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Plinio Corrêa de Oliveira

Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

O maior plano de descristianização e de totalitarismo “verde” da História

Por Instituto Plinio Corrêa de Oliveira

73 minhá 3 anos — Atualizado em: 9/17/2021, 8:56:36 PM



O IPCO se compraz em publicar o seguinte trabalho de dois discípulos de Plinio Corrêa de Oliveira e colaboradores regulares deste site

Autores:
José Antonio Ureta
Frederico Abranches Viotti

O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira (IPCO) publicou, em 26 de abril de 2020, o seu manifesto-denúncia intitulado Aproveitando o pânico da população e o apoio espiritual do Vaticano – A maior operação de engenharia social e de baldeação ideológica da História.

O documento incriminava a precipitação de governos em tomar medidas drásticas de confinamento com base em estimativas exageradas da letalidade do coronavírus chinês e em modelos matemáticos irrealistas, com os enormes custos sociais e econômicos daí decorrentes.

O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira(IPCO) publicou, em 26 de abril de 2020, o seu manifesto-denúncia intitulado Aproveitando o pânico da população e o apoio espiritual do Vaticano – A maior operação de engenharia social e de baldeação ideológica da História

Para o IPCO, seriam quatro os grandes beneficiários da crise universal gerada pelos confinamentos: o regime comunista da China, o movimento ecológico radical, a ultraesquerda e os promotores da governança mundial.

Após um ano da publicação da mencionada denúncia, pareceu-nos oportuno tentar fazer um balanço e uma atualização desse plano universal de subversão totalitário-ecológica e de descristianização do Ocidente, que tem tomado proporções jamais vistas na História.

Com base em uma epidemia viral real que infelizmente tem ceifado muitas vidas, foi apresentada como inevitável uma grande mudança em todos os aspectos da existência humana. Os fatos ocorridos no último ano não apenas confirmaram o que foi dito naquela ocasião, como tornaram ainda mais evidente a desproporção entre a resposta à epidemia e o caráter pernicioso do chamado “novo normal” que dela surge.

1. O exagero da taxa de mortalidade e dos riscos incorridos pela maioria da população

A OMS estimava que a mortalidade da Covid-19 seria de 3,4%. Em 14/10/20 no Boletim da Organização Mundial da Saúde, concluía, depois de uniformizar 61 estudos feitos em 51 localidades do mundo inteiro, que a fatalidade mediana da Covid 19 era de 0,27%.

Em março de 2020, a taxa de mortalidade da Covid-19 tinha sido estimada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 3,4%[1] e pelo Imperial College de Londres em 0,9%[2], o que resultaria em um número de vítimas comparável ou mesmo superior ao da trágica “gripe espanhola” de 1918[3]. O IPCO, pelo contrário, acreditava que essa taxa seria próxima daquela fornecida pelo Instituto de Virologia da Universidade de Bonn, em pesquisa realizada no primeiro cluster alemão, a cidadezinha de Gangelt, ou seja, uma taxa de 0,37%.

Os estudos mais completos realizados até hoje sobre a taxa de mortalidade por infecção em nível mundial são os da equipe do Prof. John P A Ioannidis, da Universidade de Stanford, na Califórnia. O primeiro deles, publicado em 14/10/20 no Boletim da Organização Mundial da Saúde[4], concluía, depois de uniformizar 61 estudos feitos em 51 localidades do mundo inteiro, que a fatalidade mediana da Covid 19 era de 0,27%.

O médico americano John Ioannidis, professor de epidemiologia na Universidade Stanford (EUA)

Em um estudo de janeiro do presente ano, publicado pelo European Journal of Clinical Investigation, o Prof. Ioannidis abaixou essa taxa, asseverando que “as evidências disponíveis sugerem uma IFR [taxa de fatalidade da infecção] global média de ~0,15%”[5]. Isso não impede que haja diferenças substanciais em dita taxa nos vários continentes, países e locais, devido a variáveis como idade média e densidade da população na área, ou seu grau de imunidade prévia por exposição anterior a um vírus similar[6].

O segundo erro de avaliação da OMS e de autoridades sanitárias de diversos países foi o de considerar que o conjunto da população corria grave risco se fosse infectado pelo vírus chinês. Na realidade, segundo afirma o Prof. Jay Battacharya, da Universidade de Stanford, “é mil vezes maior a diferença da taxa de mortalidade em pessoas mais idosas, com 70 anos ou mais, e a taxa de mortalidade das crianças”, e vinte vezes maior em relação à população em geral: “quatro em cada 100 entre aqueles com 70 anos ou mais, em oposição a dois em 1.000 na população geral”[7].

Mesmo que aumente a taxa de letalidade de novas variantes do vírus, isso não desmentirá a avaliação de que as ações das referidas autoridades sanitárias foram globalmente prejudiciais à saúde pública, às liberdades constitucionais e à economia mundial, como se verá mais adiante.

2. A ineficácia dos lockdowns para conter a difusão do vírus chinês

A análise do IPCO considerava desarrazoado confinar todo o mundo, porque paralisava a vida do país, destacando que havia especialistas que sugeriam, pelo contrário, um isolamento temporário somente daqueles já contaminados pelo vírus, assim como medidas eficazes de proteção da população de risco (os idosos, os obesos e os portadores de algumas doenças). Era o chamado “isolamento vertical”, em contraposição ao “isolamento horizontal” (lockdown).

Essa abordagem foi validada cinco meses depois pela Declaração de Great Barrington, redigida pelos acadêmicos Sunetra Gupta (Oxford), o já mencionado Jay Bhattacharya (Stanford) e Martin Kulldorff (Harvard), a qual foi depois assinada por 13.985 cientistas na área de Medicina e Saúde Pública, e 42.519 médicos e auxiliares de medicina.

Os três cientistas por trás da Declaração de Grande Barrington (esquerda) Martin Kulldorff, Sunetra Gupta e Jay Bhattacharya
 

Essa Declaração denuncia que “as atuais políticas de confinamento estão produzindo efeitos devastadores na saúde pública em curto e longo prazo […] levando a um maior excesso de mortalidade nos próximos anos, com a classe trabalhadora e os membros mais jovens da sociedade carregando o fardo”. Prossegue afirmando que “à medida que a imunidade se desenvolve na população, o risco de infeção para todos – incluindo os vulneráveis – diminui. […] A abordagem mais compassiva que equilibra os riscos e benefícios de alcançar a imunidade de grupo é permitir que aqueles que estão em risco mínimo de morte vivam normalmente a sua vida para construir a imunidade ao vírus através da infecção natural, ao mesmo tempo protegendo melhor aqueles que estão em maior risco. Chamamos a isto Proteção Focalizada”.

Em consequência, a Declaração promove as seguintes medidas de bom senso: “As escolas e universidades devem estar abertas ao ensino presencial. As atividades extracurriculares, como o esporte, devem ser retomadas. Os jovens adultos de baixo risco devem trabalhar normalmente, e não a partir de casa. Restaurantes e outras empresas devem ser abertos. As artes, a música, o esporte e outras atividades culturais devem ser retomados. As pessoas que correm maior risco podem participar se o desejarem, enquanto a sociedade como um todo goza da proteção conferida aos vulneráveis por aqueles que acumularam imunidade de grupo”[8].

A ineficácia dos confinamentos universais para efeitos de conter a propagação do coronavírus ficou patenteada nos Estados Unidos, onde os estados que aplicaram regras mais estritas durante o último inverno têm em média taxas de mortalidade ligeiramente inferiores às dos estados similares que impuseram restrições suaves aos seus habitantes, como se pode verificar no gráfico abaixo, em que esses últimos figuram em vermelho:

Outro exemplo eloquente são os bairros da cidade de Nova York onde se concentram os seguidores do ramo hassídico do Judaísmo[9], os quais não respeitaram as regras impostas pelo prefeito da cidade, mantendo as escolas abertas e participando de reuniões multitudinárias por ocasião do funeral de um importante rabino e do casamento do filho de outro, o que levou o New York Times a denunciar com grande título: “‘Peste em escala bíblica’: famílias hassídicas duramente atingidas por vírus na área de Nova York”[10].

Na realidade, enquanto o conjunto da cidade teve até hoje uma taxa de 382 mortes por 100 mil habitantes[11], os bairros hassídicos – que não são ricos e de alta densidade média por lar por terem muitos filhos – tiveram uma incidência de fatalidades bem menor por 100 mil habitantes: East Williamsburg, 287; Borough Park, 275 e Williamsburg, 185[12].

Em um estudo publicado recentemente pelo European Journal of Clinical Investigation, os citados cientistas Ioannidis e Bhattacharya, juntamente com os professores Oh e Bendavid, da Universidade de Stanford, concluíram o seguinte: “Não há evidências de que intervenções não farmacêuticas mais restritivas (‘lockdowns’) contribuíram substancialmente para dobrar a curva de novos casos na Inglaterra, França, Alemanha, Irã, Itália, Holanda, Espanha ou nos Estados Unidos no início de 2020. […] Os dados não podem excluir totalmente a possibilidade de alguns benefícios. No entanto, mesmo que existam, esses benefícios podem não contrabalançar os inúmeros danos dessas medidas agressivas.”[13].

Como o Prof. Bhattacharya reiterou recentemente em uma entrevista, “para a maioria da população mais jovem, os danos colaterais dos bloqueios representam um risco maior do que a infecção por Covid; ao confiar em bloqueios ineficazes para proteger os idosos e evitar estratégias de proteção focalizadas, acabamos expondo os idosos ao vírus e prejudicando os jovens com bloqueios”[14].

Na opinião da Dra. Elke van Hoof, professora de Psicologia da Saúde na Universidade Livre de Bruxelas, a quarentena imposta como resposta à Covid é “o maior experimento psicológico da História”, porque “um terço do mundo está confinado” e “não sabemos como as pessoas vão reagir”, “não temos um modelo, não sabemos o que vai acontecer”[15].

3. O pânico como fator de guerra psico-política

Em 2009, após a epidemia de H1N1, o conhecido conselheiro presidencial francês Jacques Attali declarou: “A humanidade não evolui significativamente senão quando ela tem verdadeiramente medo”. Comentando essa frase, já em sua análise de 2020, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira (IPCO) destacou que não havia dados “para afirmar peremptoriamente que esse seja o plano que está sendo posto em execução”, mas que vários fatores contribuíram para semear o pânico e dar início à evolução que Attali auspiciava. E que “as organizações internacionais e nacionais incumbidas da saúde pública se prestaram para a sua amplificação”.

Um estudo intitulado “Impacto da pandemia de COVID-19 na saúde mental: vigilância em tempo real usando o Google Trends”, publicado na revista Trauma Psychology, da Associação Americana de Psicologia (ANA), confirmou que, nos primeiros 40 dias após a declaração de pandemia pela Organização Mundial da Saúde, houve nos Estados Unidos “um aumento imediato de preocupação e pânico, seguido pelo início de sintomas de ansiedade”[16].

Outros estudos verificaram o mesmo pânico em atitudes como aumento de retiradas de dinheiro em espécie[17], esvaziamento dos supermercados por compras compulsivas[18], fugas das cidades para o interior[19] ou automedicação[20]. Sonia Bishop, professora associada de psicologia da Universidade da Califórnia em Berkeley, que tem investigado como a ansiedade afeta as tomadas de decisão, afirmou que isso se patenteou durante o surto do coronavírus. Mensagens inconsistentes de governos, da mídia e das autoridades de saúde pública alimentaram a ansiedade: “Não estamos acostumados a viver em situações em que as probabilidades mudam rapidamente”, disse a cientista[21].

O IPCO denunciou, já no início de 2020, o papel desempenhado pelos boletins da OMS na criação desse clima de pânico.

Hoje, há dados mostrando a existência de uma colaboração voluntária de algumas autoridades políticas nacionais com o seu agravamento. O caso mais expressivo foi o escândalo denunciado pelo Die Welt am Sonntag (edição de 07/02/21), mostrando a pressão exercida em meados de março do ano passado sobre um grupo de cientistas pelo ministro alemão do Interior através do secretário de Estado para a Ciência, pedindo-lhes uma “maximale Kollaboration” (máxima colaboração) para obter deles o que hoje é conhecido como o “documento pânico”, que serviu de legitimação para medidas políticas mais restritivas[22].

