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Putin teme cirurgia, mortes e sumiços misteriosos, fracassos militares e a ambição dos oligarcas russos

Por Luis Dufaur

9 minhá 2 anos — Atualizado em: 5/6/2022, 11:33:56 PM


Putin alucinado pela cirurgia, fracassos militares e a ambição dos oligarcas, Captura

Em março, o presidente Vladimir Putin apelou a um dos piores recursos dos ditadores que sentem sua tirania em crise: ameaçou limpar Rússia de uma “escória de traidores” que trabalharia secretamente para os EUA e seus aliados ocidentais, informou “Clarín”.

As notícias da guerra já eram desastrosas e as críticas em voz baixa no círculo íntimo do ditador do Kremlin e do Exército chegaram à espionagem interna do regime.

O líder russo fingia não dar importância ao colapso econômico, mas agora acusou o Ocidente com tons sombrios porque quereria destruir Rússia.

Putin inicia expurgo da cúpula moscovita

O povo russo será capaz de distinguir patriotas da escória e dos traidores e cuspi-los como um mosquito que acidentalmente voou em suas bocas”, disse.

E anunciou uma “autolimpeza natural e necessária da sociedade”.

O método do expurgo é bem conhecido na Rússia. Teve um auge com Stalin de quem Putin se declara admirador. Milhões de mortes e deportações foi o sinistro preço pago.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse cinicamente que a “escória de traidores”, “está desaparecendo por si própria”, renunciando a seus empregos ou se exilando.

Quase 15.000 russos manifestantes contra a guerra foram presos

A ameaça de Putin saiu dois dias depois que Marina Ovsyannikova da televisão estatal russa Channel One interrompeu o noticiário com uma placa atrás do locutor que dizia: “Eles estão mentindo para você”.

O presidente da câmara baixa do parlamento russo denunciou o protesto como “traição” e pediu punição “com todo o rigor”.

Quase 15.000 russos foram detidos em protestos contra a guerra desde que Putin ordenou a invasão, segundo a organização de direitos humanos OVD-Info.

Dezenas de milhares de russos fugiram para o exterior escapando da repressão.

Nova lei de mídia estabeleceu penas de prisão de até 15 anos ao jornalista que divulgar “notícias falsas”, leia-se noticie o mal andamento da guerra.

Mortes e sumiços misteriosos de ‘oligarcas’

Desde a ameaça de Putin vem se multiplicando os estranhos desaparecimentos de inúmeros oficiais russos, de oligarcas – na prática espécie de ministros do dono de Moscou.

As mortes misteriosas de oligarcas dos mais poderosos do país e de suas famílias somam dezenas.

Vladislav Surkov, o ‘Rasputin de Putin’ foi posto em prisão domiciliar

“Não há dúvida de que Putin está realizando expurgos internos entre os generais e o pessoal dos serviços de inteligência (…) seja por ter feito estimativas imprecisas, por vingança por informações erradas ou críticas à sua decisão de iniciar uma guerra”, observou em meados de março o Institute of Warfare (ISW), um think-tank americano citado por “La Nación”.

O caso mais emblemático é o de Vladislav Surkov. Apelidado de “Rasputin de Putin”, é o conselheiro do presidente russo para a Ucrânia que durante 20 anos contribuiu para a propaganda “putinista”. Ele foi colocado em prisão domiciliar em Moscou, sem se saber as razões.

A maioria dos oligarcas atingidos foi alvo de misteriosos “suicídios” curiosamente semelhantes nas últimas semanas.

Alexander Tyulyakov, 61, vice-diretor do tesouro da Gazprom, a todo-poderosa empresa estatal de energia, apareceu enforcado na garagem de seu apartamento em 25 de fevereiro, perto de São Petersburgo. O jornal Novaya Gazeta informou que os médicos legistas que foram analisar o caso foram expulsos do local pelos serviços de segurança.

Três dias depois, Mikhail Watford, 66, magnata do petróleo e do gás de origem ucraniana, foi encontrado enforcado na garagem de sua casa no sudoeste de Londres.

