Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
4 min — há 6 anos — Atualizado em: 10/9/2018, 9:43:56 PM
Estamos comentando a natureza da reação conservadora que tomou as ruas das principais cidades brasileiras a partir de 2015. Nada mais oportuno do que, transcorrido meio século, lembrar o Maio de 68 e fazer um confronto de mentalidades, dir-se-ia de dois mundos: os anarquistas marcusianos franceses de 68 e o movimento conservador brasileiro que clama “quero meu Brasil de volta”.
Nossa comparação não é forçada. Comentaristas (de esquerda) de vários jornais têm procurado enaltecer o Maio de 68 como tendo sido uma lufada de ar novo na atmosfera confinada da burguesia francesa daqueles anos. Lufada de ar novo?:“Abaixo o Estado. Nem Deus nem senhor!”. A Sorbonne de 68 foi uma golfada de orgulho e sensualidade.
O Partido Socialista Francês afirma que o socialismo autogestionário é filho da Revolução Francesa de 1789, da revolução de 1848, da Comuna de Paris de 1871 e da explosão ideológica e temperamental da Sorbonne de 1968. Nas fotos, paredes da Sorbonne com homenagens a Lenin, Trotsky e “Che” Guevara, postadas pelos insurrectos, proclamam: “Abaixo o estado” – “Nem Deus nem senhor!”
Tempo houve em que a doutrinação explícita e categórica foi, para o comunismo internacional, o principal meio de recrutamento de adeptos. Em largos setores da opinião pública e em quase todo o Ocidente, por motivos que seria longo enumerar, as condições se tornaram hoje, em muito ponderável medida, infensas a tal doutrinação. Decresceu visivelmente o poder persuasivo da dialética e da propaganda comunista doutrinária integral e ostensiva. Assim se explica que, em nossos dias, a propaganda comunista procure cada vez mais fazer-se de modo camuflado, suave e lento. Tal camuflagem se faz ora difundindo os princípios marxistas, esparsos e velados, na literatura socialista, ora insinuando na própria cultura que chamaríamos “centrista”, princípios que, à maneira de germens, se multiplicam levando os centristas à inadvertida e gradual aceitação de toda a doutrina comunista.
À diminuição do poder persuasivo direto do credo vermelho sobre as multidões, que o recurso a esses meios oblíquos, lentos e trabalhosos denota, junta-se um correlato declínio no poder de liderança revolucionária do comunismo.1
Esses comentários do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira se aplicam perfeitamente ao declínio do poder e declínio da força de persuasão das esquerdas em nosso Brasil.
Os setores de esquerda da CNBB — que sempre foram a força do petismo no Brasil — preferiram optar pelo silêncio na última reunião de Bispos, realizada em 2018 em Aparecida.
É ponderável o número de comentaristas que tratam da “onda conservadora” que percorre o Ocidente. Os de esquerda, naturalmente, externam o seu mau humor: “só destruindo as engrenagens será possível ao Brasil avançar nas reformas políticas e sociais…”
Se é verdade que estamos assistindo ao declínio do poder de liderança e persuasão das esquerdas, também é verdade que a Revolução Cultural, filha da Sorbonne, encharcou o Ocidente com o permissivismo moral, a liberação sexual, o aborto, a agenda homossexual, a ideologia de gênero.
A Revolução Cultural modificou os costumes, o trato social, a noção de honra. Alterou a noção de família, tentando impor a união entre pessoas do mesmo sexo com os mesmos direitos conferidos por Deus à união entre um homem e uma mulher. A tradição brasileira alicerçada na bondade e na benquerença entre as classes sociais foi substituída pelas invasões, pelas depredações, pela luta de classes, tão bem caracterizada pela frase, típica da mentalidade PT: “nós contra eles”.
Em 2018 — 50 anos após a revolução de Maio de 68 —, outra geração, totalmente diferente, toma hoje as ruas de nossas principais cidades, organiza-se pelas redes sociais, e tem uma grande missão: de regenerar o Brasil. Temos que regenerar as células da sociedade, o tecido social.
A Sorbonne foi um brado de inconformidade com os restos de Civilização Cristã que ainda perduravam na França de 68.
A geração deste terceiro milênio está se levantando em defesa dos valores morais. Queremos o Brasil brasileiro, a Tradição cristã de nossos maiores, a regeneração da Família, o direito de Propriedade (assegurado por dois Mandamentos da Lei de Deus).
Para concluir, vale lembrar “uma lei histórica segundo a qual o imobilismo não existe nas coisas terrenas”. Em consequência, “quando em um organismo se opera uma fratura ou dilaceração, a zona de soldadura ou recomposição apresenta dispositivos de proteção especiais.2
Nossa meta, portanto, para regenerar o Brasil, é trabalhar a fundo os caracteres, reformar o homem! Não basta voltarmos aos anos anteriores a Maio de 68!
Este princípio é tão importante que pretendemos voltar ao assunto.
(1) Revolução e Contra-Revolução, Parte III, Cap. II.
(2) Revolução e Contra-Revolução, Parte II, Cap. II.
Marcos Machado
490 artigosPesquisador e compilador de escritos do Prof. Plinio. Percorreu mais de mil cidades brasileiras tomando contato direto com a população, nas Caravanas da TFP. Participou da recuperação da obra intelectual do fundador da TFP. Ex aluno da Escola de Minas de Ouro Preto.
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