No Reino Unido, o documento “Opções para aumentar a adesão às medidas de distanciamento social” foi analisado pelo Grupo de Aconselhamento Científico para Emergências do governo na sua reunião de 23 de março de 2020. Elaborado pelo subgrupo de ciências do comportamento, o texto afirma que “um número significativo de pessoas ainda não se sente suficientemente ameaçado pessoalmente”, motivo pelo qual “o nível de ameaça pessoal sentido precisa ser aumentado entre aqueles que são complacentes, usando mensagens emocionais contundentes[23].

A sugestão foi posta em prática e, um mês depois, o Prof. Robert Dingwall, membro do Grupo Consultivo de Ameaças de Vírus Respiratórios Novos e Emergentes (NERVTAG), do governo britânico, deplorou que “temos esta mensagem muito forte que efetivamente aterrorizou a população fazendo-a acreditar que esta é uma doença que vai matar você. […] Tudo isso ajuda a criar esse clima de medo”[24].

4. O caráter revelador e uniforme da resposta global às epidemias com base em novo paradigma de segurança sanitária

Um aspecto que a análise do IPCO de um ano atrás não chegou a detectar foi o caráter extremamente uniforme da resposta dada à epidemia em toda a área ocidental do mundo. Com exceção da Suécia, de uma dúzia de estados norte-americanos e de algumas regiões do Brasil, praticamente todos os países tomaram sucessivamente as mesmas medidas, como se estivessem seguindo um script.

Patrick Zylberman, autor do livro Tempêtes microbiennes – Essai sur la politique de sécurité sanitaire dans le monde transatlantique (Tempestades microbianas – Ensaio sobre a política de segurança sanitária em um mundo transatlântico)

Desde o início do milênio houve de fato uma mudança de paradigma em matéria de biossegurança, analisada em 2013 por Patrick Zylberman, professor emérito da Escola de Altos Estudos de Saúde Pública de Paris, em seu livro Tempêtes microbiennes – Essai sur la politique de sécurité sanitaire dans le monde transatlantique (Tempestades microbianas – Ensaio sobre a política de segurança sanitária em um mundo transatlântico). Se o conceito tradicional de “prevenção” das calamidades públicas calculava as possibilidades reais de uma ameaça com base nos dados fiáveis de epidemias anteriores, um novo conceito – conhecido como preparedness – optava por imaginar cenários fictícios de fraca probabilidade, mas com consequências potencialmente catastróficas, exigindo da população um civismo superlativo. Com base na “lógica do pior” como critério de racionalidade, esse novo conceito favorecia, na opinião do Prof. Zylberman, “uma degringolada vertiginosa na ficção (números exagerados, analogias infundadas etc.)”[25].

Há muitos dados comprobatórios de uma “baldeação ideológica” – para empregarmos o termo cunhado pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira[26] – dos ambientes acadêmicos e das autoridades públicas dedicadas à segurança sanitária, fazendo-os passar da prevenção à preparedness. Em outros termos, migrar de procedimentos de eficácia comprovada, baseados em uma avaliação realista do risco, para medidas extremas com efeitos incógnitos em vista de cenários catastróficos, cuja probabilidade não é validada pelos dados concretos disponíveis.

Em 1999, com dinheiro da Fundação Sloanes (nome do ex-presidente da General Motors), a Universidade Johns Hopkins fundou o Centro para Estudos de Biodefesa Civil. Nesse mesmo ano o Centro organizou em Arlington (Virginia) um simpósio com centenas de participantes e representantes de 10 países, para tratar de saúde pública e bioterrorismo[27].

Imagem ilustrativa.
Pela primeira vez um evento desse gênero incluiu exercícios de simulação – no estilo dos war games militares

Pela primeira vez um evento desse gênero incluiu exercícios de simulação – no estilo dos war games militares – de uma epidemia de varíola, na esperança de estabelecer parcerias e uma estrutura global de planejamento estratégico[28]. No ano seguinte se organizou um evento similar, dessa feita simulando uma praga. Com o passar do tempo, o aspecto militar deu primazia às doenças infecciosas emergentes.

Esse novo paradigma infiltrou seus postuladosentre os cientistas e as autoridades da saúde pública através da organização de novos e frequentes exercícios de simulação, com financiamento, apoio logístico e orientação científica de diversas instituições públicas e privadas.

É sintomático o fato de a conhecida Universidade de Baltimore ter mudado o nome de seu estabelecimento especializado para “Centro Johns Hopkins para Segurança da Saúde”, tirando a referência ao bioterrorismo. Porém, conservou intacta a nova doutrina da preparedness, de origem militar[29].

Um artigo da respeitada revista científica Nature, de agosto do ano passado, deu a conhecer detalhes de alguns desses eventos. Redigido principalmente por Amy Maxen, repórter sênior da revista, o artigo revela que:

  • “A Operação Dark Winter, em 2001, e Atlantic Storm, em 2005, foram orquestradas por think tanks em biossegurança nos Estados Unidos e nela participaram líderes influentes, como o ex-chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Gro Harlem Brundtland, e Madeleine Albright, secretária de Estado do ex-presidente Bill Clinton”;
  • “Em janeiro de 2017, o Banco Mundial e a Fundação Bill & Melinda Gates em Seattle, Washington, apoiaram uma simulação de pandemia no Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça. […] A encenação coincidiu com o lançamento de uma fundação com sede em Oslo para desenvolver e distribuir vacinas para infecções emergentes, chamada Coalition for Epidemic Preparedness Innovations (CEPI). Recebeu financiamento da Fundação Gates, da instituição de caridade biomédica Wellcome Trust, do Reino Unido e de países como Japão e Alemanha”;
  • “Em maio de 2018, juntamente com líderes da Casa Branca e do Congresso [americano] que nunca tinham lidado com uma grande epidemia, [o Dr. Thomas] Inglesby e seus colegas da Universidade Johns Hopkins realizaram um exercício em Washington DC chamado Clade X. Ele simulava um vírus respiratório desenvolvido em um laboratório. Uma das primeiras lições dessa simulação foi a de que a proibição de viagens não impedia que o vírus ganhasse terreno. As infecções se espalhavam rapidamente abaixo do radar, porque metade das pessoas infectadas apresentava poucos sintomas ou nenhum”;
  • “Em um exercício realizado pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) dos Estados Unidos no ano passado [2019], apelidado de Crimson Contagion, turistas voltavam da China com um novo vírus da gripe que se espalhava em Chicago, Illinois, e infectava 110 milhões de americanos (o exercício presumia que o patógeno era mais contagioso do que o SARS-CoV-2)”;
  • Um “cenário fictício, apelidado Event 201, desenrolou-se em outubro passado [2019] num centro de conferências da cidade de Nova York diante de um painel de acadêmicos, funcionários do governo e líderes empresariais. Os presentes ficaram abalados — era o que Ryan Morhard queria. Especialista em biossegurança no Fórum Econômico Mundial em Genebra, Suíça, Morhard temia que os líderes mundiais não estivessem levando suficientemente a sério a ameaça de uma pandemia. […] Perto do fim do exercício Event 201 […] os participantes assistiram a uma simulação de reportagem prevendo que a turbulência financeira duraria anos, ou mesmo uma década. Mas os impactos sociais – incluindo a perda de fé no governo e na mídia – podiam durar ainda mais” [30].

Num podcast cuja transcrição pode ser lida no site da Nature, a jornalista científica Amy Maxen, principal autora do artigo, fornece outros dados interessantes, como o fato de que “este campo de biossegurança é muito pequeno”: ao preparar a reportagem, “muita gente mencionava as mesmas pessoas com quem eu devia falar”. Segundo a jornalista, esse círculo pequeno é por sua vez influenciado por outro círculo ainda menor: “As pessoas por trás disso, essas pessoas de biossegurança que estão por trás disso, foram meio que lideradas pelo Centro Johns Hopkins para Segurança da Saúde e pelo Fórum Econômico Mundial e pela Fundação Gates” [31].

A influência desse pequeno círculo de especialistas e de seus patrocinadores não tardou em se fazer sentir até nas mais altas esferas internacionais.

Em 4 de maio de 2009, a Organização Mundial da Saúde publicou uma regulamentação intitulada “Preparadness e resposta à pandemia de influenza: documento de orientação da OMS”[32], a qual modificava sua definição de pandemia, eliminando dela a condição de que o surto viral causasse “um número considerável de casos e mortes”, e declarando que, ao invés da postura anterior, “a intensidade de uma pandemia pode ser moderada ou grave em termos de casos e mortes”. A OMS fez essa mudança poucos dias antes de declarar a “gripe suína” (H1N1) pandemia, o que obrigou os governos a tomar uma série de medidas preventivas muito onerosas (incluindo a aquisição de um enorme estoque de máscaras e de vacinas), que se mostraram depois totalmente inúteis pelo caráter moderado da epidemia.

Tal foi o escândalo, que um projeto de resolução a respeito das “falsas pandemias” foi proposto à Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa. Depois de estudar o caso, o relator da proposição de resolução, o deputado trabalhista inglês Paul Flynn, declarou-se “alarmado por algumas medidas excessivas tomadas em resposta ao que acabou por ser uma gripe de gravidade moderada, pela falta de transparência dos processos decisórios em causa e pelos possíveis abusos de influência da indústria farmacêutica em algumas decisões importantes”. O relator mostrou-se igualmente “preocupado com a forma como as autoridades públicas comunicaram sobre questões sensíveis, que depois foram retransmitidas pela mídia europeia, alimentando temores entre a população e nem sempre permitindo olhar a situação de maneira objetiva”[33].

Confirmando as fundamentadas preocupações do relator, em 24 de junho de 2010 foi aprovada a resolução 1749/2010, intitulada “Gestão da pandemia H1N1: necessidade de maior transparência”. Nela, a Assembleia Parlamentar declara-se “alarmada pela maneira como a gripe pandêmica H1N1 foi gerida” pela OMS e pelas autoridades sanitárias da União Europeia e dos diversos países. E “aponta para uma grave falta de transparência na tomada de decisões relacionadas com a pandemia, o que levanta preocupações sobre a influência que a indústria farmacêutica pode ter exercido sobre algumas das decisões mais importantes relacionadas com a pandemia”[34]

Apesar desse precedente pouco luzidio, dez anos mais tarde, logo após o aparecimento do Sars-Cov-2 e dos primeiros casos de Covid-19, a OMS e setores influentes da comunidade científica fizeram pressão para que os governos adotassem medidas rigorosas de acordo com a “lógica do pior” contida no novo script da segurança sanitária aprendido nas sessões de simulação promovidas pelo Centro Johns Hopkins para Segurança da Saúde e por seus patrocinadores.

5. A catástrofe sanitária que vai resultar dos lockdowns

Essa “lógica do pior” focalizava exclusivamente os riscos de difusão do vírus de origem chinesa, mas não levava em consideração os danos colaterais decorrentes do confinamento da população, inclusive para a saúde pública.

O manifesto do IPCO evocou apenas um desses danos colaterais: a suspensão das campanhas de vacinação das crianças nos países pobres, por recomendação da OMS (!), para evitar que as aglomerações de adultos nas clínicas espalhassem o vírus, apesar do risco de reaparecimento de epidemias como pneumonia, tuberculose e malária que essa suspensão das vacinações tradicionais acarretaria. De fato, segundo o Prof. Battacharya, “oitenta milhões de crianças em todo o mundo estão agora em risco dessas doenças”[35].

Veja-se, por exemplo, o impacto no combate à malária, 94% de cujas vítimas mortais residem na África. Um estudo publicado em setembro passado na revista Pedriatic Research afirma que “as respostas à pandemia [os lockdowns] podem resultar na redução da distribuição de rede inseticida de longa duração, da pulverização residual interna, das campanhas sazonais de quimioprofilaxia da malária, de acesso a testes de diagnóstico rápido e do tratamento eficaz da malária” [36]. A previsão da OMS, segundo o artigo, é de que haja 102% mais mortes relacionadas com a malária na África subsaariana, 70% das quais  estariam entre crianças de menos de cinco anos.

Com o passar do tempo, emergiram outros efeitos negativos dos confinamentos nos países pobres. A desnutrição infantil faz com que as crianças mais novas tenham deficiências imunológicas e dificuldades de aprendizado. Ora, afirma o mesmo estudo da Pediatric Research:“Os lockdowns, com o fechamento simultâneo de escolas, também afetaram o acesso às refeições nas escolas, que para muitas crianças são uma das poucas fontes consistentes de alimentos. Assim, a pandemia expôs ainda mais as crianças à fome, à má nutrição e, consequentemente, aos impactos negativos no desenvolvimento cognitivo”[37].

