Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
8 min — há 3 anos — Atualizado em: 3/9/2022, 9:16:56 PM
“A Rússia espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja”
Fonte: Revista Catolicismo, Nº 855, Março/2022
Tendo como fundo de quadro o grave conflito que vem se acentuando ao longo das fronteiras entre Rússia e Ucrânia — sobretudo depois da assinatura do pacto entre Rússia e China de “aliança sem limites”, acordado em Pequim no dia 4 de fevereiro último —, muitos analistas internacionais passaram a sentir “cheiro de pólvora” se espalhando pelos ares de várias nações.
Alguns deles vislumbraram a possibilidade da realização de velho sonho do autocrata Vladimir Putin de restabelecer a antiga URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), para o que a invasão da Ucrânia seria apenas o primeiro passo. Outros levantam inclusive a hipótese de que tal conflito possa se degenerar numa III Guerra Mundial, até mesmo com o emprego de arsenal atômico.
Temendo o perigo de que esse sonho de Putin se transforme em realidade, alguns países outrora subjugados pela falida União Soviética — como Polônia, Hungria, Romênia, Bulgária, Lituânia, Letônia e Estônia — mobilizaram tropas para defender suas fronteiras.
No quadro [aqui o reproduziremos amanhã] elencamos algumas informações que mostram como os ventos da guerra avançaram rapidamente até chegar ao decreto do dia 21 de fevereiro, com o qual Putin deixou cair a máscara, mostrando sua sinistra face stalinista. Com efeito, com esse decreto ele violou a integridade e a soberania territorial da Ucrânia ao declarar a independência de duas regiões claramente ucranianas (Donetsk e Luhansk), conforme os acordos de Minsk (2014 e 2015); tendo ordenado logo em seguida o envio de tropas para essas regiões — o que o governante absoluto da Rússia, hipocritamente, chamou de “missão de paz”…
Análise sob o ponto de vista católico
Nós, enquanto católicos que procuram analisar meticulosamente o panorama político internacional, não podemos deixar de relacionar esse conflito com as proféticas palavras de Nossa Senhora de Fátima. Com efeito, no dia 13 de julho de 1917, na terceira aparição aos três pastorinhos, Lúcia, Jacinta e Francisco, Ela profetizou:
“Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir, virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora dos primeiros sábados. Se atenderem aos meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja; os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas; por fim, o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-Me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz”. 1
Em carta do dia 12 de maio de 1982, dirigida ao Papa João Paulo II, a Irmã Lúcia escreveu : “Porque não temos atendido a este apelo da Mensagem, verificamos que ela se tem cumprido, a Rússia foi invadindo o mundo com seus erros. E se não vemos ainda, como fato consumado, o final desta profecia, vemos que para aí caminhamos a passos largos”. 2
Guerra de civilizações, de culturas, de ideologias
Enquanto católicos não podemos deixar de apontar os efeitos que uma nova guerra poderá causar à Igreja e influenciar todos os aspectos da sociedade temporal. É o que o nosso principal colaborador, o muito saudoso Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, comenta em seu prenunciativo texto publicado em nossa edição de abril de 1951 [aqui o reproduziremos no dia 9 próximo].
Com a invasão da Ucrânia pela Rússia, a situação de guerra poderá levar o mundo a um novo e brutal “choque de civilizações” e a uma “guerra cultural”, gerando revoluções sociais e/ou guerras civis, provocando destruições incalculáveis, não apenas materiais, mas culturais, no sentido da expansão da IV Revolução. 3 Ou seja, será uma guerra ideológica entre “duas civilizações, duas culturas, dois mundos ideológicos inteiramente distintos e antagônicos, em presença um do outro. E a sobrevivência da hegemonia mundial da cultura ocidental será impossível se a vitória couber ao bloco liderado pelos bolchevistas”, escreveu o Prof. Plinio no referido artigo.
“Morto o comunismo? E o anticomunismo também?”
Uma objeção poderia ser levantada: a URSS não existe mais; a União Soviética era uma coisa e a Rússia de hoje, outra. Sem dúvida, o objetor fictício tem razão. Mas também tem razão quem vê o perigo do retorno do regime próprio da “União Soviética” — que subjugou povos por sete longas e negras décadas —, prenunciado na pretensão de dominar a vizinha Ucrânia. Tudo isso se agrava exponencialmente com o recente pacto sino-russo.
