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Plinio Corrêa de Oliveira
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Plinio Corrêa de Oliveira e a França


Catedral de Notre Dame de Paris
Catedral de Notre Dame de Paris

Plinio Corrêa de Oliveira nada tinha de francês, ao menos quanto ao nascimento e ao sangue. Entretanto, esse brasileiro de quatro costados tinha um parti pris consciente e decidido a favor do espírito francês, como pináculo da civilização europeia.

Como nasceu essa admiração pela França? Por quê? Até que ponto isso marcou a sua personalidade e as suas ideias?

A admiração pela França começou quando o pequeno Plinio a conheceu, ainda criança de uns quatro anos, na viagem que sua família fez à Europa. Foi pouco antes da primeira guerra mundial, nos últimos lampejos da belle époque. Sua mãe, Dona Lucília, padecia de um problema de saúde e a família aconselhou-a a tratar-se na Europa. Na Alemanha, mais precisamente. E com ela seguiram o marido, Dr. João Paulo Corrêa de Oliveira, e as duas crianças: Rosée e Plinio.

Observador arguto desde a mais tenra idade, deslumbrou-se ele com a França de então, onde o brilho social, a pompa militar, o bom gosto no vestir, a doçura de viver, enfim, ainda não se haviam extinguido. Visitando o museu de coches de Versalhes, agarrou-se à mais bela carruagem e queria comprá-la com uma moeda que ganhara de seu tio…

Foi ainda em Paris que viu pela primeira vez um desfile de couraceiros e ouviu o apelo heróico de um toque de clarim. Deslumbrou-se, por outro lado, com a sacralidade das igrejas e a magnificência das catedrais. Até a diversão inteligente e pitoresca do teatro Guignol de marionetes dos Champs Elisées teve o seu papel na vida de Plinio, que discutiu com os bonecos-personagens altas “filosofias”, manifestando a lógica de um menino precoce no qual já despontava o futuro polemista.

Alguns anos mais tarde, quando já frequentava a escola, comprou no saguão da Estação da Luz um livrinho despretensioso – literatura de cordel. O que o atraíra?

“Carlos Magno e seus doze pares”…

Quem era Carlos Magno? O que eram os doze pares? Plinio não sabia, mas algo brilhou para ele naqueles nomes.

— “Papai, compre esse livro para mim!”

— “Para quê, meu filho?”

— “Quero ler.”

Homem de boa índole, Dr. João Paulo comprou, sem entender.

Durante a viagem de trem até Águas de Lindóia, Plinio devorou a história de Carlos Magno e deliciou-se com os feitos heróicos de Roland e Olivier. Ele já conhecia a grandeza das catedrais. A epopeia carolíngia, matriz da cavalaria medieval que se desenvolveria mais tarde com as Ordens religiosas específicas, constituiu outra pilastra do edifício que Plinio ia desvendando. Depois acrescentaram-se ainda os conceitos de sociedade orgânica, o papel das ordens religiosas e a desigualdade harmônica da sociedade feudal.

Deteve-se, em suas leituras, na figura de São Luís, o Rei cruzado, cuja lealdade e sabedoria levou os próprios chefes muçulmanos, dos quais caiu prisioneiro na 8ª cruzada, a consultá-lo em suas desavenças. É célebre o modo como distribuía a justiça à sombra de um carvalho, em Vincennes. E como convidava os pobres a participar de sua mesa na ceia de Natal.

Quando Plinio fez seus estudos universitários, já havia observado na vida real uma porção de aspectos que os conhecimentos livrescos vieram apenas complementar e confirmar. Assim ele pôde formar uma ideia abrangente e profunda dessa realidade que se chama civilização cristã, concretamente viva em muitos aspectos da sociedade francesa. E amor de Plinio pela França crescia cada vez mais.

Mas ele viu também que contra essa civilização se armou, já na própria Idade Média, para destruí-la, uma conspiração que visava implantar um estado de coisas inteiramente oposto.

A explicação teórica desse embate encontra-se no ensaio “Revolução e Contra-Revolução”, a obra-prima com a qual Plinio Corrêa de Oliveira desvendou um processo satânico de desmantelamento do ordem sacral e hierárquica nascida nos melhores dias da época medieval.

Como se desenrolou esse processo? É tema para um próximo artigo.

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Gabriel J. Wilson

Gabriel J. Wilson

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