A Rússia oferecia a cidadania e bons ordenados, mas agora está sem dinheiro e os estrangeiros correm o risco de assinar contratos obrigatórios e depois não verem um tostão ou quase.
A ideia de recrutar estrangeiros já havia sido proposta havia cinco anos, mas agora, com a guerra na Ucrânia, tornou-se uma necessidade premente.
A Rússia estava oferecendo aos recrutas 30.000 rublos por mês, mas a desvalorização da moeda russa está evaporando esse valor e afastando os imprescindíveis voluntários.
Soldado asiático servindo no exército russo na Georgia
“30.000 rublos equivalem a 25.000 soms quirguizes”, explicou o advogado quirguiz Omurbek Abdurakhmanov. “Mas você pode ganhar isso, se não mais, como empregado de construção no Quirguistão”.
“Não, eu não quero me fazer matar na Chechênia ou na Ucrânia em troca de um passaporte russo”, disse na capital do Tadjiquistão um jovem que só deu seu primeiro nome.
A Rússia conserva mais de 20 bases militares em sete ex-repúblicas soviéticas e, em virtude de acordos bilaterais, estrangeiros desses países podem servir nelas.
Oficiais quirguizes e tadjiques dizem que os jovens preferem fazer o serviço militar em seus países da Ásia Central do que no exército russo.
As leis dessas repúblicas também atrapalham os planos de Moscou. O Tadjiquistão proibiu seus cidadãos de se engajarem em conflitos no exterior sob pena de até 20 anos de prisão.
O Uzbequistão está oferecendo numerosos benefícios aos recrutas, inclusive atrativos empregos.
Shokirjon Hakimov, especialista político de Dushanbe, sublinhou que entram no exército russo aqueles que passam mal economicamente.
Mas, agindo assim, aumentam os problemas demográficos, reduzindo a população masculina. Por isso as autoridades de países como o Tadjiquistão dissuadem seus cidadãos de entrar no exército russo.
A Rússia padece também de uma vertiginosa queda dos nascimentos, decorrente do aborto e do desfazimento da família.
Soldados russos junto com chineses num ponto de fronteira
O drama vem de longe e foi provocado pelo regime soviético que Putin e o patriarca Kirill lembram com saudade.
Acresce a baixíssima perspectiva de vida, provocada pelo abuso do álcool e da droga entre os homens.
E tudo isso implica em redução do número de conscritos no exército e na capacidade de agressão aos países vizinhos.
As necessidades russas seriam tão cogentes que, segundo a agência Ukrinform, agentes de recrutamento procuraram ex-membros da Legiao Estrangeira da França chegando a lhes prometer o equivalente a 10.000 euros por mês.
Soldados ucranianos exibem tanque russo T-72 capturado na Ucrânia:
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Luis Dufaur
1041 artigos
Escritor, jornalista, conferencista de política internacional no Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, webmaster de diversos blogs.
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