Em 24 de março, o milionário Vasily Melnikov líder da farmacêutica MedStom, vítima de sanções econômicas ocidentais, foi achado morto a facadas junto com sua esposa e dois filhos em seu apartamento em Moscou.

Vladislav Avaev, ex-vice-presidente do Gazprombank, o braço financeiro da Gazprom sua esposa e filha morreram em Moscou, crivados de balas.

Sergey Protosenya foi achado enforcado. Sua mulher e sua filha massacradas
a facadas e machadadas na sua villa em Lloret de Mar, Costa Brava

Sergei Protosenya, ex-CEO da gigante russa do gás Novatek, também apareceu enforcado em sua luxuosa casa em Lloret del Mar, na Espanha. Os corpos de sua esposa e filha estavam brutalmente esfaqueados.

Leonid Shulman, diretor-geral da Gazprom, foi encontrado morto no banheiro de sua casa um mês antes da invasão da Ucrânia.

Os serviços de inteligência e das forças armadas não passam melhor.

Putin pretextou uma “desnazificação” para justificar a criminosa invasão da Ucrânia que está dando num desastre militar.

Isso explica o desaparecimento de tantos líderes militares?

O ministro da Defesa e amigo pessoal do chefe do Kremlin, Sergei Shoigu, reapareceu recentemente, em trajes civis, depois que a mídia ocidental especulou sobre sua ausência.

Para Moscou, tanto Shoigu quanto seu chefe de gabinete, o general Valery Guerassimov, atual Comandante das Forças Armadas ‘volatilizado’ desde 11 de março, estariam “extremamente ocupados”.

Guerassimov não aparece desde 12 de março. Autoridades norte-americanas tentaram falar com ele no dia 18 daquele mês. Mas o general teria “se recusado a atender” uma nova ligação, seis dias depois.

Viktor Solotov, chefe da Guarda Nacional está desaparecido

Viktor Zolotov, ex-guarda-costas de Putin, nomeado chefe da Guarda Nacional, teria a audácia de reconhecer que a invasão ia “mais devagar do que o esperado”. Desde então, ele nunca mais foi visto.

Para os serviços de inteligência britânicos, cerca de 150 agentes dos serviços russos foram dispensados ou presos, como seu diretor, o tenente-coronel Serguey Beseda.

Todos eles trabalhavam para uma divisão conhecida como Quinto Serviço, criada por Putin para manter as ex-repúblicas soviéticas na órbita russa.

“Há um mês, Beseda dorme na sinistra prisão de Lefortovo por ‘fornecer informações falsas ao Kremlin sobre a verdadeira situação na Ucrânia antes da invasão’“, segundo o grupo de pesquisa Bellingcat.

Lefortovo, prisão administrada pelo FSB, tem um campo de tiro subterrâneo com buracos de bala deixados durante os expurgos de Stalin, quando a sala era usada para execuções em massa.

Aumenta a insatisfação na nomenclatura de oligarcas

É fato que está rachado o silêncio, ou aprovação obsequiosa, da elite russa à aventura de Putin.

As pesquisas falam de um apoio popular esmagador à campanha militar. Mas quem se diria em desacordo quando a lei criminaliza as críticas à guerra?

Magnatas – especialmente aqueles que acumularam suas fortunas antes de Putin chegar ao poder – já se manifestam timidamente, focados em seus próprios infortúnios ligados às represálias ocidentais, registra “La Nación”.

Oligarcas magnatas estão atemorizados pelas reações do chefe

As sanções do Ocidente congelaram bilhões de dólares nas contas dos oligarcas no exterior. E a Casa Branca visa passar esses ativos dos oligarcas para a reconstrução da Ucrânia.

Anatoly Chubais, o deputado especial do governo russo para o desenvolvimento sustentável e czar da privatização da era Yeltsin está fugitivo.

A chefe do Banco Central da Rússia, Elvira Nabiullina, apresentou sua renúncia e Putin não a aceitou.

Bilionários, banqueiros, ex-funcionários falam sob anonimato que o presidente não ouve ninguém e está cada vez mais isolado. Putin só dá crédito a um punhado de oficiais de segurança linha-dura.

