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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Quando os Céus falam à Terra


Indígenas mexicanos em procissão com quadro de Nossa Senhora de Guadalupe

Em Fátima, Nossa Senhora lembrou ao mundo as verdades da Fé, a existência do Céu e do Inferno, pediu penitência e a recitação do Santo Rosário pela conversão dos pecadores, advertiu contra os erros do comunismo. E no final, prenunciou sua vitória: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”.

Em Aparecida, em circunstânciastotalmente diversas, aflorou à tona d’água para três pescadores, a fim de criare difundir sua devoção como Rainha e Padroeira do Brasil. Mãe dos grandese pequenos, Ela conquista uns e outros, destacando-se entre seus devotos aPrincesa Isabel, que em ação de graças pelo nascimento de seus três filhos dooupara adornar sua pequena Imagem o manto e a coroa de ouro cravejada dediamantes.

Já no México, no local onde se ergueuo santuário que é hoje o mais visitado do mundo, Nossa Senhora apareceu aoíndio Juan Diego, sob a invocação de Guadalupe, demonstrando especialpredileção para com os indígenas e operando incontáveis conversões. Amisericórdia da Virgem em converter os índios, não os deixando nas trevas dopaganismo, inspirou e iluminou a obra de missionários nesses e em muitos outroslugares. A conversão ao Cristianismo, assim impulsionada, era um dos ideaismaiores de toda a Cristandade.

Era, mas infelizmente não é mais. Aocontrário desses enviados de Deus, os missionários de hoje não querem aconversão dos índios, nem que sejam batizados a fim de praticar a religiãoestabelecida por Nosso Senhor Jesus Cristo. Pelo contrário, trabalham para que elespermaneçam em seu estado primitivo de barbárie.

No momento, 250 bispos se preparampara o Sínodo da Pan-Amazônia, a ser realizado em Roma entre os dias 6 e 27 de outubro próximo. A assembleiapretendemodificar os fundamentos milenares da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, operandoverdadeira degradação de sua identidade.

Símbolos do bem, símbolos do mal

Em momentos como este, as verdadeseternas podem ser ressaltadas e reavivadas, simbolizadas e contrastadas pormeio dos símbolos. A águia, por exemplo, é um símbolo heráldico desde aAntiguidade, representando força, agilidade, sabedoria, soberania, governo.Vislumbrando amplo panorama, ela discerne tudo a grande distância. Como SãoJoão Evangelista, cujo voo de alma era muito alto, por isso é representado naiconografia pela águia.

Em sentido oposto ao das verdades eternas, o símbolo bem poderia ser oabutre, ave agourenta que evoca mau odor, trevas, carniça, atração pelo que é repugnante.A imagem desse símbolo sombrio ocorreu-me repetidamente enquanto lia o Instrumentumlaboris (instrumento de trabalho), documento divulgado pelo Vaticano paraorientar a preparação do Sínodo sobre aAmazônia. Nele se percebe um só corpo doutrinário, que redunda naproposta de uma nova sociedade. Os conceitos abrangem a ordem espiritual e aordem temporal, propondo algo como uma nova igreja de caráter ecologista.Contrapondo-se à águia bicéfala austríaca, eis aí o abutre bicéfalo.

A proposta sinodal pretende criar um tipo humano em tudo oposto ao quefoi modelado pela Civilização Cristã ocidental: uma só ideologia, que trabalhaarticuladamente para configurar as duas esferas — a religiosa e a temporal —segundo uma única visão de mundo sobre a sociedade, o homem, o universo, e atéDeus. Entendamos os conteúdos malignos dessa cosmovisão.

Nova concepção de Deus

Corresponde a uma concepção panteísta, presente namais remota Antiguidade, portanto velhíssima e sem nada de novo. Ao comentar o Instrumentum laboris, o Cardeal GerhardMüller, professor de Teologia e antigo Prefeito da Congregação para a Doutrinada Fé, qualificou-o de panteísta:

“Nãopodemos fazer do ecologismo uma nova religião, estamos diantede uma concepção panteísta, que deve ser rejeitada.

“O panteísmo nãoé só uma teoria sobre Deus, mas também um desprezo pelo homem. Deus que seidentifica com a natureza não é uma pessoa. Deus Criador, ao contrário, criou-nosà Sua imagem e semelhança.

