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Plinio Corrêa de Oliveira
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Lula se reconhece “fruto da Teologia da Libertação”


Assisti no Youtube um vídeo muito revelador de Lula, gravado num jatinho particular procedente não sei de onde rumo a Belém do Pará. Esse vídeo foi extraído de um documentário sobre os bastidores da campanha presidencial de Lula em 2002, produzido pelo cineasta brasileiro João Moreira Salles.

Na espontaneidade de uma conversa entre “cumpanheiros”, Lula soltou verbosamente coisas que dificilmente diria de público, a não ser em circunstâncias muito especiais. Uma câmara discreta registrou a conversa, e agora o vídeo circula livremente na Internet (https://www.youtube.com/watch?v=efkaaNgNI_c).

A matéria é extremamente reveladora do que vem a ser Lula e seu PT. Basta ler a transcrição do vídeo, que coloco no fim deste artigo.

Destaco os seguintes trechos da conversa: “Eu tenho por detrás de mim […] a CUT, a base da Igreja católica”. […] “A minha categoria era muito maior do que a do Walesa […]. “Só que o Walesa era o fruto de uma Igreja católica conservadora. E eu era fruto da Teologia da Libertação. […]Tem uma parcela da nossa base ligada à comunidade de base da Igreja. [….]Que é xiita! Mas xiita em função das circunstâncias”.

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É bem verdade que Lula já havia feito declarações nesse sentido. Compulsando há dias as notas autobiográficas de Plinio Corrêa de Oliveira, no capítulo em que versa sobre as eleições de 1989 e a disputa Collor X Lula, li o seguinte:

“Lula, interrogado pela “Folha de S. Paulo” (18/11/89) sobre se era verdade que tinha o apoio da corrente da Teologia da Libertação, respondeu que não havia nenhuma novidade nisso. E que todo mundo sabia que havia um setor progressista da Igreja que apoiava a campanha dele. Lula terminou por dizer que Collor deveria ficar com o pessoal da direita da Igreja, e que ele ficaria com o da esquerda” (cfr. Minha Vida Pública–– Compilação de Relatos Autobiográficos de Plinio Corrêa de Oliveira, Artpress, São Paulo, 2016, p. 720. Obra que se pode adquirir em: http://livrariapetrus.com.br/Produto.aspx?IdProduto=282&IdProdutoVersao=293&cod=UKZbn

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Walesa-e-Lula-300x206“Mas por que é que eu cheguei aonde cheguei? Porque eu tenho por detrás de mim um movimento. Eu tenho por detrás de mim uma grande parte dos estudantes, do PT, a CUT, a base da Igreja católica.

“Eu vou contar uma coisa para vocês. Sabe qual foi o mal, por exemplo? O Walesa. O Walesa chegou ao poder… ele era um pelegão. É, um pelegão! Meu caro, o Walesa chega ao poder… [foto ao lado, Lula e Walesa].

“Eu vou contar uma coisa prá você. Eu encontrei com o Walesa em 1980, em Roma. Foi a primeira vez que tive contato com o Walesa. O Walesa saiu de lá com 60 milhões, não sei se de dólares, para montar uma gráfica para o Solidariedade. Eu saí de lá sem o dinheiro da passagem. Por quê? Porque era todo o movimento da Democracia Cristã e de todo o Ocidente para derrubar o regime lá.

“Então, a minha categoria era muito maior do que a do Walesa, tinha muito mais operário do que a do Walesa, mas ele era bajulado no mundo inteiro, porque ele era… estava lutando contra o comunismo. E ele chegou ao poder não pela organização. Ele chegou ao poder porque a Igreja, muito conservadora, o colocou lá. E deu no que deu, porque não fez [palavrão impublicável] nenhuma. Ele não tinha partido, ele não tinha nada!

“Só que o Walesa era o fruto de uma Igreja católica conservadora. E eu era fruto da Teologia da Libertação, dos sindicalistas. É uma história totalmente diferente.