Uma lacuna do documento do IPCO foi não tratar do impacto catastrófico dos confinamentos na saúde pública nos próprios países desenvolvidos ou em desenvolvimento. Pelas restrições de movimentos e por pânico do contágio, milhões de pessoas deixaram de fazer primeiras consultas para a detecção precoce do câncer ou de problemas cardiovasculares, ou suspenderam os controles médicos periódicos para tratamento da diabetes, de distúrbios psicológicos e psiquiátricos, bem como de abuso de álcool e entorpecentes.

Um estudo publicado pela Câmara dos Lordes do Reino Unido, intitulado “Lockdown 1.0 e a pandemia um ano depois: o que sabemos sobre os impactos?”, reconhece que “há evidências de que a saúde pública foi afetada negativamente durante a pandemia, devido às doenças não serem identificadas ou não serem tratadas”. Cita como exemplo um relatório de Public Health England, segundo o qual “metade das pessoas com piora das condições de saúde não procuraram aconselhamento médico” em setembro de 2020, tendo havido previamente “uma queda nas internações hospitalares entre abril e junho de 2020” e uma “diminuição da identificação de pessoas com demência e Alzheimer, devido ao não acesso dos pacientes aos serviços de avaliação e diagnóstico”[38].

Por sua vez, “um estudo publicado pelo Institute for Fiscal Studies descobriu que em abril de 2020, primeiro mês do bloqueio nacional, a saúde mental piorou em média 8,1%”, enquanto outro estudo, da Universidade de Glasgow, publicado em outubro de 2020, descobriu que “houve um aumento nos níveis de ansiedade e pensamentos suicidas durante o mesmo período”[39].

A revista científica The Lancet difundiu um estudo ainda mais alarmante, concluindo que “os profissionais de saúde devem se preparar para o aumento da morbidade e mortalidade nos próximos meses e anos”. Intitulado “Efeitos agudos indiretos da pandemia COVID-19 na saúde física e mental no Reino Unido: um estudo de base populacional”, a pesquisa calculou – numa base de dados incluindo mais de 10 milhões de pacientes – a queda nas primeiras consultas para casos agudos de saúde mental e física. Com exceção de eventos agudos relacionados ao álcool, houve evidência de uma redução nas consultas para todas as patologias: ansiedade, transtornos alimentares, transtorno obsessivo-compulsivo, automutilação, doença mental grave, ataque isquêmico transitório, insuficiência cardíaca, enfarte do miocárdio, angina instável, tromboembolismo venoso e exacerbação da asma. Quatro meses mais tarde, as consultas para todas as doenças não haviam se recuperado aos níveis pré-bloqueio, exceto aquelas por angina instável e eventos agudos relacionados ao álcool[40].

Essa previsão confirmou-se esta semana, pela publicação dos últimos dados do instituto nacional de estatísticas: as mortes em residências particulares na Inglaterra e no País de Gales aumentaram 30% em 2020 em relação à média dos anos anteriores. Isso representou 41.321 “mortes em excesso”, especialmente por doenças cardíacas (+66%), diabetes (+60%) e Parkinson (+65%), embora a Covid-19 fosse responsável apenas por 8 por cento do total[41].

Mais dramático ainda foi o efeito dos lockdowns sobre a saúde mental das crianças e dos jovens, aos quais foi negada a convivência social, tão necessária nessa etapa da vida, pelo fechamento dos estabelecimentos escolares. O Colégio Real dos Psiquiatras publicou no seu site da internet uma análise intitulada “País nas garras de uma crise de saúde mental com as crianças mais afetadas”, na qual revela que, em relação a 2019, entre abril e dezembro do ano passado houve um aumento de 28% no número de crianças e jovens encaminhados aos serviços de saúde mental, de 20% nas sessões de tratamento, e de 18% nos atendimentos de emergência, incluindo a prevenção de abusos contra crianças.

A Dra. Bernadka Dubicka, diretora da faculdade da criança e do adolescente no Colégio Real de Psiquiatras, declarou: “Nossas crianças e jovens estão sofrendo o impacto da crise de saúde mental causada pela pandemia e estão em risco de doença mental para o resto da vida. Como psiquiatra de primeira linha, vi o efeito devastador que o fechamento de escolas, o rompimento de amizades e a incerteza causada pela pandemia tiveram na saúde mental de nossas crianças e jovens”[42].

Se até num país econômica e culturalmente desenvolvido como o Reino Unido, crianças e adultos pagaram um enorme preço sanitário na fracassada tentativa de diminuir a circulação do coronavírus, imagine-se o custo para a saúde pública nos países menos desenvolvidos!

6. Uma ditadura sanitária e político-ideológica sob o pretexto de bem comum

O mais paradoxal da atual situação é o fato de os responsáveis por essa catástrofe da saúde pública serem os mesmos que em nome da proteção da população estão se aproveitando das circunstâncias excepcionais para impor uma verdadeira ditadura sanitária sobre essa mesma população que pretendem proteger.

O IPCO alertou um ano atrás para o fato de que esses responsáveis estavam fazendo uma chantagem aos respectivos cidadãos: aceitar um maior controle estatal sobre suas vidas como condição para sair do lockdown. Tratava-se então primordialmente de tentar impor aplicativos de rastreio das pessoas através dos celulares.

Com a abertura parcial após o primeiro lockdown vieram restrições suplementares impostas por governos que agora detêm poderes excepcionais com base em um “estado de emergência sanitária” inexistente na maioria das legislações nacionais. A lista não exaustiva de tais restrições inclui: toque de recolher; obrigatoriedade do porte de máscaras (até mesmo para as poucas crianças que ainda podiam ter aulas presenciais); controle da temperatura e obrigação de lavar as mãos com álcool para poder ingressar nos lugares de trabalho ou nos comércios; testes PCR e antigênicos para viagens ou até para ingressar nos lugares de trabalho.

Na Itália foi imposto o uso de luvas descartáveis para administrar a Sagrada Comunhão.

Sem dúvida alguma, a medida mais chocante foi a de impor, na Itália e alhures, o uso de luvas descartáveis para administrar a Sagrada Comunhão, assim como a obrigação de recebê-la na mão, contrariando tanto a autonomia da Igreja para regular seu culto quanto os direitos dos fiéis, reconhecidos pela legislação canônica e litúrgica. O mais doloroso é que autoridades católicas se dobraram, sem o menor constrangimento, a essas exigências ou até impuseram restrições mais drásticas que as determinadas pelas autoridades sanitárias.

Outra forma escandalosa de ditadura sanitária foi o fato de suas autoridades imporem, como tratamento primário para os contaminados de Covid-19, um protocolo sumário, consistente em tomar um analgésico/antipirético e ficar aguardando em casa a progressão da doença. Em muitos países, os médicos de família foram proibidos de tratar seus pacientes de Covid-19 com remédios que até então estavam livremente à venda em qualquer farmácia, carentes de efeitos secundários graves, e cuja eficácia contra o Sars-Cov-2 tinha sido documentada em vários estudos publicados em revistas científicas após revisão por seus pares[43].

Prof. Didier Raoult, defensor de um protocolo de intervenção precoce com base na hidroxicloroquina e na azitromicina

Pior ainda, vários médicos foram ameaçados de sanções pelo respectivo Colégio Médico por terem sido fiéis ao seu juramento de Hipócrates, que os obriga a procurar o bem de seus pacientes. O caso mais publicitado foi o do Prof. Didier Raoult — fundador e diretor do Instituto Hospitalar Universitário (IHU) Mediterranée Infection, de Marselha, defensor de um protocolo de intervenção precoce com base na hidroxicloroquina e na azitromicina —, o qual foi vítima de uma denúncia junto à Ordem dos Médicos da França e de uma queixa-crime diante da justiça penal. O surpreendente do caso é que, enquanto lhe eram feitas tais denúncias, seu hospital IHU Mediterranée havia tratado 5.419 pacientes infectados, dos quais apenas 22 haviam falecido, ou seja, uma taxa de 0,4%, enquanto a taxa média de falecimentos nos demais hospitais da região tinha sido mais de cinco vezes superior (2,1%)![44] A Justiça francesa acaba de dar ganho de causa ao Prof. Raoult, no primeiro de três processos que ele iniciou contra seus detratores, mas nenhum jornal ou site de informação comunicou até agora a notícia[45].

O espectro de uma ditadura sanitária chegou, entretanto, ao seu clímax com a campanha de vacinação e as propostas de torná-la obrigatória. Ora, a vacinação importa um risco desnecessário para pessoas nas quais a doença terá um efeito levíssimo ou leve, como é o caso das crianças, dos jovens e dos adultos menores de 70 anos sem comorbidades, assim como para pessoas naturalmente imunizadas, por já terem sofrido a Covid-19.  Tanto mais quanto não é garantido que as vacinas sejam eficazes para prevenir novas variantes do coronavírus (como acontece anualmente com os vírus da gripe estacional) e, acima de tudo, pelo fato de terem sido aprovadas apenas de modo experimental e de urgência, sem respeitar os protocolos habituais, com a circunstância agravante de que algumas dessas vacinas são baseadas num novo método de RNA mensageiro, cujas potenciais consequências genéticas em longo prazo são desconhecidas.

Cumpre recordar que depois da tragédia da Talidomida, responsável por 10 mil casos de defeitos congênitos em bebês, cujo efeito secundário foi percebido somente alguns anos mais tarde, esses protocolos passaram a exigir prazos longos.

Se, mesmo respeitando os protocolos, vigentes o laboratório francês Servier – por causa de seu remédio Mediator, indicado para suprimir a fome grave, mas que causava danos às válvulas cardíacas e hipertensão arterial pulmonar, provocando cerca de duas mil mortes – acaba de ser condenado em última instância por “publicidade enganosa agravada” e “homicídios e feridas involuntárias”, como olharão os futuros clínicos para os precipitados “testes universais” de vacinas anti-Covid e seus eventuais efeitos?

Estão querendo impor um passaporte de vacinação – vetor criado por freepik – br.freepik.com

Cientes de que o artigo 6º da Declaração Universal sobre a Bioética e os Direitos Humanos exige um consentimento livre, prévio e informado dos pacientes para qualquer intervenção preventiva ou terapêutica, os governos têm avançado sub-repticiamente no seu plano.  Impuseram primeiramente a vacinação obrigatória para os funcionários da saúde nos hospitais e nas casas para anciãos, e agora estão querendo impor um “passaporte de vacinação” para as viagens internacionais e até mesmo para as viagens internas, dentro dos próprios países[46]. O método soft da chantagem já está sendo empregado: a presidente da Comissão Europeia aproveitou uma coluna no New York Times para advertir os potenciais turistas norte-americanos de que somente aqueles que já estiverem vacinados poderão viajar à Europa nas próximas férias de verão[47].

Em países como Israel e Dinamarca, esse passaporte sanitário já está sendo exigido para ingressar em restaurantes, cinemas e outros lugares públicos, ou para participar de eventos de qualquer tipo, criando um regime de apartheid entre os vacinados e os não vacinados[48].

Em seu documento do ano passado, o IPCO lamentou a conivência do Papa Francisco e de autoridades eclesiásticas católicas na imposição dos lockdowns e na supressão ou restrição do culto público.

A essa renúncia à sua missão de pastores somou-se mais tarde a conivência na promoção de uma suposta obrigatoriedade moral de se vacinar para proteger os demais, como resulta da entrevista concedida pelo Papa Francisco ao TG5[49] e da declaração conjunta da Academia Pontifícia pela Vida, da Conferência Episcopal italiana e da Associação Italiana de Médicos Católicos[50], assim como da declaração conjunta da primeira com a Comissão vaticana Covid-19[51]. Dita Comissão, que faz parte do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, produziu até um fascículo de propaganda intitulado “Vacinas anti-Covid-19: Kit para os representantes da Igreja”, onde se diz: “Aqui você encontrará informações sobre as vacinas COVID-19, recursos para apoiar a preparação de homilias, frases do Papa Francisco, links para informações úteis, mensagens curtas para sites, boletins paroquiais e outros tipos de mídia. O Guia do Coronavírus para Famílias (COVID-19) foi elaborado para ajudar as comunidades locais a combater a desinformação”[52].

Essa pressão moral sobre a consciência dos fiéis no sentido de uma suposta obrigatoriedade moral de se vacinar é tanto mais desorientadora quanto o Papa Francisco e os organismos supracitados silenciam quase completamente a necessidade de graves motivos que tornem lícito o uso de vacinas “manchadas” pelo emprego de cultivos celulares oriundos de abortos, assim como o dever de manifestar a oposição ao emprego de tais cultivos por parte dos laboratórios[53].

