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Plinio Corrêa de Oliveira
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Série “Round 6” da Netflix incentiva crianças à violência


A Netflix lançou recentemente uma série produzida na Coréia do Sul intitulada “Round 6”. Os personagens dessa série recebem uma proposta para participar de uma sequência de jogos cujo vencedor ganhará um prêmio equivalente a R$ 208 milhões. Pedagogos, diretores de escolas, psicólogos, e inclusive o próprio autor, já alertaram sobre os danos que tal produção pode causar no público infantil.

A direção da Escola Aladdin, na zona oeste do Rio de Janeiro, enviou uma carta aos pais e responsáveis alertando-os sobre a repercussão da série ‘Round 6″ nos alunos.

Propaganda da série “Round 6” no site da Netflix que mostra pessoas sendo mortas. Apesar dela ter a classificação para 16 anos, crianças estão assistindo e imitando o que é apresentado neste seriado.

Leia a íntegra da carta da direção da Escola Aladdin:

“CARTA ABERTA AOS PAIS E RESPONSÁVEIS

Carta aberta da escola Aladdin sobre os perigos da série “Round 6”

Prezados,

“A parceria entre escola, família e sociedade é fundamental para o sucesso da Educação. Sendo assim, nosso objetivo com esta carta é alertar aos responsáveis sobre algo que temos escutado durantes os dias com nossos alunos e tem nos chamado atenção.

“No dia 17 de setembro de 2021, foi lançada na NETFLIX a série ‘ROUND 6’. A série coreana, com classificação etária de 16 anos, está batendo os ‘records’ de audiência, inclusive nas redes sociais como: Facebook, Instagram e Tik Tok.

“O conteúdo da série que contém: violência explícita, tortura psicológica, suicídio, tráfico de órgãos, cenas de sexo, pederastia, palavras de baixo calão entre outras coisas tem sido assunto entre nossos alunos durante o recreio e horários livres.

“A série, utiliza-se de brincadeiras simples de criança como: ‘Batatinha frita 1,2,3’, ‘Cabo de guerra’, ‘Bolas de gude’ e outras, para assassinar a ‘sangue frio’ as pessoas que não atingem o objetivo final. O que nos causa preocupação é a facilidade com que as crianças acessam esse material.

“Lembramos, apenas para informação, que canais de Streaming como a NETFLIX e outros possuem a ‘Restrição de visualização por classificação etária’, uma ferramenta preciosa para que nossas crianças acessem somente o conteúdo apropriado à sua idade.

“Sabemos que é responsabilidade da família decidir o que é melhor para suas crianças, mas enquanto educadores temos o dever de alertar e honrar o compromisso com a Educação. Certos de sua compreensão, nos colocamos a disposição para qualquer esclarecimento que se faça necessário.

Atenciosamente, Direção”

Em São José dos Pinhais, PR, outra escola fez apelo semelhante aos pais de alunos de sua unidade de ensino. Assim, informa o site Metro I:

“A popularidade da série sul-coreana “Round 6” entre crianças virou motivo de preocupação para pais e professores da escola O Pequeno Polegar, em São José do Pinhais, no Paraná.

“O diretor da escola, Haroldo Andriguetto, 37, diz que começou a ficar preocupado quando viu que a maior parte dos alunos estava reproduzindo as competições da série, e ‘fingindo também que estavam matando umas às outras.’ As informações foram divulgadas pelo jornal Folha de S.Paulo.

“Na série, 456 pessoas com problemas financeiros são convidadas a participar de uma competição na qual precisam vencer provas para ganhar um prêmio milionário. Pelas regras do jogo, os competidores participam de jogos infantis, e quem perde é morto, o que eleva o valor do prêmio.

“Na quinta-feira (7), a direção do colégio decidiu enviar uma carta aos responsáveis alertando que crianças de 8 a 10 anos estavam assistindo à produção da Netflix, cuja classificação indicativa é de 16 anos, por trazer cenas de sexo e violência. No documento, a escola afirma ser direito das famílias decidir o que é melhor para as crianças, mas salienta que o conteúdo impõe riscos psicológicos aos jovens.

“Após enviar o documento aos pais, a direção recebeu por volta de 15 e-mails agradecendo o alerta. Alguns dos responsáveis nem sabiam que os jovens estavam acompanhando ‘Round 6’. ‘Ao conversar com os filhos, eles se surpreenderam porque as crianças sabiam tudo sobre a série’, disse o diretor.”[1]

A relação entre Round 6 e Baleia Azul

Um dos desafios do “jogo Baleia Azul” era as crianças se cortarem e fazer o desenho no corpo de uma baleia.

