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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Por quê a China esconde? Há 30 anos, chacina de milhares de estudantes na Praça Tianenmen


      Na primavera de 1989, Jian Liu era um estudante de 20 anos, em Pequim. Fotografou por cerca de 50 dias os protestos e manifestações pró democracia na China, que levou milhares e milhares de jovens à Praça da Paz Celestial. Ao todo, quase 2 mil fotos em dezenas de rolos. (*)

      Depois de três décadas, Jian Liu decidiu revelar as imagens que tirou do esperançoso movimento estudantil de 1989 e de suas conseqüências sangrentas”, diz o artigo do NYT de 29 de maio.

 

 

Uma repressão sangrenta que o comunismo chinês esconde

       “Então, em 4 de junho de 1989, o Exército de Libertação Popular chegou ao local e abriu fogo contra ativistas e civis, matando centenas, possivelmente milhares de pessoas. Naquela manhã, o cheiro de sangue permaneceu no ar quente do verão. Liu viu cerca de 20 corpos crivados de balas no chão de um hospital e tirou algumas fotos. Depois, se afastou com pressa”.

      “Ao divulgar pela primeira vez as imagens publicamente, Liu se junta a um pequeno grupo de historiadores, escritores, fotógrafos e artistas chineses que tentaram narrar os capítulos da história do país que o partido (comunista) quer que sejam apagados da memória coletiva.

          Continua o NYT: “Liu dirigiu um estúdio de fotografia em Pequim durante anos antes de se mudar para Los Angeles em 2016 para estudar inglês. Em março deste ano, pediu a amigos que lhe trouxessem os negativos da China e, há um mês, depois de convertê-los em arquivos digitais, revisitou as imagens que havia capturado 30 anos anos”.

“Mas nada o preparou para a carnificina a que assistiu quando os soldados atiraram nas multidões. No hospital, viu pessoas que foram mortas a tiros, seus ombros quebrados e cabeças, esmagadas. Ele preferiu não registrar as imagens, por respeito”.

        “Tirar essas fotos seria muito desrespeitoso — explicou, referindo-se às pessoas cujos corpos foram mutilados. — Se eles eram estudantes ou residentes, ativistas pró-democracia ou até mesmo o que o Partido Comunista chama de bandidos, esses jovens não deveriam ter morrido. Isso não pode ser justificado de forma alguma”.

      “Nos dias após a ofensiva, Liu não se atreveu a sair de casa enquanto soldados armados invadiam a cidade. Mais tarde, autoridades prenderam milhares de pessoas suspeitas de serem dissidentes e condenaram muitos à prisão”. 1

Um gigantesco esforço do PC para produzir o “esquecimento”: “a maior máquina de censura do mundo”

         Assim se expressa John Sudworth, BBC News, 1 de junho:

     “Na verdade, o que aconteceu na Praça Tiananmen é marcado fielmente a cada ano por um massivo ato nacional do que poderia ser mais apropriadamente chamado de “esquecimento”.

     “Nas semanas que antecedem o dia 4 de junho, a maior máquina de censura do mundo entra em ação como uma enorme rede de algoritmos automatizados e dezenas de milhares de expurgadores humanos limpam a internet de qualquer referência, ainda que oblíqua”.

      “Aqueles que foram considerados muito provocativos em suas tentativas de fugir dos controles podem ser presos – com sentenças de até três anos e meio recentemente passadas a um grupo de homens que tentaram comemorar o aniversário com um rótulo de produto”. 2

* * *

          Esta é a China que sorri para o Brasil (ou melhor para as riquezas do Brasil). Em recente viagem do general Mourão à China, assim se expressou o presidente vitalício (ditador) Xi Jinping: “Os dois lados devem continuar discutindo com firmeza as oportunidades e os parceiros um do outro para o seu próprio desenvolvimento, respeitando-se, confiando um no outro, apoiando-se mutuamente e construindo as relações China-Brasil como modelo de solidariedade e cooperação entre os países em desenvolvimento (sic)”.3

     Confiar num pais dirigido pelo Partido Comunista, que policia seus cidadãos com 200 milhões de câmeras, censura a internet e não permite imprensa livre e Partido de oposição?

 

 

“O embaixador do Reino Unido na época falou em 10 mil mortos e a Cruz Vermelha Chinesa, em 2,7 mil. Em geral, segundo dados hospitalares, estima-se que houve entre 400 e 1 mil mortos.

O governo chinês impõe silêncio sobre o tema na imprensa, na internet, nos livros, nas apostilas escolares e nos filmes, exceto em raras ocasiões, em que se descreve o massacre como “agitação política do ano 1989”. / AFP (4)

* * *

  •         Assim é a liberdade na China de 2019. E ainda têm alguns do “Centrão” (e os petistas, é claro) que acreditam na sinceridade de um comunista chinês!

         

(*) Reproduzindo os comentários sobre o massacre da Praça da Paz Celestial, em 1989, não estamos endossando todas as ideias dos estudantes chineses que pediam liberdade. Servimo-nos do fato para mostrar a repressão do regime comunista chinês que perdura no século XXI e ainda encontrou meios muito mais sofisticados de silenciar os descontentes.

https://www.nytimes.com/2019/05/30/world/asia/tiananmen-square-protest-photos.html?module=inline

https://www.bbc.com/news/blogs-china-blog-48455582

https://veja.abril.com.br/mundo/xi-diz-a-mourao-que-china-e-brasil-devem-se-ver-como-oportunidade/

https://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,china-recorda-30-anos-da-repressao-na-praca-da-paz-celestial-com-silencio-e-reforco-na-seguranca,70002855484

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León de La Torre

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