Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
7 min — há 7 anos
Continuação do artigo anterior: “Manipulação da mensagem de Fátima pela Rússia“
No Ocidente está havendo crescentes reações boas contra a ofensiva da Revolução Cultural de substância marxista-gramsciana.
Tentando explorá-las, a propaganda do Kremlin passou a apresentar cinicamente a Rússia de Putin como um sedutor porto da salvação de onde pode vir o reerguimento moral e intelectual dos cristãos perseguidos.
E essa manipulação atingiu o exagero procurando inverter os termos da advertência de Nossa Senhora em Fátima contra os “erros da Rússia” para transformá-los nos “erros de Ocidente”, segundo constatou Jeanne Smits, ex-diretora e ex-gerente do jornal “Présent” ligado ao Front National, partido amigo do Kremlin, em seu site Reinformation.tv.
Líderes políticos de “direita” e até de “extrema direita”, escreveu Smits, passaram a ser recebidos em Moscou como romeiros que procuram as bênçãos de um novo Carlos Magno.
Embora ele declare que conserva piedosamente sua carteirinha do Partido Comunista da URSS…
Pouco importa se esses políticos de “direita” defenderam no passado e sem retratação o “direito” ao aborto, o “casamento” homossexual ou leis de espírito socialista e confiscatório.
Pouco importa se a Rússia tem o maior número de abortos por mulher em idade fértil do mundo, observa espantada Jeanne Smits.
Vladimir Putin explora a angústia dos movimentos conservadores no Ocidente, pois ele sonha com a expansão da Rússia no mundo como outrora sonhou a URSS.
A formação dada nas escolas da KGB apagava qualquer senso moral ou remorso na hora de procurar objetivos concretos.
Smits exemplifica com o problema do embrião de República Universal anticristã que germina na União Europeia (UE). Os europeus de bem percebem que esse monstrengo é maléfico e querem abandoná-lo. O Brexit foi um caso típico.
Então enviados de Putin passaram a deblaterar contra a UE e até facilitar dinheiro para os anti-UE.
Mas esses mesmos acólitos nas suas reuniões preconizam como alternativa uma “confederação de Brest à Vladivostok”. Essa seria uma “União Euroasiática” que faria a inveja dos mais delirantes fundadores e teorizadores da decadente União Europeia. E os conservadores seduzidos estariam ludibriados e silenciados.
Essa nova confederação, de maneira muito concreta acabaria realizando os objetivos planetários da organização opressiva e utópica dirigida desde Bruxelas. Só que o comando supremo ficaria em Moscou.
Para ver com clareza a inversão radical em ato não é preciso ir muito longe, escreve Smits.
Um outro exemplo da experiente jornalista. A Igreja Católica, ainda quando é mal representada, guarda em si potencialidades de restauração do bem que inviabilizariam a conquista do mundo por qualquer adversário que encarne o mal. Antônio Gramsci partiu desta constatação para elaborar sua estratégia marxista.
Como fazer desaparecer a Igreja Católica do mapa dizendo ao mesmo tempo que está sendo salva por quem a extingue?
Fácil, tal vez pense Moscou. Fazer acreditar que a cabeça dEla migrou para o Kremlin conservando a continuidade como igreja de Jesus Cristo. Moscou seria a nova Roma e o Patriarca de Moscou o verdadeiro Papa escolhido pelo Espírito Santo!
Smits fornece alguns exemplos. Um “próximo entre os próximos” de Vladimir Putin, o multibilionário Konstantin Malofeev financiador da restauração do Patriarcado de Moscou, sustenta o think-tank Katehon dirigido pelo pensador gnóstico Aleksandr Dugin, teorizador dessa super-UE euroasiática ou “eurasianismo”.
Numa série de artigos publicados os dias 27 e 28 de março de 2017 em Katehon, Charles Upton e sua mulher Jennifer Doane Upton interpretaram ao modo gnóstico de Dugin a descrição do Purgatório da Divina Comédia de Dante Alighieri.
