Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
2 min — há 5 anos — Atualizado em: 2/23/2020, 11:14:56 PM
Neste artigo, o autor censurouseveramente as farândolas carnavalescas de 1935. O que diria ele dos carnavaisde hoje?
Plinio Corrêa de Oliveira
Aonde foi parar o velho carnavalpaulista, todo feito para alegrar as pessoas? Cedeu seu lugar a um carnavalexclusivamente sensual, em que a alegria dos espíritos não é mais uma inocentehilaridade, como a de nossos avós, mas a festa dos sentidos superexcitados. Nostrês dias de carnaval, as autoridades se acumpliciam com os inimigos da ordem, agindocontra os interesses gerais da população.
Se fôssemos contar o número de pequenaseconomias domésticas que se desequilibram definitivamente por ocasião docarnaval, poderíamos ver até que ponto os festejos de Momo são uma bombaaspirante, que suga os tostões das classes pobres e os conduz para os bolsosentumecidos dos exploradores do carnaval.
Se fôssemos fazer a conta das doençasque os desmandos carnavalescos provocam direta ou indiretamente, veríamos que elassuperam o número de pessoas curadas nos estabelecimentos de caridade, erguidoscom grande sacrifício público.
Se fôssemos tomar em conta o acréscimode criminalidade de todos os gêneros, provocada pelo carnaval, veríamos que elerouba à virtude muito mais pessoas honestas do que a polícia, por açãopreventiva, consegue roubar ao crime.
No entanto, uma inexplicável incoerênciaé que as autoridades dão mão forte ao carnaval. O que pode haver de sincero eespontâneo nessa alegria fictícia, estabelecida por decreto municipal, divulgadapor cartazes nas ruas e fomentada por um colossal derrame do dinheiro público?
Alguém poderia considerar absurdo aprefeitura decretar aos cidadãos sua permanência em casa, chorando, durante trêsdias do ano. E se perguntaria qual a utilidade de tal tristeza, se o pranto écoisa que não se encomenda. Ri ou chora cada um segundo lhe correm o êxito ou asvicissitudes da sua vida particular.
Mas se reconhecemos como absurda essa hipotéticatristeza por decreto, por que não reconhecer também como artificial e absurda essaalegria promulgada por uma portaria? Por que não impugnar como desprovida desinceridade essa alegria que estoura por toda a parte? Bem ao contrário da alegriasincera e despreocupada, que há muito tempo desapareceu do coração dos homens, orito artificial e satânico do carnaval representa uma revolta contra as dificuldadesda vida de cada dia, substituindo-a por folguedos que não podem proporcionarverdadeira alegria.
Fazendo rir o povo num momento tãocarregado como o do mundo atual, os promotores do carnaval fazem lembrar Pagliacci [Palhaços], a ópera deLeoncavallo. Se uma estátua do Rei Momo tivesse voz, que nos ordenaria ela senãoo triste ridi pagliacci [riam, palhaços] da ópera?
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Excertos do artigo “Alegria por decreto”, de Plinio Corrêa de Oliveira, publicado em “O Legionário” de 17 de fevereiro de 1935.
Revista Catolicismo
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