À margem da ditadura sanitária e na medida em que, sob o pretexto de salvaguardar a saúde da população, as liberdades públicas iam sendo restringidas, foi-se aos poucos impondo uma ditadura político-ideológica. Além das restrições à liberdade de ir e vir, essencial numa democracia, houve drásticas restrições à liberdade de manifestar, uma repressão violenta dos protestos e mesmo um monitoramento dos ativistas contrários ao confinamento pelas agências estatais de espionagem[54].

A exemplo dos regimes totalitários do século XX, uma “verdade oficial” foi também imposta em nome da ciência[55], o que é uma contradição nos termos, pois o próprio das ciências experimentais é revisar continuamente seus postulados à luz de novas descobertas, além do fato notório de que a comunidade científica está muito dividida a respeito de vários aspectos da epidemia e da resposta mais apropriada à mesma[56]. Não obstante, a liberdade de opinião foi drasticamente cerceada sob o pretexto de combate às fake news[57], estabelecendo-se um clima de medo até no meio da comunidade científica[58].

O mais grave do caso é que os totalitarismos do passado empregavam a força do aparelho estatal para impor o “pensamento único”, enquanto hoje, sob o pretexto de combate à Covid-19 e da proteção à saúde, são as instituições do setor privado que se encarregam de “cancelar” os opositores da linha oficial[59].

O Youtube chegou ao extremo de eliminar de sua rede vídeos de cientistas reputados e com funções importantes em centros de pesquisa famosos, os quais ocupam altos cargos nada menos que em Oxford, Harvard e Stanford

A plataforma Youtube talvez ganhe o primeiro prêmio no ‘zelo pela ortodoxia’, ao eliminar qualquer vídeo que ponha em dúvida algum dos ‘dogmas’ do novo catecismo sanitário. Baseando-se em seu “regulamento sobre informações médicas incorretas”, ela não permite conteúdo veiculando informações “que contradigam as autoridades de saúde locais ou a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o COVID-19”[60], as quais gozam, aos seus olhos, do carisma da infalibilidade. Em seu “oficialismo” preconceituoso, Youtube chegou ao extremo de eliminar de sua rede vídeos de cientistas reputados e com funções importantes em centros de pesquisa famosos, como foi o caso de uma mesa redonda sobre o uso de máscaras, organizada pelo governador da Flórida e da qual participaram os três redatores da Declaração de Great Barrington, os quais ocupam altos cargos nada menos que em Oxford, Harvard e Stanford[61].

Não raramente, mesmo os cientistas reconhecidos que levantam questões sobre os protocolos farmacêuticos e não farmacêuticos de controle da doença são falsamente acusados de “negacionistas”, ou de impugnar a existência do coronavírus ou do contágio. Os verdadeiros negacionistas são os que nem sequer avaliam os trabalhos científicos e os resultados contrários à versão oficial e que procuram silenciar qualquer pensamento divergente.

Mas isso não é tudo. Nem George Orwell chegou a imaginar, em seu romance 1984,a “cultura da denúncia” promovida por muitos governos, em que a vigilância e o controle dos cidadãos são feitos pelos próprios vizinhos, colegas de trabalho e até familiares, que denunciam os faltosos à polícia[62]. Para facilitá-los em sua ignóbil tarefa, algumas autoridades os municiam de aplicativos digitais que lhes permitem fotografar ou filmar os contraventores com geolocalização automática do lugar onde ocorreu a infração[63].

7. A recessão econômica e os planos de um Grande Reinício

Em abril de 2020, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira previa um calamitoso impacto econômico dos confinamentos e citava em particular o caso da Itália.

Na realidade, a contração da economia mundial, o número de falências de empresas e o aumento do desemprego foram, ao menos por enquanto, bastante inferiores aos originariamente anunciados. Mas isso resultou das ajudas faraônicas outorgadas pelos governos, que não levaram em conta a explosão da dívida pública. Uma situação em extremo precária que pode piorar subitamente, seja pelo prolongamento da recessão, pela explosão de uma bolha financeira, pelo aumento dos juros da dívida, ou simplesmente pela desconfiança dos mercados, fazendo ruir o frágil castelo de cartas da economia atual.

Essa contenção da depressão evitou a explosão de uma revolta social, pois os mais afetados ainda estão recebendo ajuda emergencial e, sobretudo, preocupados com a sobrevivência do dia-a-dia. Mas a situação pode piorar — como reconheceu em recente entrevista ao jornal Clarín de Buenos Aires o já citado Jacques Attali, conselheiro de todos os presidentes franceses, de Mitterrand até Macron: “O que mais me preocupa é o fato de a humanidade ainda não ter compreendido que a crise que se aproxima será muito, muito profunda em termos de recessão, desemprego e miséria”[64].

Onde não foi possível, porém, evitar o impacto social é nos países pobres. Baseado num informe da Organização Internacional do Trabalho, o documento do IPCO previa uma perda global de 6,7% nas horas de trabalho, o equivalente à jornada integral de 195 milhões de trabalhadores, o que significa um número bem maior de desempregados, pois muitos deles trabalham em tempo parcial. A realidade foi bastante pior: 8,8% das horas de trabalho globais foram perdidas, o equivalente a 255 milhões de empregos em tempo integral. Isso resultou em uma queda de 8,3% na renda global do trabalho, compensada em parte pelas ajudas estatais. Mesmo assim, segundo um recente estudo do Banco Mundial[65], em 2020, entre 119 e 124 milhões de pessoas caíram na extrema pobreza ou ficaram impedidas de sair dela por causa da crise global (nas duas últimas décadas, 54 milhões de pessoas tinham saído cada ano da extrema pobreza). O aumento exponencial da miséria nos países pobres acarretou, de fato, o previsto agravamento da fome aguda e das mortes por desnutrição nas áreas mais miseráveis do planeta.

 O que o IPCO não podia prever é que os máximos expoentes do macrocapitalismo globalizado aproveitariam a precariedade da conjuntura econômica e financeira para propor um Grande Reinício (chamado por eles de “Great Reset”) que transforme radicalmente o atual sistema econômico capitalista, baseado na propriedade privada e na livre iniciativa.

Na edição de 2019 do Fórum Econômico Mundial, em Davos, a ativista verde Greta Thunberg tinha aberto a pista na qual os empresários iriam esquiar: “Eu não quero que vocês tenham esperanças, eu quero que vocês entrem em pânico”[66]. Coube ao fundador-presidente do Fórum, o Dr. Klaus Schwab, materializar o desejo da jovem ativista, e o fez declarando: “A pandemia representa uma rara e estreita janela de oportunidade para refletir, reimaginar e redefinir tudo, e criar um futuro mais saudável, mais equitativo e mais próspero”[67]. Palavras aparentemente simpáticas, mas que ocultam a enorme mudança social que está em curso e à qual se deu o nome de “novo normal” e “Great Reset”.

Uma janela de oportunidade que pretendem aproveitar sem demoras e de maneira proativa, como auspicia Jacques Attali, na entrevista ao Clarín: “O que mais me surpreendeu foi que, quase da noite para o dia, mais de 2,5 bilhões de pessoas foram trabalhar de forma remota. Isto mostra que a humanidade, sob pressão, pode mudar muito rapidamente[68].

Ida Auken, ex-ministra do Meio Ambiente da Dinamarca e atual deputada socialdemocrata. Imagem wikipedia

Para que se tenha uma ideia mais precisa de como seria o futuro do mundo após o Grande Reinício sonhado por Thunberg, Schwab & Cia., basta citar algumas passagens de um artigo publicado no site WeForum, uma das plataformas de discussão no seio do Fórum Econômico Mundial. Sua autora, Ida Auken, ex-ministra do Meio Ambiente da Dinamarca e atual deputada socialdemocrata, sob o título “Eis como a vida poderia mudar na minha cidade pelo ano 2030”, começa sublinhando que suas palavras não devem ser tomadas como “um sonho, uma utopia”: “É um cenário mostrando para onde poderíamos estar caminhando”. Trata-se de um futuro ecológico, comunista e robotizado, onde tudo é controlado por câmeras, bem ao estilo chinês:

“Bem-vindo ao ano de 2030. Bem-vindo à minha cidade – ou devo dizer, ‘nossa cidade’. Eu não possuo nada. Eu não tenho carro. Eu não tenho uma casa. Eu não possuo nenhum eletrodoméstico ou nenhuma roupa. Pode parecer estranho para você, mas faz todo o sentido para nós nesta cidade. Tudo o que você considerava um produto, agora se tornou um serviço. Temos acesso a transporte, alojamento, alimentação e tudo o que precisamos em nosso dia a dia. Uma por uma, todas essas coisas se tornaram gratuitas, então para nós acabou não fazendo sentido possuirmos muito. […] Quando a energia limpa se tornou gratuita, as coisas começaram a andar rapidamente. O preço do transporte caiu drasticamente. Não fazia mais sentido para nós ter carros, porque poderíamos chamar um veículo sem motorista ou um carro voador para viagens mais longas em poucos minutos. […] Na nossa cidade não pagamos aluguel, pois outra pessoa está utilizando nosso espaço livre sempre que não necessitamos. Minha sala de estar é usada para reuniões de negócios quando eu não estou lá. […] Compras? Eu realmente não consigo lembrar-me o que é. Para a maioria de nós, isso se transformou na escolha de coisas para usar. Às vezes acho isso divertido e às vezes só quero que o algoritmo faça isso por mim. Ele conhece meu gosto melhor do que eu agora. Quando a I.A. [Inteligência Artificial] e os robôs assumiram grande parte do nosso trabalho, de repente tivemos tempo para comer bem, dormir bem e passar tempo com outras pessoas. […] Por um tempo, tudo se transformou em diversão e as pessoas não queriam se preocupar com questões difíceis. Foi apenas no último minuto que descobrimos como usar todas essas novas tecnologias para propósitos melhores do que apenas matar o tempo. […] De vez em quando, fico irritada com o fato de que não tenho verdadeira privacidade. Em nenhum lugar eu posso ir sem ser filmada. Sei que, em algum lugar, tudo o que faço, penso e sonho fica registrado. Só espero que ninguém use isso contra mim. Em suma, é uma vida boa. Muito melhor do que o caminho que estávamos percorrendo, onde ficou claro que não poderíamos continuar com o mesmo modelo de crescimento”[69].

As forças “progressistas” sonham de fato em impor essa distopia ao mundo inteiro, seguindo o mesmo método do medo induzido com o qual já impuseram a ditadura sanitária. Durante uma reunião de presidentes dos parlamentos dos países do G7, organizada pela Sra. Nancy Pelosi, presidente da Câmara de Representantes nos Estados Unidos, Sir Lindsay Hoyle, atual Speaker da Casa dos Comuns britânica, perguntou: “Se a grande lição da pandemia foi que tomar ações sérias de maneira oportuna é a chave – por que isso não seria verdade em termos de mudança climática?” E acrescentou: “Ninguém poderia imaginar que usaríamos máscaras com tanta facilidade e que também seríamos tão complacentes”[70].

Mariana Mazzucato, professora de Inovação Econômica na Universidade de Londres, prevê que “proteger o futuro da civilização exigirá intervenções dramáticas”, e que “num futuro próximo o mundo poderá precisar recorrer novamentea lockdowns – desta vez para enfrentar uma emergência climática”. Ela acrescenta: “Sob um ‘bloqueio climático’, os governos limitariam o uso de veículos particulares, proibiriam o consumo de carne vermelha e imporiam medidas extremas de economia de energia, enquanto as empresas de combustíveis fósseis teriam que interromper a perfuração”. E, adotando uma postura semelhante à de Klaus Schwab, ela sugere que, “para evitar tal cenário, devemos reformular nossas estruturas econômicas e fazer o capitalismo de maneira diferente”, caminhando para “uma transformação econômica verde”. Para obtê-la, os Estados deveriam condicionar o cumprimento de obrigações sociais e ecológicas estritas à atribuição das enormes ajudas econômicas às empresas beneficiárias. E “como os mercados não liderarão sozinhos uma revolução verde”, isso “exigirá um Estado empreendedor que inove, assuma riscos e invista ao lado do setor privado”[71].

Bem-vindos ao Socialismo do século XXI, que levou a Venezuela à falência e seis milhões de seus cidadãos à emigração…

8. Com o apoio do Papa Francisco, uma República Universal desrespeitosa das soberanias nacionais e gravitando em torno da China

 Em seu documento de um ano atrás, o IPCO alertava para o fato de que os promotores dessa “nova sociedade” apregoavam uma resposta coordenada e global como única solução para a pandemia, o que exigiria um órgão executivo mundial que impusesse, como primeiro passo, uma coordenação fiscal e monetária.