Charles Upton apostatou do catolicismo para se converter ao islamismo místico, ou sufi. E o título do trabalho do casal é suficientemente explícito: “A profecia de Dante sobre a queda da Igreja Católica Romana”.
Eles explicam que não se inspiraram em pensadores como Santo Agostinho ou Santo Tomás, mas se basearam sobre tudo nos “filósofos tradicionalistas René Guénon e Fritjof Schuon”, sendo esse um esotérico sincretista.
O francês René Guénon morreu no Cairo como sufi, aduzindo que tinha achado a fina ponta da ‘Tradição’ no misticismo islâmico.
A análise do casal Upton conclui que a “nova-Rússia” e o Patriarcado de Moscou vão salvar a Igreja de Ocidente, extinguindo a sucessão dos Papas de Roma.
Para tornar mais sedutora a enganação, a funambulesca análise diz que por essa via se encerraria a crise aberta pelo Vaticano II, o modernismo e o liberalismo.
Ela distorce e manipula com desfaçatez as profecias de Nossa Senhora em La Salette e Fátima.
E forja o inacreditável: que tendo Roma perdido a fé, a religião cismática da Rússia virou a única religião cristã verdadeira.
O delírio da tese bate bem com as alucinações do sufismo islâmico. Mas, sobre tudo, com as metas expansionistas do comunismo metamorfoseado de Vladimir Putin.
Katehon e o esoterismo de Aleksandr Dugin exploram a confusão nos católicos favorecida por desconcertantes atos, gestos, omissões e afirmações do pontífice.
E a montagem russa está toda feita para seduzi-los e faze-los aceitar uma convergência entre Putin e um representante do Vaticano disposto a entrar no jogo.
Em 2015, uma editorial de Katehon se impostava numa visão ecumênica e pancristã. E exigia que a Igreja Católica renunciasse a converter os outros cristãos desviados pelos erros dos cismas orientais e do protestantismo.
Essa reclamação iníqua vem sendo repetida pelo Patriarcado de Moscou a respeito da conversão em massa dos ucranianos para o rito greco-católico. Também está na Declaração de Havana assinada pelo Papa Francisco e pelo Patriarca de Moscou Kirill.
A reclamação se atendida reforçaria o império da KGB sobre o mundo cristão.
A conclusão desses malabarismos todos seria que os apóstatas e inimigos do cristianismo são os fiéis à Igreja Católica como Ela é, modelada durante dois mil anos pelo Espírito Santo e pelo ensinamento de seu Magistério tradicional.
A falsidade da manobra, monstra Smits, atinge seu auge tentando virar a mensagem de Nossa Senhora em Fátima contra os católicos.
Mas os católicos, sublinha a jornalista, sabem que a Igreja está construída sobre a rocha que é Pedro e que as portas do inferno não prevalecerão contra Ela. Mesmo quando se abatem sobre Ela as piores tempestades, da mesma maneira que aconteceu no passado e ainda haverá de se verifica no futuro.
Os escritores e jornalistas associados a Katehon excogitam sofismas para tentar matar essa Fé invertendo o sentido das palavras de Nossa Senhora em Fátima e La Salette.
Vamos mais longe, escreve Jeanne Smits:
“se eu fosse a KGB e tivesse os meios para forjar uma imensa montagem, eu teria favorecido com todas as minhas forças a desmontagem da liturgia católica, a ascensão do relativismo e por fim eu teria espalhado que a Igreja de Roma fracassou.
“Eu também teria tido a precaução de favorecer um renascimento ortodoxo”.
E é isso o que parece ter sido concebido e estar sendo posto em prática.
É uma manobra suprema contra a Igreja, invertendo luciferinamente o sentido das palavras de Nossa Senhora em Fátima.
Quiçá seja essa a suprema tentativa dos “erros da Rússia” contra o catolicismo autêntico.
Mas terá sido a última antes de serem esmagados pelo triunfo do Imaculado Coração de Maria anunciado por Nossa Senhora aos três pastorzinhos em Portugal.
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