Ademais, constitui grave equívoco julgar que o “comunismo morreu” e que a Rússia pós URSS já não é mais dominada pela antiga nomenklatura do regime comunista. A respeito, aconselhamos a leitura do manifesto “Morto o comunismo? E o anticomunismo também?”, de autoria de Plinio Corrêa de Oliveira, publicado em nossa revista (edição de outubro de 1989 — link indicado no final desta matéria).4
Nesse documento, o autor demonstra que no desmoronamento da União Soviética o comunismo não morreu, mas apenas se metamorfoseou por meio de duas políticas cosméticas denominadas Glasnost (transparência), em 1985, e depois Perestroika (reestruturação), em 1986, ambas levadas a cabo pelo velhaco político Michail Gorbachev.
Como a carranca marxista-leninista do comunismo assustava a opinião pública ocidental, os dirigentes russos resolveram dar a impressão de que “o velho comunismo morreu”, desmobilizando desse modo as reações anticomunistas, ao mesmo tempo que conservavam os países satélites da Rússia. Tudo não passou de mera cirurgia cosmética — como agora estamos vendo com o projeto de Putin, antigo coronel da KGB da ex-URSS.
Ele próprio já afirmou que a maior tragédia geopolítica do século XX foi o fim da União Soviética, tendo aliás renovado essa afirmação no dia 21 de fevereiro último, ao lamentar as perdas causadas à Rússia pelo desfazimento da União Soviética em 1991. Não é, pois, de estranhar que Putin queira restabelecer o antigo sistema de domínio soviético ao subjugar o próprio país e os vizinhos, entre os quais a Ucrânia, a fim de restabelecer aquela espúria união de países comunistas para fazer face ao mundo ocidental.
“Espada de Dâmocles” pairando sobre o Ocidente
Nestes dias em que redigimos esta matéria, a tensão nos ventos da guerra é altíssima — sobretudo porque poderá ocorrer uma conflagração armada envolvendo Rússia, China, Estados Unidos, Ucrânia e nações vizinhas. Bem vislumbramos que esses ventos poderão mudar de direção de um dia para outro, e quando esta edição estiver em mãos de nossos leitores, a tensão poderá ter aumentado, diminuído ou mesmo cessado. Quem viver, verá!
Mesmo que o clima de guerra venha aparentemente arrefecer, enquanto Vladimir Putin e Xi Jinping — o qual pretende fazer com Taiwan o mesmo que o mandatário russo quer fazer com a Ucrânia — estiverem aboletados no poder de suas imensas nações, tal clima persistirá ainda que seja como “espada de Dâmocles” pairando sobre a civilização ocidental e cristã.
“Escolhestes a vergonha, agora tereis a guerra”
Não somos partidários do “ceder para não perder”, mas sim de lutar para vencer! Imaginamos que também nossos leitores sejam admiradores desse princípio católico, em oposição a certos líderes mundiais entreguistas, partidários do princípio “ceder para não perder”. Conforme se desenrolarem os acontecimentos, a eles poderemos aplicar a histórica censura proferida por Churchill ao entreguista Chamberlain (Primeiro-Ministro do Reino Unido entre 1937 e 1940) quando este retornou a Londres celebrando o “acordo de Munique” após um encontro com Hitler — às vésperas da eclosão da Segunda Guerra Mundial —, na vã tentativa de apaziguar a agressividade nazista: “Tínheis a escolher entre a vergonha e a guerra. Escolhestes a vergonha, agora tereis a guerra”.
Assim sendo, não “baixemos a guarda”, estejamos com os olhos bem abertos, pois não podemos ver de modo otimista o perigo que nos ameaça, nem com olhos “chamberlainescos”… Pelas mesmas razões, consideramos que o artigo a seguir seja mais atual do que no próprio ano em que foi redigido, décadas atrás, por Plinio Corrêa de Oliveira. Dele eliminamos apenas algumas frases concernentes especificamente à geopolítica naquele remoto ano.
Da Redação de Catolicismo
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Notas:
Revista Catolicismo
261 artigosCatolicismo é uma revista mensal de cultura que, desde sua fundação, há mais de meio século, defende os valores da Civilização Cristã no Brasil. A publicação apresenta a seus leitores temas de caráter cultural, em seus mais diversos aspectos, e de atualidade, sob o prisma da doutrina católica. Teve ela inicio em janeiro de 1951, por inspiração do insigne líder católico Plinio Corrêa de Oliveira. Assine já a revista e também ajude as atividades do IPCO! Acesse: ipco.org.br/revistacatolicismo
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