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Plinio Corrêa de Oliveira

Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

Cinquentenário de um manifesto histórico

Manifesto de 1974: Defendeu a fidelidade ao Papa, bem como o fundamento da doutrina católica que permite dele discordar em certas circunstâncias.

Por Revista Catolicismo

29 minhá 6 meses — Atualizado em: 4/14/2024, 9:46:01 AM


Cinquentenário de um manifesto histórico

Basílica de São Pedro [Foto PRC]

Índice

  1. Aproximação com o bloco comunista soviético

Fonte: Revista Catolicismo, Nº 879, Abril/2023

Em face da política da Santa Sé de aproximação com os regimes comunistas — a chamada ‘Ostpolitik vaticana’ —, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, fundador da TFP brasileira, publicou, em abril de 1974, com a adesão das diversas TFPs e entidades coirmãs e autônomas existentes nas Américas e na Europa, um manifesto no qual explicitou a fidelidade que todo católico deve ter em relação ao Papa, bem como o fundamento da doutrina católica que permite dele discordar em certas circunstâncias — por exemplo, na esfera política e nas relações diplomáticas, nas quais o Sumo Pontífice não goza do carisma da infalibilidade, assistindo, portanto, ao católico, a liberdade de formar sua própria opinião.

* * *

Consideramos oportuno rememorar nesta edição um acontecimento que marcou a História há exatos 50 anos: a publicação do manifesto “A política de distensão do Vaticano com os governos comunistas – Para a TFP: omitir-se ou resistir?” [1]

De autoria de Plinio Corrêa de Oliveira (1908-1995), escrito numa linguagem trasbordante de veneração ao Papado, o manifesto, conhecido também como “Declaração de Resistência das TFPs”, foi primeiramente publicado no dia 10-4-74 na “Folha de S. Paulo”, ocupando uma página inteira do jornal, considerado na época o de maior tiragem da capital.

Professor Plinio Corrêa de OliveiraProfessor Plinio Corrêa de Oliveira

Tal publicação, feita em nome da TFP (Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade), foi depois replicada pelas demais TFPs do exterior e entidades coirmãs e autônomas então existentes nas Américas e na Europa, que assumiram igualmente o “estado de Resistência”.

O histórico documento foi sucessivamente reproduzido em 36 jornais brasileiros e em 73 órgãos de imprensa, entre jornais e revistas, de 11 países. Mesmo com essa larga difusão, o autor não recebeu qualquer objeção quanto à sua ortodoxia e correção canônica, mas, pelo contrário, só recebeu aprovações. Donde o fato de a própria Santa Sé ter guardado silêncio a respeito dessa publicação.

No que consiste a essência do Manifesto da Resistência? Qual a sua finalidade? É ele atual? — É o que veremos.

Aproximação com o bloco comunista soviético

Recorte da revista CatolicismoRecorte da revista Catolicismo

A década de 1970 foi profundamente marcada pela política de distensão do Presidente norte-americano Richard Nixon e de seu Secretário de Estado, Henry Kissinger (+2023), em relação aos regimes comunistas. Denominada détente, um dos marcos dessa política foram as aparatosas viagens das referidas autoridades à Rússia e à China.

Em escala europeia, a mesma estratégia era levada a cabo pelo socialista Willy Brandt, então Chanceler alemão, com sua Ostpolitik — a convergência entre o bloco ocidental e o soviético. O resultado desta diplomacia colaboracionista foi o de sustentar e de adiar por mais de duas décadas o desmoronamento da URSS, ou seja, prolongou a escravidão reinante nos povos do Leste europeu, dominados pelo comunismo.

Na América Latina, tal política — sob a denominação de “queda das barreiras ideológicas” — foi inaugurada em 1971 pelo Presidente argentino Alejandro Lanusse (+1996), num encontro com o Presidente chileno, o marxista Salvador Allende.

No campo eclesiástico desenvolveu-se análoga política de coexistência pacífica com os regimes marxistas. O Cardeal Agostinho Casaroli (+1998), encarregado pelo Papa Paulo VI dos assuntos internacionais, adotou uma similar Ostpolitik vaticana com os governos comunistas, a ponto de passar a ser conhecido como ‘o Kissinger do Vaticano’.

Uma das mais ilustres vítimas dessa estratégia foi o Cardeal József Mindszenty, Príncipe de Esztergom e Primaz da Hungria, que em 1974 foi sacrificado para favorecer o bloco soviético. Ele foi sumariamente destituído de sua arquidiocese devido à sua heroica resistência, mantendo as “barreiras ideológicas” ao comunismo. (Ver quadro abaixo).

O Cardeal Mindszenty liberado da prisão, em 31 de outubro de 1956O Cardeal Mindszenty liberado da prisão, em 31 de outubro de 1956

Cardeal Mindszenty

O heroico resistente que não se deixou dobrar.

Mons. Casaroli, em seu livro de memórias publicado em 2000, após descrever a viagem que fez à hungria — para tratativas colaboracionistas com os títeres de Moscou —, descreve seu encontro com o inquebrantável cardeal resistente, na tentativa de forçá-lo a não opor obstáculos ao governo comunista húngaro:

“desde o início, o “príncipe primaz” [o cardeal mindszenty] se mostrou decididamente contrário ao comunismo. Como era de se temer, ele foi logo preso e processado […].

