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4 min — há 9 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 8:49:17 PM
Segundo um ditado popular, errar é humano, perseverar no erro é diabólico.
Aqueles que se equivocaram com o chamado “bolivarianismo” do falecido presidente Hugo Chávez, crendo que ele visava o bem do povo, não têm mais pretexto algum para apoiar esse sistema. Presentemente ele escancarou seu verdadeiro perfil de ditadura ideológica férrea, que pouco se importa com o povo. É a manifestação de uma seita comunista agarrada ao poder, sem mais disfarces.
Entretanto, vários governantes de países latino-americanos que participaram dessa empreitada, seja no Brasil, na Argentina, na Bolívia, no Equador, seja em outras terras, perseveram nessa catastrófica empreitada.
Não vamos tratar aqui de como as coisas degringolaram no Brasil, pois os fatos são de conhecimento geral. A corrupção a serviço do socialismo quase leva o País completamente a breca. Mas vale a pena dizer uma palavra sobre a Venezuela, carro-chefe do bolivarianismo.
Deixemos de lado a falta de alimentos básicos, a perseguição aos opositores, as filas intérminas e frequentemente frustrantes, além de mil outros sinais de deterioração que fazem lembrar o apodrecimento da antiga União Soviética, e vamos nos concentrar apenas num ponto: a saúde da população.
Os dados são do International Crisis Group (ICG), um dos centros de estudos mais respeitados do mundo, em relatório de 29 de julho último, sobre a situação da Venezuela (cfr. “Folha de S. Paulo”, 30-7-2015).
Em Caracas, 60% dos medicamentos estão em falta. No interior, 70%. Hemofílicos, pacientes de câncer e soropositivos estão em situação de desespero. A dificuldade de importar também afeta o abastecimento em insumos médicos e peças de reposição para equipamentos hospitalares. Sem condições de trabalho, ao menos 10 mil médicos emigraram.
Na maior maternidade de Caracas, a UTI ficou sem funcionar de 2009 a 2014, e o setor neonatal carece de pelo menos 41 médicos. Este tipo de deficiência está por trás da alta mortalidade materna.
Num país afetado por dengue, chikungunya e malária, o último boletim epidemiológico remonta a novembro de 2014.
O estudo corrobora avaliação de embaixadas em Caracas, que temem que o governo chavista de Nicolás Maduro, por razões ideológicas, jamais reconheça a necessidade de ajuda externa.
O leitor por acaso terá ouvido dizer que a presidente Dilma, ou o presidente Rafael Correa (Equador) ou o presidente Evo Morales (Bolívia), ou algum outro bolivariano tenha feito um mea culpa e voltado atrás? Ou que desistiram de seus propósitos? Ou que cessaram de apoiar o presidente Nicolás Maduro?
É curioso notar que o bolivarianismo corresponde, nas suas metas, à fase soviética do comunismo. Não é o comunismo reciclado dos “verdes” e da ecologia radical. Tal assimetria parece explicar-se pelo fato de que os propulsores da revolução comunista mundial necessitam manter várias frentes para atingir seus desígnios, umas mais atualizadas, outras mais retrógradas, conforme os tempos e as situações. Donde se explica, por exemplo, a existência de uma Coreia do Norte stalinista; de uma Cuba que finge estar mudando; de uma Venezuela que não se diz oficialmente comunista. Ao mesmo tempo, sopra intensamente em todo o mundo uma propaganda da ecologia mais radical. São diferentes estágios dentro de um mesmo processo de conquista da opinião pública.
Dia virá, e esperamos que não esteja distante, em que as nações latino-americanas, ainda que à custa de provações inauditas, retornarão às vias benditas do cristianismo e da civilização cristã, das quais nunca deveriam ter-se afastado. E se abram assim, inclusive em sua vida social e política, à proteção materna da Virgem Santíssima — nelas representada por Padroeiras marianas nacionais —, prenhe de bens espirituais e mesmo materiais. Essa mesma Virgem, que hoje derrama lágrimas em algumas aparições, mas cujo pranto nos convida constantemente à conversão.
Gregorio Vivanco Lopes
173 artigosAdvogado, formado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Autor dos livros "Pastoral da Terra e MST incendeiam o Brasil" e, em colaboração, "A Pretexto do Combate Á Globalização Renasce a Luta de Classes".
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