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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Fim admirável de virtuosa princesa


Élisabeth Philippine Marie Hélène de France (conhecida como Madame Elisabeth), irmã do Rei Luís XVI, nascera no Palácio de Versalhes em 3 de maio de 1764, morreu como mártir, guilhotinada na Revolução Francesa, em 10 de maio de 1794. (Pintura de Mme Vigée-Le Brun – 1782)

Madame Elisabeth, irmã de Luís XVI, foi súbita e rudemente acordada pelos carcereiros. Após cobrirem-na de insultos e palavras vulgares, eles lhe ordenaram que se vestisse rapidamente e acompanhasse os guardas, pois não voltaria mais à prisão.

“Ela suportou tudo isto com paciência, pegou sua touca, beijou-me novamente, e me disse para ter coragem e firmeza, para confiar sempre em Deus. Então foi embora” — relatou a sobrinha.

Madame Elisabeth não tinha dúvidas para onde a levavam. Compareceu diante do tribunal revolucionário e foi “julgada” com outros vinte e três membros da nobreza, sendo todos condenados. Isto significava a morte em 24 horas, após um período de torturas psicológicas. Eles foram deixados sozinhos no corredor onde os prisioneiros passavam sua última noite.

Ao acusador público, que a chama de “irmã de um tirano”, replicou:

“Se meu irmão tivesse sido o que dizes, não estaríeis onde estais, nem eu onde estou!”.

Madame Elisabeth na prisão (Pintura de Alexandre Kucharski – 1792)

Um guarda chamado Geoffroy contou que na prisão, atraídos por uma força sobrenatural, todos se agrupavam em torno de Madame Elisabeth. Ela foi então chamada a praticar seu último ato de caridade. Com inexprimível ternura e calma, começou a se dirigir aos seus companheiros, diminuindo-lhes o medo e consolando-os em sua agonia pela transparência de sua serenidade. A branca silhueta foi vista passando a última noite de sua vida indo de um a um, secando lágrimas, encorajando os medrosos, lançando sementes de esperança nos desesperados, elevando todos os corações para uma realidade superior: o Paraíso!

Nos primeiros raios da aurora, as mulheres foram preparadas para terem seus cabelos cortados. Para quê? Sabe-se! Logo virá a resposta.

As portas da prisão se abriram e as vítimas foram colocadas nas carroças. Elisabeth foi conduzida à Praça da Revolução como a última de uma série de vinte e cinco pessoas. É neste momento que ela fica sabendo por seus companheiros de infortúnio do destino trágico de Maria Antonieta, a Rainha.

Antes de sua execução ela pede a presença de um padre, o que lhe é negado com caçoada.

Todos estavam de pé, exceto Madame Elisabeth. Mas, na altura da Rua du Coq, apressam os cavalos e ela então se levanta. Subitamente, as carroças penetram na praça e os prisioneiros se veem diante do infame instrumento de morte: a guilhotina. A princesa é a primeira a descer. O carrasco oferece-lhe a mão, mas ela olha para outro lado, recusando.

Uma após outra, as vítimas sobem ao cadafalso, fazendo cada qual um último ato de respeito à irmã de seu Rei guilhotinado. De acordo com as ordens, Madame Elisabeth deveria ser a última a ser executada, numa cruel esperança de que o horrível ritual que acontecia diante de seus olhos quebrasse sua coragem. Mas eles foram desapontados até o fim! Ela ficou de pé no meio dos guardas, enquanto seus companheiros eram supliciados.

Gravura representando Madame Elisabeth na guilhotina

Madame Elisabeth recitou o salmo De Profundis. Rezava com o rosto voltado para a guilhotina, mas nenhum barulho a fazia erguer os olhos. Quando chegou a sua vez, ela subiu os degraus com passos lentos; tremia ligeiramente, sua cabeça estava inclinada sobre o peito.

No momento em que chegou diante do cadafalso, um dos ajudantes tirou o xale que cobria seus ombros, deixando à mostra uma medalha de prata da Imaculada Conceição. Ela fez um movimento e gritou pudicamente: “Senhor, em nome de vossa mãe, cobri meus ombros!” Tocado por seu apelo, o homem silenciosamente a atendeu. Quase em seguida, ela foi fechada sobre a prancha, a lâmina caiu e sua cabeça tombou.

Madame Elisabeth (pintura de Mme Vigée-Le Brun -1790)

Os tambores tocavam num crescendo ensurdecedor, saudando a morte de cada condenado e incitando o povo presente a gritar o costumeiro “longa vida à República”. Mas, desta vez, o silêncio era profundo. Nenhuma palavra foi ouvida em toda a praça quando a lâmina caiu.

O capitão, que deveria dar o sinal, tombou desmaiado (ele vira Madame Elisabeth no Templo e a admirava). Levaram-no paralisado, moribundo. Um silêncio impressionante pairou sobre a multidão estupefata, e todos os primeiros biógrafos da Princesa repetiam que um penetrante perfume de rosa espalhou-se por toda a praça.

Em 1795, quando Madame Royale soube da morte de sua tia, declarou esperar o dia em que ela seria colocada na categoria das santas. Seu processo de beatificação está em andamento. Oremos!

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Leo Daniele

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