O fato da sua prisão, no dia posterior ao natal de 1948, havia provocado enorme impressão no mundo e foi visto como a prova decisiva da natureza antirreligiosa e opressiva dos novos regimes da europa oriental. O cardeal permaneceu prisioneiro até a revolução anticomunista de 1956 […].

E eis que, fechado em sua negra batina sacerdotal, um pouco curvado como sob o peso de muito graves preocupações, mas com a tranquila segurança de quem se sente investido de dignidade solidamente radicada na história e no direito, embora menosprezada. Com o rosto branco iluminado pelo fogo de dois olhos de aço, o cardeal veio em nossa direção! […].

A minha visita devia despertar nele o suspeito que tivesse chegado lá, mandado pela mais alta autoridade da igreja, para forçar-lhe um pouco a mão, no sentido de abandonar o seu refúgio na delegação americana. Talvez, entrasse nisto também a suspeita que tudo fosse fruto de uma combinação para atender um desejo do governo húngaro, coisa que lhe seria impossível de aceitar!

Mas também a simples hipótese de eventuais conversações ou negociações entre a santa sé e tal governo, sob este ou qualquer outro argumento, lhe parecia inaceitável no plano dos princípios e sem perspectivas no plano prático. A hungria — disse-me ele uma vez — não é o melhor terreno para começar tratativas com os comunistas […].

Ele dava a impressão de uma lâmina de aço, inflexível, pronta ao choque sem exclusão de golpes com uma realidade igualmente determinada a não se deixar dobrar” (Agostino Casaroli, Il martirio della pazienza – la santa sede e i paesi comunisti (1963-1989), einaudi, torino, col. Gli struzzi nº 520, 2000.

O Cardeal Silva Henríquez cumprimenta o marxista Salvador Allende dentro da catedral de Santiago do Chile, no dia de sua posse como presidenteO Cardeal Silva Henríquez cumprimenta o marxista Salvador Allende dentro da catedral de Santiago do Chile, no dia de sua posse como presidente

Os fatos

Tendo a Ostpolitik vaticana impulsionada pelo Papa Paulo VI chegado ao seu auge em 1974, como escreveu o Prof. Plinio, “trazendo como consequência enorme perturbação de consciência para a maioria anticomunista de católicos, vi-me levado pelas circunstâncias a elaborar um documento — vasado na linguagem mais reverente — em que demonstro, com base na doutrina católica, a liceidade da resistência à détente com o comunismo, então promovida pelo Vaticano”. [2]

Monsenhor CasaroliMonsenhor Casaroli

No mesmo ano, por ocasião de uma viagem a Havana, o citado Mons. Casaroli [foto ao lado], depois de encontrar-se com Fidel Castro, entre várias afirmações desconcertantes, declarou que “os católicos que vivem em Cuba estão felizes sob o regime comunista”, e que “os católicos e, em geral, o povo cubano, não têm a menor dificuldade com o governo socialista”. [3]

Outro exemplo dessa “politique de la main tendue” — apolítica da mão estendida da diplomacia vaticana com os regimes comunistas — foi a conduta estarrecedora do Cardeal Silva Henríquez, Arcebispo de Santiago do Chile, de liberar os católicos para votarem no marxista e ateu Salvador Allende para a Presidência da República, e de colaborar para a manutenção do regime marxista que ele depois implantou no Chile.

“Por esse conjunto de atitudes — comenta o Prof. Plinio —, tão próprias a aproximar do comunismo os católicos, não consta que o purpurado tivesse sofrido a menor censura. Se houve quem imaginasse que ele perderia sua Arquidiocese, esperaria em vão até agora. O Cardeal Silva Henríquez continua tranquilamente investido na missão de conduzir a Jesus Cristo as almas de sua populosa e importante Arquidiocese.

“Enquanto ele a conserva, por injunções da política de distensão, outro Arcebispo, pelo contrário, perdeu a sua. Trata-se de uma das figuras mais empolgantes da Igreja no século XX, cujo nome é pronunciado com veneração e entusiasmo por todos os católicos fiéis aos tradicionais ensinamentos econômicos e sociais emanados da Santa Sé. Mais ainda, o nome desse prelado é acatado com sumo respeito por pessoas das mais variadas religiões. Ele é um florão de glória da Igreja aos olhos até dos que nela não creem. Este florão foi quebrado há pouco. O Emmo. Cardeal Mindszenty foi destituído da Arquidiocese de Esztergom, para facilitar a aproximação com o governo comunista húngaro”. [4]

Igualmente estarrecedora foi a “viagem realizada à Rússia em 1971 por S. Emª o Cardeal Willebrands, Presidente do Secretariado para a União dos Cristãos. O objetivo oficial da visita era assistir à posse do bispo Pimen no Patriarcado ortodoxo [greco cismático] de Moscou. Pimen é o homem de confiança, para assuntos religiosos, dos ateus do Kremlin”. [5]

Situação embaraçosa para os católicos

Josip Broz Tito, ditador comunista da Iugoslávia, visita Paulo VI no Vaticano, em março de 1971Josip Broz Tito, ditador comunista da Iugoslávia, visita Paulo VI no Vaticano, em março de 1971

Plinio Corrêa de Oliveira demonstra que tais episódios não constituíam fatos isolados, mas se inseriam dentro da “política de distensão que o Vaticano vem operando, de há muito, em relação aos regimes comunistas”.[6]

Diante desses e de outros fatos análogos, que despertaram dolorosas perplexidades em católicos dos cinco continentes, o Prof. Plinio, e com ele as TFPs, não mais podiam guardar o respeitoso silêncio frente à política levada a cabo pelo Vaticano. Calar seria consentir.