Vladimir Lisin, magnata do aço, alertou que “a transição para pagamentos em rublos nos tirará dos mercados internacionais”.

Vladimir Potanin, proprietário da usina de metais Norilsk Nickel, alertou que as medidas econômicas de Putin destroem a confiança dos investidores e o país beira as condições de revolta da Revolução de 1917.

Oleg Deripaska a guerra da Ucrânia foi uma ‘loucura’

Oleg Deripaska, magnata do alumínio, chamou a guerra na Ucrânia de “loucura” do ponto de vista da economia. Então, agentes federais carregam uma mala de documentos dentro da casa de Deripaska, em Washington.

Horas após o início da guerra, 37 executivos mais ricos da Rússia foram convocados por Putin. “Estavam todos de mau humor”, lembra um dos presentes. “Nunca os vi tão perturbados”, diz outro participante. “Alguns nem conseguiam falar, gaguejavam: “Perdemos tudo!”

Na presença do presidente ninguém emitiu um gemido de protesto, e eles ouviram com cara de pedra as promessas de Putin.

Diante das pesadas baixas de tropas e sua retirada da região de Kiev, a invasão é vista com desconfiança não só por bilionários sancionados pelo Ocidente, mas também por membros da elite de segurança e inteligência do Kremlin.

O ministro da Defesa Sergei Shoigu, seria um dos mais preocupados. “Todo mundo tem casa, filhos, netos e quer voltar a ter uma vida normal. Ninguém quer uma guerra”, diz a fonte. “Nem todo mundo é suicida”.

Putin doente teme a cirurgia e os medicamentos

A crise no topo do Kremlin se agravou nos últimos dias. Segundo a mídia britânica, Putin pode ter que ceder o controle da guerra na Ucrânia durante uma intervenção cirúrgica para remover um câncer que o aflige, segundo “informantes do Kremlin” citados pelo Daily Mail.

Nikolai Patrushev seria o preferido de Putin enquanto esteja no hospital

Putin desconfia de todos, os suspeita de “traidores”. Mas, na necessidade, preferiria Nikolai Patrushev, chefe do Conselho de Segurança da Rússia, ex-chefe do FSB, linha-dura e um dos arquitetos da estratégia de guerra segundo a qual “Kiev está inundada de neonazistas”.

Putin teria câncer abdominal e Parkinson avançado há 18 meses, mas adia a cirurgia para estar presente na comemoração do Dia da Victoria, em 9 de maio, imensa comemoração do triunfo da URSS na II Guerra Mundial.

Nessa colossal passeata pretende anunciar a vitória na guerra da Ucrânia, que seus generais devem obter até essa data. Caso contrário teriam que pagar com suas vidas ou seus cargos.

Não se sabe “exatamente quanto tempo [ele ficará incapacitado após a cirurgia]…” Mas Putin sabe que seria suficiente para um oligarca adversário dar o golpe e assumir o poder.

Por isso quer uma guerra total na Ucrânia e a mobilização em massa de homens em idade militar. O Kremlin, é claro, nega categoricamente que Putin tenha problemas médicos.

De acordo com o New York Post, Putin não transferiria o poder, mas nomearia Nikolai Patrushev como “chargé d’affaires” para controlar a Rússia temporariamente.

Segundo a Constituição, o poder deveria passar para o primeiro-ministro Mikhail Mishustin, mas Putin quer Patrushev, colega duro na direção da KGB, hoje FSB, a polícia política.

Putin “não acredita nos novos medicamentos recomendados pelos médicos que lhe causaram tontura e fraqueza”, disse outra publicação.

O médico responsável da receita foi afastado e está sendo investigado.

Os médicos que o tratam não conseguem convence-lo a mudar os medicamentos para a doença de Parkinson, já que o presidente tem medo de experimentar novos.

Seu estado psicopático é comparado com as reações histéricas de Hitler nos últimos dias. 

Uma das maiores fontes de temores é que Putin em crise decida soltar a guerra atômica antes de desaparecer.

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Luis Dufaur

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Escritor, jornalista, conferencista de política internacional no Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, webmaster de diversos blogs.

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