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5 min — há 5 anos — Atualizado em: 3/10/2020, 8:16:38 PM
Nascida no dia 11 de março de 1910, Santa Jacinta de Fátima, aos sete anos, entrou para a História como testemunha das aparições e revelações de Nossa Senhora em 1917 em Fátima.
Em que medida uma criança com tão pouca idade é capaz de praticar as virtudes em grau heróico? A história da espiritualidade católica tem exemplos surpreendentes de santidade a pouca idade: Santa Maria Goretti — martirizada aos 11 anos com plena consciência do que fazia; São Domingos Sávio — que morreu aos 15 anos.
Em comemoração desta efeméride, transcrevemos abaixo um trecho do excelente livro “Era uma Senhora mais brilhante do que o sol”, de autoria do Padre Demarchi. E, em seguida, comentando tal trecho, palavras do fundador da TFP brasileira, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, pronunciadas numa conferência em 13 de outubro de 1971.
Analogia entre as ações exercidas por Nossa Senhora sobre os pastorinhos de Fátima e a humanidade
“A verdadeira diretora espiritual de Jacinta, Francisco e Lúcia foi, essencialmente, Nossa Senhora. A bondosa Senhora da Cova da Iria tomou à sua conta a realização dessa obra-prima e, como não poderia deixar de ser, a levou a cabo com pleno êxito. Das suas mãos prodigiosas saíram três anjos revestidos de carne, mas que, ao mesmo tempo, eram três autênticos heróis. A matéria prima era de uma plasticidade admirável e da Artista o que mais dizer? Na sua escola os três serranitos deram em breve tempo passadas de gigantes no caminho da perfeição. Nela se verificou à letra as palavras de um grande devoto de Maria, São Luiz Maria Grignion de Monfort. Na escola da Virgem, a alma progride mais numa semana do que num ano fora d´Ela. A pedagogia da Mãe de Deus não sofre confrontos. Em dois anos a Virgem Santíssima conseguiu erguer os dois irmãozitos — Francisco e Jacinta — até os cumes mais elevados da santidade cristã. O retrato que a mão segura de Lúcia nos traça de Jacinta é revelador. Jacinta tinha um porte sempre sério, modesto e amável, que parecia traduzir a presença de Deus em todos os seus atos, próprios das pessoas já avançadas em idade e de grande virtude. Não lhe vi nunca aquela demasiada leviandade e o entusiasmo próprios das crianças pelos enfeites e brincadeiras.
“Não posso dizer que as outras crianças corressem para junto dela, como faziam para junto de mim, isso talvez porque a seriedade do seu porte era demasiado superior à sua idade. Se na sua presença alguma criança ou mesmo pessoas adultas diziam alguma coisa ou faziam qualquer ação menos conveniente, repreendia-as dizendo: ‘Não façam isso que ofendem a Deus, Nosso Senhor, e Ele já está tão ofendido’”.
Comentário do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:
“Esse trecho do Padre Demarchi [acima] apresenta uma graça marcante, porque ele nos indica uma porção de aspectos grandes e pequenos da obra de Nossa Senhora em relação a essas três crianças.
Mas devemos, antes de tudo, considerar o valor simbólico da obra de Nossa Senhora nas crianças. Enganam-se aqueles que imaginam que tal obra é apenas sobre três crianças; ela é uma obra que transformou suavemente essas crianças, de um momento para outro, pelo simples fato das reiteradas aparições de Nossa Senhora […].
Temos aqui algo de parecido com o Segredo de Maria, quer dizer, uma dessas ações profundas da graça na alma, ações que se desenvolvem sem que a pessoa se dê conta, a pessoa vai se sentindo cada vez mais livre, cada vez mais desembaraçada para praticar o bem e os defeitos que a tolhem e que a prendem no mal vão se dissolvendo.
E a pessoa cresce no amor de Deus, cresce em vontade de se dedicar, cresce em oposição ao pecado. Mas tudo isso dá-se maravilhosamente dentro da alma, de maneira que ela não trava as grandes e metódicas batalhas da ascensão admirável ao Céu, à virtude, à santidade daqueles que lutam de acordo com o sistema clássico da vida espiritual; mas, Nossa Senhora as muda de um momento para outro.
E se a obra de Nossa Senhora em Fátima, especialmente com essas duas crianças chamadas para o Céu, foi uma obra assim, podemos bem nos perguntar se isto não tem um valor simbólico, e não indica qual será a ação de Nossa Senhora sobre toda a humanidade, quando Ela cumprir as promessas feitas em Fátima […].
Portanto, devemos ver aí um começo do Reino de Maria, enquanto sendo o triunfo do Imaculado Coração sobre duas almas que foram pregoeiras da grande revelação de Nossa Senhora, e que depois ajudaram no Céu — por seus sacrifícios e orações na Terra e depois as suas orações no Céu — enormemente as almas a aceitarem a mensagem de Fátima. E que ainda ajudam.
Esta primeira observação parece-me que conduz diretamente ao seguinte: se isso é assim, então Francisco e Jacinta são os intercessores naturais para se pedir e obter de Nossa Senhora que comece o Reino de Maria em nós desde logo, por essa transformação misteriosa que é o Segredo de Maria.
Devemos, pois, pedir instantemente — tanto a Jacinta como ao Francisco — que comecem a nos transformar, a nos conceder os dons que eles receberam, e que eles velem, especialmente pela sua oração na Terra, por aqueles que têm a missão de pregar a mensagem de Fátima, de vivê-la, como acontece conosco.
A esse respeito, seria, creio eu, muito importante dizer uma palavra sobre a relação entre a mensagem de Fátima e a TFP. Já foi mil vezes dito entre nós, que nossa vida espiritual cresce na medida em que tomamos a sério o fato de que o mundo atual está numa decadência lastimável e que se avizinha de sua ruína. De que tal ruína representa a aplicação dos castigos previstos por Nossa Senhora em Fátima e que, em consequência, quanto mais nos colocamos nessa perspectiva, tanto mais nossa vida espiritual se afervora. E que, pelo contrário, quanto mais nos afastamos dessa visão, tanto mais nossa vida espiritual decai […].
Assim, podemos, por intermédio de Francisco e Jacinta dizer à Nossa Senhora: ‘Venha a nós o Vosso Reino, mas venha, Senhora, venha urgentemente a nós o Vosso Reino’”.
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