Mesmo porque tal silêncio passou a ser incompreensível aos olhos da maioria anticomunista e católica. De fato, como entender que a Igreja Católica, que sempre condenou a seita comunista, abandonasse seu caráter militante e não mais combatesse um regime que visava destruir a civilização cristã, para implantar em seu lugar um estado de coisas diametralmente oposto à Cristandade?

“Onde terminará esta cadeia [de fatos]? — pergunta o fundador da TFP brasileira. — Para que surpresas dolorosas, para que novos traumas morais devem ainda se preparar os que continuam a aceitar, em todas as suas consequências, a imutável doutrina social e econômica ensinada por Leão XIII, Pio XI e Pio XII?

“Estamos certos de que incontáveis católicos ao reler estas notícias, ao tomar conhecimento das perplexidades, das angústias e dos traumas expressos nestas linhas, sentirão retratados o seu próprio drama interior: o mais íntimo e mais pungente dos dramas, pois que acima, muito acima de versar apenas sobre questões sociais e econômicas, tem cunho essencialmente religioso. Diz respeito ao que há de mais fundamental, vivo e terno na alma de um católico apostólico romano: sua vinculação espiritual com o Vigário de Jesus Cristo”. [7]

A Igreja Católica sempre condenou a seita comunista. Três Papas que ratificaram a condenação foram Leão XIII, Pio XI e Pio XII. [fotos abaixo]
Papa Leão XIIIPapa Leão XIII

Católicos Apostólicos Romanos

Papa Pio XIPapa Pio XI

Donde o “estado de Resistência” declarado pelas TFPs e entidades irmãs, diante uma situação tão grave, como afirma o manifesto:

“A TFP é uma entidade cívica, e não religiosa. Seus diretores, sócios e militantes são, entretanto, católicos, apostólicos e romanos. E, em consequência, católica é a inspiração que os têm movido em todas as campanhas pela TFP empreendidas em bem do País.

“A posição fundamentalmente anticomunista da TFP resulta das convicções católicas dos que a compõem. É porque católicos, é em nome dos princípios católicos, que os diretores, sócios e militantes da TFP são anticomunistas. A diplomacia de distensão do Vaticano com os governos comunistas cria, entretanto, para os católicos anticomunistas, uma situação que os afeta a fundo, muito menos enquanto anticomunistas do que enquanto católicos.

Papa Pio XIIPapa Pio XII

“Pois a todo momento se lhes pode fazer uma objeção supremamente embaraçosa: a ação anticomunista que efetuam não conduz a um resultado precisamente oposto ao desejado pelo Vigário de Jesus Cristo? E como se pode compreender um católico coerente, cuja atuação ruma em direção oposta à do Pastor dos Pastores? Tal pergunta traz como consequência, para todos os católicos anticomunistas, uma alternativa: cessar a luta, ou explicar sua posição.

“Cessar a luta, não o podemos. E é por imperativo de nossa consciência de católicos que não o podemos. Pois se é dever de todo católico promover o bem e combater o mal, nossa consciência nos impõe que defendamos a doutrina tradicional da Igreja, e combatamos a doutrina comunista”. [8]

Não se pode confiar no lobo vermelho

Nessa Declaração de Resistência, o Prof. Plinio e as TFPs manifestam sua veneração e obediência irrestrita à Igreja e ao Papado, nos termos preceituados pelo Direito Canônico.

“O mundo contemporâneo ressoa por toda parte com as palavras liberdade de consciência. São elas pronunciadas em todo o Ocidente, e até nas masmorras da Rússia… ou de Cuba. Muitas vezes essa expressão, de tão usada, toma até significados abusivos. Mas no que ela tem de mais legítimo e sagrado se inscreve o direito do católico, de agir na vida religiosa, como na vida cívica, segundo os ditames de sua consciência.

“Sentir-nos-íamos mais agrilhoados na Igreja do que o era Soljenitsyn na Rússia soviética, se não pudéssemos agir em consonância com os documentos dos grandes Pontífices que ilustraram a Cristandade com sua doutrina.

 “A Igreja não é, a Igreja nunca foi, a Igreja jamais será tal cárcere para as consciências. O vínculo da obediência ao Sucessor de Pedro, que jamais romperemos, que amamos com o mais profundo de nossa alma, ao qual tributamos o melhor de nosso amor, esse vínculo nós o osculamos no momento mesmo em que, triturados pela dor, afirmamos a nossa posição. E de joelhos, fitando com veneração a figura de S.S. o Papa Paulo VI, nós lhe manifestamos toda a nossa fidelidade.

“Neste ato filial, dizemos ao Pastor dos Pastores: Nossa alma é Vossa, nossa vida é Vossa. Mandai-nos o que quiserdes. Só não nos mandeis que cruzemos os braços diante do lobo vermelho que investe. A isto mossa consciência se opõe”. [9]

São Paulo resiste a São Pedro – Guido Reni (1575–1642). Pinacoteca de Brera, Milão.São Paulo resiste a São Pedro – Guido Reni (1575–1642). Pinacoteca de Brera, Milão.