A União Europeia tem sido por várias décadas uma iniciativa pioneira para a erosão gradual das soberanias em benefício de uma entidade supranacional. Seu maior passo nesse sentido foi a criação de uma moeda única administrada pelo Banco Europeu, com a condição de que não houvesse uma mutualização das dívidas dos países-membros, para que os países nórdicos “frugais” não se vissem forçados a pagar os déficit dos países “perdulários” do Sul.

Porém, após os lockdowns e sob o pretexto de evitar a recessão, esse ferrolho caiu e uma mutualização real da dívida pública foi incluída no novo orçamento de sete anos da UE e no instrumento de recuperação temporário chamado Next Generation EU. 750 bilhões de euros de dívida serão emitidos conjuntamente e repassados aos países da UE sob a forma de subvenções e empréstimos, sob a condição de obter a aprovação da Comissão Europeia para o plano nacional de emprego do dinheiro (mais uma limitação à soberania), o qual deve imperativamente priorizar a “transição ecológica” e a “transição digital”. O Instituto Jacques Delors aplaudiu a iniciativa, asseverando: “É uma das mais ambiciosas de uma longa série de propostas para a mutualização da dívida europeia”[72]. Por outro lado, alguns analistas consideraram o fundo Next Generation EU como um verdadeiro “socialismo de guerra” que bloqueia a sociedade, no qual “os Estados dão mais um passo adiante em relação à sociedade civil e são eles próprios parcialmente ultrapassados ​​por uma governança europeia reforçada”[73].

Mas o maior avanço rumo aos “Estados Unidos da Europa” – almejados pela corrente federalista desde o lançamento, em 1923, do Manifesto Pan-europeu do conde Coudenhove-Kalergi – se deu no campo da saúde pública, no sentido de ir gradualmente sugando as competências dos Estados-membros em favor da Comissão Europeia, a qual passou a coordenar uma resposta europeia comum ao surto de coronavírus. No Tratado de Lisboa (2007), a Europa Unida (EU) tinha ganhado competência para complementar de maneira permanente as políticas nacionais através da sua Estratégia de Saúde, assim como para assegurar “a vigilância de ameaças sanitárias transfronteiriças graves” e lutar contra as mesmas.

Agora, a Comissão Europeia aproveitou-se da crise do vírus chinês para impor uma verdadeira mutualização da resposta sanitária por meio de:

  • Negociação e aquisição de equipamento médico, testes, remédios e vacinas, transformando a União Europeia (UE) no principal negociador e comprador (incluindo transações extremamente onerosas de remédios ineficazes para o combate à Covid-19 e com graves efeitos colaterais, como o Redemsivir, do laboratório Gilead);
  • Investimentos diretos da UE para projetos de pesquisa e desenvolvimento de diagnósticos e tratamentos através da Iniciativa de Medicamentos Inovadores;
  • Adoção de regras para a utilização, validação e reconhecimento mútuo entre países membros da UE de testes rápidos de antigênios e de uniformização dos certificados de vacinação para fins médicos;
  • Lançamento do programa “Incubadora HERA”, em colaboração com pesquisadores, empresas de biotecnologia, fabricantes e autoridades públicas, destinado a detectar novas variantes, desenvolver novas vacinas adaptadas e acelerar seu processo de aprovação;
  • Patrocínio, em parceria com a OMS, de reuniões do Conselho de Facilitação de Alto Nível, visando apressar, em escala mundial, o desenvolvimento e a implantação de vacinas, testes e tratamentos, bem como para melhorar os sistemas de saúde;
  • Contribuição financeira ao mecanismo COVAX para garantir acesso equitativo a vacinas, testes, tratamentos e organização de uma campanha de coleta de donativos em favor da Resposta Global ao Coronavírus, que recolheu 15,9 bilhões de euros em favor do mesmo objetivo[74].

Se elevarmos nossas vistas do plano regional europeu para o plano global, verificamos que a Organização Mundial da Saúde não somente teve um papel preponderante em criar o clima de pânico que condicionou as respostas governamentais, como foi adquirindo uma importância crescente na determinação das políticas de combate mundial à epidemia, com prejuízo para a soberania sanitária das nações.

A OMS obteve uma verdadeira governança de fato através das declarações de seus mais altos responsáveis, de seus documentos-guia, das suas plataformas de aprendizado on-line, de seu Plano de Preparação Estratégica e de Resposta, dos seus protocolos de teste e de tratamento, bem como de sua certificação das vacinas e missões conjuntas ou de verificação na China e alhures[75]. Segundo declarou o ministro da Saúde alemão Jens Spahn, ao anunciar a criação em Berlim de um novo centro mundial para a coleta de dados sobre pandemias em parceria com a OMS, a luta contra novos vírus requer um “Global Reset”. “É um fato da natureza que surgirão mais vírus com o potencial de desencadear epidemias ou pandemias” – disse na ocasião Tedros Adhanom Ghebreyesus, chefe da organização[76]. A OMS transformar-se-á destarte numa espécie de Pontifex Maximus de referência na nova “guerra santa”contra as pandemias emergentes.

A OMS e a União Europeia se tornaram, nos respectivos níveis, as executoras pioneiras do sonho formulado por Jacques Attali no artigo de 2009, já citado: “Implantar uma polícia mundial, estoques mundiais e, portanto, uma fiscalização mundial. Chegar-se-ia assim, muito mais rápido do que a mera conveniência econômica permitiria, a deitar as bases de um verdadeiro governo mundial”[77].

Com grande dor e estupor, verificamos que um novo e decisivo apoio à germinação de um governo mundial unificado proveio do Papa Francisco… Não somente por suas contínuas críticas a uma gestão das crises sanitárias respeitosa da soberania dos países e suas declarações no sentido de que a pandemia exigia uma resposta global[78], mas acima de tudo pela publicação de sua controvertida encíclica Fratelli Tutti.

Para o Pontífice, a crise de saúde da covid-19 foi a grande oportunidade para sairmos da “autoproteção egoísta”: “Oxalá já não existam ‘os outros’, mas apenas um ‘nós’”, para que “a humanidade renasça com todos os rostos, todas as mãos e todas as vozes, livre das fronteiras que criamos” (Fratelli Tutti nº 35), pois “a verdadeira qualidade dos diferentes países do mundo mede-se por esta capacidade de pensar não só como país, mas também como família humana” (FT nº 141).

Segundo Francisco, é preciso “pensar e gerar um mundo aberto” (é o título do capítulo 3º da encíclica), onde vigorem “direitos sem fronteiras” (é o subtítulo de uma seção), pois “ninguém pode ser excluído” e “os confins e as fronteiras dos Estados não podem impedir que isto se cumpra” (FT nº 121). Mas, “para se tornar possível o desenvolvimento de uma comunidade mundial capaz de realizar a fraternidade a partir de povos e nações que vivam a amizade social” (FT nº 154), é necessário “fazer crescer não só uma espiritualidade da fraternidade, mas também e ao mesmo tempo uma organização mundial mais eficiente” (FT nº 165).

Papa Francisco. Imagem: pixabay.com

Neste contexto, torna-se indispensável – continua o Papa – “a maturação de instituições internacionais mais fortes e eficazmente organizadas, com autoridades designadas de maneira imparcial por meio de acordos entre governos nacionais e dotadas de poder de sancionar”. Uma “autoridade mundial” que não reside numa pessoa, mas em instituições “dotadas de autoridade para assegurar o bem comum mundial” (FT nº 172) [79].

Essa autoridade mundial desejada pelo Papa Francisco não parece estar longe do sonho iluminista de uma República Universal incubada nas lojas maçônicas já antes da Revolução Francesa. Não surpreende, portanto, que a Grande Loja da Espanha tenha publicado a seguinte declaração: “A última encíclica do Papa Francisco demonstra quão distante está a atual Igreja Católica de suas antigas posições. Em ‘Fratelli tutti’, o Papa abraça a Fraternidade Universal, o grande princípio da Maçonaria moderna”[80].

Nessa grande fraternidade universal, porém, a China pretende assumir o papel de Grande Irmão. Apesar de ela ter sido o foco do início da praga e, de maneira irresponsável, não ter avisado os demais países do que estava acontecendo, passou a ser considerada como um modelo a ser imitado, pela suposta eficácia de suas drásticas medidas de contenção[81]. Mais adiante, pelo envio massivo de máscaras e aparelhos de respiração a grande número de países, os líderes comunistas chineses granjearam a simpatia das populações crédulas de seu suposto desprendimento, enquanto as demais nações disputavam entre si esses materiais e levantavam barreiras protecionistas[82].

Um dos fatores que mais contribuiu para essa mudança de atitude foi a recusa da mídia e dos líderes políticos em chamar o Sars-Cov-2 de “vírus chinês”, enquanto – sem nenhum escrúpulo de incitação ao racismo – enchiam suas colunas e discursos com referências às variantes inglesa, brasileira, indiana ou sul-africana.

Uma sondagem da companhia SWG, feita na Itália logo após o país ter sido afetado pelo coronavírus e socorrido pelos chineses, mostrou que nessa conjuntura o ex-Império Celestial ficou em primeiro lugar no pódio dos países “amigos”, com o voto de 52% dos sondados, seguido da Rússia com 32%, enquanto os EUA ficaram em terceiro lugar com o voto de apenas 17% dos entrevistados. Em sentido contrário, nesse início de pandemia, os vizinhos europeus foram considerados “hostis” (Alemanha 45%, França 38% e Reino Unido 17%)[83].

Pesquisa realizada em janeiro passado – quase um ano depois – por Datapraxis e YouGov junto a 15 mil entrevistados em 11 países europeus, mostrou que 59% deles consideram que dentro de dez anos a China será uma potência mais forte que os Estados Unidos. As taxas mais altas corresponderam aos países do Sul: espanhóis (79%), italianos e portugueses (72%) e franceses (62%). Resultado dessa percepção geopolítica: 60% dos consultados acham que em caso de uma desavença entre os Estados Unidos e a China seu país deve ficar neutro; os demais se dividiram entre os que acham que deve acompanhar os Estados Unidos (22%), os que acham que deve seguir a China (6%) e os que não sabem responder (12%); os mais favoráveis à neutralidade são os húngaros (68%), os portugueses (67%) e os alemães (66%)[84].

A persistência do engano de amplos setores da população ocidental em relação à China comunista não deve surpreender. Ele resulta não apenas da propaganda chinesa, mas também da atitude complacente dos governos e dos empresariados do Ocidente, para os quais o mercado chinês é sua tábua de salvação para sair da recessão, além de acreditarem ingenuamente numa democratização futura daquele país. Isso não impede, porém, que setores cada vez maiores da opinião pública vejam com desconfiança crescente as verdadeiras intenções dos herdeiros de Mao, manifesta na perseguição aos opositores internos e no neocolonialismo da política exterior.

A atual disputa mundial pelas vacinas está servindo de ocasião para o reforço desse soft power chinês, especialmente nos países menos desenvolvidos, através de doações e parcerias comerciais[85]. Em artigo para o Financial Times intitulado “O Ocidente deve prestar atenção na diplomacia de vacinas da Rússia e da China”, Moritz Rudolf, do Instituto Alemão para Assuntos Internacionais e de Segurança, declarou: “A saúde era um dos muitos subtópicos da iniciativa Belt & Road [a assim chamada “nova rota da seda”, a maior iniciativa geopolítica da China neste século]. Com a pandemia, ela se tornou o foco principal”[86].

A América Latina é particularmente visada pela diplomacia chinesa e, segundo o jornal People’s Daily, órgão oficial do Partido Comunista Chinês, “sob o pano de fundo especial da epidemia, o presidente Xi Jinping manteve estreito contato e comunicação com líderes de muitos países latino-americanos, incluindo Brasil, Argentina, Cuba, México, Chile e Venezuela, entre outros, o que consolidou as bases para o desenvolvimento das relações entre a China e a América Latina sob a nova situação e iluminou o caminho para as relações futuras”[87].

A referência de Xi Jinping aos líderes do Brasil não visa obviamente o Presidente Jair Bolsonaro – que tem manifestado severas restrições à agenda ideológica do Partido Comunista Chinês –, mas alguns governadores, como o do Estado de São Paulo, que entraram diretamente em contato com as autoridades chinesas.

