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6 min — há 2 anos — Atualizado em: 11/2/2022, 10:49:29 PM
O resultado do 2º. turno da eleição presidencial não poderia ter sido mais desanimador para a esquerda. A vitória do candidato Lula da Silva se deu pela escassa margem de 50,9% a 49,1%, com mais de 20% de abstenção e outros 5% de votos nulos ou brancos.
Desde o começo da “corrida eleitoral”, houve uma grande mobilização de praticamente todo o establishment para uma vitória de Lula no 1º. turno. A imprensa – e inúmeras pesquisas de opinião – davam como possível essa vitória com uma grande margem de vantagem para Lula, superior a 14%[1].
O resultado das eleições do 1º. turno, que incluíam além da eleição presidencial também a escolha de Governadores, Senadores, Deputados Federais e Deputados Estaduais, já havia provocado um terremoto psicológico e político nas fileiras da esquerda.
Alguns analistas chegaram a afirmar que nunca houve um Congresso tão conservador como o que resultou eleito. Com uma agravante que deixa a esquerda ainda mais preocupada, pois muitos dos eleitos estão acostumados a serem atacados pela imprensa por suas posições conservadoras, o que os torna menos susceptíveis de serem pressionados por ela.
O mesmo fenômeno se passou com Governos estaduais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, os três maiores colégios eleitorais do país, cujos candidatos ligados ao Presidente Bolsonaro saíram vitoriosos com ampla margem.
O grande vencedor foi o Brasil conservador, que muitos analistas agora chamam de Brasil Profundo, usando, a posteriori, a expressão empregada pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira há muitas décadas, para designar a maioria do país que se distanciava cada vez mais da esquerda e não aparecia na imprensa e no mundo acadêmico.
Com esse resultado, os analistas se dividiam entre surpresa, desencanto e temor.
No jornal “O Globo”, Renato Pereira afirmou: “A virada conservadora de 2018 acaba de ser aprofundada em 2022 com a eleição de vários quadros combativos do bolsonarismo. Acompanhamos o desenvolvimento de um movimento conservador popular, algo sem precedentes no Brasil, e não de uma simples troca de guarda na direita”[2].
Esse crescimento do Conservadorismo foi tanto mais significativo quanto aquele que aparecia como seu elemento visível, o Presidente Jair Bolsonaro, tinha sido vítima de uma acirrada campanha de descrédito da mídia e de oposição do Supremo Tribunal Federal.
A pauta das campanhas “lulista” e “bolsonarista” confirmou outra realidade que não aparecia no retrovisor da mídia: a persistência da fé religiosa como elemento central da psicologia do brasileiro e como fator crescente de posicionamento político.
E isso, não tanto pela divisão entre a maioria católica e a minoria protestante, mas pela divisão, no seio delas, entre aqueles que querem permanecer fiéis aos ensinamentos morais tradicionais do cristianismo e aqueles que querem reinterpretá-los ao gosto da modernidade, em temas como a ampliação sistemática do aborto[3], do “casamento homossexual”[4], da “ideologia de gênero”, do desarmamento etc.
Como consequência, aquilo que estava oculto nos antigos debates políticos, isto é, o seu fundo religioso e moral, ficou à vista do público.
Em editorial, o jornal O Estado de São Paulo lamentava amargamente aquilo que se acentuou ainda nesta última eleição: “Problemas muito palpáveis, como o avanço da miséria, o retorno da fome, o aumento da inflação e o pífio crescimento econômico – legados do governo Bolsonaro -, cederam lugar a discussões falso moralistas baseadas em desatinos, como o fim da família, a ameaça de fechamento de igrejas, a legalização das drogas, a liberação do aborto e a imposição de banheiros unissex para crianças em escolas…”[5]
Não por acaso, a chamada “esquerda católica”, isto é, uma parte do Episcopado e do Clero que aderiu aos erros marxistas da “teologia da libertação”, saiu freneticamente em campanha a favor da esquerda.
Por outro lado, uma grande quantidade de religiosos e padres conservadores demonstrou publicamente seu repúdio à agenda da esquerda, invocando os temas morais.
Em uma união sem precedentes, brasileiros de todos os locais intensificaram a oração de terços públicos contra o comunismo.