Solução: exemplo na atitude do Apóstolo São Paulo

Prossegue o documento, expondo não só o direito, mas até o dever de resistir à Ostpolitik vaticana — no sentido da resistência de São Paulo a São Pedro —, sobretudo quando ela se opõe ao ensinamento do Magistério eclesiástico em relação aos regimes comunistas e, conforme dito por Nossa Senhora em Fátima (1917), aos “erros da Rússia”.

“Sim, Santo Padre, São Pedro nos ensina que é necessário obedecer a Deus antes que aos homens (At. V, 29). Sois assistido pelo Espírito Santo e até confortado — nas condições definidas pelo Vaticano I — pelo privilégio da infalibilidade. O que não impede que em certas matérias ou circunstâncias a fraqueza a que estão sujeitos todos os homens possa influenciar e até determinar Vossa atuação. Uma dessas é — talvez por excelência — a diplomacia. E aqui se situa a Vossa política de distensão com os governos comunistas.

“Aí o que fazer? As laudas da presente declaração seriam insuficientes para conter o elenco de todos os Padres da Igreja, Doutores, moralistas e canonistas — muitos deles elevados à honra dos altares — que afirmam a legitimidade da resistência. Uma resistência que não é separação, não é revolta, não é acrimônia, não é irreverência. Pelo contrário, é fidelidade, é união, é amor, é submissão.

“Resistência é a palavra que escolhemos de propósito, pois ela é empregada nos Atos dos Apóstolos pelo próprio Espírito Santo, para caracterizar a atitude de São Paulo. Tendo o primeiro Papa, São Pedro, tomado medidas disciplinares referentes à permanência no culto católico de práticas remanescentes da antiga Sinagoga, São Paulo viu nisto um grave risco de confusão doutrinária e de prejuízo para os fiéis. Levantou-se então e resistiu em face a São Pedro (Gal. II, 11).

“Este não viu, no lance fogoso e inesperado do Apóstolo das Gentes, um ato de rebeldia, mas de união e amor fraterno. E, sabendo bem no que era infalível e no que não era, cedeu ante os argumentos de São Paulo. Os Santos são modelos dos católicos. No sentido em que São Paulo resistiu, nosso estado é de resistência.

“E nisto encontra paz nossa consciência”. [10]

Resistência

“Resistir significa que aconselharemos os católicos a que continuem a lutar contra a doutrina comunista com todos os recursos lícitos, em defesa da pátria e da civilização cristã ameaçadas.

“Resistir significa que jamais empregaremos os recursos indignos da contestação, e menos ainda tomaremos atitudes, que em qualquer ponto discrepem da veneração e da obediência que se deve ao Sumo Pontífice, nos termos do Direito Canônico.

“Resistir, entretanto, importa em emitir respeitosamente o nosso juízo, em circunstâncias como a entrevista de Mons. Casaroli sobre a felicidade dos católicos cubanos”. [11]

Bispo cubano condena a Ostpolitik vaticana

Mons. Eduardo Boza MasvidalMons. Eduardo Boza Masvidal

Mons. Eduardo Boza Masvidal, ex-bispo auxiliar de havana, foi expulso de cuba sob a ameaça de metralhadoras.

O prelado concedeu uma entrevista publicada em Catolicismo (edição de agosto/1974), na qual descreve o martírio da igreja na infeliz e pobre ilha comunista, a outrora pérola das antilhas.

Quando perguntado como considerava a política de conciliação com o regime comunista castrista, levada a efeito pelo Exmo. Mons. Cesare Zacchi, promovido de encarregado de negócios a núncio pelo papa paulo vi, o prelado cubano respondeu nos seguintes termos:

“não compartilho a atitude de Mons. Cesare Zacchi, encarregado da nunciatura em havana, por ser uma atitude de defesa do regime e de compromisso com ele. Hoje que a igreja quer em toda parte ter as mãos livres para cumprir a sua missão sem liames humanos, é inexplicável esse compromisso com um regime violador de todos os direitos e opressor da pessoa humana […].

“é bom que se saiba que o povo de cuba não escolheu este caminho, o qual lhe foi imposto pela força e pelo terror”.

* * *

Caminho esse — poder-se-ia completar — que perdura tiranicamente por mais de meio século, sem que tenha havido, em todo este longo período, qualquer eleição livre. O regime de terror instalado a tal ponto que muitos cubanos preferem arriscarem-se no mar em busca de liberdade a continuarem no “paraíso” do “camarada” Fidel Castro […]. É isto uma felicidade?

Panorama interno da Igreja

No manifesto, o Prof. Plinio revela que relutou muito em tomar essa atitude de resistência à referida orientação diplomática do Vaticano, mas que por um imperativo de consciência e coerência com a doutrina da Santa Igreja Católica, viu-se obrigado a não mais guardar silêncio. E relata outros episódios que patenteavam a enorme inconformidade que se alastrava pelo mundo — de católicos alheios aos círculos da TFP — com a política de aproximação que favorecia os regimes comunistas.

