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Plinio Corrêa de Oliveira
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Tratado Marial de São Luís Grignion: Maria é obra-prima do Altíssimo (III)


Prosseguimos os comentários do Prof. Plinio ao Tratado de São Luís Grignion de Montfort visando a formação espiritual de nossos aderentes.

Maria Santíssima é insuficientemente conhecida 

“Como vimos, no final da Introdução [Tratado da Verdadeira Devoção], São Luís Grignion diz: “Meu coração ditou tudo o que acabo de escrever com especial alegria, para demonstrar que Maria Santíssima tem sido até aqui desconhecida” (tópico 13). Portanto, já na introdução ele inicia esta demonstração, e a desenvolverá depois através do livro. Por “desconhecida” deve-se entender “muito menos conhecida do que Sua excelência e Seus admiráveis predicados exigem”.

Maria é a obra-prima do Altíssimo

Assim, pois, na introdução estão ditas muitas coisas que devem causar surpresa aos leitores. Vejamos se em nós elas causam alguma surpresa. Servirá de teste para ver se conhecemos, nós também, a Nossa Senhora. 

Tópico 1: “Foi por intermédio da Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por meio d’Ela que Ele deve reinar no mundo“. 

Esta verdade, nós não a encontramos no comum dos autores hoje em voga. E, sobretudo, não a encontramos afirmada com esta incisão, com esta clareza, com esta perfeição. Ela é conhecida pela maioria dos fiéis, é certo, mas de modo difuso, vago e inconsistente. É raríssimo que a encontremos explicitada com esta clareza lapidar, com esta riqueza de sentido condensada em poucas palavras. Em São Luís Grignion esta verdade é um ensinamento preciso e básico, que ele ainda desenvolverá ao longo da obra. 

Tópico 2: “Toda a sua vida Maria permaneceu oculta; por isso o Espírito Santo e a Igreja a chamam “Alma Mater” – Mãe escondida e secreta. Tão profunda era a sua humildade, que para Ela o atrativo mais poderoso, mais constante, era esconder-se de si mesma e de toda criatura, para ser conhecida somente de Deus“. 

Esta verdade é geralmente mais conhecida. 

Tópico 3: “Para atender aos pedidos que Ela Lhe fez de escondê-La, empobrecê-La, Deus providenciou para que oculta Ela permanecesse em Seu nascimento, em Sua vida, em Seus mistérios, em Sua ressurreição e assunção, passando despercebida aos olhos de quase toda criatura humana. Seus próprios parentes não A conheciam; e os Anjos perguntavam muitas vezes uns aos outros: `Quæ est ista?‘… – Quem é Esta? (Cânt. 3, 6; 8, 5), pois que o Altíssimo lhas escondia; ou, se algo lhes desvendava a respeito, muito mais, infinitamente, lhes ocultava“. 

Não é também uma verdade nova para muita gente. Sabemos que, devido a uma prece de Nossa Senhora, os Santos Evangelhos quase não se referem a Ela; e que, por sua vez, a Teologia teve que fazer um admirável trabalho de dedução das verdades contidas na Escritura, para formar através dos séculos a Mariologia. 

Tópico 4: “Deus Pai consentiu que jamais, em Sua vida, Ela fizesse algum milagre, pelo menos um milagre visível e retumbante, conquanto lhe tivesse outorgado o poder de fazê-los. Deus Filho consentiu que Ela não falasse, se bem que lhe houvesse comunicado a sabedoria divina. Deus Espírito Santo consentiu que os apóstolos e evangelistas a Ela mal se referissem, e apenas no que fosse necessário para manifestar Jesus Cristo. E, no entanto, Ela era a Esposa do Espírito Santo“. 

É de se notar que o Espírito Santo, ao ditar os Livros Sagrados, calou-se sobre Ela, tal a força da prece que Nossa Senhora dirigira a Deus, para permanecer oculta. 

Até aqui a doutrina não é nova, por referir-se à humildade de Nossa Senhora. Ao tratar a seguir da Sua grandeza, contudo, veremos que Ela é muito menos conhecida. Deve-se isto a uma espécie de complexo que há em acentuar sempre o aspecto humilde e pobre, mostrando apenas a sombra e a penumbra em que Ela quis se ocultar, sem mostrar aquilo que constitui o contraforte luminoso e muito legítimo de seu ser. 

Excelências das faculdades da alma de Nossa Senhora 

Tópico 5: “Maria é a obra-prima por excelência do Altíssimo“. 

Ao olharmos uma noite de céu estrelado, em lugar de considerarmos apenas as grandezas de Deus – pensamento aliás muito louvável – saberemos nós contemplar também Maria Santíssima, incomparavelmente maior e mais formosa do que cada um dos astros que estão no céu, e de todos eles no seu conjunto? Sendo Ela a obra-prima da criação, toda a beleza, toda a grandeza, toda a excelência que Deus pôs no firmamento é pequena em relação à que pôs n’Ela. O céu que vemos não é senão uma imagem, uma figura da grandeza de Nossa Senhora. Apesar de ser mera criatura, tudo quanto n’Ela há excede muito, em perfeição, todas essas belezas criadas, e isto de um modo inexprimível. 