Se no começo da epidemia as autoridades chinesas foram vistas pela população da região como responsáveis pelas dificuldades por que estavam passando, depois da ampla distribuição de vacinas chinesas a imagem pública da China melhorou aos olhos de parte dos latino-americanos [88]. Essa mudança de atitude tem feito com que alguns governos invertam sua posição em face dos voluminosos investimentos chineses na região e, acima de tudo, levantem as barreiras para a participação da controvertida firma Huawei nos leilões de rede 5G dos respectivos países, apesar dos riscos para a segurança dos dados trafegados pela rede e de espionagem[89].

No confronto com os Estados Unidos, a China se apresenta nos foros internacionais como uma vítima da hegemonia norte-americana e grande defensora de um mundo “multipolar” baseado na primazia de organizações internacionais, como a Organização Mundial da Saúde e as Nações Unidas, vistas como eixo da almejada Nova Ordem Mundial [90].

Em discurso proferido no dia 20 de abril último no Boao Forum for Asia Annual Conference 2021 – uma espécie de “Davos chinês” –, o presidente Xi Jinping declarou que é preciso “derrotar a pandemia por meio da solidariedade, fortalecer a governança global e continuar buscando uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade”, para o que é necessário “salvaguardar o sistema internacional centrado na ONU”. Precisamos – acrescentou – desenvolver “plenamente o papel-chave da Organização Mundial da Saúde (OMS)”, tomando medidas abrangentes “para melhorar a governança global na segurança da saúde pública” e assim criar “uma comunidade global de saúde para todos”.

Após recordar aos participantes que “o ano de 2021 marca o centenário do Partido Comunista da China”, Xi Jinping afirmou que seu país “continuará realizando a cooperação anti-Covid com a OMS e outros países, honrará seu compromisso de tornar as vacinas um bem público global e fará mais para ajudar os países em desenvolvimento a derrotar o vírus”[91].

Importa ressaltar o emprego contínuo, pela propaganda chinesa e por outros, de “palavras-talismãs” (“multipolar”, “solidariedade”, “governança global”, “futuro compartilhado” etc.), as quais tomam um sentido diverso e são usadas para favorecer uma baldeação ideológica do público para a aceitação submissa de uma autoridade supranacional desrespeitosa da soberania de cada país. Essa agenda ganhou um novo aliado na pessoa do Presidente Joe Biden, que se manifestou favorável à quebra das patentes das vacinas[92] e prometeu fortalecer a OMS[93].

Essa visão “multipolar” coincide em muitos pontos com a vontade do Papa Francisco de contribuir para a construção de sua sonhada “globalização poliédrica”[94], a qual veria o fim da “ordem atlântica” – vigente desde o fim da Segunda Guerra Mundial e onde ainda vigorava certa primazia dos restos da civilização ocidental e cristã. Essa convicção do pontífice argentino de que o século XXI será o século da Ásia pela transferência para o Extremo Oriente do polo de avanço da humanidade, é um dos motivos que explica a reciclagem da Ostpolitik e a aproximação do Vaticano com a China, que culminou na assinatura de um acordo sobre a nomeação de bispos.

Essa atração pelo extremo-oriental transparece até em suas nomeações cardinalícias, com a outorga, nos sete consistórios de seu pontificado, de treze capelos a prelados da região asiática. Tal atração é igualmente notória na encíclica Fratelli Tutti – como analisa com perspicácia Piero Schiavazzi em artigo para o Huffington Post, ao se referir a “uma verdadeira traslatio imperii” que o Pontífice “não apenas secundou, mas antecipou, pigmentando de púrpura e colocando o barrete, ou, se quisermos, o ‘capelo’, nos futuros equilíbrios planetários”. Segundo o analista, “o ‘pivô para a Ásia’ de Francisco […] consiste na conversão para o Leste do eixo preferencial da política externa. […] Um ‘livrinho vermelho’, que se apresenta como vacina e antídoto para o vírus mutante do individualismo e do mercantilismo exasperado, nos novos cenários do mundo de tração – e atração – do Oriente”[95].

A consequência prática do acordo China-Vaticano é que a hierarquia católica oficial, submissa ao governo, não somente ficou sob as garras das autoridades da China, como também passou a contribuir na glorificação do Partido Comunista Chinês, em preparativos para celebrar seu primeiro centenário no próximo mês de julho. Dom Ma Yinglin – presidente da Conferência episcopal (da chamada Igreja Patriótica) e um dos bispos cuja excomunhão foi suspensa pelo Papa Francisco em decorrência do acordo –, sublinhou num simpósio em Pequim que “sem o Partido Comunista não haveria Nova China, nem um socialismo com características chinesas e nenhuma vida feliz para nós hoje”. Por isso, “a comunidade católica na China deve responder ativamente à iniciativa de amar o Partido, amar a pátria, amar o socialismo, apoiar firmemente a liderança do Partido Comunista da China, apoiar o sistema socialista com características chinesas, seguir firmemente o caminho do patriotismo e do amor, e adaptar-se ativamente à sociedade socialista”[96].

Obviamente esse discurso pró-comunista e a submissão às imposições ditatoriais do regime são rejeitados pelos Bispos, padres e fiéis da heroica Igreja clandestina, que não aceitam a posição cismática do clero registrado na Igreja Patriótica, reconhecida pelas autoridades.

Em resumo, o Grande Reinício pós-pandemia tem boas chances de acabar, afinal de contas, no declínio do Ocidente, em particular dos Estados Unidos, e na extensão ao mundo inteiro desse modelo chinês: uma ditadura centralizadora digital inspirada em Mao Tsé-Tung e com as bênçãos do Papa Francisco…

9. “Digitus Dei est hic” (Ex 8, 15)
[97]

Esta exaustiva atualização da tese do IPCO, de que por ocasião da epidemia de Covid-19 presenciamos “a maior manobra de engenharia social e de baldeação ideológica da História”, poderia levar algum leitor a imaginar que consideramos a atual conjuntura exclusivamente como a execução de um plano meramente humano. Contudo, tal percepção seria enganosa.

É claro que todos os dados fornecidos acima demonstram à saciedade que por trás da ditadura sanitária e da marcha rumo a uma República Universal há um discreto grupo de pressão que dispõe de muitíssima influência junto às mais altas autoridades internacionais e nacionais e – quão triste é dizê-lo! – também junto às autoridades religiosas.

Pouco importa saber se o Sars-Cov-19 foi deliberadamente preparado como arma de guerra biológica em um laboratório altamente especializado de Wuhan, se escapou involuntariamente ou se foi o resultado de uma mutação natural em algum animal que depois o passou para os seres humanos[98]. O que realmente importa para o futuro da humanidade é que sua aparição abriu a janela de oportunidade espreitada por aqueles que sonhavam com um Grande Reinício. A parcela do homem na dramática situação em que vive o mundo é, portanto, inegável, ainda que ele não tenha sido o responsável pelo evento que serviu de ocasião para criá-la.

Um olhar católico deve, porém, elevar-se por cima das realidades naturais e humanas até as realidades superiores e perguntar em que medida e de que forma essa mudança de situação interfere na grande batalha que se desenrola ao longo da História no mundo sobrenatural. Ou seja, a batalha entre Deus e Satanás, entre a Cidade de Deus e a Cidade do Homem, para empregarmos a comparação de Santo Agostinho.

Essa visão da realidade – que não prescinde da Fé para analisar os dados concretos da vida humana – não poderia deixar de analisar o fato, dificilmente explicável por circunstâncias puramente naturais, de que, ao ordenar os países pela taxa de falecimentos por milhão de habitantes, aparece algo surpreendente: dos 81 países cuja taxa está acima da média mundial, 65 deles (80%) são de tradição cristã, sendo que os primeiros 48 são todos países cristãos, das três Américas, do Caribe e da Europa[99].

Paralelamente, a suspensão, por vários meses, das missas públicas em quase todos os países ocidentais – com a triste cumplicidade de muitas autoridades eclesiásticas, mais preocupadas em alimentar e cuidar do corpo do que em alimentar e cuidar da alma –, deixou órfãos inúmeros fiéis, muitos dos quais morreram sem acesso aos sacramentos. A situação é tanto mais grave quando se verifica que o aumento das restrições ocorreu exatamente na época das festas litúrgicas mais importantes, como a Páscoa e o Natal.

Como ensina o Catecismo da Igreja Católica, “o Mal não é uma abstração, mas designa uma pessoa, Satanás, o Maligno, o anjo que se opõe a Deus. O ‘Diabo’ (‘dia-bolos’) é aquele que ‘se atravessa’ no desígnio de Deus e na sua ‘obra de salvação’ realizada em Cristo” (n°2851). No Padre-Nosso, “ao pedirmos para sermos libertados do Maligno, pedimos igualmente para sermos livres de todos os males, presentes, passados e futuros, dos quais ele é autor ou instigador” (n°2854). Esses males são principalmente espirituais, mas também podem ser físicos, incluindo doenças, como se observa na vida de Jesus, em alguns relatos das Escrituras (particularmente no Livro de Jó) e nos relatos dos exorcistas. Sendo anjos caídos, os demônios têm de fato poder sobre a matéria. Nada impede, portanto, que eles tenham participado, por permissão divina, no surto ou na difusão do Sars-Cov-19.

Do ponto de vista do mal espiritual promovido pelos demônios, o documento do IPCO sustentava que, sem uma infestação preternatural coletiva, dificilmente se explicariam a extrema passividade da opinião pública diante das graves limitações à sua liberdade e das violações da ordem democrática, bem como sua disponibilidade de se deixar baldear ideologicamente. Pior ainda, a grande maioria da população mostrava-se simpática em relação aos seus captores, como se fosse vítima da “síndrome de Estocolmo”[100].

Apesar dos protestos que mobilizaram milhares de pessoas em muitos países, as enquetes de opinião de reputadas companhias de sondagem continuam a mostrar uma grande aceitação da maioria da população às decisões dos governos e até mesmo aos planos de impor controles ainda mais estritos e invasivos.

Por exemplo, em relação aos recentes 12 meses desde o primeiro lockdown no Reino Unido, uma sondagem da Ipsos em colaboração com o King’s College de Londres mostrou que “um terço do público (32%) afirma que para eles pessoalmente o ano passado foi semelhante ou melhor do que a média [dos anos anteriores], enquanto a maioria (54%) afirma que vão ter saudades de pelo menos alguns aspectos das restrições da Covid-19 e um em cinco (21%) diz que suas finanças estão melhores do que estariam se a pandemia não tivesse acontecido”. O paradoxo é que uma boa parte reconhece que “a pandemia vai piorar sua saúde mental” (43%) e que “foi pior do que o esperado para o país como um todo” (57%)[101].

Outra sondagem da Ipsos – desta vez para o Fórum Econômico Mundial – descobriu que, em média, “cerca de três em cada quatro adultos em 28 países concordam que os passaportes da vacina COVID-19 devem ser exigidos dos viajantes para entrar em seu país, e que eles seriam eficazes para fazer viagens e grandes eventos seguros”. E “cerca de dois em cada três dizem que [eles] deveriam ser exigidos para ter acesso a grandes locais públicos, e um número igual deles esperam que sejam amplamente utilizados em seu país”. A aprovação cai para a metade dos 21 mil entrevistados apenas em se tratando do acesso a lojas, restaurantes e escritórios[102].

Seja qual for a preponderância do fator medo das populações, o qual as leva a aceitar limitações que normalmente não aceitariam, não é possível desdenhar a presença de um fator preternatural nessa surpreendente passividade da maioria.

Qualquer que seja o balanço entre os elementos humanos e preternaturais na criação da atual conjuntura e na atitude enigmática de grande parte das autoridades e boa parte da população, um católico não pode negar que tudo isso tenha sido permitido por Deus, que habitualmente governa a História por meio das causas segundas, ou seja, pela ação de suas criaturas, as quais podem ser os vírus, os demônios, os homens, ou os três simultaneamente.

Assim sendo, se a origem da epidemia tiver sido puramente natural, tratar-se-ia manifestamente de um grande castigo para a humanidade iniciado pelo próprio Deus,      que poderia intensificá-lo por meio de novas variantes do vírus e pelo caos sanitário, econômico e social que novas ondas da pandemia trariam em seu bojo.

Se, de outro lado, a epidemia – pouco importa se natural ou artificial – tiver sido meticulosamente aproveitada para produzir o “novo normal” ditatorial para o qual o mundo parece encaminhar-se, isso também poderia ser um meio utilizado por Deus para infligir um grande castigo à humanidade, por ter consentido em tornar-se escrava por medo de morrer.

Nessa perspectiva, castigo divino e ação preternatural e humana não se excluem.