“Então, se você imaginar a quantidade de matéria que saía do Walesa, no ‘New York Times’ e em tudo quanto é revista dessas famosas… ‘O Estado de S. Paulo’ dava o Walesa todo dia!

“Não tem um partido hoje no mundo… Obviamente não estou negando que foram os partidos de esquerda no começo do século, logo no após-guerra… O Partido Comunista Italiano, a social-democracia sueca, europeia, o Partido Socialista Francês… eu não tô negando isso.

Nenhum partido político nunca elegeu a quantidade de camponês, de nego de fábrica como o PT elegeu. Então a classe operária começou a… É que ainda no interior tem uma base do PT muito fiel à sua origem. Porque tem uma parcela da nossa base ligada à comunidade de base da Igreja.

[Aparte: “Que é xiita”.]

“Que é xiita! Mas xiita em função das circunstâncias.

[Aparte: “Eu me lembro, Lula, que em 94 nós fomos a um acampamento do MST e a gente saiu de lá correndo, não lembra? Porque era um acampamento guerrilheiro. A gente começou a perceber que o negócio era um acampamento guerrilheiro… Foto do Che Guevara, os caras todos de boina, de barba… Aí o Lula falou: ‘Vam’mbora, porque isso aqui não tá legal’. A imprensa toda lá…”]

“A tese era assim: não havia espaço prá esquerda chegar ao poder via eleitoral.”

[Aparte: “Que ano isso?”]

“Em 98.

“Que, portanto, não tinha que ficar preocupado em disputar eleição. Tinha que se pensar em organizar a sociedade. Daí a 20 ou 30 anos a gente ia ter 30% da sociedade já socialista, e, aí sim, a gente poderia disputar o poder e ganhar.

“Mas eu não vou viver mais 30 anos. E eu quero chegar ao poder logo…”

[Aparte: “Pragmaticamente…”]

“O que é que eu faço com o Olívio Dutra, que vai ser candidato a governador? Eu peço para ele não ser candidato e ficar organizando a sociedade socialista antes? Ou eu quero que ele ganhe as eleições, que vereadores do PT se elejam, que prefeitos… e a gente vai montando a relação do Estado com a sociedade e vai construindo isso.

“Olha a grande frase do Duda numa reunião do PT: ‘Se vocês estão tão certos, por que é que vocês não ganharam ainda? Se vocês acham que esse discurso de vocês é o perfeito, por que vocês não ganharam ainda?

“Aí o Duda pegou uma pesquisa que mostrava o seguinte: 67% do povo tinha medo de minha imagem de grevista. 70% do povo era contra a reforma agrária violenta, apesar de ser favorável à reforma agrária.

“Então, o que aconteceu? O Duda falou: ‘Olha’… O Duda falava: ‘Em comunicação, gente, o importante não é o que a gente diz. É como as pessoas compreendem o que a gente diz’.

“Então, às vezes você está falando uma [palavrão impublicável] duma coisa bonita, mas só você está gostando. Ninguém está gostando.”

[Aparte: “O tema é… emprego/desemprego, a taxa de desemprego no Estado é 18%, 400 mil desempregados. Tem 2 milhões abaixo da linha da pobreza, o que dá 30… um terço da população. A marca da prefeitura de Belém é o Banco do Povo]”.

Aqui termina a transcrição, porque, nesse justo momento, o jatinho pousa na pista do aeroporto. E o vídeo do Youtube é interrompido.

*       *       *

Hoje Lula se debate com a rejeição praticamente universal dos brasileiros. E vem-me à memória uma declaração muito verdadeira de Plinio Corrêa de Oliveira à imprensa: “Radicalizar é para esta (a esquerda) o mesmo que rasgar a camuflagem. E reacender a luta ideológica” (cfr. Catolicismo, dezembro/1988).

Não é o que estamos vendo?

Link para o vídeo:http://www.pliniocorreadeoliveira.info/CEBs_quadrinhos_1984.htm#.VvNBR9IgvIU

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Abel de Oliveira Campos

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