mal. É o maior deles a indiferença religiosa, porque: tão contagiosa e tão cômoda.

Santo Inácio a sacudiu pelo livro de Exercícios Espirituais , pela insistência sobre as verdades da outra vida, do Céu, do inferno, da justiça e do temor.

É o que voltou a fazer a Virgem de Fátima, proclamando a verdade tão “abstrusa” para os homens de hoje: existe um inferno.

Mas existe também um meio de livrar-se dele: a oração e a penitência

* * *

Vejo que levaria longe esboçar todo o paralelo entre ,o espírito e a atividade inaciana e as possíveis resoluções do primei­ro Congresso Mariano.

Não obstante, um comunista nos chamaria de retrógrado, se por infelicidade lesse esse nosso esboço.

– Que é que fez o herói de Pamplona no campo social?!

– Duas coisas importantíssimas. Primeiro, compreendeu a situação; depois indicou a única solução possível!

– Mas , que tem que ver o século XVI com o século XX? in­sistiria alguém.

– São dois pontos iniciais de grandes revoluções, ou an­tes dois cenários de transformações radicais. Explico: o século XVI é o século das revoluções religiosas e mesmo culturais, por muitos fatores deste período e do anterior.

A ambição, a agitação e o conseqüente confusionismo são em muitos pontos semelhantes aos de nossa época.

Qual, pois, a solução que o verdadeiro Reformador do século XVI lhe deu? A única possível. Avivar nos homens a máxima de Cristo: “procurai, primeiro, o Reino do Céu e o mais vos será dado de acréscimo”.

Se o Congresso Mariano contribuir para tornar novamente

palpável e atual esta verdade (que nunca deixou de ser atual, mas pode ser esquecida),_então ajudará a colocar os fundamentos para uma reconstrução cristã da sociedade. Voltará depois o senso da honestidade (…). E o operário respeitará a propriedade particular como um direito e uma exigência da natureza.

0 “Padre Nosso” que os dirigentes e dirigidos rezarem na mesma casa de Deus, abafará toda e qualquer propaganda comunista.

* * *

Que o Congresso Mariano ensine aos Marianos a serem batalhadores segundo o_espírito de Sto. Inácio, com as armas do Evangelho e sob a proteção da Virgem. E terão cumpridos a sua missão pa­ra com o Brasil, a humanidade e a Santa Igreja Católica.

Fonte: “Estrela do Mar” – n. 446-447, Setembro-Outubro, 1947 (Álbum da Congregação Mariana Nacional) págs. 57 e 58

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Francisco José Saidl

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