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3 min — há 9 anos
Hoje em dia, quando se fala em “corrupção”, logo se entende maracutaias financeiras de todo tipo — desvio de dinheiro público, enriquecimento ilícito, falcatruas, fraudes, negócios escusos… E a lista é longa, sempre em torno da administração de finanças públicas ou privadas. Em suma, é tudo aquilo que se encontra sob a influência e proteção do reverenciado Mamon — “deus” do dinheiro. Em termos católicos, é a transgressão do 7º Mandamento da Lei de Deus: Não roubarás.
É compreensível que o termo “corrupção” seja assim entendido, pois são tais e tantas as manobras escusas atualmente no palco da política, que só são inferiores, provavelmente, àquelas que ainda estão nos bastidores, ocultas pela pesada cortina do silêncio medroso ou despudorado.
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Mas o uso e abuso da palavra “corrupção” com esse significado, tem deixado na sombra outro sentido dessa expressão, tão ou mais importante. E isso não é bom. Refiro-me à corrupção moral, a que transgride outro Mandamento, o 6º: Não pecarás contra a castidade.
A imoralidade mais desbragada enche nossas ruas e praças, os lugares públicos e privados, os shows, a televisão, o cinema, as revistas e o que mais se queira. Palavras como recato, decência, pudor, pureza, virgindade parecem ter sido abolidas do vocabulário cotidiano.
Nesse sentido, a sociedade moderna encontra-se num processo adiantado de decomposição moral. Caminha-se a largos passos para o nudismo e o amor livre. E contra isso, com raras exceções, ninguém fala, ninguém se levanta, ninguém ousa enfrentar. Tem-se horror a Mamon, mas cultua-se Asmodeu — “deus” da luxúria. No máximo critica-se (por enquanto) a pedofilia, mas apenas porque constitui um abuso de menores.
Não cabe aqui fazer um levantamento dos males de corpo e de alma produzidos por esse ambiente carregado de sensualidade e pornografia. Lembramos apenas um deles, relacionado com a corrupção financeira de que falamos acima.
Ensina Santo Tomás de Aquino que “pela luxúria, sobretudo as potências superiores, ou seja, a razão e a vontade, ficam desordenadas” (Suma Teol. II-II, q. 153, art. 5). Ora, esse desregramento da razão e da vontade leva a todo tipo de desvios morais e psicológicos, inclusive no campo financeiro. O impuro facilmente desliza para ser um ladrão, um drogado, um apóstata, e mesmo um suicida ou um assassino.
Não estou afirmando que toda corrupção financeira ou de outro gênero provém necessariamente de um desregramento luxurioso. Pode haver outras causas. Mas, sem querer indicar ninguém em particular, é certo que a impureza frequentemente conduz a diversas formas de perversão, inclusive financeira. Trata-se de um gravíssimo problema social.
Outra característica do vício da luxúria, é que ele é insaciável. A cada novo prazer segue-se uma frustração e, a partir dela, um desejo de requintar ainda mais. De requinte em frustração e de frustração em requinte chega-se ao inferno.
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Poder-se-iam dar aqui muitos exemplos concretos, mas parece supérfluo fazê-lo. A pornografia e a imoralidade estão por toda parte e dispensam apresentação especial.
Baste-nos recordar a sublime exortação do Apóstolo São Paulo: “Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis? Porque fostes comprados por um grande preço. Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo” (I Cor 6, 19-20).
Gregorio Vivanco Lopes
173 artigosAdvogado, formado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Autor dos livros "Pastoral da Terra e MST incendeiam o Brasil" e, em colaboração, "A Pretexto do Combate Á Globalização Renasce a Luta de Classes".
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