“Naoração, temos uma relação com um Deus que nos escuta, que entende o quequeremos dizer, não um misticismo em que podemos dissolver a identidadepessoal. Uma coisa é ter respeito por todos os elementos deste mundo, outracoisa é idealizá-los ou divinizá-los. Essa identificação de Deus com a natureza é uma forma de ateísmo,porque Deus é independente da natureza. Eles ignoram totalmente a Criação.”

Nova concepção de religião

Se Deus não é pessoa, mas uma energia que se manifesta em todo ouniverso, e também na floresta, nãotem sentido falar em Criação, pecado original, Redenção, Sacramentos, salvação,Deus encarnado, Nossa Senhora. A religião passa a ser natural, uma relação dohomem com a tal força. É uma consequência forçosa.

O Cardeal Walter Brandmüller, outro abalizado crítico do Instrumentum laboris, qualificou-o de “herético”e “apóstata”, afirmando que a concepção de religião nele contida é de uma “religiãonatural com máscara cristã”. Vai além, e afirma que o vocábulo “igreja” nodocumento tem significado que não é o da teologia católica: “Este fato [o sacerdócio feminino] mostra quea palavra ‘igreja’ é usada exclusivamente como termo sociológico pelos autoresdo ‘Instrumentum laboris’”.

Percebe-se aí a manobra utilizada pelas forças esquerdistas inúmeras vezes, para manipular a opinião das pessoas de modo sutil, quase imperceptível. Tal manobra foi descrita magistralmente nos anos 1960 pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira [foto acima], que a denominou baldeação ideológica inadvertida (Cfr. Baldeação Ideológica Inadvertida e Diálogo, Editora Artpress, 6ª edição, 2016). Por meio dela, alterando discretamente o conteúdo das palavras, conseguem levar o ouvinte a alterar também sua posição ideológica, para aceitar concepções que refugaria prontamente se propostas com clareza.

Mostra ainda o cardeal que tais doutrinas, distorcendo o conteúdo da fétradicional no coração das pessoas, têm como consequência levar à “autodestruição da Igreja ou suatransformação em uma espécie de ONG temporal, com missãoecológico-social-psicológica”.

A análise do Cardeal Gerhard Müller destaca outro ponto: “É um documentoque apresenta um quadro idílico da Amazônia,incluindo as religiões indígenas, a ponto de tornar-se inútil o cristianismo, a não ser como apoio político, que ele pode dar,para manter esses povos incontaminados e defendê-los dos predadores que queremlevar desenvolvimento e roubar recursos”.

Nova concepção do universo

De acordo com a doutrina católica, o universo foi criado por Deus para aglória divina. Identificando Deus com o universo, desaparece a noção daCriação, o que foi notado pelo Cardeal Gerhard Müller: “Essa identificação de Deus com a natureza é uma forma de ateísmo, porque Deus é independente danatureza. Eles ignoram totalmente a Criação”.

Falar neste caso em concepção novaé força de expressão, porque nada há de mais embolorado e antigo. De fato, sãovelharias pagãs, doutrinas emboloradas, e nós estamos assistindo ao ufanismo doatraso e à glorificação do retrocesso.

Tanto o brasileiro indígena como os demais brasileiros de todas as procedências residentes na Amazônia, reivindicam a inserção na sociedade

Concepção revolucionária de sociedade temporal

A família e demais sociedades da ordem temporal tornam possível ao serhumano a busca da perfeição em seu mais amplo sentido. Isto é o que pode lhe trazera verdadeira felicidade.

            Tanto o brasileiro indígena como os demais brasileiros de todas asprocedências residentes na Amazônia, em sua esmagadora maioria querem crescer,acelerar os avanços civilizatórios, proporcionar a seus filhos acesso rápido aum futuro melhor, em que compartilhem com o restante dos homens o que de melhoreles possam oferecer. Em suma, reivindicam a inserção na sociedade, o que podetorná-los mais felizes superando tanta precariedade a que hoje estão sujeitos.Contudo, por infelicidade, encontram obstáculo contumaz nas desapiedadascorrentes missionárias da paralisia e do retrocesso, que inspiraram o Instrumentum laboris.

Desse ativismo pseudo-missionário resultam efeitosclaramente excludentes, pois promove de fato um elitismo às avessas, nivelandosuas vítimas por baixo. Alardeiam assim a compaixão, mas praticam verdadeiracrueldade contra as populações do Norte e outras comunidades indígenas doterritório nacional.