Em Fátima, Nossa Senhora explicou aos pastorzinhos que a Grande Guerra, ainda em curso em 1917, era um castigo pelos pecados dos homens. Mas esse castigo da sociedade brilhante e corrupta da Belle Époque veio pela mão de homens que tinham planos definidos, cuja execução acarretou o massacre da flor da juventude, a queda das monarquias nos Impérios centrais, a perda de influência política e cultural da Europa e a ascensão do modelo liberal-igualitário publicitado por Hollywood, e – acima de tudo – a ascensão do comunismo na Rússia e a criação da Sociedade das Nações, predecessora da ONU.

Portanto, os castigos de Deus podem vir pela mão das tramas iníquas dos homens.

Uma reflexão similar pode ser feita no que concerne um aspecto particularmente doloroso da conjuntura atual: o escancarar-se da crise interna na Santa Igreja, na qual também se podem ver a mão do homem, as garras do demônio e o “dedo de Deus” (Ex 8,15) castigando as infidelidades.

A docilidade da imensa maioria dos pastores diante das imposições arbitrárias e ilegais das autoridades; sua conformidade em suspender os atos de culto divino e as grandes festas e em impedir ou limitar o acesso dos fiéis às igrejas; sua pressa em favorecer cerimônias penitenciais gerais, sem confissão individual dos pecados, e em proibir a forma reverente de receber a Sagrada Comunhão, de joelhos e na língua; sua malevolência em relação a sacerdotes zelosos que contornavam regras absurdas para administrar os sacramentos; seu prurido em defender tais medidas e as autoridades civis que as impuseram; e, finalmente, seu esforço para convencer os fiéis a se vacinarem, apesar de não haver motivos proporcionalmente graves para fazê-lo, tudo isso tornou público e notório que esses prelados substituíram a fé no sobrenatural por uma adesão incondicional ao “medicamente correto” e o zelo pastoral pela submissão ao mundo e aos seus caprichos do momento.

Mas como não ver que com essa atitude os prelados deixavam entrar às golfadas, pelas fissuras das portas e das janelas das igrejas fechadas, a “fumaça de Satanás” modernista que há tantas décadas polui o interior dos ambientes católicos.

Nesse patentear-se aos olhos de todos – até dos fiéis mais simples – do processo de autodemolição da Igreja Católica, é possível discernir com olhos sobrenaturais o dedo de Deus. A atitude de grande parte da Hierarquia permitiu que por desígnio divino se desvelasse aos olhos dos pequeninos a decadência de grande parte do clero, sobre a qual Nossa Senhora chorou na aparição de La Salette.

Mais uma vez se pode dizer que os castigos de Deus vêm por vezes através das tramas iníquas dos homens.

10. Pela ação do Espírito Santo, uma parcela ponderável da Opinião Pública se articula e começa a quebrar o cerco do silêncio

O manifesto do IPCO analisou prioritariamente a aceitação majoritária da manobra de engenharia social e de baldeação ideológica da qual a população mundial estava sendo vítima. Efetivamente, em abril do ano passado, bem no começo do longo lockdown, ainda não havia reações. Mas esta atualização não seria completa se não mencionasse as que surgiram depois em inúmeros países.

Elas provieram de circunstâncias inteiramente explicáveis, como a recuperação do bom senso após a diminuição do medo, o cansaço com as medidas restritivas, o descalabro econômico para muitas pessoas e para setores inteiros da economia, a desconfiança diante das tergiversações dos Governos e da unilateralidade da mídia etc.

No Reino Unido, na França, na Alemanha, na Áustria, na Finlândia, na Sérvia, na Romênia[103]… Em pelo menos 42 países, no dia 20 de março último, milhares de pessoas saíram às ruas contra as medidas anti-Covid, particularmente contra os lockdowns[104].

Príncipe Dom Bertrand discursa em manifestação na Av. Paulista, no último 1º de maio

No Brasil, no último 1º. de maio –  data utilizada tradicionalmente pelos sindicatos de esquerda para marcar o “dia do “trabalho” –, o País foi surpreendido por grandes manifestações que, vencendo o medo do contágio, reuniram centenas de milhares de pessoas contra as medidas restritivas. De forma pacífica e ordeira, repetiam as frases que marcaram as grandes manifestações pelo impeachment da ex-presidente esquerdista Dilma Roussef, ocorridas em 2016: “Nossa bandeira jamais será vermelha!”; “Não queremos o comunismo!” [105].

Ao mesmo tempo, sente-se o sopro do Espírito Santo. Jovens privados de missas e impedidos de rezar nas igrejas se aproximam da Igreja tradicional e buscam a Missa em latim[106]. A vontade de conhecer e defender esse passado marcado pela Civilização Cristã exerce neles uma atração que se manifesta em suas participações nos debates das redes sociais e na formação de grupos de discussão sobre temas religiosos.

A evocação do passado cristão do Ocidente – época histórica odiada pela esquerda, menosprezada pelo clero dito “progressista”, atacada sistematicamente pela imprensa e pelo mundo académico – renasce inesperadamente, não como mero saudosismo romântico e ineficaz, mas como inspiração para a luta em vista de sua restauração. À diferença das gerações anteriores – que no dizer de Plinio Corrêa de Oliveira “eram amigas de Deus, mas não inimigas dos inimigos de Deus”[107] –, os jovens católicos de hoje querem militar numa cruzada pelos princípios cristãos, por se declararem abertamente inimigos dos inimigos de Deus.

E isso se passa em todo o mundo. Na França, em pleno lockdown, centenas de jovens rezaram publicamente diante das igrejas fechadas em diversas cidades exigindo o retorno das missas[108], obtendo a revogação de uma medida discriminatória[109]. Nos Estados Unidos, enquanto a participação nas missas em inglês diminui, as missas em latim crescem de público[110]. Tal fato é muito mais revelador da extenuação da atual era histórica de pós-modernidade e do retorno de Deus na História, do que eventuais análises político-partidárias.

11. Conversão, fidelidade e resistência: marco derradeiro para um grande ressurgimento

Analisada a realidade atual a partir dessa perspectiva sobrenatural, torna-se evidente que a atitude dos católicos diante dela deve formar um tríptico: a) conversão e penitência, conforme os pedidos feitos por Nossa Senhora em Fatima; b) fidelidade absoluta aos ensinamentos tradicionais do Magistério e às práticas litúrgicas e pastorais imemoriais da Santa Igreja; e c) resistência inabalável ao plano humano-satânico de construção de uma nova ordem mundial anticristã.

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

A fim de incentivar os leitores a essa tríplice atitude, transcrevemos alguns trechos de um artigo publicado por Plinio Corrêa de Oliveira em fevereiro de 1958, por ocasião do centenário da primeira aparição de Nossa Senhora em Lourdes, o qual parece ter sido profeticamente escrito para os nossos conturbados dias. Eis o que, sob o título “Primeiro marco para um ressurgimento contra-revolucionário”, escreveu o grande pensador cujo nome o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira se honra de ostentar.

“Mas, poder-se-ia perguntar, o que resultou daí [do dogma da Imaculada Conceição, ratificado pela aparição] para a luta da Igreja com seus adversários externos? Não se diria que o inimigo está mais forte do que nunca, e que nos aproximamos daquela era, sonhada pelos iluministas há tantos séculos, de naturalismo científico cru e integral, dominado pela técnica materialista; da república universal ferozmente igualitária, de inspiração mais ou menos filantrópica e humanitária, de cujo ambiente sejam varridos todos os resquícios de uma religião sobrenatural? Não está aí o comunismo, não está aí o perigoso deslizar da própria sociedade ocidental, pretensamente anticomunista, mas que no fundo também caminha para a realização deste ‘ideal’?

Artigo “Primeiro marco para um ressurgimento contra-revolucionário”, publicado no jornal Catolicismo

“Sim. E a proximidade deste perigo é até maior do que geralmente se pensa. Mas ninguém atenta para um fato de importância primordial. É que enquanto o mundo vai sendo modelado para a realização deste sinistro desígnio, um profundo, um imenso, um indescritível mal-estar se vai apoderando dele. É um mal-estar muitas vezes inconsciente, que se apresenta vago e indefinido até mesmo quando é consciente, mas que ninguém ousaria contestar. Dir-se-ia que a humanidade inteira sofre violência, que está sendo posta em uma forma que não convém à sua natureza, e que todas as suas fibras sadias se contorcem e resistem. Há um anseio imenso por outra coisa, que ainda não se sabe qual é. Mas, enfim, fato talvez novo desde que começou, no século XV, o declínio da civilização cristã, o mundo inteiro geme nas trevas e na dor, precisamente como o filho pródigo quando chegou ao último da vergonha e da miséria, longe do lar paterno. No próprio momento em que a iniqüidade parece triunfar, há algo de frustrado em sua aparente vitória.

“A experiência nos mostra que é de descontentamentos assim que nascem as grandes surpresas da História. À medida que a contorção se acentuar, acentuar-se-á o mal-estar. Quem poderá dizer que magníficos sobressaltos daí podem provir?

“No extremo do pecado e da dor, está muitas vezes, para o pecador, a hora da misericórdia divina…

“Ora, este sadio e promissor mal-estar é, a meu ver, um fruto da ressurreição da fibra católica com os grandes acontecimentos que acima enumerei, ressurreição esta que repercutiu favoravelmente sobre o que havia de restos de vida e de sanidade em todas as áreas de cultura do mundo. […]

“O futuro, só Deus o conhece. A nós, homens, é lícito entretanto conjeturá-lo segundo as regras da verossimilhança.

 “Estamos vivendo uma terrível hora de castigos. Mas esta hora também pode ser uma admirável hora de misericórdia. A condição para isto é que olhemos para Maria, a Estrela do Mar, que nos guia em meio às tempestades. […]

“Em Fátima, Nossa Senhora delineou perfeitamente, em suas aparições, a alternativa. Ou nos convertemos, ou um tremendo castigo virá. Mas, no fim, o Reinado do Imaculado Coração se estabelecerá no mundo.

“Em outros termos, de qualquer maneira, com mais ou com menos sofrimentos para os homens, o Coração de Maria triunfará.

“O que quer dizer, afinal, que de acordo com a Mensagem de Fátima, os dias do domínio da impiedade estão contados. A definição do dogma da Imaculada Conceição marcou o início de uma sucessão de fatos que conduzirá ao Reinado de Maria”[111].

13 de maio de 2021
Festa da Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo
Aniversário da 1º. aparição de Nossa Senhora em Fátima


[1] https://twitter.com/WHO/status/1234870438926278659 & https://www.reuters.com/article/us-coronavirus-health-who-idUSKBN20Q2G6

[2] https://www.imperial.ac.uk/media/imperial-college/medicine/sph/ide/gida-fellowships/Imperial-College-COVID19-NPI-modelling-16-03-2020.pdf

[3] https://www.cnbc.com/2020/03/26/coronavirus-may-be-deadlier-than-1918-flu-heres-how-it-stacks-up-to-other-pandemics.html

[4] https://www.who.int/bulletin/online_first/BLT.20.265892.pdf

[5] https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/eci.13554

[6] É isso que explica o fato de que, apesar do estudo do IPCO ter sugerido uma taxa de mortalidade ligeiramente superior à realidade, tenha previsto, no caso específico da Itália, um número de falecimentos 58% inferior à realidade (74.159 mortes, em vez dos 47 mil previstos). De qualquer maneira, essa subestimação das vítimas esteve bem menos afastada da realidade do que as superestimações mais moderadas da mídia que erraram em mais de 500% (400-450 mil).

