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3 min — há 7 anos
Até 1998, 6.772 casos foram julgados “inexplicáveis”. Mas só 68 foram reconhecidos oficialmente pela Igreja.
Tais cifras são como “a árvore que oculta a floresta que há por trás”, segundo um ditado francês.
Com efeito, muitas pessoas não sabem que existe o Bureau Médico, não se apresentam e nenhuma apuração pode ter lugar.
Muitas outras não conservam, ou não tiveram a documentação médica que serve para documentar o milagre ou, ainda, não podem voltar nos anos seguintes para os exames indispensáveis.
Um número ainda maior é objeto de curas que os beneficiados têm certeza de serem sobrenaturais. Mas as doenças não têm características ou proporções para serem apresentadas ao Bureau.
Por exemplo, mau funcionamento de órgãos, distúrbios neuro-vegetativos ou psiquiátricos.
Maior ainda é o número de males de tipo espiritual ou moral, casos que não são suscetíveis de análise médica.
Ainda mais vasto é o leque dos favorecidos com graças que resolvem problemas de índole familiar, afetiva, profissional, econômica etc., que não entram no âmbito da medicina.
Pode-se perguntar: havendo mais de seis mil casos certificados como inexplicáveis, por que apenas 70 foram reconhecidos pela Igreja?
Em 1862 — isto é, quatro anos após as aparições — foram proclamados sete milagres, mas depois houve silêncio até 1907.
Esse período foi marcado por governos ateus ou anticlericais na Franca. O Prof. Yves Chiron no livro “Enquête sur les miracles de Lourdes” (“Inquérito sobre os milagres de Lourdes”, Ed. Perrin, Paris, col. Synthèses historiques, 2008) julga que os bispos naquela circunstância histórica deixaram-se levar pela “pusilanimidade”.
Tinham medo de “ofender” governos que impulsionavam a Revolução anticristã declarando publicamente a veracidade dos milagres.
Tal situação cessou com São Pio X.
Este Papa, consciente do dever de todo Vigário de Cristo, deu mais uma prova de sua prudência e determinação.
Incitou corajosamente os Bispos franceses a reconhecerem os milagres, de preferência em cerimônia de grande aparato e edificação para os fiéis.
Foi assim que entre 1907 e 1913 ocorreram 33 proclamações, a metade de todas as havidas em quase 150 anos de milagres.
Porém, com a morte do Pontífice santo, o “desinteresse dos Bispos” provocou um novo “silêncio da Igreja”, segundo Chiron.
A omissão abrandou-se um pouco no fim do espantoso cortejo de catástrofes, com dezenas de milhões de mortes, da Segunda Guerra Mundial.
A partir de 1946 houve reconhecimentos eclesiásticos, embora a conta-gotas. Mas cessaram em 1965, ano de encerramento do Concílio Vaticano II.
“Bom número de Bispos tem podido julgar as proclamações de milagres como ‘inaptas pastoralmente’, considerando o espírito dos tempos pós-conciliares”, conclui o Prof. Chiron.
Entretanto, merecem menção duas felizes exceções: uma em 1976 e outra em 1978. Depois, o deserto de proclamações continuou até 1999, quando o Bispo de Angoulême (França) reconheceu canonicamente o caráter autêntico de uma cura.
E ainda mais recentemente duas na Itália e uma na França. Sem dúvida muito pouco considerando os milhares de processos científicos declarando que as curas foram inexplicáveis segundo as ciências humanas.
Chiron registra uma tendência, entre altos eclesiásticos, de tratar a palavra milagre como se fosse proibida. Em seu lugar, utilizam-se fórmulas pouco claras para o comum dos fiéis ou que diminuem a importância da cura milagrosa.
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