Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
5 min — há 7 anos — Atualizado em: 2/20/2018, 4:11:32 PM
Diz um adágio chinês que a educação de uma criança começa cem anos antes de ela nascer. Entende-se perfeitamente tal princípio quando observamos o estágio atual de decadência da sociedade nos costumes, na música, na arte etc. Isto é como um aprendizado às avessas que se adquire durante séculos.
Foi assim que a decadência da Idade Média deu origem à Renascença, ao Iluminismo, à Revolução Francesa e ao Comunismo, conduzindo-nos aos disparates de hoje, das modas com os trajes esfarrapados, da música com o funk – que reflete uma juventude sem princípios morais –, de uma sexualidade livre e sem freios, e de muitos outros aspectos da sociedade atual. Parece que voltamos à era das cavernas, do homem primitivo.
Tudo isso é um processo multissecular que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira chamou de Revolução – com R maiúsculo – no ensaio Revolução e Contra-Revolução. E para chegar onde estamos a Revolução utilizou diversos meios. Entre eles a arte.
O papel da arte nas ideias tem também despertado a atenção de alguns filósofos e estudiosos modernos. O filósofo inglês, Roger Scruton, num documentário veiculado pela BBC de Londres no dia 28/11/2009, demonstrou que o mundo vem perdendo o senso ético e estético da beleza, e passou a prestar um culto à feiura e, em consequência disso, tornou-se um deserto espiritual.[i]
Em recente entrevista ao Canal “Terça Livre”, o Prof. Carlos Nougué descreve a importância do belo nas artes, como ele exerce influência nas ideias e nas tendências, e como a Revolução utiliza a arte para propagar as suas doutrinas. Assim, diz o professor tomista:
“A Revolução entendeu que antes de impor-se socialmente é preciso revolucionar as artes, ou seja, a Revolução entendeu que sem uma mudança da mentalidade, sem uma mudança de sensibilidade, as revoluções se tornam impossíveis por si. E hoje, não é senão isso que vemos, por exemplo, quando se fazem mostras como aquela do Santander. Aquilo é a destruição da sensibilidade e da inteligência humana, da capacidade de apreciar o belo verdadeiramente. É a destruição em ordem a preparar as almas para a Revolução. Não é nada mais do que isto!
“As artes do belo, se elas são boas, visam a propender o homem ao bom e ao verdadeiro, ao bem e à verdade. Ora, a arte revolucionária faz o homem propender ao mal e ao falso, ao mal e à falsidade…
“O que é o belo? Já ninguém sabe o que é o belo. Se eu perguntar às pessoas hoje, contemporâneas minhas, cada uma me responderá uma coisa e, no entanto, o belo é algo objetivo. Pois bem, aquela arte que faz o homem propender à falsidade e à maldade não é arte de modo algum.
“As três notas da beleza são: integridade, harmonia e luminosidade (claridade, fulgor). Tomemos, para simplificar o assunto, a nota número dois: a harmonia. Então a boa música, o bom filme, a boa peça teatral, elas são harmônicas, são consonantes e se reduzem a certa proporção. Ora, como as nossas virtudes intelectuais são proporções, essas peças artísticas boas, elas por serem proporções são análogas às nossas virtudes. Por serem análogas às nossas virtudes é que fazem com que nós propendamos a essas virtudes. A arte feia tem analogia com o vício, e não com a virtude. Se eu desde pequeno amo o feio na arte, eu vou tender ao vício, à paixão, ao falso, ao mal. É uma tendência. Naturalmente, alguns escapam a isso, mas a maioria das pessoas tenderá ao mal e ao falso se aprender a apreciar as más artes.”[ii]
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Na secção “Ambientes, Costumes e Civilizações” da revista “Catolicismo” nº 35, novembro de 1953, há um nexo entre doutrina e arte que os comunistas entendem, afirma o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:
“Quando morreu Stalin, o pintor comunista Picasso fez dele o retrato que ao lado reproduzimos. ‘L’Humanité’, órgão vermelho de Paris, publicou o trabalho. Moscou, entretanto, o condenou porque segundo os cânones da arte comunista, um retrato deve tanto quanto possível parecer-se com uma fotografia, evitando interpretações pessoais do artista. Estas interpretações exprimem uma mentalidade subjetivista e individualista, incompatível com o coletivismo socialista. De fato, o rosto de Stalin, visto por Picasso, tem muito de subjetivo. Mais real é a fotografia que dele se tirou em Teerã em 1943, ao lado de Roosevelt: dir-se-ia um porteiro de hotel endomingado em seu uniforme novo, ufano em tomar a fresca por uns minutos ao lado de um hóspede distinto, que consentiu em conversar um pouco com ele.
“Os comunistas compreendem que um vasto sistema de ideias filosóficas, sociais e econômicas tem de dar necessariamente à arte um cunho próprio, que será bom ou mau conforme seja verdadeiro ou falso o sistema. E que o coletivismo tem de produzir em arte uma atitude peculiar. Em ‘Ambientes, Costumes, Civilizações’ temos procurado pôr em evidência o mesmo princípio com relação ao Catolicismo. Nossa arte não pode ser a do comunismo, nem a do neopaganismo ocidental, pelo simples fato de que somos católicos. E, contudo esta secção encontra, ao par de tantos aplausos, tanta relutância oposta por espíritos deformados pelo liberalismo. Sirva-lhes pelo menos de lição a coerência de nossos adversários.”[iii]
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[i] https://ipco.org.br/53582-2/
[ii] Entrevista com o Prof. Carlos A. Nougué, “Terça Livre” 17/02/2018
[iii] http://www.pliniocorreadeoliveira.info/ACC_1953_035_Doutrina_e_arte.htm
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