Inconformidade essa manifestada muitas vezes de modo até ríspido e irreverente, diante da qual ficava evidente o quanto a posição da TFP era comedida. Nela, o Autor, numa linguagem respeitosa, mas firme, deixa claro que a tática de distensão empregada pela Santa Sé com os governos comunistas só favorecia a estes, enquanto os católicos que viviam atrás da Cortina de Ferro continuavam perseguidos virulentamente.

Disso depreendia a perplexidade:

“Perguntamos então se distensão não é sinônimo de capitulação. Se o é, como não resistir à política de distensão, apresentando-lhe de público o enorme desacerto?”. [12]

Conclusão do manifesto

O Prof. Plinio encerra a “Declaração de Resistência” com estas comoventes palavras perpassadas de seu intenso amor e veneração à Igreja imortal e ao Romano Pontífice:

“Esta explicação se impunha. Ela tem o caráter de uma legítima defesa de nossas consciências de católicos, ante um sistema diplomático que lhes tornava irrespirável o ar, e que aos católicos anticomunistas coloca na mais penosa das situações, que é a de se tornarem inexplicáveis perante a opinião pública. Repetimo-lo, a título de epílogo, ao encerrar esta declaração. Nenhum epílogo, entretanto, seria completo se não incluísse a reafirmação de nossa obediência irrestrita e amorosa não só à Santa Igreja como ao Papa, em todos os termos preceituados pela doutrina católica.

“Nossa Senhora de Fátima nos ajude neste cominho que trilhamos por fidelidade à Sua mensagem e na alegria antecipada de que se cumprirá a promessa por Ela feita: Por fim, o meu Imaculado coração triunfará”. [13]

Confirmação e …

O então Cardeal Ratzinger (eleito Papa em 2005), definiu o comunismo como “uma vergonha do nosso tempo […] mantêm-se nações inteiras em condições de escravidão indignas do homem”
Cardeal Ratzinger (eleito Papa em 2005)Cardeal Ratzinger (eleito Papa em 2005)

Dez anos após o manifesto da TFP, na “Instrução sobre alguns aspectos da Teologia da Libertação”, de 6-8-84, publicada sob a assinatura do então Cardeal Ratzinger (eleito Papa em 2005), definiu o comunismo como “uma vergonha do nosso tempo […] mantêm-se nações inteiras em condições de escravidão indignas do homem”. Isto ficou mais patente depois da queda do muro que delimitava o maior cárcere da História, o Muro de Berlim.

A afirmação do Cardeal, quando Presidente da Congregação para a Doutrina da Fé, corroborou a posição tomada pela TFP e pelos católicos anticomunistas de todo o mundo que se opunham à conduta do Vaticano numa esfera — a diplomática — na qual os Papas não gozam do carisma da infalibilidade e na qual, portanto, o católico é livre de formar sua opinião.

Tal definição do eminentíssimo Cardeal foi bem-vinda “como água num incêndio” e mereceu um comentário de Plinio Corrêa de Oliveira:

“A mim que, como presidente do Conselho Nacional da TFP brasileira, fui o primeiro signatário da Declaração de Resistência à Ostpolitik vaticana, incumbe o dever de justiça de manifestar aqui a alegria, a gratidão e sobretudo a esperança que sinto, dentro do incêndio, com a chegada desse alívio.

“Sei que irmãos de Fé extrínsecos aos arraiais da TFP, sobretudo fora do Brasil, se abstêm de externar análogos sentimentos, notadamente porque julgam que uma só mangueira é insuficiente para apagar todo um incêndio.

“Também julgo que uma só mangueira não apaga um incêndio. Mas isto não impede de saudá-la como um benefício, tanto mais quanto não tenho prova de que ficaremos só com essa mangueira. Não foi inesperada a Instrução do Cardeal Ratzinger? Um passo inesperado não convida a esperar outros na mesma linha, também mais ou menos inesperados?”. [14]

… objeção

Transcorrido meio século da publicação do Manifesto de Resistência, ninguém, nem mesmo qualquer autoridade eclesiástica, contestou a ortodoxia e a legitimidade desse esclarecedor documento. Houve, isto sim, divergências quanto à tomada de atitude da TFP, manifestadas, no entanto, por apenas algumas autoridades e em caráter pessoal. Como exemplo, citamos aqui uma comunicação do Emmo. Cardeal D. Vicente Scherer (transcrita no “Diário de Notícias”, 25-7-74, de Porto Alegre, sob o título “O Vaticano e o comunismo”), na qual o Arcebispo gaúcho afirmou: “parece curioso” [que as críticas surgidas de cá e de lá à iniciativa do Papa — de negociar com os regimes comunistas] — “tenham origem em grupos situados em geral dentro da própria Igreja e que a Ela professam amor e fidelidade”.

Como se vê, nenhuma objeção quanto à licitude da posição de Resistência à Ostpolitik vaticana.

O Papa Francisco viajou à Ilha-prisão, onde, na Praça da Revolução em Havana, celebrou uma missa sob um gigantesco pôster do guerrilheiro Che GuevaraO Papa Francisco viajou à Ilha-prisão, onde, na Praça da Revolução em Havana, celebrou uma missa sob um gigantesco pôster do guerrilheiro Che Guevara

Atualidade do histórico lance

Poderíamos relatar outros fatos posteriores ao Manifesto da Resistência — suscitado pelos comentários de Mons. Casaroli sobre a pretensa felicidade de que gozava o povo cubano sob o regime socialista — que comprovam o seu acerto, oportunidade e atualidade, mas por exiguidade de espaço ater-nos-emos somente a alguns fatos muito relevantes.

