Portal do IPCO
Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação
Logo do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira
Instituto

Plinio Corrêa de Oliveira

Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

OS DOIS ASPECTOS DA MORTE

Por Plinio Corrêa de Oliveira

3 minhá 3 anos — Atualizado em: 11/2/2021, 4:37:47 AM


A carruagem usada nos funerais de Luis XVIII (Exposta em Versailles) bem representa a pompa fúnebre recomendada pela Igreja

Sórdido e repelente X augusto e épico

A morte apresenta dois aspectos. O primeiro é o aspecto biológico: a decomposição de um agregado químico instável que já não se consegue manter; são extravasamentos de humores e um deplorável e incoercível fracasso orgânico, contra toda a compostura e conveniência. É o corpo humano, ideal de beleza física de todos os artistas, que depois de ter passado toda a vida a produzir coisas repugnantes, acaba por se transformar ele próprio numa coisa repugnante.

Durante toda a vida, luta o homem para que o seu corpo não seja lixo — banhos, perfumes, unguentos, remédios, artifícios da higiene e da medicina — tudo é empregado para dar ao corpo uma aparência de estabilidade, de permanência de vida perene e incorruptível.

Vem a morte e patenteia a realidade mais recôndita, mais profunda e mais característica desse corpo: transforma-o em lixo, e começa a transformá-lo em lixo muitas vezes antes mesmo de a vida se haver completamente extinguido. Por este aspecto, a morte é sórdida e repelente.

Mas a morte tem outro aspecto. E por este, ela é um fato eminentemente humano, o fato mais notável de toda a vida e, em certo sentido, o mais augusto. Pois a morte arranca o homem da vulgaridade quotidiana, dessa armação de ninharias que costuma ser a trama da vida do comum da humanidade, e o coloca face a face, brutalmente, com o tremendo mistério de sua eternidade, patenteando que a vida de todo homem é uma epopeia — epopeia frustrada, ou epopeia realizada.

Por aí, a morte se alça acima do que ela tem de sórdido e repelente: mais do que isso, a sua própria sordidez contribui para torná-la mais grandiosa, na sua trágica magnificência. Por isso a morte tem sido a inspiradora das mais sublimes obras-primas, desde a tragédia grega até a 3ª Sinfonia de Beethoven. E quem não percebe que, aquilo que mais pode dignificar e enobrecer o homem, o heroísmo, tem íntimas afinidades com a morte?

É por esta razão que o homem sempre tem cercado a morte de solenidades sombrias e de pompas cheias de gravidade; é um tributo que ele deve a si, e à própria morte. A Igreja, de um modo todo especial — pois foi Ela quem revelou à humanidade o sentido mais profundo da vida e da morte — deu às comemorações fúnebres o mais justo e apropriado esplendor, não só pelo sufrágio das almas, como pelas lições que apresenta à meditação dos fiéis.

(Legionário nº 544, 10 de janeiro de 1943).

Detalhes do artigo

Autor

Plinio Corrêa de Oliveira

Plinio Corrêa de Oliveira

556 artigos

Homem de fé, de pensamento, de luta e de ação, Plinio Corrêa de Oliveira (1908-1995) foi o fundador da TFP brasileira. Nele se inspiraram diversas organizações em dezenas de países, nos cinco continentes, principalmente as Associações em Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), que formam hoje a mais vasta rede de associações de inspiração católica dedicadas a combater o processo revolucionário que investe contra a Civilização Cristã. Ao longo de quase todo o século XX, Plinio Corrêa de Oliveira defendeu o Papado, a Igreja e o Ocidente Cristão contra os totalitarismos nazista e comunista, contra a influência deletéria do "american way of life", contra o processo de "autodemolição" da Igreja e tantas outras tentativas de destruição da Civilização Cristã. Considerado um dos maiores pensadores católicos da atualidade, foi descrito pelo renomado professor italiano Roberto de Mattei como o "Cruzado do Século XX".

Categorias

Tags

Comentários

Seja o primeiro a comentar!

Comentários

Seja o primeiro a comentar!

Tenha certeza de nunca perder um conteúdo importante!

Artigos relacionados