            De formacongruente, todo o documento sinodal padece do vício de romantizar associedades primitivas e do viés de criticar de forma unilateral qualquerprogresso na Amazônia. Um exemplo aclarador sobre este ponto ilustra também amanipulação mal-intencionada do vocabulário:

“Segundodados de instituições especializadas da Igreja (por ex., CIMI) e outras, noterritório da Amazônia existem de 110 a 130 diferentes povos indígenas emisolamento voluntário, ou ‘povos livres’. Vivem à margem da sociedade, ou em contatoesporádico com ela. Não conhecemos seus nomes próprios, idiomas nem culturas, porisso também os chamamos ‘povos isolados’, ‘livres’, ‘autônomos’, ou ‘povos semcontato’. Esses povos vivem em profunda união com a natureza.Muitos deles decidiram isolar-se por terem sofrido traumas anteriores; outrosforam forçados violentamente pela exploração econômica da Amazônia. Os PIAVsresistem ao atual modelo de desenvolvimento econômico predador, genocida eecocida, optando pelo cativeiro para viver em liberdade” (Cfr. Discurso do PapaFrancisco por ocasião do “Encontro com os Povos da Amazônia”, Coliseu Madre de Dios, PuertoMaldonado, Peru, 19 de janeiro de 2018).

            Convém notar comoa demagogia vulgar permeia o documento, pois afirma que não se conhecem nomes,culturas e idiomas desses povos, mas ao mesmo tempo tem segurança para afirmar,não se sabe como, que eles optaram pelocativeiro para viver em liberdade, quiseram os grilhões para ficarem livresdeles (sic!). Não os conhecem, mas na verborreia amazônica do seu texto afirmamdogmaticamente que eles vivem em profunda união com a natureza. Não estãocientes das razões do isolamento, mas taxativamente proclamam que a decisão deles,ao se isolarem, decorre de traumas e da imposição violenta de exploradores. É aprodução de fake news no atacado!

Apesar de nada saberem sobre tais povos, garantem,como se fossem postulados evidentes, que eles são resistentes ao atual modelode desenvolvimento predador, ecocida e genocida. Lógica zero, falsidadesmúltiplas. O que enxergar na saraivada de contradições e disparates? Umacaracterística se avista de imediato: a demagogia, própria às correntesrevolucionárias fanatizadas a serviço de seus obscuros objetivos.

Tipo humano desregrado

Tal cosmovisão corresponde a um tipo humanodesregrado, no sentido de inimigo das regras de conduta secularmentecultivadas, que fizeram a grandeza das personalidades no ambiente decivilização cristã — proportione servata— e no ambiente da civilização ocidental.

Falemos de uma delas, que é o fundamento de todasas demais condutas humanas: a prevalência da razão sobre emoções e instintos. OCardeal Walter Brandmüller cita a “rejeição antirracional da cultura ocidental,que sublinha a importância da razão”. Verbera como típico do Instrumentum laboris o ambiente deexaltação emocional, “o grito da terra e dos pobres”, que lhe recorda afermentação emocional do mito nazista do “sangue e solo”. Observa ainda oPurpurado que o texto promove o mito do “bonsauvage” de Rousseau, contrapondo-o ao do decadente homem europeu.

            Como não poderiadeixar de ser, a moral desse tipo humano é relativista, com os finsjustificando os meios. O Cardeal Müller a vincula apropriadamente à cosmovisãosubjacente no Instrumentum laboris,advertindo que “é uma concepção materialistasemelhante à do marxismo, afinal podemos fazer o que quisermos”.Mais uma vez, presenciamos uma gigantesca revolução cultural sendo introduzidae impulsionada sub-repticiamente — ou seja, a baldeação ideológica inadvertida.

            Para os arautos damencionada cosmovisão, os homens não devem buscar a perfeição segundo as retasinclinações de sua natureza, mas devem ser tratados como se fossem resinaplástica, moldáveis segundo os delírios mitomaníacos de “regeneração social”,que lhes querem impingir uma vida primitiva no pântano do atraso. Na prática,cobaias de experimentações sociais, sem direito real de opinar. Parece que paraesses brasileiros indígenas, e os de outros países amazônicos, não valem os direitos humanos,queos referidos arautostantoenaltecem quando lhes convém.

Em resumo, a Amazônia fica ameaçada por utopiadestruidora, que aponta como ideal a sociedade comunal, sem Estado, sonhada porMarx como etapa final do comunismo.

Afirmações tendenciosas formando um sistema

            Antes de entrar naparte final deste artigo, em que proporei medidas práticas, cumpre desmontar aarmadilha que apanha os incautos, desorienta os bem-intencionados e frustra osbons batalhadores ao longo dos anos.