Ainda, conforme artigo publicado no site Estadão no dia 23 p.p., outras escolas também se manifestaram contra a série Round 6 e a compara com o jogo Baleia Azul[2] que na época foi criticada por educadores e psicólogos: ”Em São Paulo, o tradicional colégio Dante Alighieri também se posicionou. ‘Quando esse assunto começa a vir para cá, a gente precisa repactuar o olhar que família e escola têm juntas. Na época da Baleia Azul, a gente também fez um alerta’, pontuou a diretora geral educacional do Dante, Valdenice Cerqueira, em entrevista ao Estadão. A relação com a Baleia Azul não aparece por acaso. O fenômeno também era um jogo aparentemente inocente, que também envolvia uma série de tarefas que seus participantes precisavam cumprir… e que poderia levar à morte real ou virtual.

“Em Minas Gerais, na cidade de Poços de Caldas, a professora de Artes Andréa Dalva Ribeiro Campos, que trabalha no Colégio Municipal Dr José Vargas de Souza, percebeu o alvoroço dos alunos em relação à Round 6 e viu uma oportunidade de abordar o assunto em sala de aula. ‘Eles falavam da série como se fosse legal e natural as pessoas se matarem por causa do dinheiro. A sensação que eu tive é que eles acharam bacana a crueldade colocada nos episódios. Fiquei muito mais espantada depois que eu mesma vi, senti a necessidade de falar com eles o lado negativo, e da importância de se assistir a programas com a classificação indicativa para a idade’, avalia a professora. Andréa particularmente gostou da série. ‘Achei uma crítica interessante ao capitalismo, mas para crianças de 11 anos é totalmente inviável devido ao grau de crueldade, não só física, mas psicológica também’, ressaltou’.[3]

Começam a aparecer as nefastas consequências de Round 6

O seriado copia brincadeiras de crianças e traz um cenário colorido que acaba atraindo a atenção das crianças.

No dia 13 p.p., na França, um grupo de 5 crianças foi levado a um hospital após serem feridos por alunos mais velhos que tentavam reproduzir um dos jogos exibidos na série Round 6, conforme informou o jornal Le Parisien.

“Alunos do sexto ano surpreenderam um grupo de alunos da 3ª série em um corredor estreito. A publicação não informou qual dos jogos da série as crianças tentaram reproduzir.

“A situação ocorreu em 13 de outubro, quando os cinco jovens foram atendidos por médicos. Segundo o Le Parisien, a situação “fugiu do controle” durante a suposta brincadeira, o que tornou o conflito violento.

“O colégio George-Sand, local em que o episódio ocorreu, confirmou ter iniciado três processos de expulsão contra os alunos que iniciaram a simulação da série.

A decadência do mundo nos últimos dez anos tornou possível a divulgação de Round 6

Round 6 foi rejeitado pelos estúdios por mais de 10 anos conforme declarou o próprio autor da série: “Uma das séries mais assistidas da história da Netflix, “Round 6” (“Squid Game”) foi recusado pelos estúdios por mais de 10 anos. O criador da série, Hwang Dong-hyuk, contou que teve dificuldade para produzir a história após escrevê-la em 2008.”[4]

Surpreendemente, numa entrevista para o jornal The Korea Times, Dong-hyuk revela como o mundo decaiu nos últimos anos e tornou possível a divulgação de uma série como Round 6: Depois de cerca de 12 anos, o mundo se transformou em um lugar onde histórias de sobrevivência violentas e peculiares são bem-vindas”.


[1] https://www.metro1.com.br/noticias/brasil/113490,serie-round-6-vira-motivo-de-preocupacao-em-escola-do-parana-direcao-manda-carta-com-alerta-aos-pais.

[2] https://ipco.org.br/baleia-azul-o-jogo-macabro-da-morte/

[3] https://cultura.estadao.com.br/noticias/cinema,o-que-explica-sucesso-de-round-6,70003876867

[4] https://catracalivre.com.br/entretenimento/round-6-rejeitado/

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Jurandir Dias

Jurandir Dias

126 artigos

(jornalista MTb 81299/SP) colabora voluntariamente com o site do IPCO.

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