Inteligência incomparável – Quando nos deparamos com um homem muito inteligente, podemos ter o pensamento salutar de que ele, comparado a Nossa Senhora, é mais ignorante que o mais primário analfabeto comparado ao maior dos sábios. São Tomás de Aquino, comparado a Ela, era um ignorante, tal a plenitude e a perfeição de Seu conhecimento. 

Sua inteligência não tem somente toda a perfeição de uma inteligência humana à qual nada há que acrescentar, mas possui ainda o conhecimento de todas as coisas que à mais alta das criaturas é dado conhecer. Aquilo que no mundo pode haver de mais inteligente, comparado a Nossa Senhora, é zero, é cisco, é nada. Toda a inteligência possível a uma criatura tão excelsa, alargada pela plenitude das graças do Espírito Santo, Ela a tem. É algo, portanto, excelente e sumamente inconcebível. Quando rezamos a Ela, devemos ter presente esta excelência que lhe é própria – a de ter uma inteligência incomparável. 

Assim como há dados misteriosos da natureza que escapam totalmente ao nosso conhecimento – não sabemos, por exemplo, quantos grãos de areia existem em todas as praias da Terra – assim também não temos termo algum de comparação para compreendermos a riqueza da inteligência de Nossa Senhora. É algo que está fora do nosso alcance, e que não nos é possível imaginar. Pois bem, esta é uma verdade que deve estar sempre muito presente no cabedal dos conhecimentos que sobre Ela possuímos. 

Vontade Heróica – Passemos às perfeições de Nossa Senhora no que se refere à Sua vontade. Tomemos alguns fatos de heróica e sobrenatural força de vontade: 1) São Lourenço, que, colocado sobre uma grelha, suporta heroicamente o fogo até que, ao cabo de algum tempo, desafia: “Podem virar do outro lado, pois deste já estou assado”; 2) Um mártir da Tebaida, que, amarrado a uma mesa, foi tentado de todas as formas por uma mulher; e não tendo mais como resistir à tentação, mordeu a própria língua e cuspiu-a fora, a fim de evitar o consentimento. São fatos que demonstram um verdadeiro e admirável heroísmo. Mas nada são, comparados ao heroísmo de Nossa Senhora, que os supera acima de qualquer proporção. Não passam de um grão de areia, comparado ao globo terrestre. 

O sofrimento que Ela teve consentindo na Paixão de Nosso Senhor, desejando até o último instante sua consumação plena e tudo sofrendo com Ele, é algo que não pode ser comparado a nada de humano, nem sequer ser expresso em linguagem desta Terra. Perto de sua “com-Paixão”, os exemplos dados tornam-se insignificantes. 

Ela não é uma grande santa apenas por ser a Mãe de Deus. É bem verdade que este é o título essencial de Sua santidade, a razão pela qual recebeu toda as graças. Mas é preciso notar ainda que Ela correspondeu à graça e se tornou uma grande santa pela perfeição insondável de sua correspondência, perto da qual toda a generosidade de todos os santos nada é. Santo Anselmo no-lo exprime lapidarmente: “Aquilo que todos os santos podem conVosco, Vós o podeis só, e sem nenhum deles. Se Vós guardais o silêncio, ninguém rogará por mim, ninguém me ajudará, mas falai, e todos rogarão por mim, todos se apressarão a me socorrer“. Isto porque Ela é a Mãe de Deus, Medianeira de todas as graças, e Sua virtude transcende numa proporção inconcebível a de todos os demais santos. 

Destas afirmações, nem uma vírgula se poderá tirar. E é preciso reconhecermos que não temos disto uma noção digna; ficamos, em geral, em figuras de retórica: “Tu, a mais bela, a mais formosa…”. Embora verdadeiras, é mister aprofundá-las. 

Sensibilidade harmoniosa – Falamos da inteligência e da vontade de Nossa Senhora. Falemos da Sua sensibilidade. 

Nada há de mais desregrado no homem do que a sensibilidade, como efeito do pecado original. Sentimos, por exemplo, inclinação para muitas coisas que moralmente não poderíamos querer. Conseqüentemente, precisamos manter uma luta acesa entre a tendência que temos para o bem e a nossa inclinação para o mal. 

Em Nossa Senhora, concebida sem pecado original, não havia esses desequilíbrios. Sua sensibilidade, de uma delicadeza e de uma força perfeitas em todas as suas vibrações e em todos os seus movimentos, era inteiramente ajustada a tudo quanto a razão e a vontade podiam desejar. Era um ser todo de harmonia, no qual não havia nenhuma das incontáveis misérias provocadas em nós pelo pecado original. Ela foi imaculada desde o primeiro instante de Seu ser. As perfeições de Maria Santíssima ultrapassam a capacidade humana de conhecimento.”

Fonte: https://www.pliniocorreadeoliveira.info/DIS_1951_comentariosaotratado01.htm#.Y7d8B3bMJjE

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Nuno Alvares

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