Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
6 min — há 9 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 8:49:08 PM
Publicamos abaixo a mensagem aos brasileiros do Príncipe D. Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil, que foi divulgada na manhã de 7 de setembro de 2015, em São Paulo, na cripta do Monumento do Ipiranga, durante homenagem a D. Pedro I e sua esposa D. Leopoldina, nossos primeiros Imperadores e Fundadores do Império do Brasil.
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Em 1822, o então Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves vivia uma situação de relativa instabilidade política. Uma revolução liberal no Porto impusera o regresso de D. João VI a terras lusas, lançando inquietação entre muitos dos que aqui influenciavam os nossos destinos. A situação criada viria a precipitar um processo de emancipação política, o qual culminaria na declaração de Independência, feita às margens do Ipiranga, pelo Príncipe Dom Pedro, a 7 de setembro daquele ano.
Naqueles momentos de indefinição e incerteza, alguns elementos e algumas forças atuantes na cena política procuraram desintegrar nossa unidade enquanto Nação e, até mesmo, derrubar a forma monárquica de governo.
A inteligência, a liderança e a sabedoria política de , aliadas à argúcia e à determinação do Príncipe Regente D. Pedro evitaram ao Brasil um esfacelamento indesejado e permitiram o nascimento do País independente sob a égide da Monarquia, a qual lhe traria um longo período de estabilidade política e de ascensão nas sendas de suas legítimas tradições e na fidelidade a seus princípios cristãos.
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A Proclamação de nossa Independência – que hoje comemoramos – é portadora de grandes lições. O processo de diferenciação entre o Brasil e Portugal estava completo. Circunstâncias acidentais suscitaram rusgas momentâneas entre os habitantes da colônia e da metrópole. Mas a separação, que se fez com a energia e com a força de um povo que queria ser independente, foi, ao mesmo tempo, marcada pelo afeto e pela gratidão.
Quando Portugal e as grandes potências reconheceram a nossa Independência, o Brasil soube voltar-se para sua própria história e para seu passado próximo, reconhecendo em D. João VI o monarca sagaz e afável que, elevando o Brasil à condição de Reino Unido, lhe trouxera todos os benefícios e as condições para se tornar independente. No momento em que todos os laços se cortavam, o Brasil soube restabelecer o laço do afeto através do gesto simbólico de permitir ao monarca usar até o fim de sua vida o título de Imperador do Brasil.
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O Brasil atravessa talvez o momento mais grave de sua história, desde a Independência. Numa ruptura militante com nosso passado, a instabilidade republicana atinge um auge por poucos imaginado. O País assiste, estupefato, a uma degradação moral e institucional sem precedentes, enquanto nossa população tem manifestado um sadio e inesperado vigor na defesa de um Brasil autêntico e fiel a si mesmo.
A partir da cúpula governamental republicana, o País assiste à implementação de um projeto de poder ideológico, avesso aos seus mais íntimos anseios:
– um projeto político-social eivado de espírito anticristão que busca, de todas as formas, esfacelar a instituição básica de qualquer sociedade civilizada, que é a família;
– um projeto que move uma mal disfarçada perseguição à propriedade privada, direito nascido da ordem natural, garante da legítima ascensão de um povo, e da liberdade individual e familiar;
– um projeto que busca, através de uma concepção abusiva do papel do Estado, dirigir os que ensinam e os que aprendem, subvertendo a educação de nossas crianças e de nossos jovens e condicionando a elaboração do pensamento nacional, através da regulação da produção filosófica, literária e científica;
– um projeto que insiste no erro fatal de conduzir nossa realidade sócio-econômica nas sendas de um socialismo estatista, cujos frutos trágicos o mundo continua a presenciar, inclusive em nosso Continente;
– um projeto em contínua ruptura com nossos valores de convívio pacato, fraterno e cristão, que busca lançar a divisão e a luta fratricida entre brasileiros e que vai debilitando nossa unidade territorial, através de duvidosas políticas de demarcações raciais;
– um projeto que tem aviltado nossa, outrora, tão prestigiosa diplomacia e nossos interesses internacionais;
– um projeto que rebaixou a política e as instituições, fazendo com que a corrupção sem freios se assenhoreasse da máquina do Estado, em proveito de ambições pessoais desmedidas e de cumplicidades político-ideológicas.
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De um modo para muitos inesperado, multidões saem às ruas, sempre de modo cordato, não em razão de preferências partidárias ou de disputas da baixa política, mas em defesa de um Brasil genuíno, em legítima continuidade com seu passado.
São esses brasileiros, quase sempre relegados e esquecidos por uma certa “elite” progressista e afeita à moda, que querem fazer ouvir sua voz, seus anseios mais íntimos, suas aspirações a respeito do País, dos Estados, bem como de um autêntico regionalismo. Mas os dirigentes de nossa vida pública continuam a configurar as leis e as estruturas que regem a vida do Estado e da sociedade sem sincronia com seus ideais, anelos e modos de ser. O mundo político e institucional parece não se dar conta do enorme abismo que se vai cavando em nossa vida pública, e continua apenas preocupado com os conchavos e os acertos de bastidores. Suas manobras são de molde a fomentar contradições, gerar a confusão e induzir alguns espíritos ao desânimo, à dispersão e à inércia. E assim o País vai sendo encaminhado para uma situação histórica dramática.
A História nos ensina que o curso dos acontecimentos desserve sempre aos que dormem. No dia em que comemoramos nossa Independência, a Casa Imperial, movida pelo ardente anelo de uma cristã grandeza para o Brasil, considera de seu dever alertar os brasileiros, e, particularmente, as classes dirigentes para que se articulem em torno de seus chefes naturais, com o objetivo de, através de soluções sábias e orgânicas, fazer refluir para dimensões mínimas o perigo que hoje se abate sobre a Nação. Assim poderá o Brasil prosseguir sua trajetória histórica, sem conhecer a degradação, a tristeza, a miséria, as discórdias, as agitações e os morticínios nos quais foram submersas tantas nações.
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A 22 de agosto de 1822, quinze dias antes da declaração de Independência, meu tetravô, o futuro D. Pedro I, viajando do Rio de Janeiro para São Paulo, rezou diante da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, prometendo-Lhe consagrar o Brasil, caso se resolvesse de modo favorável a intrincada situação política. Hoje, seguindo seu exemplo, coloco-me aos pés de Nossa Senhora Aparecida a quem rogo que vele solícita pelo nosso País e por seu povo, a fim de que permaneçam invictos e, com energias vivificadas, possam rumar para a luminosa e providencial missão que os aguarda neste século.
São Paulo, 7 de setembro de 2015
Dom Luiz de Orleans e Bragança
Chefe da Casa Imperial do Brasil
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