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3 min — há 9 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 8:48:53 PM
É cada vez mais provável que a Venezuela declare default de sua dúvida soberana, quer dizer se declare inadimplente. Em 2015, Caracas conseguiu saldar suas obrigações internacionais com o auxílio, ideologicamente não gratuito, da China.
Segundo o jornal parisiense “Le Monde”, em 2016 o governo venezuelano deverá reembolsar 10 bilhões de dólares, quando a falência da estrutura produtiva do petróleo for superada pela queda do valor do preço da praticamente única commodity que a Venezuela tem para sobreviver.
O país ficará sem a metade de suas entradas habituais. Segundo o “Oxford Economics”, o lucro do petróleo caiu de 74 bilhões de dólares em 2014 para 42,5 bilhões em 2015.
A descida aos infernos financeiros amplifica o estado de falência que devora a Venezuela: recessão de 7 %; inflação mais alta do mundo; déficit explosivo nas contas correntes; reservas monetárias no seu mínimo histórico (16,9 bilhões de dólares em agosto, se os dados do governo forem críveis) representando apenas um mês e meio de importações de que o país depende para não morrer.
O bolívar, moeda nacional, troca-se de seis a 15 por dólar, segundo as taxas oficiais, mas a qualquer coisa por volta de 700 no mercado paralelo.
O governo cessou de publicar estatísticas econômicas. “O país já deveria ter-se declarado inadimplente”, explicou Juan Carlos Díaz Mendoza, economista do banco francês Société Générale.
A carência de alimentos, medicamentos e produtos de primeira necessidade minam as resistências da população de um país com as maiores reservas comprovadas do planeta.
Há falta de 75% dos produtos básicos controlados pelo governo. A opção é o mercado livre a preços disparados pela diferença do dólar, ou o contrabando criminoso em que o governo é grande figura.
Na favela Pequeña Barinas, na fronteira com a Colômbia, os soldados venezuelanos marcaram determinados barracos com a letra “D”, para significar que os mesmos estavam fadados à demolição.
O sinistro desígnio foi executado com a alegação de que os casebres abrigarem contrabandistas e paramilitares. Outros foram marcados com a letra “R”, de “revista”. Significa apenas que por enquanto não serão destruídos.
Muitos populares colombianos que tinham se instalado na Venezuela em busca de melhores condições de vida, tiveram de abandonar o país em condições dramáticas, carregando o que podiam de seus pertences, inclusive pobres móveis e colchões, com os quais atravessavam por vezes córregos a pé.
Não houve clemência nem misericórdia, nem mesmo nas capitais mundiais civis ou religiosas que tanto enchem a boca com essas palavras.
De início, 1.100 colombianos foram arrancados de suas casas e deportados como em tempos stalinistas.
Mais de 400 deles formalizaram em seu país denúncias por maus tratos físicos e destruição de bens, segundo “O Estado de S. Paulo” (25.8.2015).
Crescentes extensões da fronteira com a Colômbia estão sendo fechadas, num ambiente de falta de lei e reinado de máfias de contrabandistas, muitas vezes ligadas ao governo chavista.
O regime deve passar pela prova das urnas em dezembro. As sondagens trazem negros prognósticos. Mas Maduro jura vencer contra prognósticos e urnas e está lançando S.O.S. a seus colegas de confraria bolivariana.
Tudo parece possível, menos a normalidade…
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