Não apenas no Instrumentum laboris,mas em inúmeros documentos emanados das correntes de teologia indigenista,ecologistas e ambientalistas extremados, pululam expressões genéricas, vagas,equívocas, obscuras, tendenciosas. Algumas parecem por vezes sensatas, ou atémesmo tradicionais, contrastando de certa forma com o tom geral, favorecedor deobjetivos revolucionários. São águas turvas em que seus autores querem pescar.Acuados e acusados, eles se servem da confusão para evitar censuras no camporeligioso, e assim se preservam para continuar a desenvolver sorrateiramentesua ação deletéria através de textos discutíveis ou controvertidos.

Vale aqui uma regra áurea dehermenêutica, exposta por Arnaldo Vidigal Xavier da Silveira em livro sobre amissa nova de Paulo VI, e que podemos também aplicar ao Instrumentum laboris:

“Vamos considerar,em tese, o princípio: as passagens obscuras e malsonantes de um documento não otornam suspeito quando nele há também textos ortodoxos relativos às mesmasquestões. A isso cumpre dar uma primeira resposta, de ordem hermenêutica:

A) Em princípio, éverdadeira a regra segundo a qual os textos confusos e obscuros de um documentodevem ser interpretados pelos claros.

B) Mas a regraexige uma distinção:

• É aplicávelquando as passagens suspeitas ou heterodoxas ocorrem apenas uma vez ou outra, àmaneira de lapso;

• Não vale quandoas passagens suspeitas ou heterodoxas são numerosas (pois o que ocorre àmaneira de lapso é, por natureza, casual e em pequeno número); nessa hipótese,deve-se recorrer a outras regras e a outros meios de interpretação;

• Quando, além denumerosas, as passagens confusas, suspeitas e heterodoxas formam um sistema depensamento umas com as outras, a citada regra de interpretação não vale, mas seaplica a regra oposta. É mister então perguntar se os textos ortodoxos devemser interpretados à luz dos confusos, suspeitos e heterodoxos. O que ocorre àmaneira de lapso não costuma ser frequente, e sobretudo não pode constituirsistema”.

Este é o fatodiante do qual nos encontramos. Não estamos na presença de lapsos, e sim diante de um sistema depensamento articulado, pré-concebido para servir e impulsionar um movimentodemolidor com objetivos de longo prazo.

Permanecer miseravelmente atolados em pântano doentio, sem nenhuma expectativa de progresso, será a sina atual de todos os habitantes da Amazônia?

Um saneamento que seimpõe

Permanecer miseravelmente atolados em pântanodoentio, sem nenhuma expectativa de progresso, será a sina atual de todos oshabitantes da Amazônia, especialmente os de origem indígena, se as doutrinasecológico-primitivistas prevalecerem. Torna-se por isso imperioso um trabalhocontínuo de esclarecimento, coordenação e articulação, do qual a presenteedição de Catolicismo desejaparticipar decisivamente.

Como nossa revista já fez por ocasião de tantasoutras batalhas, no presente número sobre o Sínodo da Pan-Amazônia oferecemos uma transparência total, tirandoda penumbra e trazendo à luz do dia as doutrinas e os respectivos propósitos aque o sínodo serve, a fim de que o público possa avaliá-lo com inteiroconhecimento de causa e se vacinar. É trabalho de medicina preventiva, de profilaxia.

Sugiro outras medidas voltadas para os brasileirosindígenas, cujo anseio é de inserção social e econômica. Em sua esmagadoramaioria, eles são objeto da compaixão e do devotamento fraterno dos demaisbrasileiros, devendo experimentar assim, para suas famílias e comunidades, maisrápidos avanços civilizatórios.

Sua primeira reivindicação é de autonomia, com ofim das tutelas inibidoras e das reservas em que estão confinados, sem seremproprietários, em consequência de normas hoje inscritas na legislação. Énecessário que se beneficiem do princípio constitucional consagrador da livreiniciativa e da propriedade privada; que não mais sejam impedidos de realizarlivremente atividades econômicas como empreendedores, colaboradores, parceirosou empregados. O Estado deve proporcionar oportunidades urgentes de educação, aeles e a seus filhos, para que se tornem cidadãos produtivos como os demaishabitantes do Brasil.

Dói vê-los tratados como objetos de museu, “engaiolados” em reservas comoespécies exóticas. Como quaisquer brasileiros titulares de direitosconstitucionais, reclamam respeito, integração, espaços para crescer e realizarseus sonhos, bons para eles e ótimos para o Brasil.

