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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Injustiça? Olhe o que diz!


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Tem gente que pensa que lhe é permitido fazer de seus bens o que lhe apraz, queixa-se um esquerdista.

Assim, se dois operários trabalham o mesmo tempo; por que dar mais a um que ao outro?

Ó injustiça social! Como fica o princípio da igualdade?

A frase do parágrafo acima não se deve exprimir perto de um filho das esquerdas, porque ele a vai reprovar, e vai cair com xingamentos contra você, e seu autor. A frase pressupõe um senso aguçado do direito de propriedade, o qual, pode alguém dizer, está no mínimo fora de moda.

Não me é permitido fazer dos meus bens o que me apraz?”

Entretanto, a frase é de Nosso Senhor, e passou por seus lábios divinamente santos, sábios e matizados.

Vejamos, entretanto, o contexto. Trata-se de uma sapiente e viva descrição do Evangelho segundo São Mateus.(1)

Nosso Senhor inicialmente pinta o quadro de um pai de família que, ao romper da manhã, pôs-se a contratar operários para sua vinha. Na terceira, sexta e undécima hora, com três intervalos, foram contratados três operários. O que equivale a dizer que os que chegaram depois, trabalharam menos, e receberam igual.

Ao cair da tarde, o senhor da vinha disse a seu feitor: — Chama os operários e paga-lhes, começando pelos últimos até os primeiros.
Vieram aqueles da undécima hora e receberam cada qual um denário (moeda da época). Chegando por sua vez os primeiros, julgavam que haviam de receber mais, por terem trabalhado mais. Mas só receberam cada qual um denário, independentemente de terem trabalhado mais, ou menos.

Ao receberem, murmuravam contra o pai de família, dizendo:

— “Os últimos só trabalharam uma hora… e deste-lhes tanto como a nós, que suportamos o peso do dia e do calor.
O senhor, porém, observou a um deles: — Meu amigo, não te faço injustiça. Não contrataste comigo um denário? Toma o que é teu e vai-te. Eu quero dar a este último tanto quanto a ti.

Ou não me é permitido fazer dos meus bens o que me apraz(a frase em questão).

Porventura vês com maus olhos que eu seja bom?
Os que trabalharam mais, esperavam receber mais. Nosso Senhor ministra uma eloquente lição pelo direito dos proprietários e contra o igualitarismo. Deus dá mais a alguém, porque quer. E quem recebe menos deve amá-lo da mesma maneira Assim também entre os homens.

Comenta Plinio Corrêa de Oliveira que. “foi por uma bondade dEle que fui chamado a servi-Lo. Foi uma misericórdia dEle. Ele, absolutamente falando, não precisava de mim; embora eu tenha sido útil para Ele, eu, absolutamente falando, não fui útil, porque Ele não precisava de mim, qualquer outro faria isto para ele, ou Ele simplesmente não se serviria de intermediário humano para isso. Ele agiria de um outro modo e conseguiria o que quisesse, tal é a multiplicidade dos dons de Deus e do poder de Deus”.

Mas não é a única lição de Nosso Senhor contra o igualitarismo. Veja-se por exemplo a pergunta que faz Nosso Senhor a seus discípulos:

“Qual de vós tendo um servo ocupado em lavrar ou em guardar o gado, quando voltar do campo lhe dirá: vem depressa sentar-te à mesa? E não lhe dirá pelo contrário: Prepara-me a mesa. Cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo, e depois comerás e beberás tu? E se o servo tiver feito tudo que lhe ordenara, porventura fica-lhe o senhor devendo alguma obrigação? Assim também vós, depois de terdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: somos servos inúteis, fizemos o que devíamos fazer”.(2)

Comenta Dr. Plinio: “Quando temos a honra e a glória de servir a Deus, não devemos tomar ares de quem fez favor a Deus”.(3) E haverá pior igualitarismo que aquele que pretende diminuir em algo a distância que vai de si até Deus?

Nestes trechos do Evangelho, Nosso Senhor considera as desigualdades sociais como algo mais do que natural, mas há católicos esquerdistas — infelizmente até sacerdotes! — que não pensam assim, e veem com maus olhos quem raciocinar como ensinado por Nosso Senhor.

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  1. Mt, cap. 20.
  2. Lc, cap 17.
  3. Em conferência no dia 26-8-68.

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Leo Daniele

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