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Plinio Corrêa de Oliveira
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Analogia entre as ações exercidas por Nossa Senhora sobre os pastorinhos de Fátima e a humanidade


Do livro do Padre Demarchi, “Era uma Senhora mais brilhante do que o sol…”, Seminário das Missões de Nossa Senhora de Fátima, Cova da Iria, 3a. Edição:

Imagem de Nossa Senhora de Fátima que verteu lágrimas em New Orleans (EUA), em 1972

“A verdadeira diretora espiritual de Jacinta, Francisco e Lúcia foi, essencialmente, Nossa Senhora. A bondosa Senhora da Cova da Iria tomou à sua conta a realização dessa obra-prima e, como não poderia deixar de ser, a levou a cabo com pleno êxito. Das suas mãos prodigiosas saíram três anjos revestidos de carne, mas que, ao mesmo tempo, eram três autênticos heróis. A matéria prima era de uma plasticidade admirável e da Artista o que mais dizer? Na sua escola os três serranitos deram em breve tempo passadas de gigantes no caminho da perfeição. Nela se verificou à letra as palavras de um grande devoto de Maria, São Luiz Maria Grignion de Monfort. Na escola da Virgem, a alma progride mais numa semana do que num ano fora dEla. A pedagogia da Mãe de Deus não sofre confrontos. Em dois anos a Virgem Santíssima conseguiu erguer os dois irmãozinhos – Francisco e Jacinta – até os cumes mais elevados da santidade cristã. O retrato que a mão segura de Lúcia nos traça de Jacinta é revelador. Jacinta tinha um porte sempre sério, modesto e amável, que parecia traduzir a presença de Deus em todos os seus atos, próprios das pessoas já avançadas em idade e de grande virtude. Não lhe vi nunca aquela demasiada leviandade e o entusiasmo próprios das crianças pelos enfeites e brincadeiras.

“Não posso dizer que as outras crianças corressem para junto dela, como faziam para junto de mim, isso talvez porque a seriedade do seu porte era demasiado superior à sua idade. Se na sua presença alguma criança ou mesmo pessoas adultas diziam alguma coisa ou faziam qualquer ação menos conveniente, repreendia-as dizendo: ‘Não façam isso que ofendem a Deus, Nosso Senhor, e Ele já está tão ofendido’”.

Jacinta, Francisco e Lucia

Comentário do Prof. Plinio:

Esse trecho apresenta uma graça marcante, porque ele nos indica uma porção de aspectos grandes e pequenos da obra de Nossa Senhora em relação a essas três crianças.

Mas nós devemos, antes de tudo, considerar o valor simbólico da obra de Nossa Senhora nas crianças. Enganam-se aqueles que imaginam que tal obra é apenas sobre três crianças; ela é uma obra que transformou suavemente essas crianças, de um momento para outro, pelo simples fato das reiteradas aparições de Nossa Senhora….

Nós temos aqui algo de parecido com o Segredo de Maria [vide a obra de São Luis Maria Grignion de Montfort precisamente com este título, n.d.c.], quer dizer, uma dessas ações profundas da graça na alma, ações que se desenvolvem sem que a pessoa se dê conta, a pessoa vai se sentindo cada vez mais livre, cada vez mais desembaraçada para praticar o bem e os defeitos que a tolhem e que a prendem no mal vão se dissolvendo.

E a pessoa cresce no amor de Deus, cresce em vontade de se dedicar, cresce em oposição ao pecado. Mas tudo isso dá-se maravilhosamente dentro da alma, de maneira que ela não trava as grandes e metódicas batalhas da ascensão admirável ao Céu, à virtude, à santidade daqueles que lutam de acordo com o sistema clássico da vida espiritual; mas Nossa Senhora as muda de um momento para outro.

E se a obra de Nossa Senhora em Fátima, especialmente com essas duas crianças chamadas para o Céu, foi uma obra assim, podemos bem nos perguntar se isto não tem um valor simbólico, e não indica qual será a ação de Nossa Senhora sobre toda a humanidade, quando Ela cumprir as promessas feitas em Fátima….

E, portanto, se nós não devemos ver aí um começo do Reino de Maria, enquanto sendo o triunfo do Imaculado Coração sobre duas almas que foram pregoeiras da grande revelação de Nossa Senhora, e que depois ajudaram no Céu — por seus sacrifícios e orações na Terra e depois as suas orações no Céu — enormemente as almas a aceitarem a mensagem de Fátima. E que ainda ajudam.

Esta primeira observação parece-me que conduz diretamente ao seguinte: se isso é assim, então Francisco e Jacinta são os intercessores naturais para se pedir, para se obter de Nossa Senhora que comece o Reino de Maria em nós desde logo, por essa transformação misteriosa que é o Segredo de Maria.

Devemos, pois, pedir instantemente — tanto a Jacinta como ao Francisco — que comecem a nos transformar, a nos conceder os dons que eles receberam na Terra, e que eles velem, especialmente pela sua oração no Céu, por aqueles que têm a missão de pregar a mensagem de Fátima, de vivê-la, como acontece conosco.

A esse respeito, seria, creio eu, muito importante dizer uma palavra sobre a relação entre a mensagem de Fátima e a TFP. Já foi mil vezes dito entre nós, que nossa vida espiritual cresce na medida em que tomamos a sério o fato de que o mundo atual está numa decadência lastimável e que se avizinha de sua ruína. De que tal ruína representa a aplicação dos castigos previstos por Nossa Senhora em Fátima e que, em conseqüência, quanto mais nos colocamos nessa perspectiva, tanto mais nossa vida espiritual se afervora. E que, pelo contrário, quanto mais nos afastamos dessa visão, tanto mais nossa vida espiritual decai….

Assim, podemos, por intermédio de Francisco e Jacinta dizer à Nossa Senhora: Venha a nós o Vosso Reino, mas venha, Senhora, venha urgentemente a nós o Vosso Reino.

(*) Nota: Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira para sócios e cooperadores da TFP, em 13 de outubro de 1971. Sem revisão do autor.

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Plinio Corrêa de Oliveira

Plinio Corrêa de Oliveira

551 artigos

Homem de fé, de pensamento, de luta e de ação, Plinio Corrêa de Oliveira (1908-1995) foi o fundador da TFP brasileira. Nele se inspiraram diversas organizações em dezenas de países, nos cinco continentes, principalmente as Associações em Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), que formam hoje a mais vasta rede de associações de inspiração católica dedicadas a combater o processo revolucionário que investe contra a Civilização Cristã. Ao longo de quase todo o século XX, Plinio Corrêa de Oliveira defendeu o Papado, a Igreja e o Ocidente Cristão contra os totalitarismos nazista e comunista, contra a influência deletéria do "american way of life", contra o processo de "autodemolição" da Igreja e tantas outras tentativas de destruição da Civilização Cristã. Considerado um dos maiores pensadores católicos da atualidade, foi descrito pelo renomado professor italiano Roberto de Mattei como o "Cruzado do Século XX".

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