De 19 a 22 de setembro de 2015, o Papa Francisco viajou à Ilha-prisão, onde se entreteve com o déspota comunista Fidel Castro e, na Praça da Revolução em Havana, celebrou uma missa sob um gigantesco pôster do guerrilheiro Che Guevara. Dias depois, comentando a viagem, Francisco disse que pôde “abraçar todo o povo”.

Armando Valladares [15] — escritor, pintor e poeta, passou 22 anos nas prisões políticas de Cuba — comentou que “de fato, os atos mostraram que o ‘abraço’ do Pastor dos pastores foi quase inteiramente para os lobos cubanos e, em particular, para o lobo dos lobos, Fidel Castro, cuja chamada o Papa Francisco socorreu quase em peregrinação. As fotos e os vídeos mostraram que a atitude do Pontífice foi a de quem estava visitando um venerável profeta e não um sanguinário ditador.

Uma agravante da visita do Papa Francisco a Castro é o fato de que foi o próprio Pastor dos pastores quem pediu esse horroroso encontro com o lobo dos lobos. Já em 1960, no começo da revolução, Fidel Castro revelou na universidade de La Habana seu plano para transformar os católicos em ‘apóstatas’ e não em ‘mártires’. E dedicou sua vida em destruir sistematicamente Cuba do ponto de vista social, político, moral e religioso.

Do alegado ‘abraço’ papal a ‘todo o povo cubano’, nada sobrou para os presos, de cuja visita em outros países o Pontífice tem feito quase um ritual. Na Cuba comunista não houve nenhum contato com os presos comuns, para não falar dos presos políticos, que foram totalmente ignorados durante a estadia de Francisco, talvez para não contrariar aos lobos”. [16]

Tal ‘abraço’ em nada atenuou o sofrimento do povo cubano, pelo contrário, o governo comunista se perpetua, continua oprimindo despoticamente, não tolera qualquer oposição. Mesmo após a morte de Fidel Castro a ilha continua castrista, a mesma ilha-cárcere onde os católicos são perseguidos pela tirania, que sequer permite a reabertura das escolas católicas e em cujas escolas públicas os símbolos católicos são proibidos — os alunos não podem sequer ostentar uma cruz, uma medalha de Nossa Senhora ou um santinho.

Naquele mesmo ano do desconcertante encontro do Papa Francisco com Fidel Castro, o petista e líder do MST (Movimento dos Sem-Terra), João Pedro Stédile, confessou: “Chávez morreu, Fidel está doente. O Francisco tem assumido esse papel de liderança, graças a Deus. Ele tem acertado todas”. [17] De fato, “tem assumido esse papel de liderança” [da esquerda] e “acertado todas” as coisas que favorecem os movimentos de extrema-esquerda. O elogio de um agitador comunista ao Papa dispensa comentários…

Acordo secreto entre o Vaticano e a China comunista

Ainda mais grave do que a citada declaração de Mons. Casaroli, que ocasionou a publicação do Manifesto de Resistência, foi o “acordo” — de setembro de 2018, assinado secretamente entre o Vaticano e a ditadura comunista da China —, o qual passou aos chineses, de modo oficial, o poder de controlar a Igreja Católica em todo aquele imenso território, por exemplo, nos casos de nomeações de bispos.

Inclusive o Vaticano pedia aos bispos católicos (chamados da “Igreja clandestina” ou “Igreja subterrânea”, pois perseguidos por sua fidelidade à Santa Sé) que entregassem suas dioceses aos bispos ilegítimos (chamados da “Igreja Patriótica”, pois submissos ao Partido Comunista Chinês e por este nomeados, portanto, ilegitimamente).

Em face dessa Ostpolitik vaticana de aproximação com os comunistas de Pequim — assim como com os de Havana —, é lícito aos católicos se manterem “em estado de resistência”. Isto porque em questões de relações diplomáticas e políticas os Romanos Pontífices — repetimos — não são assistidos pelo carisma da infalibilidade. Os católicos podem e devem resistir, uma vez que não podem pactuar com o regime comunista, materialista e ateu, que persegue cruelmente os católicos e reprime a Santa Igreja.

Comentando sobre esse vergonhoso acordo, o Emmo. Cardeal Joseph Zen, arcebispo-emérito de Hong Kong, declarou que a Santa Sé estava vendendo os católicos chineses ao comunismo.

Longe de amainar, as perseguições contra os católicos “clandestinos” e os clérigos atrás da “cortina de bambu” não fizeram senão recrudescer: prisões, torturas e, por vezes, até assassinados, além de verem suas igrejas incendiadas pelos comunistas.