O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, juntamente com outras organizações, foi um dos propulsionadores dessas iniciativas[6], dando-lhes uma nota cada vez mais religiosa e anticomunista.
Essa ascensão do conservadorismo no Brasil, com uma marcada nota religiosa e anticomunista, ficou ainda mais acentuada no conjunto do resultado eleitoral, apesar da pequena vitória de Luiz Inácio Lula da Silva no 2º. turno.
Ademais, o candidato Lula teve que fazer compromissos enormes, chegou a se dizer contra o aborto, contra ideologia de gênero, contra banheiros unissex, contra a invasão de terras improdutivas! A radicalidade da esquerda viu-se obrigada a ceder e a fazer compromissos para poder obter uma magra vitória diante do avanço do conservadorismo que se consolidou no Brasil.
Uma pergunta que muitos observadores têm feito, tanto no Brasil como no exterior, é se Lula conseguirá governar sem a Opinião Pública e com uma oposição articulada como a atual.
Neste momento, Lula não tem mais as ruas do Brasil e, do ponto de vista político, o Congresso Nacional se tornou mais conservador.
Se na Venezuela seu camarada Maduro dispõe de um Exército corrupto e submisso, o mesmo não ocorre no Brasil.
Questões tanto mais pertinentes quanto é notório que, dada a polarização do país, se o presidente eleito tentar ir para a esquerda, despertará uma reação ainda maior que aquela que deteve a agenda de seus camaradas Pedro Castillo, do Perú; e Gabriel Boric, do Chile. Por que maior? Porque diferentemente daqueles países, a reação do Brasil profundo é visceralmente religiosa e, portanto, duradoura.
A esquerda obteve uma vitória de curto prazo. Se o Brasil conservador souber aprofundar as razões religiosas de sua resistência à agenda da esquerda e agir com prudência e sabedoria, a vitória a longo prazo lhe estará garantida.
Em seu livro Revolução e Contra-Revolução, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira demonstra a força invencível de grandes conversões da História: “Quando os homens resolvem cooperar com a graça de Deus, são as maravilhas da História que assim se operam: é a conversão do Império Romano, é a formação da Idade Média, é a reconquista da Espanha a partir de Covadonga, são todos esses acontecimentos que se dão como fruto das grandes ressurreições de alma de que os povos são também suscetíveis. Ressurreições invencíveis, porque não há o que derrote um povo virtuoso e que verdadeiramente ame a Deus”[7].
Peçamos com confiança e humildade que Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, leve à sua plenitude essa ressurreição de alma invencível que já começou a manifestar-se na Terra de Santa Cruz.
São Paulo, 1º. de novembro de 2022
Festa de Todos os Santos
[1] Como a Datafolha (https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2022/09/22/datafolha-lula-tem-47percent-no-primeiro-turno-e-bolsonaro-33percent.ghtml). O resultado do 1º. turno foi de 5 pontos percentuais de diferença entre os dois candidatos, muito fora da chamada “margem de erro” dessas pesquisas de opinião.
[2] O Bolsonarismo, do espectro à manifestação legítima, O Globo, 27 de outubro de 2022
[3] Já iniciada no Governo de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, com a “norma técnica” de seu ministro da Saúde, José Serra.
[4] “Aprovado” por meio do Poder Judiciário, sem ter sido aprovada pelo Poder Legislativo.
[5] E Bolsonaro Venceu, Notas e Informações, O Estado de São Paulo, 24 de outubro de 2022
[6] Em uma de suas campanhas, conseguiu contabilizar mais de 3,5 milhões de Ave-Marias pelo Brasil: www.rezecontraocomunismo.org.br
[7] Revolução e Contra-Revolução, Plinio Corrêa de Oliveira, https://www.pliniocorreadeoliveira.info/RCR_0209_forca_propulsora_CR.htm
Instituto Plinio Corrêa de Oliveira
2539 artigosO Instituto Plinio Corrêa de Oliveira é uma associação de direito privado, pessoa jurídica de fins não econômicos, nos termos do novo Código Civil. O IPCO foi fundado em 8 de dezembro de 2006 por um grupo de discípulos do saudoso líder católico brasileiro, por iniciativa do Eng° Adolpho Lindenberg, seu primo-irmão e um de seus primeiros seguidores, o qual assumiu a presidência da entidade.
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