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Plinio Corrêa de Oliveira
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BALANÇO DE SAFRA 2020 — A Coroa de Louros


Quem livrou um bilhão e 500 milhões de pessoas da fome no mundo merece uma coroa de louros ou de espinhos?

Encerramos um dos mais emblemáticos ciclos da história recente. Que civilização conseguiu tamanho progresso material, tamanhas conquistas no campo da ciência e da técnica, até da conquista espacial? Entretanto, esse desenvolvimento não veio acompanhado do progresso moral e espiritual que se fazia necessário; pelo contrário, veio seguido de contínua decadência. Para Plinio Corrêa de Oliveira, o século XX não passou do século das guerras e do pecado.

As duas grandes conflagrações mundiais, bem como o surgimento do comunismo, sem contar as guerras de pequeno porte, ceifaram a vida de milhões de pessoas. O progresso material deveria ter tido o seu contraponto numa civilização ímpar, pois, sem os meios morais, os conhecimentos naturais desencadearam um “dilúvio energético” que poderá causar tremendas catástrofes, como a possibilidade de extermínio em massa. Basta lembrar Hiroshima e Nagasaki.

Ora, transpusemos a centúria passada e já caminhamos duas décadas do século XXI com novos progressos. Mas fomos atingidos por um vírus que provocou um caos mundial, do qual a ciência e a técnica ainda não foram ainda capazes de sair.

Devido ao pecado de nossos primeiros pais — apesar de alguns teimarem em buscar sua genealogia no macaco ou na ameba —, nossas inclinações ficaram desordenadas. Para não filosofar muito, tais avanços deveriam ser passíveis de ser controlados pelo homem equilibrado e virtuoso, mas sem a virtude isso se torna muito difícil, para não dizer impossível. Seria como colocar uma Ferrari a 300 km/hora nas mãos de uma criança. Desastre na certa…

*   *   *

Passo à análise da safra de 2020 dentro da conjuntura nacional e internacional. A primeira constatação é a tragédia provocada pela Covid-19, que além de ceifar milhares de vítimas no Brasil e no mundo, parece ter sido conduzida por políticos mais desastrados do que os efeitos da própria epidemia, ao decretarem a “prisão” domiciliar da população e a consequente paralisação da produção. Estimativas catastróficas chegaram a figurar, por exemplo, a redução do PIB brasileiro em mais de 15%.

A torcida da grande mídia é grande, mas o PIB nacional diminuiu apenas 4%… Por sua vez, o agronegócio conheceu um aumento de 15% no ano passado, colaborando para que o superávit da balança comercial atingisse 51 bilhões de dólares, graças às exportações, que somaram cerca de 100 bilhões de dólares. As reservas cambiais ficaram quase estáveis, fechando com 356 bilhões de dólares. A dívida bruta, que os catastrofistas previam astronômica, ficou por volta de pouco mais de 90%, enquanto vários países já endividados saltaram para 200%, como a Itália e o Japão.

O desemprego deixado pelo “furacão Dilma” baixou para cerca de 14 milhões de pessoas. Em novembro passado, o País recuperou 414 mil vagas de emprego. Um fator positivo dentro disso foi que a população aprendeu a economizar, talvez por medo da crise, e a poupança pela primeira vez passou de um trilhão de reais. Foram mais de 120 bilhões o saldo positivo dos depósitos em relação aos saques.

O agronegócio gerou um valor bruto de produção, ou seja, uma riqueza que não existia. Nasceu, cresceu e foi colhida uma safra que ultrapassou 700 bilhões de reais lançados no mercado. Nossos adidos agrícolas estão hoje em 20 países, negociando como nunca produtos agropecuários junto às embaixadas, pois a regra do atual governo é não depender de apenas um mercado.

Na verdade, em apenas dois anos, o Brasil abriu mais de 100 novos mercados, apesar de a imprensa torcer para que tal não acontecesse, pois, para ela, quanto pior para o País, melhor… Um non sense, pois nunca se ouviu dizer que durante alguma pandemia a imprensa de um país torcesse pela enfermidade… Nunca é capaz de se referir à China, causadora do mal, mas se compraz em criar factoides contra o seu próprio governo.

E não foi apenas isso. Lembremo-nos das queimadas, dos incêndios, muitas vezes dolosos, que despertaram furor contra o governo e os produtores rurais, sempre alegando a suposta destruição da floresta amazônica. Embora cientistas provem, com dados até da NASA, que 65% de nossas matas nativas estão intactas, contra 10 a 15% da Europa e dos EUA.

A realidade é que a área agrícola no Brasil ocupa tão-só 7,8% do território nacional, enquanto na Europa se ocupa acima de 60%. E esta mesma imprensa nacional continua a se fazer de caixa de ressonância do presidente francês Macron quando ameaça o Brasil por uma suposta soja amazônica que nunca existiu.

Ora, enquanto a França produz hoje 400 mil toneladas/ano de soja, só o município de Sorriso, no Mato Grosso, produz seis vezes mais! No total, o Brasil produz mais de 130 milhões de toneladas. Macron, por favor, contribua para que a França continue produzindo bons vinhos, bons queijos, bons patês. Os brasileiros, contentes com o dinheiro da soja de Sorriso, agradecem.

Outra situação que certa imprensa propalou foi a inflação decorrente dos gêneros alimentícios. De fato, pela variação do dólar e o consequente aumento das exportações, certos produtos subiram mais do que a inflação. De acordo com o editorial econômico de “O Estado de S. Paulo (24-12-20), a média do ano para alimentação e bebidas foi de 14,36%, mas com a colheita que está se iniciando, a tendência é de queda dos preços. Desde que governadores malucos não queiram aumentar os impostos nesta circunstância trágica.

Nossa agricultura alimentou 1 bilhão e 500 milhões de pessoas mundo. Se não fossem esses alimentos, muita gente teria padecido muito nos 180 países para os quais o Brasil exporta. A imprensa só se lembra do oxigênio da Venezuela que veio para Manaus, mas não diz uma palavra sobre os cães dizimados para matar a fome da miserável população venezuelana. O que merece um país produtor de alimentos: uma coroa de louros ou uma coroa de espinhos?

Essa mesma imprensa esquerdista vem falando muito da saída da Ford do Brasil, fato que ocorreu no mundo inteiro, mas isso se deveu em parte ao custo muito alto dos nossos impostos, além da remodelação do mercado de automóveis, com aluguel por aplicativos, em vez de serem vendidos ao consumidor. Vai dar certo? Só o tempo dirá…

Encerro prestando uma homenagem especial aos profissionais de saúde, que vêm aguentando firmes nesta situação adversa; às Forças Armadas e de segurança que ajudaram a manter a lei e a ordem, e, principalmente, ao produtor rural e ao caminhoneiro, “irmãos siameses” — uns produzindo a maior safra de nossa história e outros a transportando.

Graças a Deus, não falta comida nas cidades, não faltam produtos para carregar os navios para o exterior… Aos produtores rurais e transportadores, bafejados pelas bênçãos de Deus e de Nossa Senhora Aparecida, a nossa merecida coroa de louros!

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Helio Brambilla

Helio Brambilla

38 artigos

Diretor de Paz no Campo e colaborador do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira. É autor de diversos artigos sobre a questão agrária, quilombola e propriedade privada no Brasil.

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