“Levantar a bandeira branca” seria “escolher a vergonha”

Outra questão que não poderia deixar de ser mencionada foi a recente proposta do Papa Francisco à Ucrânia de se render à Rússia de Putin. Ele sugeriu aos ucranianos de “levantar a bandeira branca”. Em vez de os incitar a resistir e lutar para vencer, lhes sugeriu “ceder para não perder”. Graças a Deus, a resposta foi firme e imediata: o governo ucraniano chamou seu embaixador junto ao Vaticano e respondeu por meio da declaração do chanceler Dmytro Kuleba:

Nossa bandeira é azul e amarela. Não levantaremos outra”. Ou seja, não se renderão, e heroicamente continuarão a resistir ao déspota invasor. Ele declarou também: “O chefe da Santa Sé deveria ter enviado sinais à comunidade internacional sobre a necessidade de unir forças imediatamente para garantir a vitória do bem sobre o mal, e apelar ao agressor, não à vítima”.

Por sua vez, o presidente Zelensky declarou que “os assassinos e torturadores russos não estão avançando mais ainda na Europa só porque estão sendo contidos por ucranianos com armas nas mãos e sob a bandeira azul e amarela”…

Os ucranianos não entregarão sua independência e soberania territorial a um regime tirânico chefiado por um ex-agente da KGB aliado da China comunista. A não reagirem assim, poder-se-lhes-ia aplicar a censura proferida por Churchill aos primeiros-ministros inglês e francês, os entreguistas Neville Chamberlain e Édouard Daladier, quando celebraram o Acordo de Munique (1938): “Tínheis a escolher entre a vergonha e a guerra. Escolhestes a vergonha, agora tereis a guerra”.

Chamberlain, após um encontro com Hitler às vésperas da Segunda Guerra Mundial, na vã tentativa de apaziguar a agressividade nazista, imaginou que não haveria mais guerra se submetessem às exigências de Hitler. Tal submissão apenas obteve um efeito: encher ainda mais de arrogâncias o líder nazista e fazê-lo lançar a hecatombe mundial…

Os ucranianos não escolheram a vergonha levantando a “bandeira branca”. Se isso acontecesse, as tropas russas do déspota Putin — recém reeleito ilegal e fraudulentamente para um quinto mandato consecutivo, depois de mandar executar os possíveis candidatos oponentes —, após terem subjugado a Ucrânia, marchariam para a Europa.

Graças a Deus, os ucranianos resistiram à sugestão de um Pastor que em vez de proteger suas ovelhas as entregava ao lobo comunista do Kremlin.

Sobre a mentalidade entreguista, convém recordar o que Plinio Corrêa de Oliveira escreveu num artigo para a “Folha de S. Paulo” em 31-1-71: “Munique não foi apenas um grande episódio da História deste século. É um acontecimento-símbolo na História de todos os tempos. Sempre que haja, em qualquer tempo e em qualquer lugar, um confronto diplomático entre belicistas delirantes e pacifistas delirantes, a vantagem ficará com os primeiros e a frustração com os segundo”.

Deus não abençoa o pecado, mas o abomina e castiga

Nesta matéria sobre a “resistência católica”, não poderia passar em branco, ainda que de passagem, o recente pedido do Papa Francisco de se conceder direitos legais civis às duplas de homossexuais, assim como sua recomendação de bênçãos da Igreja a tais duplas e a casais em situação irregular, como consta na declaração Fiducia Supplicans, de 18 de dezembro de 2023.

Essa declaração é da lavra do Cardeal Victor Manuel Fernandez, mas conta com a assinatura do Papa. O que causou muito escândalo, pois, objetivamente, equivale a abençoar relações baseadas em pecados contra o Sexto Mandamento e a própria natureza, usando o nome de Deus em vão. Ademais, contraria frontalmente a Fé Católica e o ensinamento perene da Igreja. Deus não abençoa o pecado, mas, pelo contrário, o abomina e castiga.

O tema é por demais grave, mas não nos estenderemos sobre ele aqui, uma vez que já o fizemos em nossa matéria de capa, na edição de fevereiro (vide link nas notas). [18]

Amor reverencial e adesão à Santa Sé

Vemos, pois, justificada pelos fatos, quão atual é a atitude de Plinio Corrêa de Oliveira, e, com ela, nossa publicação, inteiramente inspirada por sua luta no século passado contra a coexistência pacífica com os regimes marxistas. A “Declaração de Resistência”, que à primeira vista poderia ter parecido para alguns um ato de rebeldia, foi na realidade não somente uma indispensável tomada de posição cujo acerto foi confirmado pelos acontecimentos, mas também um ato de fidelidade, de piedade filial, de acatamento ao ensinamento do Magistério infalível da santa e imortal Igreja Católica Apostólica Romana.

Decorridos alguns dias de seu lançamento,em artigo publicado na “Folha de S. Paulo” (21-4-74), o Prof. Plinio escreveu algo que poderia aplicar-se ao atual Pontificado:

“Nesse ato de resistência à política de Paulo VI não há outras componentes psicológicas senão o amor, a fidelidade e a dedicação. Dado que o Papa é o monarca da Santa Igreja, meu gesto importa em defender o reino em benefício do Rei, ainda quando, para tanto, deva incorrer no desagrado deste. Mais longe, segundo me parece, não é dado ao homem levar sua dedicação”.

