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Plinio Corrêa de Oliveira
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Moscou articula separatismos para imperar sobre um Ocidente dividido


Continuação do post anterior: Enviado de Putin foi estimular o separatismo na Catalunha

Em reunião de 2015 no Kremlin, agitador separatista catalão anuncia próxima independência

O partido político Ciudadanos registrou no Congresso de Madri uma demanda ao governo, e em especial ao Ministério de Relações Exteriores, de explicações pela ingerência russa no frustrado referendo de independência catalã e pelas manobras do embaixador russo em Madri.

O deputado Fernando Maura considerou existirem suficientes indícios na mídia de Moscou para suspeitar que a Rússia estivesse manipulando o problema da Catalunha para abalar a Europa, escreveu “El País”. 

A manobra russa embutiria “a intenção de acabar com as sanções que lhe foram impostas pela anexação da Crimeia e por sua intervenção no Leste da Ucrânia”.

A demanda também menciona a duplicidade patenteada nos meios pertencentes ao governo russo e na posição oficial dos dirigentes do Kremlin.

A crise de Catalunha motivou jornalistas a pesquisarem os arquivos de seus próprios jornais e os achados foram surpreendentes.

Há poucos anos, Moscou vem financiando uma conferência internacional promovida por um fantasmático Movimento Antiglobalização da Rússia (MAR).

Essa entidade-biombo reuniu em 2016, num luxuoso hotel moscovita, uma galáxia de grupos separatistas, entre os quais figurava Solidaritat Catalana, representado pelo seu secretário J. Enric Folch Vila.

Folch Vila encarregou-se de informar aos presentes sobre os planos para o referendo pela independência da Catalunha e anunciou que esperava voltar em 2017 “falando em nome da Catalunha, país independente”.

A conferência foi financiada em 30% com dinheiro estatal de um total de 3,5 milhões de rublos, confirmou Alexander Iónov, chefe do Movimento Antiglobalista, citado por “El País”.

No Kremlin, o ‘Yes California’ reafirmou a meta de separar o Estado dos EUA

Em Moscou não havia só catalães. Estava também representado o Movimento Nacionalista do Texas, liderado por Nate Smith, que reivindicou o “direito à autodeterminação” desse território norte-americano.

Smith defendeu que os territórios secessionistas nos países ocidentais obtenham a independência pela “via pacífica”.

Compareceram ainda os movimentos Yes California Independence Campaign (“Calexit”); o Estado Nacional Soberano de Borinken, que se apresenta como uma “estrutura de cidadãos que tomou a direção de Porto Rico de maneira paralela ao governo colonial” americano ; a Lega Nord de Lombardia (Itália); o Frente Polisario; o Partido Democrático do Líbano; o representante do território do Alto Karabak (enclave armênio no Azerbaijão); o Sinn Fein (Irlanda) e a República do Transdniéster, território da Moldávia estrategicamente cobiçado pela Rússia.

O deputado da Duma – congresso da Rússia – Mijail Diktiriov, do Partido Liberal Democrático apoiador de Putin, defendeu que a União Soviética foi “fragmentada de forma ilegal” com o “aplauso da comunidade internacional”.

“Mil milhas de montanhas e desertos nos separam do resto da população dos EUA”, explicou Louis J. Marinelli, novaiorquino líder de Yes California Independence Campaign que reside na “embaixada” do movimento em Moscou.

Ele insistiu que os californianos são “uma nação diferente do resto dos EUA” e advogou em favor de um referendo para “decidir a independência ou continuar nos USA”. O movimento ganhou eco na imprensa internacional a partir dos fatos da Catalunha.

Esses grupelhos são meras criações dos serviços secretos russos. Mas são reveladores dos ardis da “guerra híbrida” praticada por Moscou, ajudando a compreender o que está acontecendo na Catalunha.

Politólogo putinista sublinhou que não importa que os grupelhos sejam pequenos. No dia da manifestação os jornalistas pró-Russia os tornarão movimentos de repercussão mundial

“Esses grupos são parte de nossa política exterior”, comentou um veterano politólogo russo presente. “Hoje para a Rússia também os marginais são um canal para influenciar o mundo. Quando esses marginais se manifestem diante da embaixada dos EUA em alguma capital europeia, nossas televisões irão filmá-los”.

A Federação Russa enfrenta graves problemas com movimentos secessionistas em seu imenso território, e até mesmo com os tártaros na Crimeia.

Nenhum desses movimentos foi convidado. É claro que Moscou não se interessava sinceramente por nenhum deles, nem mesmo pelos presentes. Eles só fazem sentido se servirem aos planos russos de hegemonia mundial.

Na edição de 2015, os representantes dos movimentos independentistas e de autodeterminação mundiais concluíram que sua reunião demonstrou “de forma evidente a crise e ineficácia do modelo ocidental de direção do Estado”.

O evento aconteceu em 20 de setembro no hotel President, pertencente à administração do Kremlin, e também foi financiado em 30% pelo Estado russo.

As viagens dos delegados foram pagas pelo Fundo de Beneficência Estatal da Rússia, criado por Vladimir Putin e que se encontra “sob o patrocínio” do chefe do Estado.

O patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Kiril, preside o conselho da entidade.

Enric Folch, de Solidaritat Catalana, também falou contra os líderes europeus e garantiu que a Catalunha independente não fará parte da UE. Talvez sim da União Euroasiática anelada por Vladimir Putin.

O discurso e o vídeo das manifestações independentistas foram intensamente aplaudidos e Folch expressou o desejo de que a “próxima conferência seja em Barcelona”, registrou na época o jornal de Madri.

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Luis Dufaur

Luis Dufaur

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Escritor, jornalista, conferencista de política internacional no Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, webmaster de diversos blogs.

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