há 6 anos — 5 min
Atualizado em: 5/1/2017, 9:20:32 PM
Ó Senhora Aparecida.
Ao aproximar-se a data em que completamos um século e meio de existência independente, nossas almas se elevam até Vós, Rainha e Mãe do Brasil. Cento e cinqüenta anos de vida são, para um povo, o mesmo que quinze para uma pessoa: isto é, a transição da adolescência — com sua vitalidade, suas incertezas e suas esperanças — para a juventude, com seu idealismo, seu arrojo e sua capacidade de realizar.
Neste limiar entre duas eras históricas, vamos transpondo também outro marco. Pois estamos entrando no rol das nações que, por sua importância, determinam o rumo dos acontecimentos presentes e têm em suas mãos os fios com que se tece o futuro dos povos.
Neste momento rico em esperanças e glória, ó Senhora, vimos agradecer-Vos os benefícios que, Medianeira sempre ouvida, nos obtivestes de Deus onipotente.
Agradecemo-Vos o território de dimensões continentais e as riquezas que nele pusestes.
Agradecemo-Vos a unidade do povo, cuja variegada composição racial tão bem se fundiu na grande caudal étnica de origem lusa, e cujo ambiente cultural, inspirado pelo gênio latino, tão bem assimilou as contribuições trazidas por habitantes de todas as latitudes.
Agradecemo-Vos a Fé católica, com a qual fomos galardoados desde o momento bendito da Primeira Missa.
Agradecemo-Vos nossa História serena e harmoniosa, tão mais cheia de cultura, de preces e de trabalho do que de desavenças e guerras.
Agradecemo-Vos nossas guerras justas, iluminadas sempre pela auréola da vitória.
Agradecemo-Vos nosso presente, tão cheio de realizações e de esperanças de grandeza.
Agradecemo-Vos as nações deste Continente, que nos destes por vizinhas, e que, irmanadas conosco na Fé e na raça, na tradição e nas esperanças do porvir, percorrem ao nosso lado, numa convivência sempre mais íntima, o mesmo caminho de ascensão e de êxito.
Agradecemo-Vos nossa índole pacífica e desinteressada, que nos inclina a compreender que a primeira missão dos grandes é servir, e que nossa grandeza, que desponta, nos é dada não só para nosso bem, mas para o de todos.
Agradecemo-Vos o nos terdes feito chegar a este estágio de nossa história no momento em que pelo mundo sopram tempestades, se acumulam problemas, e terríveis opções espreitam, a cada passo, os indivíduos e os povos. Pois esta é, para nós, a hora de servir ao mundo, realizando a missão cristã das nações jovens deste hemisfério, chamadas a fazer brilhar, aos olhos do mundo, a verdadeira luz que as trevas jamais conseguirão apagar.
Nossa oração, Senhora, não é, entretanto, a do fariseu orgulhoso e desleal, lembrado de suas qualidades mas esquecido de suas faltas. Pecamos. Em muitos aspectos, nosso Brasil de hoje não é o País profundamente cristão com que sonharam Nóbrega e Anchieta. Na vida pública como na dos indivíduos, terríveis germes de deterioração se fazem notar, que mantêm em sobressalto todos os espíritos lúcidos e vigilantes.
Por tudo isto, Senhora, pedimo-Vos perdão.
E, além do perdão, Vos pedimos forças. Pois sem o auxílio vindo de Vós, nem os fracos conseguem vencer suas fraquezas nem os bons alcançam conter a violência e as tramas dos maus.
Com o perdão, ó Mãe, pedimo-Vos também a bênção.
Quanto confiamos nela!
Sabemos que a bênção da Mãe é preciosa condição para que a prece do filho seja ouvida, sua alma seja rija e generosa, seu trabalho seja honesto e fecundo, seu lar seja puro e feliz, suas lutas sejam nobres e meritórias, suas venturas honradas, e seus infortúnios dignificantes.
Quanto é rica destes e de todos os outros dons imagináveis a Vossa bênção, ó Maria, que sois a Mãe das mães, a Mãe de todos os homens, a Mãe Virginal do Homem-Deus!
Sim, ó Maria, abençoai-nos, cumulai-nos de graças e, mais do que todas, concedei-nos a graça das graças: ó Mãe, uni intimamente a Vós este Vosso Brasil.
Amai-o mais e mais.
Tornai sempre mais maternal o patrocínio tão generoso que nos outorgastes.
Tornai sempre mais largo e mais misericordioso o perdão que sempre nos concedestes.
Aumentai vossa largueza no que diz respeito aos bens da Terra, mas, sobretudo, elevai nossas almas no desejo dos bens do Céu.
Fazei-nos sempre mais amantes da paz e sempre mais fortes na luta pelo Príncipe da Paz, Jesus Cristo, Filho vosso e Senhor nosso.
De sorte que, dispostos sempre a abandonar tudo para lhe sermos fiéis, em nós se cumpra a promessa divina do cêntuplo nesta Terra e da bem-aventurança eterna.
Ó Senhora Aparecida, Rainha do Brasil! Com que palavras de louvor e de afeto Vos saudar no fecho desta prece de ação de graças e súplica? Onde encontrá-las, senão nos próprios Livros Sagrados, já que sois superior a qualquer louvor humano?
De Vós exclamava profeticamente o povo eleito, palavras que amorosamente aqui repetimos:
— Tu gloria Jerusalem, tu laeticia Israel, tu honorificentia populi nostri.
Sois Vós a glória, Vós a alegria, Vós a honra deste povo que Vos ama.
Plinio Corrêa de Oliveira
526 artigosHomem de fé, de pensamento, de luta e de ação, Plinio Corrêa de Oliveira (1908-1995) foi o fundador da TFP brasileira. Nele se inspiraram diversas organizações em dezenas de países, nos cinco continentes, principalmente as Associações em Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), que formam hoje a mais vasta rede de associações de inspiração católica dedicadas a combater o processo revolucionário que investe contra a Civilização Cristã. Ao longo de quase todo o século XX, Plinio Corrêa de Oliveira defendeu o Papado, a Igreja e o Ocidente Cristão contra os totalitarismos nazista e comunista, contra a influência deletéria do "american way of life", contra o processo de "autodemolição" da Igreja e tantas outras tentativas de destruição da Civilização Cristã. Considerado um dos maiores pensadores católicos da atualidade, foi descrito pelo renomado professor italiano Roberto de Mattei como o "Cruzado do Século XX".
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