Como se nota, salta aos olhos a manifestação de submissão do fundador da TFP brasileira ao Papado, a qual vem de longa data. Desde menino, ele transbordava de entusiasmo pela Roma Eterna — como se poderá observar no quadro com o trecho reproduzido no final desta matéria. Seus discípulos, como se consideram os colaboradores desta revista, participam de tal entusiasmo e submissão irrestrita ao Papado, de acordo com os termos do Direito Canônico, consignado como está no livro de cabeceira de todos eles, escrito em 1959, Revolução e Contra Revolução:

Ubi Ecclesia ibi Christus, ubi Petrus ibi Ecclesia [Onde está a Igreja aí está Cristo, onde está Pedro aí está a Igreja]. É, pois, para o Santo Padre que se volta todo o nosso amor, todo o nosso entusiasmo, toda a nossa dedicação. É com estes sentimentos, que animam todas as páginas de Catolicismo desde sua fundação, que nos abalançamos também a publicar este trabalho.

“Sobre cada uma das teses que o constituem, não temos em nosso coração a menor dúvida. Sujeitamo-las todas, porém, irrestritamente ao juízo do Vigário de Jesus Cristo, dispostos a renunciar de pronto a qualquer delas, desde que se distancie, ainda que de leve, do ensinamento da Santa Igreja, nossa Mãe, Arca da Salvação e Porta do Céu”.19

Notas:

  1. A íntegra do manifesto encontra-se disponível no site da revista Catolicismo 
  2. “Folha de S. Paulo”, 12-7-70.
  3. “O Estado de São Paulo”, 7-4-74.
  4. A política de distensão do Vaticano com os governos comunistas – Para a TFP: omitir-se ou resistir?, “Folha de S. Paulo”, 10-4-74.
  5. Ibid.
  6. Ibid.
  7. Ibid.
  8. Ibid.
  9. Ibid.
  10. Ibid.
  11. Ibid.
  12. Ibid.
  13. Ibid.
  14. A mangueira, o desejo e o dever, “Folha de S. Paulo”, 10-12-48.
  15. É autor do best-seller Contra toda a esperança, no qual narra o horror das prisões castristas. Foi embaixador dos Estados Unidos perante a Comissão de Direitos Humanos da ONU, sob as administrações Reagan e Bush. Recebeu a Medalha Presidencial de Cidadão e o Prêmio Superior do Departamento de Estado. Foi premiado em 2016 com a Medalha de Canterbury, patrocinada pelo Becket Fund for Religious Liberty, por sua luta em prol da liberdade religiosa em todo o mundo. Escreveu muitos artigos sobre a colaboração eclesiástica com o comunismo cubano e sobre a Ostpolitik do Vaticano em relação a Cuba
  16. Artigo no site do IPCO - Cuba: Papa Francisco faz balanço de viagem
  17. “Folha de S. Paulo”, 8-7-15 - Na Bolívia, líder do MST diz que "eles têm Obama e nós temos Francisco"
  18. Revista Catolicismo
  19. Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, Conclusão, p. 192, 4ª ed. em português, Artpress, São Paulo, 1998.
Dr. Plinio (círculo) na Praça de São Pedro, junto com algumas das pessoas que o acompanharam durante o Concílio.Dr. Plinio (círculo) na Praça de São Pedro, junto com algumas das pessoas que o acompanharam durante o Concílio.

Admiração, enlevo e entusiasmo pelo Papado

Em numerosas ocasiões, Plinio Corrêa de Oliveira manifestou publicamente sua profunda veneração ao Papado. Seguem excertos de uma delas, publicada em artigo para a “Folha de S. Paulo” em 12-7-1970.

“Não é com meu entusiasmo dos tempos de jovem, que eu me coloco hoje ante a Santa Sé. É com um entusiasmo ainda maior, e muito maior. Pois à medida que vou vivendo, pensando e ganhando experiência, vou compreendendo e amando mais o Papa e o Papado […].

Lembro-me ainda das aulas de catecismo em que me explicaram o Papado, sua instituição divina, seus poderes, sua missão. Meu coração de menino (eu tinha então 9 anos) se encheu de admiração, de enlevo, de entusiasmo: eu encontrara o ideal a que me dedicaria por toda a vida. De lá para cá, o amor a esse ideal não tem senão crescido.

E peço aqui a Nossa Senhora que o faça crescer mais e mais em mim, até o meu último alento. Quero que o derradeiro ato de meu intelecto seja um ato de Fé no Papado. Que meu último ato de amor seja um ato de amor ao Papado. Pois assim morrerei na paz dos eleitos, bem unido a Maria minha Mãe, e por Ela a Jesus, meu Deus, meu Rei e meu Redentor boníssimo […].

Quero dar a cada ensinamento deste Papa, como de seus antecessores e sucessores, toda aquela medida de adesão que a doutrina da Igreja me prescreve, tendo por infalível o que Ela manda ter por infalível, e por falível o que ela ensina que é falível. Quero obedecer às ordens deste ou de qualquer outro Papa em toda a medida em que a Igreja manda que sejam obedecidos.

Isto é, não lhes sobrepondo jamais a minha vontade pessoal, nem a força de qualquer poder terreno, e só, absolutamente só recusando obediência à ordem do Papa que importasse eventualmente em pecado. Pois neste caso extremo, como ensinam — repetindo o Apóstolo São Paulo — todos os moralistas católicos, é preciso colocar acima de tudo a vontade de Deus.

Foi o que me ensinaram nas aulas de catecismo. Foi o que li nos tratados que estudei. Assim penso, assim sinto, assim sou. E de coração inteiro”.

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