[7] https://imprimis.hillsdale.edu/sensible-compassionate-anti-covid-strategy/

[8] https://gbdeclaration.org/

[9] https://friedavizel.com/2021/01/28/1-year-review-hasidim-had-similar-covid-outcomes-despite-opening/

[10] https://www.nytimes.com/2020/04/21/nyregion/coronavirus-jews-hasidic-ny.html

[11] https://eu.azcentral.com/story/news/local/arizona-health/2021/04/18/arizona-covid-19-update-711-new-cases-2-new-deaths/7277181002/

[12] https://www.nytimes.com/interactive/2020/nyregion/new-york-city-coronavirus-cases.html

[13] https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/eci.13484

[14] https://jimmyalfonsolicon.substack.com/p/the-high-costs-of-lockdowns-an-interview

[15] https://www.bbc.com/portuguese/geral-53204453

[16] https://doi.apa.org/fulltext/2020-59192-001.html

[17] https://voxeu.org/article/coronavirus-panic-fuels-surge-cash-demand

[18] https://voxeu.org/article/spending-dynamics-and-panic-buying-during-covid-19-first-wave

[19] https://www.telegraph.co.uk/family/life/long-city-lockdown-created-wave-panic-movers/

[20] https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7532737/

[21] https://www.nationalgeographic.com/history/article/why-we-evolved-to-feel-panic-anxiety

[22] https://www.welt.de/politik/deutschland/plus225868061/Corona-Politik-Wie-das-Innenministerium-Wissenschaftler-einspannte.html

[23] https://assets.publishing.service.gov.uk/government/uploads/system/uploads/attachment_data/file/882722/25-options-for-increasing-adherence-to-social-distancing-measures-22032020.pdf

[24] https://www.dailymail.co.uk/news/article-8300139/Expert-Britons-terrorised-governments-tough-coronavirus-message.html

[25] http://www.gallimard.fr/Catalogue/GALLIMARD/NRF-Essais/Tempetes-microbiennes

[26] https://www.pliniocorreadeoliveira.info/Dialogo_integral.htm#.YIvRBppR02w

[27] https://wwwnc.cdc.gov/eid/article/5/4/99-0401_article

[28] https://stacks.cdc.gov/view/cdc/14868

[29] https://en.wikipedia.org/wiki/Johns_Hopkins_Center_for_Health_Security

[30] https://www.nature.com/articles/d41586-020-02277-6

[31] https://www.nature.com/articles/d41586-020-02020-1

[32] https://www.who.int/influenza/resources/documents/pandemic_guidance_04_2009/en/

[33] http://assembly.coe.int/committeedocs/2010/20100604_h1n1pandemic_f.pdf

[34] https://assembly.coe.int/nw/xml/XRef/Xref-XML2HTML-FR.asp?fileid=17889&lang=FR

[35] Op. cit.

[36] https://www.nature.com/articles/s41390-020-01174-y

[37] Ibid.

[38] https://lordslibrary.parliament.uk/lockdown-1-0-and-the-pandemic-one-year-on-what-do-we-know-about-the-impacts/

[39] Ibid.

[40] https://www.thelancet.com/journals/landig/article/PIIS2589-7500(21)00017-0/fulltext

[41] https://www.thetimes.co.uk/article/deaths-at-home-rise-by-a-third-as-patients-avoid-hospital-v9k3zwgqp

[42] https://www.rcpsych.ac.uk/news-and-features/latest-news/detail/2021/04/08/country-in-the-grip-of-a-mental-health-crisis-with-children-worst-affected-new-analysis-finds

[43] https://covid19criticalcare.com/wp-content/uploads/2020/11/FLCCC-Ivermectin-in-the-prophylaxis-and-treatment-of-COVID-19.pdf

[44] https://www.mediterranee-infection.com/wp-content/uploads/2020/09/Rapport-Prof-Didier-Raoult.pdf

[45] https://www.entreprendre.fr/le-professeur-didier-raoult-porte-plainte-contre-ses-diffamateurs-et-obtient-gain-de-cause/

[46] https://www.ouest-france.fr/economie/transports/avion/covid-19-le-pass-sanitaire-teste-sur-les-vols-vers-la-corse-avant-sa-generalisation-cet-ete-da7c819c-a755-11eb-bac8-769827b2d6b4

[47] https://elpais.com/internacional/2021-04-25/la-union-europea-recomendara-permitir-la-entrada-de-los-estadounidenses-vacunados.html

[48] https://www.lejdd.fr/International/covid-19-le-pass-sanitaire-se-deploie-dans-le-monde-mais-suscite-la-controverse-4041605

[49] https://www.repubblica.it/vaticano/2021/01/09/news/la_violenza_non_e_mai_accettabile-281820545/

[50] https://www.agensir.it/quotidiano/2017/7/31/vaccini-pont-acc-vita-cei-amci-obbligo-morale-di-garantire-la-copertura-necessaria-per-la-sicurezza-altrui/

[51] https://press.vatican.va/content/salastampa/en/bollettino/pubblico/2020/12/29/201229c.html

[52] https://lanuovabq.it/storage/docs/it-resource-kit-covid-19-1.pdf

[53] https://edwardpentin.co.uk/what-concrete-steps-is-the-vatican-taking-to-help-campaigns-against-abortion-tainted-vaccines/ & https://www.crisismagazine.com/2021/abortion-tainted-vaccines-from-objection-to-obligation?mc_cid=366946c635&mc_eid=4ea668634b

[54] https://www.reuters.com/article/us-health-coronavirus-germany-security/german-spies-monitor-anti-lockdown-activists-for-suspected-sedition-idUSKBN2CF1D0

[55] https://blogs.lse.ac.uk/impactofsocialsciences/2020/11/12/the-government-is-following-the-science-why-is-the-translation-of-evidence-into-policy-generating-so-much-controversy/

[56] https://www.bmj.com/content/370/bmj.m3702

[57] https://www.consilium.europa.eu/en/policies/coronavirus/fighting-disinformation/

[58] https://www.express.co.uk/news/uk/1415896/climate-fear-handling-pandemic-experts-jobs-lost-families-threats

[59] https://www.livemint.com/news/india/social-media-news-platforms-step-up-efforts-to-fight-fake-news-on-covid-19-11587113249653.html

[60] https://www.youtube.com/howyoutubeworks/our-commitments/fighting-misinformation/

[61] https://www.tampabay.com/news/florida-politics/2021/04/09/youtube-removes-video-of-desantis-coronavirus-roundtable/

[62] https://www.elmundo.es/opinion/2020/05/02/5eac277521efa0e4418b45ef.html

[63] https://www.france24.com/en/20200825-add-photo-feature-on-turkey-s-virus-app-sparks-alarm

[64] https://www.clarin.com/opinion/jacques-attali-crisis-avecina-profunda-terminos-recesion-desempleo-miseria-_0_2F3acamEi.html

[65] https://blogs.worldbank.org/opendata/updated-estimates-impact-covid-19-global-poverty-looking-back-2020-and-outlook-2021

[66] http://www.think-thimble.fr/Documents/Greta_Thunberg_Davos.pdf

[67] https://www.weforum.org/agenda/2020/06/now-is-the-time-for-a-great-reset/

[68] https://www.clarin.com/opinion/jacques-attali-crisis-avecina-profunda-terminos-recesion-desempleo-miseria-_0_2F3acamEi.html

[69] https://www.weforum.org/agenda/2016/11/how-life-could-change-2030/

[70] https://www.pressreader.com/uk/sunday-express-1070/20200913/281608127848991

[71] https://www.marketwatch.com/story/we-need-to-act-boldly-now-if-we-are-to-avoid-economy-wide-lockdowns-to-halt-climate-change-11600879250

[72] https://institutdelors.eu/wp-content/uploads/2020/10/PP255_European-debt-mutualisation_Eisl_EN.pdf

[73] https://lanuovabq.it/it/recovery-fund-un-socialismo-di-guerra-che-blocca-la-societa

[74] https://ec.europa.eu/info/live-work-travel-eu/coronavirus-response/timeline-eu-action_en

[75] https://www.who.int/news/item/29-06-2020-covidtimeline

[76] https://www.reuters.com/world/europe/germany-calls-global-reset-fight-pandemics-2021-05-05/

[77] Op. cit.

[78] https://www.nytimes.com/2020/10/04/world/europe/pope-francis-coronavirus-response.html

[79] http://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20201003_enciclica-fratelli-tutti.html

[80] https://ipco.org.br/fratelli-tutti/

[81] https://www.theguardian.com/world/2020/mar/25/china-shows-way-to-ease-lockdowns-before-vaccine-ready-suggests-report-imperial-college

[82] https://www.economist.com/china/2020/04/16/chinas-post-covid-propaganda-push

[83] https://formiche.net/2020/05/infodemia-chi-vince-numeri-swg-dibattito-centro-studi-americani/

[84] https://ecfr.eu/publication/the-crisis-of-american-power-how-europeans-see-bidens-america/

[85] https://qz.com/africa/1984683/african-countries-targeted-by-chinas-vaccine-diplomacy/

[86] https://www.ft.com/content/c20b92f0-d670-47ea-a217-add1d6ef2fbd

[87] https://asiapowerwatch.com/the-impact-of-the-pandemic-on-latin-americas-relations-with-china/

[88] https://globalvoices.org/2021/04/27/merkel-macron-or-biden-no-latin-america-is-relying-on-china-for-vaccines/

[89] https://www.nytimes.com/es/2021/03/15/espanol/vacuna-china-huawei.html

[90] https://economictimes.indiatimes.com/news/international/world-news/an-alliance-of-autocracies-china-wants-to-lead-a-new-world-order-/articleshow/81747340.cms

[91] http://www.ihu.unisinos.br/608821-a-china-por-uma-comunidade-global-o-mundo-precisa-de-justica-nao-de-hegemonia

[92] https://www.redebrasilatual.com.br/saude-e-ciencia/2021/05/quebra-patente-vacinas-apoio-biden/

[93] https://news.un.org/pt/story/2021/01/1739282

[94] https://www.corriere.it/cronache/17_febbraio_18/manifesto-bergoglio-saldatura-l-incontro-bauman-0e357d0c-f550-11e6-acae-b28574795707.shtml

[95] https://www.huffingtonpost.it/entry/concistoro-in-salsa-orientale-il-cappello-cardinalizio-sul-mega-patto-rcep_it_5fc27e3dc5b68ca87f84aa48

[96] https://www.aldomariavalli.it/2021/04/28/conoscere-e-ringraziare-il-partito-ecco-la-liberta-religiosa-secondo-pechino/

[97] “Isso é o dedo de Deus”. Frase que disseram os magos do Faraó do Egito diante dos castigos enviados por Moisés e Aarão.

[98] https://thehill.com/policy/healthcare/551099-dozens-of-scientists-call-for-deeper-investigation-into-origins-of-covid-19

[99] https://www.worldometers.info/coronavirus/

[100] Síndrome de Estocolmo é o nome normalmente dado a um estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo amor ou amizade pelo seu agressor.

[101] https://www.ipsos.com/ipsos-mori/en-uk/year-life-under-lockdown-how-it-went-and-what-people-will-miss

[102] https://www.ipsos.com/ipsos-mori/en-uk/global-public-backs-covid-19-vaccine-passports-international-travel Note-se que, nessa questão dos passaportes da vacina Covid, o que é questionável não é a vacina em si mesma, posto que a grande maioria das vacinas tem sido até agora um bem para a saúde da humanidade e, enquanto tal, incentivadas pela Igreja. O que é objetável é que se imponha a vacina a pessoas que não precisam dela (por serem jovens e não terem vulnerabilidades) ou que não querem correr riscos desnecessários e, mais ainda, que o tal “passaporte”, cujo formato anunciado é digital, pretenda ser usado como instrumento de um verdadeiro regime de apartheid, no qual os que não se vacinarem serão cidadãos de segunda classe ou, pior ainda, que se transforme no primeiro elemento de um controle social mais amplo, como o que vigora atualmente na China.

[103] https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/03/20/europeus-vao-as-ruas-em-manifestacoes-anti-lockdown.ghtml

[104] https://pt.euronews.com/2021/03/20/manifestacoes-anti-confinamento-varrem-todo-o-mundo

[105] https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2021/05/01/protesto-pro-bolsonaro-brasil-1-de-maio-eu-autorizo.htm

[106] https://veja.abril.com.br/religiao/tradicionalismo-atrai-jovens-fieis-missa-em-latim-e-mulheres-de-veu/

[107] Reunião Santo do Dia em 9 de junho de 1995.

[108] https://www.lemonde.fr/sante/article/2020/11/15/rendez-nous-la-messe-des-catholiques-reclament-la-reouverture-des-eglises-des-discussions-a-venir_6059820_1651302.html

[109] https://www.conseil-etat.fr/actualites/actualites/limite-de-30-personnes-dans-les-etablissements-de-culte-decision-en-refere-du-29-novembre

[110] https://www.washingtonexaminer.com/news/traditional-catholic-parishes-grow-even-as-us-catholicism-declines

[111] https://www.pliniocorreadeoliveira.info/1958_086_CAT_Primeiro_marco_do_ressurgimento.htm

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Instituto Plinio Corrêa de Oliveira

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O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira é uma associação de direito privado, pessoa jurídica de fins não econômicos, nos termos do novo Código Civil. O IPCO foi fundado em 8 de dezembro de 2006 por um grupo de discípulos do saudoso líder católico brasileiro, por iniciativa do Eng° Adolpho Lindenberg, seu primo-irmão e um de seus primeiros seguidores, o qual assumiu a presidência da entidade.

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