Como estamos mostrando nesta edição, muitos queremeletricidade, postos de saúde, escolas, estradas, parcerias, assistênciatécnica e jurídica. Se forem atendidos pelo Poder Público, haverá prosperidade,com a consequente diminuição da pobreza e da violência; haverá aumento derecursos para o combate às doenças; tornar-se-á também mais fácil realizar aautêntica política de integração, respeitando os legítimos costumes e tradiçõesdas comunidades indígenas.

Milhões de pessoas terão suas esperançasrestauradas, e serão finalmente colocados fundamentos duradouros de uma ordemtemporal cristã, compassiva, harmonicamente desigual, favorecedora da plenitudeda dignidade humana nesse segmento do nosso País.

Nas últimas décadas, uma propaganda mundial ampla ecaríssima, com fake news despejando cascatas sujas sobre aIgreja e fora dela, intoxicou multidões e contaminou numerosos setoresdirigentes do Brasil, influindo fortemente na produção das leis. Emconsequência, padecemos hoje de um entulho constitucional e infraconstitucional,que muitas vezes atravanca o direito natural à felicidade dos brasileirosindígenas, quando não o impede. É um atoleiro que precisa ser drenado, tornandoa expressão brasileiro indígenacheia de força legal para todos os índios em nossa terra. Com uma pauta ativade remoção do entulho legal estagnador, o Brasil terá condições de embarcar emuma política de atendimento das necessidades das populações do Norte.

Repetimos aqui de passagem um conjunto deafirmações que Catolicismo já abordoumuitas vezes: a grande responsabilidade que têm pela atual estagnação osneomissionários progressistas, que não mais catequizam nem convertem; as ONGsnacionais e estrangeiras, com seus obscuros liames e redes de interesses; osambientalistas fanatizados, sempre acolhidos e festejados pela maior parte damídia nacional e internacional. Todos esses formam a vanguarda do atraso.

Nesse campo existe agenda comum para liderançasindígenas independentes e dirigentes ruralistas, focados cada grupo em suaspautas, mas cientes de que elas só podem ser levadas à prática com êxito se osdois lados estiverem unidos na defesa do bem comum nacional.

Nessa via, a chamada Amazônia Legal experimentarácrescimento, riqueza e prosperidade, com efeitos benéficos para todo o País, poisterá havido obediência genuína ao preceito constitucional fundamental, que é orespeito e promoção da dignidade humana.

A propósito, faço uma constatação penosa: as liderançasrurais e os porta-vozes de causas indígenas têm-se geralmente situado em polosantagônicos. Em boa medida porque tais vozes têm representado não osverdadeiros interesses dos brasileiros indígenas, mas o programa de correntesinternacionais promotoras do atraso e do primitivismo, tantas vezes defensorasda internacionalização da Amazônia. Assim agindo, manifestam-se como liderançasinautênticas, descoladas dos liderados que afirmam representar.

Se até agora foi assim, não deveria ter sido; mastambém não precisa manter-se assim. Juntos, ruralistas e líderes indígenas, entendendo-secom serenidade e autêntico senso do interesse nacional sobre as previsíveisdivergências que surjam, podem levar adiante uma luta pela imprescindívelrevisão da legislação constitucional e infraconstitucional, com enormerepercussão para o progresso da presente e das futuras gerações.

Entre outros pontos, asegurança jurídica poderia ser muito melhorada, e a produção estimulada. Eaqui, logicamente, há de se buscar a participação relevante dos representanteseleitos. Tais medidas são tão importantes quanto acabar com o aparelhamentoesquerdista da burocracia estatal, também indispensável, e que hoje atravanca aprosperidade.

Não custa lembrar que a atual configuração dopanorama político, consolidado nas eleições de 2018, proporciona ao governo apoiomajoritário da população para a realização do programa restaurador. O céu doBrasil, no qual brilha o magnífico Cruzeiro do Sul, não merece monstros como osabutres e aves de mau agouro.

Catolicismo roga a Nossa Senhora Aparecida que nos abençoe, e também proclame aos pequeninos as verdades eternas do Santo Evangelho.

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Fonte: Revista Catolicismo, Nº 825, Setembro/2019.

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Dr. Adolpho Lindenberg

Dr. Adolpho Lindenberg

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Dr. Adolpho, engenheiro e fundador da CAL (Construtora Adolpho Lindenberg), é Presidente do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira.

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